Mantendo O Equilíbrio - Um Novo Amanhã escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 45
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Capítulo "um dos preferidos" ON!
Dedicado pra Noah, leitora-guerreira dessa fic-novelística e que fez aniversário essa semana :) Trouxe a galera quase toda pra um mimo. Só desculpe-me estarem todos no hospital, Murilo inventou de arranjar catapora muuuuuito tarde. A bagaça (e das boas-ótemas-terríveis-loucas-disparate), no entanto, tá garantida.

O coração pode apertar só um pouquinho no começo...

Enjoy :)



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Eu sei que vou ter trabalho (de novo) com Murilo logo que entro na enfermaria e caminho para o canto onde ele ficou. Puxei a cortina que lhe dá privacidade dos outros pacientes e lá estava ele, teimando em se mexer demais.

– Murilo, o que você tá fazendo?

O cara limpa tava se esticando todo pra pegar o celular na ponta da mesinha ao lado, que estava longe dele. Mais um pouco e aquela agulha iria sair por livre e espontânea pressão a qual ele colocou para alcançar o aparelho. Se encolheu de volta só porque eu reclamei. E começou a se coçar.

Suspirei só de imaginar ele dentro de casa se coçando todo.

– Todo mundo resolveu sumir daqui, me deixaram sozinhos olhando pra parede. Parede não, cortina. Não tenho contato com o mundo inferior se não pelo celular, oras.

Entreguei o celular para o bendito, já rindo na cara de pau.

– É mundo exterior, tapado!

– Foi o que eu disse.

E faz que não errou. Tão a cara dele.

Enquanto liga o aparelho, que se acende e apresenta uma entrada afrescalhada com a logo da marca, Murilo resmunga sem me olhar.

– Eu quem devia estar brigando contigo, viu. Prometeu não sair de perto e faz horas que tá vagando por esse hospital que eu sei. Se não tivesse namorado, eu ia te dizer...

– Oxi, eu aqui morrendo por TUA causa e ainda sou esculachada? Te defendi daquele enfermeiro, quase enfiei a agulha no olho dele, batalhei por um leito bom, quase fiquei sem comer e... enfim, tu só dormiu. E por que não tá dormindo agora?

Ok, a parte de batalhar por um leito foi mentira. Não que ele vá descobrir por esses momentos, né? Mas o resto foi bem verdade.

– Se não bastasse a areia que não sai do meu olho com essa merda de conjuntivite, agora essas pintinhas começam a coçar. Queria te ver na minha pele, se conseguiria dormir nessas condições...

Falou esfregando as costas na cama, que balançou em suas estruturas, fazendo um barulho chato de ferro. Uma enfermeira passou e fechou mais a nossa cortina. Como se isso fosse diminuir o barulho...

– Naquela hora você dormiu um bocado.

Seu celular apitou com notificações assim que chegou à tela principal. Murilo bufou, mas não por ter passado um tempo off, é por nossa suposta discussão.

– Tava com febre e lascado. Agora só tô lascado e sem sono. E vocês resolvem sumir, ninguém tem piedade de mim, aqui, jogado aos panos largados, com esse negócio começando a coçar.

Tento, em vão, segurá-lo. Contorcendo desse jeito ele vai tirar a agulha do lugar, tô pressentindo. Tô no meu máximo para não brigar com ele. Não sei o que é pior, quando ele fica carente ou quando fica resmungão.

– Murilo, pelamor, se controla. Tu num tá mais na idade de poder se coçar, pensa nas cicatrizes.

– Pensa ni mim com o corpo pinicando! Quando sair daqui, vou interditar uma piscina. Porque vou me jogar lá e não vou sair, tô nem aí... Num ri, Milena. Você que num lembra como é sentir isso.

Não adiantou falar, já imaginava ele de molho numa piscina.

– Aposto que isso é karma, de tanto que tu já me sacaneou. Se riu de quando peguei quando criança, tá aí a vingança. Sabe como é, o que vai, volta.

– Pois vocês parecem que não “voltam”, vocês só “vão”, se enfiam em qualquer lugar desse hospital. Tão fazendo conferência pro Filipe ou o quê?

Reviro os olhos pra tamanho dramalhão dele. Mereço não.

Repreendo-o brandamente.

