O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Fortaleza




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Não demoraram muito para avistar uma construção de pedra em meio às árvores fechadas. Era um lugar que ninguém ousaria entrar, e aqueles que entraram apenas concluíram ser uma espécie de monumento antigo desgastado pelo tempo, pois vinhas retorcidas se ergueram pela fachada de pedra. Sakura segurava a esfera amarelada na mão e arremessava no ar, pegava novamente, esfregava, dava umas chacoalhadas, mas a esfera estava tão apagada e imóvel como quando estava na mão de Eriol.

– Parece que é aqui. Você terá que entrar por essa porta, mas só pode levar mais uma pessoa. Veja, está desenhado aqui.

Junto às grandes maçanetas que mais pareciam duas traves, havia um desenho de duas pessoas em uma placa de instruções para poder entrar. Havia também um lugar para colocar duas mãos direitas.

– Não é possível, tem que ter um jeito – disse Shaoran e começou a forçar as duas portas, mas elas nem se mexiam, era em vão – tudo bem, tudo bem, mas já vou dizendo, eu é que vou com ela.

Sakura deu um gritinho surdo, mas alto o suficiente para todos olharem para ela. Se Shaoran fosse, a coisa toda seria diferente. Ela estaria colocando em risco a vida dela e a dele também.

– Não, nem pensar, alguém coloca a mão junto comigo e eu vou entrar sozinha, não quero que ninguém se machuque – disse Sakura afoita.

– Esqueci de dizer uma coisa, os dois tem que passar pela porta, caso contrário ela se fechará novamente antes da pessoa conseguir entrar, não tem jeito.

Sakura desejou, por um momento, estar em casa jantando, quem sabe lendo algum livro ou jogando videogame com Kero, mas logo se tocou que seu irmão estava na posse de Cordália então tirou o pensamento na cabeça. Shaoran pegou a mão de Sakura e junto ao seu ouvido falou algo que ninguém mais pôde ouvir.

– Eu te amo e prometo que não vou morrer lá dentro, se alguma coisa acontecer comigo, eu sei me cuidar, mas quero que você siga em frente, o resto eu dou um jeito.

Shaoran percebeu a relutância de Sakura ao menear a cabeça negativamente e resmungar um “não” bem incompleto.

– Não aceito um “não” como resposta, é agora que vamos entrar. Me prometa que vai obedecer o que falei!

Com muito esforço Shaoran percebeu que Sakura balançou a cabeça positivamente, mas com os olhos marejados.

– Vocês estão sem tempo, devem entrar agora. Logo após a porta, verão o primeiro enigma, não errem, ou serão expulsos e essa porta só se abrirá novamente em dez anos. Como sabemos, nem Touya tem esse tempo, e nem Cordália ficará esperando, entrem e passem os obstáculos – disse Kerberus com a voz acelerada.

Ambos colocaram as mãos direitas sobre o portão e puxaram as barras. A porta se abriu, mas era impossível identificar qualquer coisa devido ao breu. Ao entrarem, a porta imediatamente se fechou atrás deles.

Yue olhou para Eriol com desconfiança, e este retribuiu o olhar desafiante.

– Como você sabe tanto sobre esse lugar que Clow Reed lacrou com tanta segurança? – disse Yue.

– Você é um guardião e não sabe o que é esse lugar e nem lembra o que eu sou? Eu sou a reencarnação do próprio Clow Reed, mesmo assim não sou ele em pessoa. Mas sendo essa a minha posição, era minha obrigação ser como um discípulo fiel que conhecesse seus segredos e tenho que dizer que Clow Reed sabia de tudo isso então deixou muita coisa escondida para que quem achasse seus segredos, soubesse da essência da magia por completo. É claro que, essa pessoa teria que ser o descendente mais apto ou eu, a própria reencarnação dele. Já estive dentro da fortaleza também.

– Isso eu já imaginava, na verdade eu tinha certeza disso – disse Kerberus.

Imediatamente começou a chover e então Eriol começou a explicar sobre a fortaleza para ambos os guardiões. A cada palavra, Kerberus ficava apreensivo, pois se tudo era realmente como Eriol estava contando, Sakura e Shaoran teriam poucas chances de sobreviver.

