My Little Gift ('The Orphan' - Season 2) escrita por Stéfane Franco


Capítulo 22
Capítulo 21 – He’s Back


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o Nyah! voltou!!!!!! Confesso que não aguentava mais ficar longe desse site ^^
Mas o lado bom foi que esse tempo deu para eu adiantar a fic bastante, e inclusive, já comecei uma nova temporada... *o*

Vamos ao próximo então?? Sei que estão ansiosos



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Capítulo 21 – He’s Back

“Ele voltou”

– Violet –

A sensação que tive foi a de puxarem meus braços simultaneamente para lados opostos. Quando finalmente senti meus pés baterem no chão, percebi o quão machucada minha perna estava. Levantei meus olhos e vi Cedrico ao meu lado e a Taça no chão.

– Onde estamos? – perguntei, porém, não tive resposta.

Cedrico levantou-se e me ajudou, apoiando-me em seus braços. Quando finalmente olhei ao redor, percebi que conhecia aquele lugar. O cemitério dos meus sonhos estava escuro e repleto por gramíneas e túmulos abandonados.

– Alguém te disse que a Taça era uma Chave de Portal? – perguntou-me Cedrico.

– Não... – respondi, porém, minha voz falhou imediatamente, traindo-me.

– O que não está me contando?

– Eu já estive aqui antes... – murmurei

– Esse foi o cenário de inúmeros pesadelos que tive...

– E como terminavam?

– Com alguém morto... – falei olhando ao redor novamente.

– Isso não é nada bom... – respondeu

– Varinhas em punho então?

Assim que pegamos nossas varinhas ouvimos passos se aproximarem. Apertei os olhos para enxergar na escuridão, mas tudo que vi era um vulto que caminhava entre os túmulos. Seja lá quem fosse, carregava algo nas mãos, como se fosse um bebê ou um embrulho. Assim que focalizei seu rosto, senti meu coração se apertar.

– Não... – sussurrei

– O quê? – perguntou Cedrico

– Temos que sair daqui... Agora! – murmurei.

Rabicho se aproximava cada vez mais, a Taça estava longe e Cedrico apoiavam-me logo na frente de um dos túmulos. Logo em frente havia um caldeirão preto faiscando. Olhei para trás e vi o mesmo anjo do último pesadelo.

Uma placa de mármore. Um nome. Tom Riddle.

– Cedrico corre. – mandei

– E você?

– Precisaremos de ajuda... – sussurrei.

– Não adianta correr... – disse Rabicho.

– Cedrico, vai! – gritei

– Eu volto – avisou olhando-me nos olhos e logo em seguida afastando-se.

– Mate o outro. – disse uma voz fria.

– Avada Kedavra! – exclamou rabicho apontando para Cedrico.

– Não!!!! – gritei tentando alcançá-lo, porém, o mármore frio pareceu ganhar vida e prendeu-me contra o anjo de pedra.

Um relâmpago verde saiu de sua varinha e atingiu Cedrico antes que ele conseguisse prosseguir, arremessando-o para o chão. Meus olhos não acreditavam no que viam, e minha mente não queria aceitar.

Cedrico estava estirado no chão, de olhos abertos e sem vida.

Morto.

– Cedrico!! – gritei tentando desvencilhar-me do aperto marmóreo.

Rabicho aproximou-se rapidamente e jogou o embrulho dentro do caldeirão. Ao meu lado senti algo se mover, e quando baixei os olhos percebi uma enorme serpente deslizando pela grama até as sombras. A mesma dos meus sonhos.

Pettigrew tremia ao mexer no caldeirão, aparentemente assustado. Ergueu a varinha e algo sob meus pés rompeu o túmulo e levantou-se. O empoeirado osso levitou até o caldeirão, onde foi derrubado.

– Osso do pai, dado sem saber, renove o filho! – exclamou ele.

O caldeirão então disparou faíscas para todo lado. Meus olhos ardiam e lacrimejavam presos na cena horripilante.

Por favor, que seja um sonho, que seja um sonho...

Logo em seguida Rabicho tirou um punhal longo de dentro das vestes, sua voz choramingava e hesitava.

– Carne...do servo...dada de bom grado...reanime...o seu amo... – gaguejou assustado levantando a mão direita.

