Já havia tempos que andávamos na floresta escura. O sol havia ido embora e um céu escuro apareceu. Minha bariga estava melhor, antes de escurecer; Beth arrumou meus curativos e passou algum remédio. Havia silêncio entre nós três. Beth estava fechada, Daryl e eu também. Eu me perguntava como Glenn estava saindo com Noah, se ele estava chorando ou se estava bem. Não conseguia tirar meu pensamento de Noah já que nunca mais viria ele.

– Estou cansando!. - Daryl exclamou. - Precisamos parar.

– Aqui no meio da floresta ?. - perguntei.

– Sim. Amanhã sairemos bem cedo e encontraremos um lugar.

No sentamos no chão mesmo e Daryl armou uma fogueira. Beth dividia um coberto comigo e ainda estava em silêncio. Depois de um tempo, ela dormiu. Eu e Daryl ate trocávamos algumas palavras, mas eram bem poucas.

– Eu sei que está preocupada, mas garanto que ele ficará bem. Glenn pode ate ser um idiota, mas se preocupa com o pequeno durão. - Daryl falou.

– Não é isso é só que... eu nunca mais vou ver eles. Noah é pequeno e não vai crescer com a imagem da mãe, talvez nunca saberá quem sou eu.

– Calma. - Ele colocou a mão no meu joelho tentando me conforma. - Ele saberá quem é você.

Depois de um tempo conseguimos dormi. Quando acordei o Sol batia nas folhas e um pouco no meu rosto. Beth estava acordada e me avisou que Daryl tinha ido procurar comida.

– Papai foi alguém especial aqui. - Beth começou a falar. - Ele ajudou bastante.

– Noah ficará com a imagem dele na cabeça. - Falei. - Eu espero.

Daryl chegou trazendo alguns esquilo, recusei de imediato. Não queria aquilo. Depois que ele e Beth comeram e Beth terminou de arrumar meus curativos nós levantamos e continuamos a andar. Daryl ia na frente, Beth no meio e eu atrás. Não conseguia entender como segurava minhas lágrimas por tanto tempo. Eu sei que em algum momento eu iria chorar, mas não conseguia entender como não chorava agora.

Andamos tanto ate chegarmos em um pequeno vilarejo. Um amontoado de casas com um pequeno posto e um mini-mercado.

– Beth você procura uma casa, Maggie você procura comida e medicamentos. Eu vou procurar um carro. - Daryl já agia.

– Pra que carro ?. - Perguntei.

– Caso alguma coisa aconteça. - Ele respondeu. - Ficaremos aqui ate certo momento.

Não perguntei mais nada, mas estava discordando desse ponto de vista. Entrei no mini-mercado e peguei tudo. Respirei fundo antes de passar na sessão de criança, foi quase impossível, mas passei. Passei chorando, cada brinquedo que eu via era ver Noah brincando com eles. Cada mamadeira, cada tudo. Caí encosta na prateleira chorando. Chorando tudo, era aquele momento.

– Você está bem ?. - Uma voz surgiu ao meu lado esquerdo, parecia preocupada. Não era a voz de Beth nem de Daryl. Era uma menina, aparentava ter 14 anos.

(POV. GLENN).

Eu insisti tanto para esperarem Maggie, mas ninguém me ouviu. Quase parti para cima do motorista, maldito velho. Maldito sejam todos. Não conseguia nem pegar Noah no colo sem lembrar de Maggie. Ela sumiu, nunca mais vou ver ela e nem sei se ela vai sair mal lá fora. Ela vai sê dar bem, logico que vai. Mas é ruim não ter ela aqui do lado, sem ela é meio difícil continuar. Não sou tão apegado a Noah quanto à ela e pouco sei sobre criança. Eu só quero Maggie ao meu lado.

– Glenn ?. - O motorista chamava.

– O que é ?. - perguntei ríspido.

– É só que... aqueles não são Rick e Carl ?.

Ele apontava para dois corpos andando na floresta. Eram eles. Mandei ele parar e desci. Rick me abraçou e Carl apertou minha mão.

– Aonde estão todos ?. - Rick perguntou.

– Maggie foi com Daryl e Beth, Bob com Sasha e nós estávamos aqui.

– Só Michonne está com você ?.

– Apenas ela. Mataram Hershel.

– É eu vi. - Ele estava confuso. - Precisamos encontrar um lugar.

– Mas como ? aonde ?.

– Não sei, mas seguiremos em frente. - Ele já subia no ônibus.

Foi questionado assim como eu fui. Perguntaram para ele; aonde iríamos, se ficaríamos vivos. Rick teve paciência para responder, coisa que eu não tinha. Sentei novamente ao meu lugar, ao lado de Lizzie - a menina que segurava Noah.

– Você quer pegar ela ?.- Ela perguntou.

– Não, eu vou acorda-lo. - Hesitei. - É melhor ele ficar ai... no seu colo.

– Você é o pai dele. Bom, Maggie está em algum lugar e você sabe muito bem que talvez nunca mais irá ver ela. Você quer o que ? que ele cresça sem nenhum amor ? você é o único que resta para ele.

Ela estava certa, mas eu não queria afirma. Peguei Noah no meu colo e ele acordou, mas não chorou. Eu não conseguia encarar ele sem lembrar de Maggie, era inevitável. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e Lizzie a secou.

– Eu prometo ficar aqui para lhe ajudar a cuidar de Noah. - Ela tentou sorrir, mas não sorriu. - Eu vou te ajudar, eu e Mika.

Eu estava tentando dormi quando ouvi Rick chamar. Já estava escuro, deixei Noah com Lizzie e me dirigi ate lá. Ele estava ao lado do motorista encarando o escuro a frente.

– Devemos parar ?. - O motorista perguntou.

– Sim. - Respondi. - Temos crianças e um bebê. Precisamos descansar, encontre qualquer casa e ficaremos por lá.

– E comida ?. - Rick perguntou.

– Encontraremos amanhã. Temos alguns enlatados. - Respondi.

Virei a costas para ir embora, mas Rick me impediu.

– Ela ficará bem. - Ele falou. - Ela saberá ficar bem.

– E nós ? e nós dois ? e Noah ? Ele não vai conhecer a mãe. - Retruquei ríspido.

Rick ficou em silêncio. Quando voltei para meu lugar, Carl conversa com ela. Não quis atrapalhar então sentei no último banco. Queria pedir ao céu que cuida-se de Maggie, que à preteje-se, mas estava tão mal com o céu, tão culpado que fiquei em silêncio e cai no sono.