– Não brinca com coisa séria. Além do mais, eu tava na lanchonete, porque passei o dia sem comer, ok?

– E já fez as pazes com o outro?

É, ficou claro pra todo mundo que eu havia brigado com Vinícius, porque toda vez que ele se aproximava, eu, de algum jeito, me afastava. Não estava pronta para receber um toque seu sem que pudesse revidar mal. Faria isso se fosse preciso, por isso me afastava. Porém, ninguém comentava. Não mais que umas olhadelas.

Assim que meu irmão se desligou para dormir (ou fez todo mundo pensar que ele iria dormir), sob a promessa de que no dia seguinte iria embora daquele lugar, Djane tomou meu lugar. Ela já havia contado para meu irmão sobre Filipe, pois, dado momento, ela teve que se retirar para encontrar seu Júlio no andar de cima, onde Iara estava com o pai. Queria eu ter estado lá, fui só depois. Mas peguei já um momento em que Filipe acordara dos efeitos sedativos, me permitiram entrar para vê-lo. Tivemos uma breve conversa.

Com o meu velho argumento sobre fraqueza, Djane me convenceu de ir à lanchonete. De acordo com meu celular, era pouco mais de 21h. Assenti, uma fomezinha lá no fundo começava a se remexer sem me dar conta dela até então. Vinícius fez menção de se levantar da cadeira, incerto de me acompanhar ou não. Dei um último beijo na testa de meu irmão, ajeitei seu lençol e rodeei a cama. Vini pareceu respirar depois que o convidei para ir comigo.

– Você vem?

– Claro.

Acontece que ambos estávamos chateados. Só que Vinícius era mais pelos motivos errados – ou que penso serem errados. Quando quebrou o silêncio, começou com um “aconteceu o que eu mais temia”. E o que seria isso? Ele preocupado porque, supostamente, Filipe “arrumou uma vaga” no meu coração, coisa que ele sabe fazer, já que Filipe costuma interpretar bem o papel de cara legal. Ver como essa mágoa reagia em Vini que me desarmava. Quase me sentia culpada por ter algum relacionamento com um homem que teve seus momentos mais crápulas com pessoas que amo.

Só que não é simplesmente assim que as coisas funcionam.

Até meu mano enxergou através de Filipe, viu que lá no fundo, bem escondido, havia um homem bom que só precisava de certos cuidados. De certo amor. Que infelizmente não teria por agora se seu filho tem o maior desprezo por ele. Ainda mais agora que se encontra incerto sobre eu me importar pelo caso.

Em pensar que no ano passado eu estava numa lanchonete conversando pela primeira vez com Filipe, visitando e conhecendo Vinícius, eu detinha toda uma ingenuidade de quem foi jogada numa mansão de conflitos sem ter por onde começar a entender. Novamente fui jogada no meio de uma avalanche de emoções; agora sentia falta dessa ingenuidade.

Pois sei demais, sei demais da conta.

Me refiro a breve conversa que tive com o próprio Muniz quando me autorizaram entrar em seu quarto de internação.

– Milena? Nunca pensei que te veria aqui.

Foi o que Filipe disse quando me viu. Seu estado não era dos melhores, a cabeça enfaixada, um olho era uma bola de inchaço, cortes pelo rosto, e sabe-se lá quantas faixas mais pelo corpo, já que eu só via o que o lençol não cobria. Dava tanta agonia que preferi nem ficar encarando. Me encostei na barragem de ferro de seu leito.

– Nunca pensaria que te encontraria assim, deitado numa cama de hospital.

E que isso me apertaria o coração um tantinho também.

Filipe estava tão enfraquecido que mal sua voz saía. Se eu não estivesse tão perto, talvez não o ouviria. Uma enfermeira entrou para trocar o soro, não nos importamos pela sua presença. Avisou-me que eu não poderia ficar muito, Filipe precisava de muito descanso. Iara provavelmente passaria a noite na poltrona que vi do lado da cama.

Como estranhou o fato de eu estar lá, expliquei que não havia ido para a aula, nem para o estágio. Que parei no hospital por acaso, que meu mano resmungava o seu mais novo vírus.

– Meu querido irmão teve a brilhante sorte de, aos 28 anos, pegar catapora.

– Vish.