Nem em todos os pesadelos que tive a cena foi tão brutal como a que se seguiu. Segurou o punhal com força e, num movimento rápido, cortou o pulso, espirrando sangue para os lados e deixando cair a mão morta no caldeirão.

Seu grito de dor ecoou no cemitério vazio, meu coração batia acelerado e minha perna ainda doía, mas depois de ver aquilo, meu estômago se embrulhou e meus olhos se fecharam, tentando evitar a visão.

Por favor, que seja um sonho, que seja um sonho...

Segundos depois senti a respiração abafada de Rabicho no meu rosto, obrigando-me a encará-lo. Ele ainda mantinha o punhal firmemente seguro em sua mão.

– O que... – comecei, porém, antes que eu terminasse a frase senti a lâmina fria rasgar a pele de meu braço direito, fazendo-me gemer em resposta.

– Sangue do escolhido... tirado à força...ressuscite...o mestre... – falou ele aproximando o punhal do caldeirão e despejando as gotas de meu sangue.

O caldeirão instantaneamente soltou faíscas verdes e vermelhas, inundando o lugar com um denso nevoeiro negro. Dela, uma figura esquelética ergue-se lentamente, dando lugar à imagem de um homem alto vestido de negro.

O homem, até então de costas, virou-se com o olhar fixo em meu rosto. Mais branco que um crânio e de olhos grandes e sem cor, possuía um nariz chato como o das cobras e fendas no lugar das narinas.

Meu pesadelo estava se tornando realidade, mas dessa vez eu sabia quem era o homem com aspecto aterrorizante. Lord Voldemort desviou seu olhar e, após examinar seu próprio corpo, soltou uma risada aguda, fria e sem alegria. Aproximou-se de Rabicho e murmurou algo, recebendo uma fina varinha em troca.

– Estique o braço... – disse a Pettigrew, que estendeu o braço sacrificado – O outro braço Rabicho.

Voldemort puxou o braço esquerdo do homem que choramingava e, após empurrar a manga de sua blusa, pressionou seu longo indicador branco sobre alguma marca. As nuvens do céu atingiram um tom esverdeado e logo tomaram a forma de um crânio e uma serpente.

A Marca Negra.

Com uma expressão de cruel satisfação no rosto, Voldemort pendeu a cabeça para trás e começou a examinar o escuro cemitério.

– Quantos terão suficiente coragem para voltar quando sentirem isso? – sussurrou ele – E quantos serão bastante tolos para ficar longe de mim?

Decorrido um longo minuto, Voldemort voltou seus olhos em mim, um sorriso diabólico formando-se em seu rosto.

– Veja Violet, minha família está chegando...

O ar se encheu repentinamente com capas esvoaçantes. Entre os túmulos, em cada espaço vago, havia bruxos aparatando. Todos usavam capuzes e máscaras e, um por um, lentamente, aproximaram-se e beijaram suas vestes. Voldemort, por sua vez, encarou cada bruxo ali presente, que organizavam-se ao nosso redor.

– Bem vindos, Comensais da Morte – disse em voz baixa – Treze anos... Treze longos anos desde que nos encontramos pela última vez. Contudo, vocês atendem ao meu chamado como se fosse ontem... Então continuamos unidos sob a Marca Negra! Ou será que não?

Lentamente tentei me soltar do aperto de mármore, mas minha perna machucada e meu braço cortado impediam-me de qualquer coisa, meus olhos não viam perfeitamente e minha garganta ardia. Senti-me fraca e indefesa, e pela primeira vez, desejei que alguém aparecesse e me salvasse.

– Sinto cheiro de culpa... Há um fedor de culpa no ar... – continuou ele – Vejo todos vocês, inteiros e saudáveis, com os seus poderes intactos, tão desenvoltos! E me pergunto... Por que esse bando de bruxos nunca foi socorrer seu amo, a quem jurou lealdade eterna? – encarou-os – E eu próprio respondo. Porque devem ter acreditado que eu estava derrotado, pensaram que eu acabara. Voltaram a se misturar com os meus inimigos e alegaram inocência, ignorância e bruxaria... E então eu me pergunto, mas como é que vocês podem ter acreditado que eu não me reergueria? Confesso que estou desapontado...

Todos abaixavam suas cabeças.

