Reencontro Perfeito escrita por Quel Machado


Capítulo 1
Capítulo 1




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Solar dos Pais (noite)

Bento se aproxima do Piano e o acaricia.

Bento: Então... Essa era a casa da minha mãe... O piano dela…

Bento pega um retrato de Lívia e vai até a janela.

Bento: Ela que cuidava do jardim, não é?...

Dona Glória: E ele só voltou a florir pelas suas mãos. Bento, será que um dia... Você vai conseguir me perdoar? - diz se aproximando.

Wilson começa a chorar copiosamente. Gilson tenta consolar o irmão.

Gilson: Não fica assim! O Kim tá vivo! O filho que cê tanto quis e pra quem cê construiu o parque!... É pra se alegrar, homem!

Bento não aguenta.

Bento: Eu preciso ir embora! Desculpa, gente, mas... Eu não estou dando conta…

Ele sai apressadamente.

***

Casa de Malu (algumas horas depois)

Malu, Plínio e Irene estão no quarto da moça. O casal a ajuda a deitar na cama.

Plínio: Tem certeza que vai ficar bem aqui sozinha? A Amora pode tentar algo contra você de novo…

Malu: Eu não vou ficar sozinha, pai… Aqui tenho a Emília, a minha vó e os meus irmãos. E a Amora não vai poder fazer nada contra mim, aqui ela só entra com a minha permissão agora. Não dá mais pra ficar hospital, odeio aquele ambiente. Tenho certeza que aqui em casa eu me recupero bem mais rápido! - diz sorrindo.

Plínio: Então tá, querida! A gente tem que ir porque decidimos passar na Casa Verde pra falarmos com o Fabinho. Eu não sei como vai ser esse reencontro, mas é imperativo que ele saiba que estamos ao lado dele agora, apesar de tudo. - fala olhando para Irene.

Malu: Estão certíssimos! Eu já estou bem, o Fabinho vai precisar do apoio de vocês agora que a vida dele deu essa virada mais uma vez. E digam pra ele que a irmã aqui tá meio quebrada, mas doida pra dar um abraço nele!

Irene se emociona.

Irene: Obrigada por tudo, Malu. Se você não tivesse descoberto a verdade todos nós estaríamos vivendo aquela mentira até hoje. Fique bem!

Os dois saem e deixam Malu sozinha. Ela tenta se ajeitar, mas parece desconfortável, sem encontrar uma posição que a agrade. Ela resolve então esticar um pouco as pernas; se levanta com uma certa dificuldade e caminha até a janela. A lua está muito bonita; cheia e majestosa no céu. Só depois de admirá-la ela percebe uma van amarela estacionada no portão da sua casa.

Bento está sentado no banco do motorista encarando o vazio. As mãos estão sobre o volante como se estivesse dirigindo, mas o carro está parado. Ele acorda do transe quando o seu celular toca.

Malu: Bento? É você que está estacionado na frente da minha casa?

Bento: Oi, Malu. Me desculpa se eu te assustei… eu fiquei dirigindo por um bom tempo pra ver se conseguia me acalmar. Tantas coisas martelando na minha cabeça… quando me dei conta já estava aqui.

Malu: Eu assumo que você já descobriu a história do DNA… e que dessa vez você acreditou.

Bento: Me desculpa por ser tão cego, por não acreditar em você? Mas eu preciso muito conversar com alguém… Você tem alguns minutos para o seu ex-irmão?

Malu: Eu estou no meu quarto, ainda repousando. Quando o Serjão abrir a porta, você diz que veio me visitar.

Malu volta para a cama e tenta encontrar uma posição confortável. Essa seria a primeira vez que os dois se econtrariam cara a cara depois de estarem cientes de que não eram na verdade irmãos. Estava tensa e preocupada com o que poderia ocorrer, mas esqueceu de tudo isso quando viu o estado do florista ao entrar no seu quarto. Com os olhos vermelhos e visivelmente abalado, Bento ainda tentou forçar um sorriso.

Bento: Que bom que você já está em casa, Malu. E obrigado por me receber a essa hora da noite.

Malu fica aflita.

Malu: O que aconteceu, Bento? Não foi só o exame de DNA, por que você está tão perturbado?

Ele se desepera e leva as mãos a cabeça.

Bento: Aconteceu que a minha vida virou de ponta-cabeças de novo! – responde chorando copiosamente.

Malu se agonia. Ela levanta da cama sem se lembrar que rolou uma escada abaixo a um dia e corre para consolá-lo. Ela o abraça forte e o deixa chorar por alguns instantes… Malu bem sabe que às vezes chorar é a melhor forma para clarear as idéias. Depois de alguns minutos ela o puxa para ambos sentarem na sua cama.

Malu: Ei, tá tudo bem! Tudo vai ficar bem, não importa o que tenha acontecido. – fala tentando consolar o rapaz.

Bento se exalta novamente.

Bento: Eu quase matei meu pai, Malu! Parece que eu estou vivendo em um pesadelo… pesadelo contínuo desde que eu descobri que podia ser filho do Plínio.

Malu: Que história é essa, Bento? Quem é seu pai?

Bento volta a chorar e parece extremamente revoltado.

Bento: O Wilson, Malu, o Wilson! Como se não bastasse ter as minhas convicções estilhaçadas pela segunda vez seguida, ainda descubro que sou filho biológico do cara que eu mais odeio nessa vida. Que eu quase mato no meio de uma briga se não fosse a Tia Salma e o Tio Gilson.

