Cicatriz escrita por tsubasataty


Capítulo 40
Capítulo 39




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 Assim que abri os olhos, vi que estava - mais uma vez - no hospital. Meus pais e Álvaro estavam no corredor conversando com uma enfermeira. Pela fisionomia de todos, parecia que nada de grave havia ocorrido comigo. Não sei se me senti triste ou contente com isso.

  Levantei-me da cama e logo que eles perceberam que eu tinha acordado, vieram ao meu encontro. Fiquei um pouco sem graça quando minha mãe me encarou com amargura e sem dizer nada. Por outro lado, meu pai afagou meus cabelos e me perguntou:

  -Como está se sentindo, Gabi?

  -Tô bem...

  Ele sorriu, sincero.

  -A enfermeira disse que você só tem com uma febre alta e um pouco de desidratação. Não se preocupe, você e seu bebê estão bem.

  Corei ouvindo a última parte.

  -Nunca mais pense em fugir assim - minha mãe retrucou, numa mistura de medo e raiva na voz - você podia ter se perdido ou até estar morta!

  Vi uma lágrima surgir no canto de seu olho. Eu não falei nada, pois sabia que ela estava certa.

 -Nós não nos entendemos muito bem esses dias, não é? – meu pai olhou de minha mãe a mim – Nos desculpe, Gabi. Olha mas vamos resolver isso, certo, Marília?

 Minha mãe o olhou em dúvida, porém sorriu também, se aproximando de mim.

  -Vamos, sim. 

 -Certo! Hora de ir para casa então - meu pai argumentou, sem conseguir cobrir o cansaço em sua voz e sem saber o que estaria em seu caminho dali para frente.

  Me despedi rapidamente de Á sama antes de entrar no carro.

  -Trate de não fazer outra loucura dessas, viu? –ele me advertiu, tentando parecer descontraído.

  Eu só ri baixinho. Não podia afirmar nem negar aquilo.

  O caminho até minha casa foi estranhamente reconfortante. Meu pai contava uma piada que tinha ouvido no trabalho, minha mãe se juntava à conversa, me olhando a cada momento, tentando me reconquistar, e eu, quase sem perceber, me uni a tudo aquilo.

  Ninguém tocou no assunto sobre minha fuga de manhã pelo resto do dia. Acho que meus pais não queriam começar uma nova discussão e me ver ainda mais infeliz – os dois já sabiam que não conseguiriam acabar com minha ferida, por isso, o mínimo que queriam era afastá-la, deixá-la longe de mim.

 O Ano Novo foi reflexo de tudo isso. A conciliação das dores e problemas no último instante do ano, e as dúvidas e outras coisas que gastariam tempo ainda antes de serem resolvidas. Mas eu não desistiria, pois tinha de volta meus pais, meus amigos, esse filho e Eric. Por mais longe que ele pudesse estar, no fundo da mente eu escutava a voz de quem tanto amo dizendo que me apoiava, que estava ao meu lado. Eram essas simples pessoas e lembranças que mostravam que o fim não tinha chegado completamente ainda.


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