– Nenhum de vocês tentou me encontrar! Crabbe, Goyle, Avery... – falou tirando as máscaras de um a um, derrubando-os no chão com algum tipo de feitiço – Lúcio Malfoy... Meu ardiloso amigo...

– Milorde... – ajoelhou-se – Estive constantemente alerta... – falou.

Por baixo da máscara tinha um homem alto de pele e olhos claros e seus cabelos loiros platinados escorregavam pelos ombros.

– Se tivesse havido algum sinal do senhor eu teria ido imediatamente para o seu lado, nada teria me detido...

– Contudo, você correu da minha marca quando um leal Comensal da Morte a projetou no céu no verão passado... É, sei de tudo que acontece Lúcio... Você me desapontou... Espero serviços mais leais no futuro.

– Naturalmente, milorde, naturalmente...

Minha visão estava cansada, e mesmo Voldemort continuando a conversar com os demais Comensais, não ouvi uma palavra sequer. Minhas pernas doíam, o tornozelo torcido agora incomodava-me e meu braço latejava e sangrava.

– ...Ele está em Hogwarts, esse servo fiel, e foi graças aos seus esforços que o nossa jovem amiga chegou aqui esta noite... – continuou ele – Violet Snape teve a gentileza de se reunir a nós para comemorar a minha ressurreição. Poderíamos até chamá-la de minha convidada de honra... – sorriu diabolicamente.

Todos os olhares se voltaram para mim, inclusive Lúcio. Seu olhar frio e indiferente era cada vez mais parecido com o do filho.

– Meu amo, é grande o nosso desejo de saber... suplicamos que nos conte... como foi que o senhor conseguiu este... milagre... como conseguiu voltar para nós...

– Ah, que história extraordinária, Lúcio! – respondeu Voldemort – E ela começa... com o querido irmão da jovenzinha aqui... Harry Potter.

Forcei meus olhos a permanecerem abertos, eu não podia desmaiar antes de descobrir o porquê daquela perseguição.

– Vocês sabem, naturalmente, que muitos o chamam de minha perdição. Vocês todos sabem que na noite em que perdi meus poderes e o meu corpo, tentei matá-lo. A mãe deles morreu, tentando salvá-lo, e, sem saber, o resguardou com uma proteção que, devo admitir, eu não havia previsto... E não pude tocar no garoto.

– Não tenho nada a ver com sua história – rosnei

– É claro que tem Violet... Tem tudo a ver... – sorriu – Mas voltando à história... Eu calculei mal, meus amigos, admito. Minha maldição foi refratada pelo tolo sacrifício da mulher e ricocheteou contra mim. A dor que ultrapassa a dor... Nada poderia ter me preparado para aquilo. – lamentou – Fui arrancado do meu corpo e me tornei menos que um espírito, menos que o fantasma mais insignificante... Mas ainda assim, continuei vivo.

– Que pena, não? – ironizei

Todos os comensais presentes encaravam-me com incredulidade, porém, ignorei todos e forcei-me a aguentar. Voldemort encarou-me profundamente e prosseguiu.

– Eu me transformei, nem eu mesmo sei... Vocês conhecem o meu objetivo, vencer a morte. E agora fui testado, e aparentemente uma, ou mais de uma, das minhas experiências foi bem sucedida... Contudo, fiquei tão impotente quanto a mais fraca criatura viva e sem meios de ajudar a mim mesmo... Não possuía meu corpo, e qualquer feitiço que precisasse exigia uma varinha. Só me lembro de me obrigar, sem dormir, sem cessar, segundo a segundo, a existir... Fui morar em um lugar distante, numa floresta, e esperei... Certamente um dos meus fiéis Comensais tentaria me encontrar. – disse encarando-os - Apenas os Lestrange voltaram...

Novamente perdi uma parte da explicação. Minha mente implorava por descanso e meus olhos ansiavam por fecharem-se.

– Anos atrás, antes mesmo de ela nascer, uma profecia foi feita. “Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas não estará sozinho. Um novo herdeiro será capaz de decidir o destino de todos, o único com o poder de levar o Lord das Trevas à vitória, assim como levá-lo à derrota. Quando a batalha final chegar, aquele com sangue real deverá fazer uma escolha, determinando quem sobreviverá. O herdeiro nascido no início do nono mês, fruto da relação de grandes opostos, da traição e da rejeição, se aproxima!”. – disse encarando-me maravilhado - Filha de grandes opostos, Sonserina e Grifinória, fruto da traição e da rejeição, foi abandonada quando nasceu, em 2 de setembro de 1979... Violet Eileen Evans Prince Snape... – sibilou. - ... A escolhida...