– DEZ GUARDIÕES??? MAIS PODEROSOS QUE NÓS? – Kerberus resolveu por sua fé no destino.

– Sim, e quando entrei lá dentro, tentei passar por todos eles. Queria o Poder, mas não consegui terminar. Tudo o que eu conhecia de Clow Reed não foi o suficiente.

– Só para saber, em qual guardião você perdeu? – disse Yue, mas fechou a cara logo que Eriol respondeu a sua pergunta.

– No terceiro.

Sakura e Shaoran acabaram de entrar e havia apenas um caminho. Consistia de um corredor antigo, mas não era possível ver nada. Depois de um muito tatear as paredes de forma involuntária, Shaoran agarrou uma espécie de archote. Ativou-o com seu poder de fogo e viu que havia vários deles ao longo do corredor interminável. Acendeu todos os que estavam ao seu alcance e então pegaram um nas mãos e avançaram. Conforme andavam ficava mais frio. Desceram uma escadaria e concluíram que o lugar era muito maior do que imaginavam. A parede lembrava arte medieval e os entalhes na madeira subiam até o nível quem se iniciava a faixa de pedra.

Resolveram não dizer nada ali, poderia ser que houvesse alguma criatura estranha, talvez mágica que pudesse atacá-los, apesar de que seria em vão o silêncio, teriam que enfrentar os guardiões da mesma maneira. De qualquer forma, não queriam lutar com alguém que pudesse tirá-los de cena sem ser um guardião.

Chegaram a um corredor transversal, ou iam para a direita ou para a esquerda. Havia uma plaquinha dourada escrita com japonês antigo que Shaoran conhecia um pouco por causa das artes marciais.

– “Descubram os três enigmas. Cada enigma respondido, com a chave certa, abre as três portas”, você trouxe as chaves?

Sakura mostrou as chaves reluzentes com um sorriso largo.

– Shaoran, estou sentindo que isso é um verdadeiro labirinto, vamos ficar o mais junto possível, ou um de nós pode cair em um buraco e então, para nos encontrarmos novamente vai demorar um século.

Shaoran se ajuntou mais à garota e então pegaram um lado qualquer e logo encontraram uma porta com o desenho de uma espada quebrada. Parecia uma porta rúnica e a fechadura reluzia para eles. Shaoran pegou a chavinha com a inscrição “Poder de Ataque” no buraco da fechadura e a porta começou a abrir. O barulho da tranca foi alto em meio a tanto silêncio.

– Como você sabia? – disse Sakura zangada esperando uma resposta incerta.

– Bom, você não sabe, mas quando a gente luta com uma espada e quer quebrar a espada do outro em um golpe de choque, você tem que ir com mais velocidade e força. Só o poder de ataque dá isso. Aprenda com o mestre.

Sakura fechou a cara devido à tamanha petulância, mas logo voltou ao normal ao ver uma sala bem mais clara e aparentemente convidativa.

– Ainda bem, aquilo parecia uma câmara mortuária – Sakura observava o local.

Eram corredores, mas as paredes eram brancas, era tudo estranhamente iluminado, mas não conseguiram encontrar nenhuma fonte de luz e era como se a claridade se espalhasse por igual. Parecia tudo muito vazio, mas pelo menos, eles poderiam ver melhor onde estavam pisando.

– Não comemore ainda, olhe a placa atrás de você – disse Shaoran.

CORREDORES DAS ALMAS

– Ahhhhhh! Quero voltar, não quero ficar aqui.

Shaoran deu um sinal para ela ficar quieta e começou a caminhar. Nos primeiros passos, uma névoa densa pairou sobre o local e umas criaturas parecidas com lesmas começaram a aparecer. Duzias, centenas. Então se juntaram em uma só e com uma voz grave começou a balbuciar algumas palavras.

– Voucês nom plodem passarrrr!

E não deu muito tempo e uma mulher de cabelos brancos, roupas brancas, que deslizava os pés no chão como se flutuasse baixo, o rosto pálido e os olhos arroxeados com uma foice cortou a lesma aos milhares e estas entraram por um furo que havia no teto. Quando terminou, observou os dois garotos que estavam pálidos de tanto medo, caídos no chão. Seus olhos mortos percorriam de cima abaixo. Fez desaparecer a foice e estendeu a mão lívida para eles.