Malu: Do que você está falando, Bento? Você nunca foi uma pessoa violenta…

Bento se levanta da cama e começa a andar de um lado para o outro.

Bento: Eu estava desesperado com o seu acidente e a possibilidade de alguém ter te empurrado. Você não sabe o que eu senti quando vi você desmaiada no chão daquele jeito e pensei que tinha te perdido… – ele olha bem no fundo dos olhos verdes de Malu – Mas eu não conseguia acreditar que tinha sido a Amora. Como é que eu podia aceitar que tinha casado com uma mulher capaz de tentar matar a própria irmã? Então quando ela me veio com essa história de que talvez tivesse sido o Wilson para se vingar de mim por tentar comprar o Kim Park, eu fiquei louco de raiva! Quando o vi na casa da Dona Glória, parti pra cima dele e nós brigamos.  Estava a ponto de atacá-lo com um ancinho em mãos quando me impediram. Você entende o que isso significa, Malu? Eu QUASE matei o meu próprio pai! – ele cai em prantos novamente.

Malu o abraça mais uma vez.

Malu: Mas não matou, Bento, não matou! Você não é um assassino, eu te conheço! – ela segura o rosto de Bento – Olha pra mim! No calor de uma briga a gente pensa e faz coisas que nunca faríamos em outras situações. O fato de você empunhar um acinho contra o Wilson não significa que você ia de fato matá-lo. Não tem sentido ficar assim por algo que você não fez, Bento! Eu acredito na pessoa boa que você é…

Bento: Posso até ser bom, mas também sou um idiota! Como eu fui me deixar enganar pela Amora por tanto tempo? E ainda por cima me deixar convencer de que foi o Wilson que te empurrou sendo que tudo indica que tenha sido ela, pra não permitir que você me contasse toda a verdade!

Ela se afasta um pouco.

Malu: Eu não tenho tanta certeza de que tenha sido a Amora… E mesmo que tenha sido, eu estou bem. Nem sei se vou prestar queixa; tudo que eu quero da Amora agora é distância! Nada do que ela tente terá mais qualquer efeito em mim ou na minha família agora que todos sabem quem ela é de verdade.

Bento: Também não quero acusar ninguém sem provas, já me basta o que eu fiz com o Fabinho… Mas eu nunca vou perdoar a Amora pelo o que ela fez! Meu casamento acabou, não tem mais volta!

Malu se surpreende; ela parece não acreditar.

Malu: Tem certeza, Bento? Você já ameaçou se separar tantas vezes…

Ele se exalta novamente.

Bento: A Amora roubou minha identidade, a minha família, a minha paz e a minha dignidade, Malu! Ela teve a coragem de chorar a perda de um filho que nunca existiu. Mentiu, tramou, dissimulou. E conseguiu me separar de você, como você tinha presentido antes, lembra?! – diz olhando nos olhos da ex-irmã.

Malu fica desconfortável e se ajeita novamente na cama.

Malu: Er... Bento? Será que a gente podia não converser sobre isso agora, eu não sei se estou preparada pra falar sobre isso com você… Eu sei que já sabia que não somos irmãos a mais tempo, mas tudo isso ainda é muito confuso. Até pouco tempo você era meu irmão, tava casado com a Amora e eu estava namorando o Maurício! Eu também passei por muita coisa… - ele a interrompe.

Bento: Claro, claro! A gente fala disso, SE falar disso quando você quiser. – ele sorri timidamente – Mas eu queria te dar uma coisa.

Bento alcança o bolso de trás e mexe na sua carteira. Malu vê ele tirando um papel dobrado várias vezes de dentro de um compartimento escondido.  Ela fica curiosa.

Malu: Um papel?

Bento: Naquele dia antes de ir pro laboratório eu queria te dizer tantas coisas, mas fomos interrompidos… Eu fui pra casa e escrevi tudo nesse papel pra não esquecer nunca. Talvez alguma parte de mim queria acreditar que eu poderia te dizer essas coisas sem a culpa de ser teu irmão.

Malu: Mas Bento, já faz tanto tempo!

Bento: Não precisa ler agora, Malu. Se tem uma coisa que eu descobri com toda essa desgraça é que a verdade é a melhor opção; melhor que a omissão, melhor que a mentira. E isso É a verdade, Malu. Talvez não seja mais importante, ou algo tenha se perdido no meio de tudo isso. Mas era o que eu sentia naquele momento; eu quero que você saiba.

Ela olha o papel e o retira das mãos dele com cuidado. Ele se levanta da cama.

Malu: Tá bom, eu vou ler.

Bento: E eu vou embora! Tenho muitas decisões a tomar ainda…

Malu: Bento, tem certeza que não quer domir aqui? A gente tem quartos de hóspedes, você não deveria dirigir depois de tudo que aconteceu…

Bento: Eu já estou melhor, Malu. Mas você tem razão; eu vou pegar um taxi, depois eu volto pra pegar a van.

Malu: Não é incomôdo nenhum, você sabe! – ela sorri pra tentar convercer o florista.

Bento: Eu sei que não é… mas se eu encontrar com a Bárbara por aqui eu nem sei se respondo por mim! Já estou por aqui com as surpresas de hoje.

Ele pega a mãe de Malu e a beija suavemente.

Bento: Fica bem tá?! Falar com você me fez muito bem. – ele arrisca um sorriso tímido antes de sair pela porta.

Malu permanece encarando o papel dobrado no seu colo.


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Notas finais do capítulo

O que será que tem no papel? No próximo capítulo eu conto! :P



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