Todos encaravam-me surpresos.

– Não... – sussurrei.

– Por uma fatalidade do destino, cresceu num orfanato trouxa. Uma de minhas mais leais servas, no entanto, encontrou-a e assumiu a responsabilidade por ela... Mesmo não sabendo da profecia. Agora vejam como o destino favorece Lord Voldemort. – exclamou – Há menos de um ano, outro servo meu voltou para os braços de seu amo. Rabicho encontrou-me e, finalmente, revelou uma presença de espírito que jamais esperaria dele... Deixando os detalhes para outra hora, Rabicho trouxe-me uma valiosa arma. Berta Jorkins, bruxa do Ministério. Ela, que poderia ter posto tudo a perder, provou ser uma dádiva que superou minhas expectativas mais extravagantes... Com praticamente apenas um pouco de persuasão, tornou-se uma verdadeira mina de informações.

Berta... Agora faz sentido... Berta Jorkins era a mulher do meu sonho!

– Ela me contou que este ano seria realizado um Torneio Tribruxo em Hogwarts e muitas outras coisas...

– E mesmo assim a matou... – murmurei.

– Sou tão previsível assim? – debochou

– Eu vi. – falei, surpreendendo-o – Eu senti as presas da sua querida serpente rasgarem minha pele... Como fez com Berta Jorkins quando não lhe servia...

– Que interessante... – sussurrou – Então temos mais conexões do que pensei... – sorriu. – Eu precisava de um corpo e, obviamente, o de Rabicho não me servia, afinal, para todos os efeitos ele estava morto... E, embora fosse um bruxo medíocre, foi capaz de seguir as instruções que lhe dei e que devolveriam um corpo rudimentar e fraco, porém meu. Um corpo que eu poderia habitar enquanto esperava os ingredientes essenciais para uma verdadeira ressurreição. Eu sabia que para obter isso, eu precisaria de três ingredientes especiais... A carne doada por um servo... – encarou Rabicho – O osso do meu pai... E o sangue de um inimigo. Rabicho queria que eu usasse um bruxo qualquer, não foi Rabicho? Um bruxo qualquer que tivesse me odiado, como tantos ainda me odeiam. Mas eu sabia que, para me reerguer ainda mais poderoso, precisaria do sangue daquele que causou minha queda... Harry Potter.

– Acho que se enganou de irmão... – debochei.

– Não... Eu não me enganei... – murmurou aproximando-se lentamente e tocando meu rosto com seus dedos frios. – Minha mais fiel serva sugeriu que, se eu quisesse voltar ainda mais poderoso, precisaria de muito mais que o sangue de Harry Potter... Precisaria da escolhida... Precisaria de você... – sussurrou – Mas como apanhar Violet Snape? – exclamou para os outros. – Ela foi protegida muito mais do que sabe... Dumbledore criou inúmeras maneiras de protegê-la assim que ela colocou os pés em Hogwarts. Invocou uma mágica tão antiga que nem mesmo eu pude tocá-la. Porém, durante a Copa Mundial de Quadribol, pensei finalmente ser capaz de pegá-la, mas a garota conseguiu fugir de meu Comensal e voltou à escola.

Então por isso Rodolphus me perseguiu... Ele não queria me matar, e sim me capturar!

– Então, como poderia capturá-la? Ora... Aproveitando as informações de Berta Jorkins, é claro. Meu fiel Comensal infiltrou-se em Hogwarts para garantir que a garota fosse inscrita no Cálice de Fogo, mas ele enganou-se e depositou um nome à mais. Harry Potter e Violet Snape estavam competindo pela vaga, e vejam que, por obra do destino, ela foi selecionada. Em seguida meu servo fiel garantiu que a garota ganhasse o torneio e que tocasse a Taça primeiro, Taça que transformou habilmente numa Chave de Portal para trazê-la longe da proteção de todos. E aqui está ela...

– O que quer comigo? – rosnei.