– Yeah, foi uma loucura. Até bati nele por ter apagado daquele jeito. Por isso não posso ficar muito, prometi não sair de perto da peste.

– De “querido irmão” para “peste”, hein.

– São muitos adjetivos que o definem. Só passei para vê-lo e dizer que... espero que melhore logo.

– Eu agradeço, de verdade, por sua atenção.

– E não enfrente ladrões daquele jeito de novo, pelamor.

– Até de você já levei soco por isso...

– Verdade.

Ri tristemente em me lembrar daquele dia.

O famoso “seria cômico se não fosse tão trágico”.

– ... mas faria de novo se significasse meu filho.

Acho que fiquei besta por uns 5 segundos, com aquela cara de “pera, o quê?”. Em um próprio fôlego debilitado, Filipe revelou algo mais que Iara não havia me dito. Que o que havia de valioso naquele carro não era algo do tipo visado pelos ladrões, mas coisas de suma importância para ele. Na sua carteira constava sua última fotografia do filho ainda menino e no porta-luvas, as cartas integrais de Viviane.

– Valeu a pena... lutar por elas.

Ele sabia que eu tinha conhecimento da foto, havia visto uma vez quando me dera carona, me pediu para pegar algo na carteira e... vi. Filipe poderia arranjar outra, mas preferiu apanhar por isso. APANHAR. Pode um coração ficar mais apertadinho? E as cartas de Viviane! São poucos os elos, acabo por entender seu gesto, que se deu muito mal.

– Não deveria ser desse jeito, sabe.

Na despedida ficou aquele climinha estranho, me senti impelida a diminuir a tensão. O cara aguentou uma barra pesada o bastante, precisava de descanso, e isso não significava apenas físico, mas mental também. Ainda bem que Iara estaria ali por ele.

Filipe me desejou boa viagem, e eu suas melhoras.

Antes de sair de seu quarto de internação, hesitei numa pausa dramática. Que eu poderia fazer, um carinho talvez? Filipe havia se mostrado cuidadoso comigo diversas vezes, apesar de em todas elas ficar aquele ar super estranho. Por fim, com um beijo delicado ao rosto dele, num lugar que não tava tão machucado, saí de lá.

Murilo estala seus dedos ao meu rosto. Divagar é entrar num paralelo tão fácil.

Reviro os olhos mais uma vez.

– Sim, fizemos as pazes.

– Hum, ainda bem. Como tá o espancado?

Meu mano verificava suas mensagens enquanto eu deitava na poltrona de acompanhante ao lado. De repente um peso se deu por meu corpo, o cansaço, que provavelmente nem iria mais me levantar.

– Quebrado, ué.

– Depois diz que eu que não tenho consideração, né?

– Tá lá, mal. Menti quando me perguntou se Vini sabia do ocorrido... ele chegou a me contar que só apanhou porque havia bens naquele carro que eram insubstituíveis. Coisas que manteve de Vini e Viviane.

– Às vezes me bate uma pena desse cara... Vai ser difícil abrir o jogo pro Vini.

Fecho os olhos para dispersar e me entregar à letargia. Meu mano podia estar sem sono, eu, por outro lado, devia estar parecendo uma morta viva de cara inchada e pijamas.

– Por que você acha que a gente brigou, pra começo de conversa?

– Mas já tá tudo bem, né? Seu Júlio tá bem? Ele que tem problema de pressão...

– Tudo bem, ele tem tomado medicação e controlado a hipertensão. Sofre porque é filho dele, né, o único de que dispõe... Já foi duro perder um, imagine o que é ver o outro espancado. Falando nisso, mamãe surtou. Tá vindo pra cá.

– Bom que não fico nas suas mãos.

Mas é muito disparate!

– Como se tu conseguisse me dispensar, né, besta?

– Já vai começar com as ofensas? Foi na lanchonete e nem trouxe nada pra mim.

– Porque era pra você estar dormindo?

– A enfermeira me trouxe um lanche mais cedo. O que tenho não é fome de comida, é de doce. Tem gelatina? Sorvete? Com calda?

Peguei minha carteira de dinheiro da bolsa, enfiei no bolso da calça de pijamas, agradecendo mentalmente ao “estilista” que teve a bondade de fazer um bolso na vestimenta.

