O Piano escrita por Isabella Cullen


Capítulo 4
Capítulo 4 Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Boa sexta minhas meninas românticas e ávidas por mais um capítulo. Meninas deixa eu explica uma coisa: a fiction é meio dramática no começo, a Bella não tem mesmo muitas coisas legais para contar, mas tudo vai sendo revelado aos poucos e o melhor: ela mesma vai falar o que vocês querem tanto saber... capítulos adiantados, eu não aguento esperar para ler a reação de vocês!

Boa leitura lindas!



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- Como você pode fazer isso com Jacob? – minha mãe apesar da expressão calma, estava se controlando para não gritar. Eu podia ver o esforço do meu pai para não ir até em mim naquela festa. Sim, a recepção íntima virou de uma hora para outra uma festa.

- Não fiz nada. – disse bebendo mais do vinho branco.

- Ele chorou quando nos contou, está mal. Seu pai já o ajudou em alguns negócios, ele está simplesmente transtornado com sua decisão. E já pensou no que isso acarretará? Todos Isabella falarão, pensarão que ele traiu você e isso todos nós sabemos que é uma mentira horrenda. – mamãe fez uma pausa e sorriu para algum convidado de longe. Não fiz questão de mostrar a mesma simpatia. – Ele aceitou essa sua fixação pelo piano. De longe era o melhor partido.

Minha fixação? Era assim que ela via tudo que acontecia ao meu redor em relação a música? Precisei me esforçar para não revirar os olhos. E Jacob respeitava minha fixação? Eu tinha alguma doença mental que eu não sabia?

- Sou pianista mamãe, não tenho fixação por nada.

- Você é esposa de Jacob Black Isabella, essa deveria ser a única coisa em sua mente. Nesses jantares seu marido precisa de seu apoio e simpatia, algo que você nunca fez questão de fazer e acabou sobrecarregando eu e seu pai que fizemos quase o impossível todo esse tempo para que ninguém descobrisse nada de errado.

Olhei para minha mãe realmente sem palavras. O que ela pensava afinal? Em qual realidade paralela ela vivia? Meu casamento e minha felicidade nunca andaram juntas. Esposa de Jacob Black? Eu nunca prometi tal coisa para Jacob e a forma como ela falava me dava uma ânsia de vômito.

- Nunca serei o que ele precisa. Por isso acabou.

- Não acabou. Pare de falar essa estupidez. Ele te ama e isso é raro. Você o ama Isabella, casou amando seu marido.

- Até descobrir que ele foi simplesmente alguém que vocês mandaram me conquistar e que até eu casar não sabia de sua ligação com meus pais. Eu o amei, o perdoei e agora não quero mais esse perdão. Quero ser livre.

- Você é livre.

- Não sou.

E me sentindo mais presa e usada do que nunca me retirei da sala e fui para o meu quarto. Chorei sentada na cama sem saber como sobrevivi esses anos e agora para acrescentar ainda tinha mais uma tragédia na história. Não, eu não sabia como iria seguir em frente, mas como Jean tinha dito o piano era sem dúvida meu melhor amigo.

- Você está se sentindo bem? – a voz de Jacob soou e respirei fundo.

- Estou, para mim essa festa já acabou. Meu vôo sai daqui a uma hora, pode pedir para alguém pegar minhas malas?

Eu conhecia todas as expressões de Jacob. Essa era a de surpresa. Ele não acreditou que eu fosse finalmente fazer isso.

- Não faz isso... por favor...

- Faço, por mim e por você.

- Nunca fui um péssimo marido. Não mereço essa humilhação.

- Nem eu todas as mentiras que me contou. Não estou mais afim de discutir, tudo que fizemos esses dias foi isso. Não quero ter que me explicar de novo. Estou cansada de tudo Jacob.

- Tome seu tempo. Foi muita coisa para digerir, eu mesmo não sei como...

- Você não sabe de nada! – gritei – Você não imagina nada!

Eu via nos olhos dele a derrota.