Voldemort agitou a varinha e a estátua de mármore soltou-me rapidamente, derrubando-me no chão sobre a perna machucada.

– Você tem uma escolha a fazer...

– “Nagini não se incomode... De acordo com sua escolha, ainda tem a garota Snape...?”- imitei seu tom frio encarando a serpente que rastejava ao meu lado.

– Anda ouvindo minhas conversas? Não é muito educado... – sorriu maravilhado. – Você pode juntar-se à nós... Seria uma excelente Comensal... Muito habilidosa...

Novamente levantei minha mão e apertei meu pingente. Como eu queria que tudo não passasse de um sonho ruim...

– Bonito colar... – disse abaixando-se à minha frente. – Sua avó o usava sempre...

Encarei-o surpresa. Então ele conhecia minha avó?

– Sim, eu a conheci... – respondeu vendo meu olhar de dúvida - Ela tinha muitas habilidades, era excelente com feitiços de Magia Negra... Eileen Prince... – suspirou - Foi uma de minhas melhores Comensais...

– Não... – sussurrei finalmente libertando as lágrimas que tanto segurei.

– Infelizmente, casar-se com aquele trouxa imundo foi sua perdição. E assim que o filho querido nasceu, começou a se afastar das obrigações como Comensal. Severo tinha 11 anos quando ela morreu tragicamente tentando evitar que o filho seguisse seus passos... Uma pena... Um verdadeiro desperdício... – lamentou.

Lágrimas começavam a correr pelo rosto.

Minha avó era uma Comensal da Morte?

– Você é idêntica á ela. Os mesmos olhos, o mesmo tom de pele, os mesmos cachos delicados... – disse tocando meu rosto. Afastei-me ligeiramente. – E a mesma ânsia por poder. Ela era determinada, assim como você... Não faça o que ela fez... Não tente se desligar das trevas Violet...

– Não... – recusei firmemente.

– Você tem capacidade e eu tenho os recursos... Juntos seríamos invencíveis! Seríamos lembrados eternamente! Você pode ter tudo que nunca teve... Pode ter o que quiser. Tudo que precisa fazer é aceitar minha proposta... – falou tentadoramente.

– Eu não serei uma de suas “servas leais”. – rosnei – Não aceito receber ordens que qualquer um... – falei sarcasticamente.

– Garota insolente... Não muda nunca não é? – exclamou uma voz fina e irritante logo atrás.

Virei-me imediatamente para a dona da voz e encontrei exatamente quem pensei. Suas roupas não eram mais simples e sim pomposas. Seus cabelos encaracolados, antes castanhos, agora tingiram-se em preto e adquiriram um comprimento maior que da última vez, quase alcançando sua cintura. Uma mecha branca destacava-se na franja, e um sorriso diabólico enfeitava seu rosto.

– Bella...? – murmurei surpresa.

– Sentiu minha falta sobrinha querida? – disse com sua voz zombeteira.

– Bellatrix Lestrange... Minha serva mais fiel, que encontrou a escolhida e responsabilizou-se por sua educação... – disse Voldemort – Mas acho que você a conhece como Bella Lestry... Não é Violet?

– Você... Você estava me preparando desde a infância para ser uma Comensal? – perguntei incrédula à mulher.

– E veja o que é hoje... Graças a mim sabe mais feitiços que a maioria da sua idade... Sabe conjurar um Patrono Corpóreo celestial, sabe todas as Maldições Proibidas e como executá-las! – falou maravilhada

– Ela conseguiu transformar um diamante bruto numa verdadeira joia de valor... – elogiou Voldemort.

– Sabe, apesar de tudo, eu até gosto de você garota... Tem personalidade forte, é corajosa... E foi uma excelente aprendiz... – comentou Bellatrix com um sorriso...sincero? – Se você aceitar a proposta de Milorde, podemos te transformar na maior e mais poderosa bruxa que já existiu... Você tem tanto potencial Violet, não o desperdice...

– Você tem uma chance ao meu lado... – disse Voldemort – Aqui não será ignorada minha menina... A Comensal Snape seria lembrada por todos...