– Queria saber que tanto Biotônico Fontoura foi esse que tu tomou. Não vi se tinha sobremesa e tô me dispondo a verificar. Eu, quebrada, com sono, cansada, vou me arrastar. Então não me critique se tiver que o deixar aqui com as paredes...

– Cortinas.

– Ô criatura difícil.

~;~

Não encontrei gelatina, nem sorvete, apenas pudim. Ai de meu irmão se reclamasse, não tá no direito de maneira nenhuma. Fui me arrastando de volta. Se Djane não tivesse me tocado no braço, eu teria passado por ela sem nem mesmo ter notado.

– Você viu meu filho?

– Ué, ele não tava com a senhora? Seu Júlio não havia o chamado?

– Sim, sim, é que Júlio entrou no quarto de Filipe com Iara e Vini avisou que ia sair para tomar um ar. Pensei que ele voltaria para a enfermaria ou algo assim. Ele não atende o telefone.

– Mas não tava descarregado?

– Oh sim, é mesmo. Só estou preocupada, não sei, coisa de mãe. Falando em mãe, a sua também me ligou. Disse que você não sabia dar detalhes.

Cadê forças para um facepalm digno? Melodramas de minha mãe merecem.

– Ela não conseguiu vaga para o último ônibus, só para um de 7h da manhã. Vou buscá-la quando chegar e...

– Obrigada Djane, nem tinha pensado bem sobre isso ainda.

– ... ofereci que ficassem em minha casa.

– Quê?

– Para Helena não ter tanto trabalho. Você ainda vai viajar semana que vem, certo? Melhor que não fique só ela com Murilo dentro de casa. Vai que precisa de algo?

Djane resolveu fazer as perguntas que eu sequer havia cogitado pensar nas últimas horas e quer que eu pense sobre elas toda detonada desse jeito mesmo?

– Acho que... sim, não sei. Nem tinha me tocado disso também.

– Você precisa descansar, é isso. Deixa que tomo de conta.

Djane foi para minhas costas, segurou-me pelos ombros e me empurra sugestivamente para o caminho que eu fazia antes de ela aparecer.

Eu só não queria dar trabalho pra ela.

– Mas professora...

– Sem mais. Vá descansar... E se vir meu filho, me mande uma mensagem. Posso não ser fã mesmo de Filipe, mas também sou gente e tenho que verificar como seu Júlio tá lidando com tudo isso, que não é bom para sua pressão.

Fui, meio sem-graça desse convite que Djane fez para minha mãe e meu irmão. Teria que dar uma boa pensada sobre o caso, definir bem como ficaria, afinal ainda faltava uns dias para a viagem.

Era melhor que eu estivesse mais desperta para isso. Suspiro de coragem com o pudim e talher na mão para entregar a meu mano. Se reclamar, faço esse troço descer rasgando pela garganta. Acho que não é tão a toa que ele prefira mamãe...

É o que penso quando entro na enfermaria, me encaminho para a cortina de meu irmão. O ambiente estava de um silêncio quebrado por vozes baixas, aparelhos, enfermeiras trabalhando. Pra todo caso tive decência em falar baixo, me anunciar para Murilo. Só que foi meio impossível permanecer em baixo volume de voz quando vi quem estava lá:

– Hey, Mu, não tinha gelat... Aline? ALINE! Você não pode ficar perto d...!

– Ela não tá grávida, Lena!

Aline repreende meu mano com um tapa em ombro e um grunhir baixo.

– Murilo!

Como se a situação já não fosse tão “WTF” suficiente, lá vem o universo trabalhar com seus encaixes e faz Vinícius chegar abruptamente, mexendo a cortina para que entrasse.

– Hey, Lena, seu sinal do celul...? Aline? Ué, ela pode entrar? Quer dizer, ela não tava gráv...?

Um segundo tapa atingiu o ombro de meu mano antes que eu pudesse impedir o namorado de terminar a frase. Ao que parecia, Murilo não reagia muito, sem muita escolha sobre pra quem olhava ou o que respondia, o que deixa Aline mais possessa. Isso sim seria cômico se não fosse trágico.

Ela ralha sem se importar com nossas presenças:

– Murilo, você espalhou pra todo mundo?

– Eu? Mas foi...

Disparate nº 2: ele aponta pra mim, o sacana!

