Dia seguinte escola novamente. Eu voltaria a ver pessoas chatas, meus amigos e minha namorada.

Olhei para o relógio e marcavam exatamente 06h10min. Dez minutos passados. Já era pra eu ter levantado, mas eu estava cansada e com muito calor. Por fim eu fui para o banheiro, tomei meu banho e me arrumei para o colégio.

***

Estavam fechando o portão e faltava pouco para eu entrar, então sai correndo e gritando pela rua “Não fecha! Não Fecha!”. Mas esbarrei em uma garota um pouco mais alta que eu e bem magra. — Desculpe. Desculpe mesmo. Eu estou muito atrasada.

Finalmente consegui entrar no colégio. E tirando o fato do porteiro ter reclamado e muito comigo por ter o feito esperar, eu cheguei bem e ainda vi Juliana me esperando sentada no banco do pátio.

— Achei que já tivesse subido para a sala. –Eu disse sorrindo. —E eu achei que você não fosse aparecer hoje. –Ficamos nos olhando por alguns minutos e ela levantou e me deu um abraço. — Não sabe como é bom tê-la de volta ao colégio. Eu me sentia muito sozinha aqui. — Ahh, eu sempre soube que eu sou a alegria da casa. –Aproveitei que o porteiro não estava mais ali e nem a inspetora e dei um selinho em Juliana.

Subimos pra sala conversando, rindo e trocando selinhos. Sentamos em nossos lugares e assistimos à aula de química.

— Então, vai fazer o que hoje à noite? –Eu perguntei sugestiva. — Hum. Não sei. Tenho que olhar na minha agenda de compromissos. Por quê? — Ah, porque tem uma menina que quer sair com você. — Hum. E ela é bonita? — Assim, bonita, bonita não. Mas ela foi capaz de conquistar o coração de uma pessoa totalmente sem noção. — Essa menina deve ser muito boa então. Acho que tem espaço pra ela hoje à noite. Que horas ela vai ir? — Eu vou anotar o endereço dela, ai você passa lá ás sete horas? — Por mim tudo bem. Mas me passa o endereço. –Eu anotei meu endereço e entreguei-lhe a folha. — Engraçado, parece que eu conheço esse endereço. Haha.

Logo paramos de conversar quando a professora percebeu que não estávamos prestando atenção na aula. Ela se aproximou e pediu para que nos calássemos.

Por fim o tempo acabou e iríamos finalmente ficar sozinhas, já que era intervalo e ninguém além de mim e Juliana ficam na sala.

— Adoro quando eles nos deixam sozinhas. –Ela disse ao pé do ouvido fazendo-me ficar toda excitada. — Juliana, não faz isso. Sabe que eu não gosto. — Não é isso que você me fala quando tá na minha cama. –Ela continuou falando no meu ouvido baixinho. Cara isso não vale, ai já é golpe baixo. — Humm... Sua louca. — Haha, é das minhas loucuras que tu gosta. Cara, tu geme tão bem quando estamos transando que eu até penso que você é a mulher da minha vida. Quero casar com você cara. — Hahahaha. Para de falar essas coisas. — Ah para Annie, tu gosta que eu saiba. Lembra da primeira vez que tu foi lá em casa? Que a gente ficou? Você estava muito nervosa. Eu ali morrendo de tesão e você de charminho. Confesso que fiquei muito irritada. Mas passou depois. — Normal. Você se irrita por tudo. — Mas enfim. Vamos fazer algo mais legal do que ficar lembrando isso.

Ela estava de pé encostada na mesa de frente pra janela e eu encostada nela sendo abraçada. Eu adorava ficar daquele jeito, sendo abraçada por trás. Era carinhoso. Ela me beijou e era todo o que eu menos queria, porque iríamos perder totalmente o controle. Era capaz de fazermos a mesa virar cama.

Ela começou provocando com uns selinhos na nuca e eu fechei os olhos e relaxei. Depois me virou pra ela e me beijou. Ficamos um bom tempo nos beijando. Ela me sentou-se à mesa e foi me beijando e levantando minha blusa do colégio. Por um rápido flash eu imaginei os alunos e o professor entrando na sala e gritando conosco. Então afastei Juliana de mim. — O que foi? — Olha onde estamos. Isso aqui é uma sala de aula. Não sua casa. — E o que tem? Minha fantasia sempre foi comer uma mulher na sala de aula. — Para de falar essas merdas. Estou falando sério. Mais tarde terminamos. Olha a hora, faltam dois minutos pro intervalo acabar. — Ah. Que merda!

Dito! Os alunos subiram feitos loucos junto do professor de geografia que parecia estar bem irritado. Jogou o livro sobre a mesa e deu um tom forte na voz para chamar nossas atenções.

— Quero todos vocês em silêncio!

Todos ficaram em silêncio, todos menos Juliana.

— Acho que alguém não transou ontem. –Ela comentou comigo. Ainda bem que o professor não ouviu, senão iria leva-la a direção.

Essa aula foi muito chata e ainda bem que o sinal tocou informando que estávamos liberados. Finalmente eu iria pra casa.

Na hora da saída uma menina do 3° ano se aproximou de Juliana e lhe entregou um tipo de convite. Era um envelope pequeno vermelho com letras douradas. Eu fiquei morrendo de ciúmes porque não havia necessidades daquela menina ficar se oferecendo para a minha namorada! E também não entendi o motivo de ela ter convidado somente Juliana.

Depois que as duas se afastaram eu nada falei. Tentei ignorá-la.

— Então, vamos pra minha casa? –Ela perguntou. — Não! — Por que não? — Porque eu não quero. Já nos vimos hoje. –Sai andando á sua frente. — Ei, pode parando! O que deu na senhorita? — O que deu em você? — Não sei do que está falando. — Ah claro. E eu que pensei que namorando outra mulher, não iria ter os mesmo problemas que se tem com um homem. — Primeiro: Não sei do que você está falando. Segundo: Não acredito que aceitou a namorar comigo só porque achou que a vida seria mais fácil. Você realmente não entende nada sobre lésbicas! — Eu vi a Suzana se jogando pra cima de você! — Ahh, é isso?! –Ela passou a mão pelos cabelos. — É isso! Ela ficou se jogando pra cima de você, e você não fez nada. Mas quem vai dizer “não” pra uma peituda? Claro, eu é que sou a otária aqui.

Eu acho que meu ciúme havia passado do limite. Mas infelizmente é uma coisa que eu não posso impedir.

— Eu não estou e nunca vou ficar afim de nenhuma garota. Muito menos dela. A única que eu amo é você! Tenta enfiar isto na sua cabeça. — Mas, por que ela deu convite só pra você? — Toma! –Ela jogou o convite em cima de mim e eu o abri. Estava escrito que era um convite para uma festa com bebida liberada e era obrigatório levar um amigo, amiga, namorado ou namorada. Minha cara foi ao chão e eu fiquei pior do que estava. — Se confiasse mesmo em mim, não teria feito essa palhaçada. –Dessa vez quem saiu andando foi ela. Eu fiquei parada no meio da rua a vendo ir até o ponto de ônibus. Quando percebi que ela me deixaria ali, sai correndo, mas já era tarde demais. Nem mesmo meus gritos de desculpa fizeram com que o motorista parasse o veículo.

— Eu sou uma idiota completa!