– Você foi abandonada pela sua mãe, foi privada de conhecer seu pai e até mesmo de viver no mundo bruxo... – recomeçou Bellatrix ajoelhando-se ao meu lado e segurando meus ombros – Por toda sua vida você foi humilhada... Te tratavam como uma estranha, como uma aberração... Te odiavam por ser diferente, te odiavam simplesmente por existir!

A dor da lembrança invadiu minha mente, agarrei-me novamente ao pingente e fechei meus olhos.

– Eu te dei uma chance no dia em que te conheci... Eu te ensinei tudo que sabe hoje, eu acreditei em você... – continuou ela – Acha que em Hogwarts alguém te ama de verdade? – murmurou – Você é diferente dos demais, e eles sabem isso... Suas amigas só estão ao seu lado por conveniência...

– Não... – sussurrei com lágrimas caindo ainda mais.

– Você é uma boa aluna, tem notas excelentes e é a melhor jogadora da escola... É a provável vencedora do Torneio Tribruxo! Elas querem apenas a glória que você ganhará... Querem a fama! – insistiu – Para os professores, é apenas mais uma aluna que passou por Hogwarts... Assim como sua avó. Eileen também foi ignorada quando era jovem, e mesmo sendo a melhor aluna da escola, era solitária... Quando somos bons em alguma coisa, sempre têm aqueles que querem usurpar nosso lugar...

Não... Elas não são assim...

– Não minta para mim Violet... Eu sei que sente uma vontade indescritível de se provar... Você quer mostrar a todos eles que tem capacidade, que pode vencer... Quer mostrar que a Sonserina, apesar da fama, tem pessoas boas... Mas de que adianta tentar provar isso? Todos que tentaram foram ignorados e excluídos, por isso vieram até nós... Todos querem, no final das contas, um lugar para chamar de seu.

– Você terá um lar conosco... Terá reconhecimento... – disse Voldemort.

– Eu sei que você quer mostrar ao Malfoy que tem capacidade... Sei também que quer mostrar a todos que não é mentirosa ou aproveitadora... Você quer mostrar seu potencial... – falou Bellatrix acariciando meus cabelos – Então mostre! Mostre a eles que, apesar de mestiça, você venceu... – sussurrou. – O que mais deseja é um lar não é? Pois aqui você terá... Lord Voldemort está te oferecendo uma oportunidade única! Uma chance que poucos merecem... Junte-se a nós Violet... Mostre a eles! Mostre a todos eles quem é Violet Snape!

Por um momento cheguei a concordar com tudo que Bellatrix me disse. Eu realmente queria mostrar a todos do que era capaz.Eu entrei naquele túnel disposta a enfrentar Voldemort e a provar que nunca menti... Provar que eu estava certa e eles errados... Provar que uma mestiça sonserina pode vencer o Torneio Tribruxo...

– Aproveite a chance que sua avó aproveitou... Não ceda à ilusão de que vão te receber de braços abertos. Assim que virem o garoto morto, associarão a você... Ninguém irá acreditar que o Lorde das Trevas voltou. Você será apenas uma mentirosa á procura de publicidade. Irão te abandonar assim como sua mãe fez 15 anos atrás... – sussurrou.

– Ela não tinha escolha... – falei mais para mim mesma. – Um bruxo das trevas lançou a Maldição Imperius e a obrigou a me entregar...

– Então é isso que pensam de mim? – perguntou o homem loiro, Lúcio, aproximando-se. – Que coagi uma mulher grávida? Assim fico ofendido garota...

– O quê... Você... – sussurrei – Foi você! Você que a persuadiu quando nasci não foi? – perguntei praticamente gritando de raiva.

– Eu não persuadi ninguém... Na verdade, dei a ela uma escolha muito generosa... – comentou. – A profecia foi feita na mesma noite em que Lillian Evans traiu o noivinho perfeito... Por sorte, eu estava por perto. Naquele momento não ousei contar ao milorde ou aos Lestrange, mas dediquei-me a encontrar o tal escolhido... Imagine a surpresa que foi descobrir que a privilegiada era a filha de Lily Evans e Severo Snape. – sorriu diabolicamente.

Voldemort apenas observava e Bellatrix passou a acariciar meus cabelos negros. Lúcio ajoelhou-se à minha frente e encarou-me profundamente.

– Éramos “amigos” na época... E eu não lancei a Maldição Imperius na sua mãe, eu dei a ela uma escolha...

