Flaskblack.

– Patrícia, Patrícia... - Eu gritava porque acabei de cair da árvore. Meus 7 anos foram completados com mais uma árvore descoberta. - Fiz dodói de novo.

Entrei correndo em casa e vi Patrícia na cozinha. Ela viu meu machucado e me levou ate uma cadeira, já procurando o kit de primeiro socorros. Patrícia era a mais legal ali, ela tinha um olhar tão doce e puro, ninguém podia brigar comigo que lá estava Patrícia me defendendo, eu era o amorzinho dela. Era o único passa-tempo dela, cuidar da diaba da filha do Hershel, era assim que todos me chamavam. Qualquer coisa acontecia e todos já estavam lá, 'foi a diaba da filha do Hershel'. Mas para Patrícia eu não era nenhuma diaba e sim a pequena dos olhos claros dela.

– Por que está chorando ?. - ela perguntou arqueando seu olhar ate o meu.

– Não estou chorando, estou segurando meu choro. - respondi.

– Isso é a mesma coisa. - ela riu da minha resposta. - Chorar é senti seus olhos molhados.

Sequei meus olhos molhados.

– Sabe, quando você tenta não chorar é a mesma coisa de se estar chorando por dentro. - Patrícia concluiu.

– O que é chorar por dentro ?. - eu era curiosa com palavra ou frase nova.

– Sabe quando você está triste mas não quer que ninguém saiba ?. Ai você vai lá e esconde todo sua tristeza no coração. - ela guardou o kit.

– Mas e se alguém percebe, mesmo você guardando no coração ?. - acompanhei meu olhar por onde Patrícia ia.

– Essa pessoa te conhece tão bem quanto você mesma. – ela sorriu. - Vem, vem pegar um bolo de chocolate.

O bolo era de chocolate, de longe o meu preferido. Patrícia ficou lá, indo e vindo com a maior cara triste de todas. Ela sentou ao meu lado e acariciou meu cabelo.

– Por que você não está escondendo sua tristeza ?. - perguntei para ela.

– Chega um dia na vida, em que você simplesmente não quer mais esconder nada de ninguém. Você acha tudo bobagem. - ela respondeu.

– O que é bobagem ?. - estava eu lá, mais uma vez sendo curiosa.

– Bobagem é quando a coisa não é importante. - ela respondeu.

– Então ficar triste é bobagem ?. - perguntei.

– Ei, pequena dos olhos claros, não está cansada de pergunta ?. Está muito tarde, trate de tomar seu banho e ir dormi seu pai não vai gostar de ver você acordada essas horas. - ela bateu de leve na minha bunda.

– Eu amo você Patrícia. - sorri. Sorri porque eu realmente amo ela.

Atualidade.

Patrícia fazia uma enorme falta, uma grande falta. Eu odiava quando falavam que ela era minha mãe, insistia em dizer que ela não era, mas eu sabia, ela cuidava de mim tão bem quanto minha mãe cuidou. Ela mê faz falta. Se ela estive aqui, me vendo com Noah no colo, ela falaria ' É minha princesa, você cresceu agora terá ainda mais responsabilidade.' Eu não entendia, não entendia por que Deus tirava as melhores pessoas daqui e deixavam as más. O bom era sentir o grande amor que Patrícia sempre me deu.

– Não gostei de Noah... - Daryl entrava na minha cela. - É... idiota demais.

– E qual você gosta ?. - perguntei tentando fazer meu pequeno homenzinho dormir. - Norman ? Steven ? Robert ?. Pelo amor né Daryl!.

– São nomes bacanas. - ele sentou na poltrona que ainda estava ali. - Você teve um puta mal gosto com isso.

– Dixon vá a merda!. - exclamei rindo. - Deixe Noah.

– Ainda discordo, ainda encontrarei outro nome para ele. - ele retrucou. - Posso pega-lo ?.

– Só lembre-se que ele não é um dos seus esquilos, ele não tem força própria, tem que pegar com o maior cuidado do mundo. - entreguei Noah a Daryl.