- Você me perdeu no dia em que meus pais e você confessaram toda a armação. E conseguiu me afastar por completo quando...

A porta abriu e olhamos juntos na sua direção.

- Boa noite, não sabia que havia uma festa Isabella.

- Jean! – a presença dele me fez chorar mais um pouco. Lágrimas finas de alegria.

- Estamos ocupados. – Jacob falou sério.

- Vamos Isabella. Está na hora e tenho certeza que não queremos perder o amanhecer de Paris.

- Você está por trás disso não? Nunca gostou de mim, nunca fez questão de que Isabella fosse minha esposa por completo. Sempre nos atrapalhando e interferindo.

- Não seja rude rapaz e não me culpe por suas infantilidades. Você cavou a cova, assuma sua culpa com dignidade.

Nunca vi Jean ser tão inglês. Sorri para suas palavras, admirada com o tom calmo e ao mesmo tempo poderoso com que se expressava.

- Você não sabe de nada. Nunca soube de toda verdade. – Jacob ainda tentou argumentar. Não haveria piedade da onde ele estava pedindo. Jean nunca gostou dele, mas nunca interferiu.

- Sei o suficiente. Vamos Isabella.

Olhei ao redor e pegue a pequena mala que continha apenas itens pessoais e meus documentos.

- Não faça isso, seria..

-Sairei pelos fundos. Não haverá humilhação ou constrangimentos.

- Não darei o divórcio Isabella.

- Não estou pedindo nada Jacob.

E numa atitude libertadora, sai daquela casa sabendo que nunca mais pisaria ali e que isso era o que eu sempre quis. Que não era feliz e que por mais incerto que o futuro fosse, seria o melhor. Longe de toda aquela dor e mentira. E enquanto eu e Jean nos dirigimos para aeroporto onde o jato estaria pronto eu tentava não pensar no passado, mas as lembranças vinham e nem todas eu conseguia controlar. A sensação de liberdade misturada com o medo me assustava demais, saber que fez o certo, o que precisava não amenizava muito o meu medo. Eu tinha que verificar como andava minhas contas, arrumar uma casa, escolher um lugar... se Jean fosse se aposentar talvez eu não o visse com tanta frequência e isso me assustava, eu estaria sozinha? Minha cabeça rodava com tantas possibilidades e caminhos novos que se abriam. Meus pais nunca mais falariam comigo. Eu não poderia esperar deles qualquer ajuda e esses anos eu nunca formei uma amizade para compartilhar segredos, não iria incomodar Rose, ela estava indo bem em sua carreira e se ligasse para ela falando mais alguma coisa eu tinha certeza que ela largaria tudo e não conseguiria lidar com o fardo de atrapalhar ela mais uma vez.

- Querida, Alice está no saguão esperando. Vá até ela enquanto verifico a bagagem.

Me assustei. Eu já estava no aeroporto?

- Obrigada.

Sai com a pequena mala na mão e alguns repórteres, somente dois, estavam na entrada e rapidamente sai de sua mira e avistei Alice sentada serena. Respirei fundo e fui até ela.

- Boa noite. – cumprimentei Alice que assim que me viu levantou sorridente e me abraçou, eu podia perceber que de longe os repórteres continuavam tirando fotos, mas precisava me desligar.

- Que bom que consegui falar com Jean a tempo! Estava de visita a uma tia, Kate não nos verá até o natal e queria deixar algumas lembranças de mamãe e papai. Eles viajaram para Índia, mas com a faculdade de Emmett e agora com a turnê ficou impossível visitá-la.

- Seus pais vão conosco?

- Em alguns países com certeza, eles tentam dar atenção a todos.

Sorri, os pais deles os tratavam como crianças. Alice riu da expressão que fiz.

- É como se fossemos crianças não é? – assenti – Mas acho que se não fosse assim não faço idéia como seria, eles em casa sentados esperando telefonemas de toda a parte? Se preocupando conosco... isso não faz o estilo deles.