– Lúcio Malfoy

– Flashback on –

– O que você quer Lucio? – perguntou a ruiva.

– Essa criança que carrega no útero... Ela foi predestinada a grandiosos atos...

– O que quer dizer?

– Apenas uma pessoa poderá determinar se Lord Voldemort vencerá ou perderá... – avisei – Você terá um segundo filho, mas para que essa profecia seja cumprida, você precisa deixar sua garota...

– Você... Você está dizendo que eu preciso entregar minha filha? Onde está sua sanidade?

– Nunca estive mais lúcido em toda minha vida. Uma profecia foi feita há alguns meses, onde “o escolhido” iria determinar o futuro do mundo bruxo e do mundo trouxa. Só tem um problema... Assim que nascer e o Lord descobrir que ela pode derrotá-lo, irá persegui-la até conseguir matá-la. Você não quer isso para sua filha, quer?

– É claro que não! Mas não vou abandoná-la!

– Se ela ficar com você, Tiago nunca a perdoará, sabe que ele é orgulhoso, Lily. – falei – Seu segundo filho deve ser dele, e separados nunca terão esse filho, e consequentemente, Voldemort nunca poderá ser morto.

– O que está insinuando Lucio? – perguntou desconfiada

– Estou dizendo que se você entregar a garota num orfanato e esconder sua existência, Lord Voldemort nunca saberá da profecia, um dia ela voltará e finalmente o derrotará. Ela estará segura!

– E o meu segundo filho?

– Ele precisa estar com os pais... Não se preocupe, ele ficará bem. – garanti – Lily, se você ficar com a garota, Você-Sabe-Quem descobrirá e virá atrás de vocês... Confie em mim, o melhor para ela é estar segura longe do mundo bruxo até que o momento certo chegue...

– Não posso abandonar minha filha Lucio...

– Estará sendo egoísta se ficar com ela.

– Egoísta?!

– Se ela ficar com você e Voldemort matá-la, nunca mais teremos chances de derrotá-lo, o mundo bruxo e o mundo trouxa entrarão em colapso e em pouco tempo serão dominados pelas trevas. Você pode evitar isso... Basta deixá-la ir... – falei – Lily, se fizer o que estou dizendo, a garota ficará viva, seu segundo filho nascerá e juntos irão derrotar definitivamente o Lord das Trevas. O nome deles ficará gravado na história para sempre! Serão reconhecidos como heróis onde quer que estejam.

– Lúcio...

– Lembra-se do que Dumbledore sempre dizia quando estudávamos em Hogwarts? “Grandes vitórias requerem grandes sacrifícios”. Sacrifique-se agora Lily, e o mundo bruxo irá triunfar no futuro, assim como seus filhos.

– Flashback off –

– Violet -

– Ela aceitou tão facilmente... – suspirou – Eu não precisei lançar maldição alguma para convencê-la de que te abandonar era a melhor opção. Quando disse que não era para ela olhar seu rosto quando nascesse, pois acabaria desistindo, e ela concordou. Sabe o que descobri um tempo depois? Que ela me desobedeceu. Lily olhou sim seu rosto e confessou-me que você era totalmente diferente dela... Que não era e nunca seria uma Evans.

Não é possível... Minha “mãe” abandonou-me tão facilmente...Lillian Evans era um monstro! Deixou-se influenciar por um “amigo” e ainda teve a coragem de dizer que eu nunca seria uma Evans?

– Vê agora Violet? Quando sua mãe te abandonou eu te adotei e criei como se fosse da minha família... – disse Bellatrix.

– Tem razão... – murmurei abrindo os olhos e encontrando-a ao meu lado – No orfanato ninguém gostava de mim... Você me ensinou tudo que sei hoje, e sou grata por isso...

Pelo canto dos olhos percebi que Voldemort sorria.

– Está certa em tudo que disse... – minha voz falhava – Eu realmente quero mostrar ao idiota do Malfoy do que sou capaz... – nesse momento Lúcio franziu a testa em reprovação - Quero mostrar ao Fudge e à todos da escola que não sou mentirosa. Quero provar que uma sonserina mestiça pode e vai vencer o Torneio. Lillian estava certa, eu não sou uma Evans. Chegou a hora de eu mostrar a verdadeira Violet...