Por incrível que pareça, Daryl sabia segurar uma criança. Ele brincava com Noah, mesmo sem qualquer resultado. Daryl segurava a mão pálida do meu pequeno e tentava faze-lo dormi. Descobri que Noah tem uma ótima personalidade, ele só faz o que quer, descobri isso em apenas um dia e imagino o que vem pela frente.

– Você entrega isso à ele quando ele crescer. - Daryl me entregou uma flecha.

Daryl riu quando chamou Noah de pequeno durão, mas por final ele gostou. Gostou do 'pequeno durão' e seria o nome provisório de Noah ate ele achar outro melhor. Noah começou a chorar e Daryl me entregou ele. Balancei Noah por vários e vários minutos e ele se acalmou.

– Ele sempre chora assim ?. - Daryl perguntou indignado. - Ele pode falar.

– Eu acho que ele é apenas um bebê. - respondi rindo da cara de Daryl. - Eles não falam, eles só choram.

Andrew entrou na cela e também entregou um 'novo brinquedo' para Noah, era uma bala de 38, por que todos decidiram dar armas para meu homenzinho ?. Não que eu ache errado, só acho que é uma bela desculpa de todos, ate mesmo Glenn deu uma arma, uma pistola para Noah, alegando que era o presente dele, não a desculpa dele ter esquecido de pegar alguma coisa.

– Anthony está lhe procurando. - Andrew me avisou.

Andrew e Daryl brincavam com Noah que estava deitado no seu berço. Os dois estavam corujas demais, mais coruja que Glenn.

– Depois eu vou lá, preciso encontrar Lauren para ela ficar com Noah. - respondi.

– Pode ir, cuidamos dele. - Andrew sorriu animado.

– Vocês cuidam do que ?. - perguntei espantada.

–Vai lá, cuidamos dele. É fácil. - Daryl falou.

Eu fiquei com dó. Dó do meu pequeno que estava sozinho com dois loucos. Com um dia de vida e já correndo perigo. Anthony estava parado em uma das pontes encarando a floresta.

– Estava me chamando ?. - me aproximei dele.

– É... estou. - ele respondeu. - Maggie eu preciso lhe falar uma coisa... eu te amo. Amo muito, amo mesmo. Eu te amo demais e preciso ficar com você, você precisa ficar comigo.

Fiquei espantada e sem reação. Não quero machucar Anthony, mas não era ele que eu amava, era Glenn. Eu amava Thony como um amigo e não como outra relação como ele pensava.

– Thony nós somos apenas amigos. - me afastei dele. Ele tentou me beijar, mas eu me afastei.

– Maggie eu não acho que nós somos apenas amigos. - ele me contrariou.

– Thony... eu sou uma boa amiga, não um bom amor. - acariciei seu rosto. - Você vai encontrar coisa melhor.

Eu me conheço o suficiente para saber disso. Saí de lá e deixei Anthony emburrado. Voltei para minha cela e encontrei Lauren, com certeza Andrew e Daryl não conseguiram tomar conta de uma criança e chamou Lauren, peso demais para eles.

– O que foi meu amor ?. - Lauren perguntou preocupada.

– Nada. - respondi. - Anthony falou que me ama.

– Ele tentou te beijar ?. - ela perguntou.

– Tentou, mas não chegou nem perto da minha boca. - respondi.

– Você tem que falar isso para Glenn. - Ela me alertou.

Já era noite e eu fui tomar meu banho. Noah dormia e não tinha mais com que se preocupar. Quando voltei estava lá, a melhor cena da minha vida. Glenn segurava Noah no colo, contando para ele alguma história.

– Qual é a história ?. - perguntei me sentando ao seu lado.

– O dia em que conheci a mãe dele. - ele respondeu sorrindo.

– Foi um dia bom ?. - encarei seus olhos.

– Talvez um dos melhores da minha vida. – ele respondeu.

– Glenn... Anthony falou que me ama. - falei com pouco de hesitação.

– O que ?. - Glenn falou alto, mas logo abaixou a voz.

– Ele só falou que me ama, não aconteceu nada demais. - respondi.

– E você ?. - ele perguntou.

– Eu amo um cretino asiático demais para pensar em outro. - respondi já selando nossos lábios.