Ainda me compadeço da figura, cutuco Vini ao meu lado com o cotovelo.

– Ela não tá grávida.

– Ah.

Aí que ficou aquele suspense no ar, esperei para ver o que Aline diria, mas, como o universo quis brincar de novo, ele mandou meu vô-sogro aparecer. Detalhe que, para o canto em que Murilo estava “hospedado”, a cortina fazia um perímetro relativamente pequeno, só cobrindo o leito, a poltrona e a cadeira de visitas. Então a gente ficou lá meio apertadinho sussurrando quando dava.

– Finalmente Vini, faz tempo que te procuro, sua mãe... Ah, desculpem-me, nem disse oi para todos. Aline querid...

– EU NÃO TÔ GRÁVIDA, caramba.

Deu merda. Até me recosto no ombro do namorado, que passa o braço por mim, também se compadecendo da situação esquisita. Quer dizer, vergonhosa. Aline bufava de vermelha e zangada que estava. Preferi me calar, Vini nem dava um pio, Murilo ainda tava de boca aberta. Talvez se forçando a dizer algo para esclarecer, e nada saía.

E seu Júlio perdido na história?

Ó, Senhor.

– Grávida?

Aline cruza os braços, olha sério para cada um de nós.

– Sim, eu não estou. E aparentemente todo mundo aqui tava pensando isso.

Quando Vini toma a voz, cuidadoso, quase quero puxá-lo para trás, para defendê-lo da ira dela. Bem sei como é ficar raivosa assim e querer trucidar quem estiver no meio.

– Hã... Aline, para meu avô, errr... bom, quem acaba de contar foi você.

Ela abaixa a cabeça, com mais vergonha ainda. Seu Júlio tenta, por gestos, perguntar para nós o que acontecia, ele não tava entendendo mais nada, a gente não tinha nem como começar a explicar, aí o universo quis desmantelar tudo de vez quando mandou outra pessoa.

– Como que vocês se reúnem e nem me ch... Ah, Aline. O que está acontecendo?

Mas não é Djane a quem eu me refiro, falo da enfermeira logo atrás dela, que abriu espaço para si e deu bronca.

– Acho que todos – e quando digo todos, é a enfermaria toda e a recepção dela – já entendemos que essa tal Aline não tá grávida e que aqui não é lugar para se discutir isso. Podem, por favor, se retirar ou terei de chamar a segurança? Só uma pessoa pode ficar para acompanhar o paciente.

Ops.

É, acho que de tudo que já me aconteceu em hospitais, já posso dizer que fui expulsa de um. Ou pelo menos da enfermaria.

Todo mundo ficou tão surpreso com a atitude repentina da enfermeira, por ser tão baixinha – mais do que eu! – toda com aquela raiva contida e autoridade na voz, que ninguém se mexeu. Não além de Murilo que se coçou no braço e fez questão de apontar pra mim de novo.

– Mas foi a Milena que começou.

E se calou imediatamente quando a enfermeira deu aquela virada sinistra do pescoço para ameaçá-lo. Aí que todo mundo começou a se dispersar, pedia desculpas pelo transtorno, eu que era acompanhante também me retirava, achava que Aline ficaria ali, mas a enfermeira foi logo a mandando embora. Eu que tive de ficar.

A enfermeira fez uma última cara feia antes de puxar a cortina para fechar todo o perímetro do leito de Murilo, enfatizou bem o dedo à boca, ordenando silêncio. Na minha, só me sentei na poltrona. Como ainda tinha o pudim nas mãos, comecei a abrir o potinho.

– Hey, isso é meu!

Um “Shhhhhhhhhhhhh” veio além da cortina que calou meu mano de novo. Por ter me acusado, fiz com que me assistisse saboreando o chocolate sem ter chance alguma de resmungar. Só muito depois que comprei outro e ofereci a ele, rindo de sua cara emburradinha.

Agora sim poderia dizer que ele estava lascado e sem sono.

Lascado talvez era pouco para se dizer em considerar aquela cara de zangada que era a de Aline quando deixou a enfermaria.


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Notas finais do capítulo

De “querido irmão” para “peste” *----------*
Esse Filipe... desse jeito a gente acaba amando.
Mas... que ceeeeena por trás das cortinas, hein?!



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