– Isso mesmo... – concordou Bellatrix com um enorme sorriso.

Infelizmente, o tom de voz de Bellatrix era algo muito familiar... Por um bom tempo ela era a única família que tive, e, apesar de tudo, ainda sentia certo afeto por ela... Olhei dentro de seus olhos e percebi que ela sentia o mesmo. De alguma forma, eu sabia que tinha representado algo em sua vida também.

– Mas a verdadeira Violet acredita que sempre temos uma segunda chance... Eu vou sim provar que sou capaz, mas não vou ceder à tentação de me tornar uma comensal. Não vou abandonar meus amigos e minha família por poder... Lillian era assim, mas eu não sou! Uma pessoa me fez prometer que eu mostraria a todos que ter sangue puro não basta... Sou mestiça, sou da Sonserina e posso até ser a Escolhida, mas não sou uma bruxa das Trevas. Vou provar que posso vencer, e farei isso voltando para Hogwarts com a Taça Tribruxo na mão! – falei com firmeza, ignorando completamente a dor que me consumia.

– Então essa é a sua resposta? Você vai realmente voltar para aqueles que não acreditam em você? – perguntou Bella ressentida.

– Não... Eu vou voltar por mim! Eileen pode ter sido uma grande Comensal, mas no final ela deixou as trevas em prol do filho... Assim como Lillian, que sacrificou-se para Harry viver...

– Mesmo depois de te abandonar tão covardemente.

– Não podemos ter tudo que queremos não é? Eu sempre quis uma mãe e infelizmente nunca terei. Ela foi idiota o suficiente para cometer um erro desses, mas eu não serei assim.

– Uma pena... – lamentou Voldemort – Talvez... Um incentivo mude sua opinião... – pensou - Crucio! – disse apontando sua varinha para mim.

Meus ossos pareciam ser esmagados, meu sangue parecia borbulhar e minha perna machucada latejava dez vezes mais. Tive a impressão de que minha cabeça iria explodir! Mesmo atordoada pela dor, não daria a satisfação de gritar ou implorar. Cerrei meus dentes com toda a força que tinha. Apoiei minhas mãos na terra úmida abaixo de mim e fechei meus olhos com força.

Eu tenho que voltar... Eu preciso voltar! Sophie, Mary, Alessa, Harry, Minerva, Moody, Dumbledore, Luna, Vitor, Rony, Hermione, Cedrico, Hagrid... Pai...

Todos me esperam em algum lugar das arquibancadas de Hogwarts.

– Não...vou...me...render! – rosnei ainda sob os efeitos do feitiço.

– Outro grande desperdício... – lamentou enquanto abaixava sua varinha – Mas vou dar-lhe uma chance. Nunca vi alguém resistir à Maldição Cruciatus tão bravamente... – falou maravilhado. – Você teria um grande futuro como Comensal... Realmente uma pena... – lamentou - Antes de entregá-la à Nagini, deixarei que lute... – sorriu. – Rabicho, devolva sua varinha.


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Notas finais do capítulo

Ainda não me acostumei com a nova formatação para postagem de capítulos, então, se tiver algo errado, me desculpem :D

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Mas falando de coisas boas... O que acharam do capítulo??Explica muita coisa, não é??

Não se deixem levar pelas aparências... Líllian com certeza não era uma santa como todos pensam...

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Capítulo 22 After All This Time? Always
(...)
— Responda!
— NÃO! gritei, tomando o controle de minha voz novamente SE QUISER ME MATAR, MATE LOGO! NÃO VOU ME REBAIXAR A SUAS VONTADES!
— Crucius! gritou novamente, porém, daquela vez estava preparada.
Assim que lançou o feitiço joguei-me para o lado em que estava Cedrico, apoiando-me atrás de uma das lápides. Em meu lugar, Lúcio foi atingido e gritava de dor.
— Não estamos brincando de esconde-esconde Violet... Volte e lute! Encare sua morte! disse em voz alta. Olhei para frente e percebi o caminho livre até a Taça.
Fechei meus olhos, suspirei fundo e, reunindo as forças que me restavam, levantei-me com a varinha em punho. Estava pronta.
(...)
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*o* Não percam o próximo, teremos algumas surpresinhas.... E o título é bem sugestivo não??

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Não deixem de comentar e até o próximo!!!