- Eles parecem ser... cúmplices... acho que é essa a idéia que você passa.

- Vamos, o jato está só nos esperando.

Alice enquanto fazíamos nossa caminhada  me contou que Esme, sua mãe engravidou de um namorado que a abandonou, ela tentou se matar e seu pai, Carlisle que a impediu quando a viu num penhasco. Eu nem imagino o desespero dela, quando a mãe dela descobriu a expulsou de casa e Carlisle trabalhava numa casa em que acolheram ela e assim viveram até Alice nascer. A naturalidade que ela me contava a história me fazia crer que isso nunca foi um assunto escondido ou que causava o desconforto de qualquer um deles. Quando sentamos ela continuou me dizendo que com a  ajuda dos donos da casa eles se casaram e Alice nasceu meses depois de casados.

- Foi uma época para eles complicada, recém casados e com um bebê. – ela fez uma pausa para beber o suco servido. – Papai conta que ele saia de manhã e sempre chegava a noite com mamãe louca porque eu era manhosa, então ele precisava ficar comigo até mamãe ter conseguido dormir um pouco e comer alguma coisa.

- Nem imagino como isso foi difícil. Eles tinham...

- Dezenove anos.

- Muito novos.

Não contei para Alice, mas as maiores merdas que um dia eu fiz, foi nessa idade e minha história definitivamente não tinha esse final feliz.

- Então, depois de um ano e meio Edward nasceu. Lindo. E como a diferença de idade não era muito grande ficamos inseparáveis. Ele foi um bebê lindo Bella! E muito calmo, Edward tem a calma como um dom.

- Ele está aonde?

- Edward já está lá. Ele queria se acostumar com o piano, ele é um pouco metódico.

- Ah sim...

- Ele sempre foi o mais fechado de todos nós, Carlisle e Esme não tiveram trabalho até Emmett nascer dois anos mais tarde e começar a subir em todas as árvores e se quebrar em todas elas, ou nos levar para o Hospital mais do que qualquer coração de mãe aguenta. Uma vez ela simplesmente ameaçou não levar caso ele quebrasse mais alguma coisa e ele passou dois meses sem se quebrar. – ri daquela história.

- Dois meses?

- Sim, acho que por falta de exercício ficou brigão. Foi então que meu pai colocou ele na aula de boxe, um professor fez um bom desconto para papai e podíamos pagar as aulas sem passar fome.

- E quando as coisas melhoraram? Eu digo... vocês eram..

- Sim Bella, nós éramos pobres. Não miseráveis e mamãe sempre foi muito cuidadosa. Com três filhos tudo fica caro e quase inacessível, mas papai trabalhava muito. Sempre o víamos sair cedo e chegar tarde. Minha tia Kate casou bem, o marido dela nos ajudou, eles não tinham filhos e depois descobriram que não podiam ter. Ela pagou as aulas de piano de Edward, ela também financiou meus estudos até os pais de Esme morrerem e ela ser dada como a única herdeira. Até aquele momento eu acho que papai não sabia que a mulher que quase se jogou do penhasco era na verdade filha de um Lord Inglês.

- Ela nunca comentou?

- Bom.. mamãe não fala disso até hoje. Acho que papai respeitou. E depois que diferença faria falar de tules e porcelana quando se mora de favor na casa dos empregados?

- Verdade.

- Então meu tio ajudou papai a administrar a fortuna que veio com a morte deles e assim ficamos bem. Mas creio que tudo que passamos nos formou entende? Eu lembro de papai chegar tarde e mesmo assim nos dar atenção, de Edward não ter piano e tocar na casa grande para treinar quando deixavam, de não ter tantas roupas como minhas amigas, mas ter minha mãe sorrindo sempre. Ela nunca reclamava, nunca ao menos gritava.

- São ótimas lembranças não?

Ela abriu um sorriso lindo.

- As melhores. E você Bella quais lembranças tem?


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Notas finais do capítulo

Então meninas.... o que vocês acharam?