– Peguem a minha mão, não tenho o dia inteiro.

Sakura se levantou sozinha e Shaoran aceitou a ajuda.

– V.A.M.O.S E.M.B.O.R.A D.A.Q.U.I – disse Sakura com todas as letras tremendo de medo.

– Quem é você? – disse Shaoran fechando os punhos.

– Pelas barbas de Netuno, que grosseria a minha. Eu sou Ariadne, fantasma, 359 anos, 5 meses e 2 dias, e sou a pessoa que vai acompanhar vocês na primeira parte. Preciso observá-los, analisar como vão sair após derrotarem os guardiões, ou seja, eu serei como uma juíza. E antes que possam perguntar qualquer coisa, não vou devorar vocês e também não vou correr se me mostrarem alho, cruz ou qualquer coisa do tipo.

– Realmente para falar “pelas barbas de Netuno” você tem essa idade mesmo – disse Shaoran rindo com a própria piada.

Ariadne fez uma cara tão maléfica que Shaoran gelou a espinha. O garoto cochichou para Sakura algumas palavras e Ariadne prontamente retrucou.

– Ou confiam em mim, ou morrem no caminho, a escolha é só de vocês. – disse Ariadne espantando algumas lesmas com um imenso lança chamas medieval.

Ambos se certificaram que não poderia esconder nada de Ariadne que adquiriu um ouvido biônico ao longo do tempo que morou na fortaleza.

Num exato momento, após caminharam alguns minutos e Ariadne deslizar como uma alma penada, os três ouviram uma melodia.

– HARMON, apareça. – ordenou Ariadne, e um duende franzino com vestes negras surgiu com sua flauta de madeira.

– Você sempre estragando minhas peças, até parece que sabe onde estou o tempo todo.

– Encantada, mas a sua flauta te entrega, poderia se esconder e tentar assustar em silêncio a próxima vez, apesar de que não sei o que você vai assustar, porque aqui só tem lesmas e outras criaturas patéticas iguais a você.

Harmon começou a tocar a flauta encantada e Ariadne viu nisso a oportunidade perfeita para ver a inteligência dos dois jovens. Pulou para trás, fez um sinal que eles deviriam enfrentá-lo e cruzou os braços.

Sakura começou a sentir taquicardia e um pouco de náusea que aumentava a cada segundo, pensou que ia vomitar a qualquer momento ou desmaiar com a dor de alguém apertando seu coração com as mãos. Shaoran caiu no chão, sentia uma dor latejante como se câimbras o assolassem por inteiro.

– LIBERTE-SE – e o báculo estrela se formou. Sakura ativou a carta SONG e ordenou à carta que fizesse um dueto com a melodia.

Harmon começou a chorar e as notas não saiam mais como deviam, errava o compasso e o poder torturante foi se esvaindo. Na mesma hora Sakura lançou mão na espada Shinkage e o atingiu com um golpe simples. O duende desapareceu de vista e notaram que era realmente outro fantasma.

Ariadne bateu palmas, deu os parabéns e reconheceu a força da Card Captor. Imaginou se seria fácil derrotar os dez guardiões misteriosos.

– Venha comigo possuidora da Shinkage, a espada gêmea. A porta é aquela ali – disse Ariadne.

– Espada gêmea? O que quer dizer? – perguntou Sakura.

– Nada, nada, eu falei espada gêmea? Não, eu falei espada bela. Você entendeu errado.

Sakura assentiu e olhou para a porta de ferro com o entalhe de uma montanha e embaixo escrito “EARTH” (Terra).

– De todos, tinha que aparecer logo de cara, um elemental? – disse Sakura batendo o pé no chão.

– Não se preocupe, dos elementais ele é o mais fraco, mesmo assim não dê trégua para ele. Ele pode dar um trabalhão para vocês e ainda por cima chutar vocês pra fora num instante, sem contar no grande risco de vocês morrerem lá dentro. Em todo caso, entrem logo, adeusinho, depois eu volto.

Ariadne desapareceu e sem nenhum obstáculo a mais, tocando na pronta fria de metal, eles empurraram a maçaneta.


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