Cicatriz escrita por tsubasataty


Capítulo 39
Capítulo 38




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Cheguei ao cemitério mais rápido do que imaginei. Mesmo arfando por ter corrido tanto, não parei para descansar e fui logo ao túmulo de Eric. Ao lado de uma árvore baixa de flores vermelhas, com algumas de suas pétalas espalhadas pelo chão, o encontrei. Toda a dor que parecia ter diminuído durante os outros dias, voltou a me ferir com uma força insuportável. Ele estava ali, tão próximo de mim, porém ao mesmo tempo tão distante, tão longe de ser alcançado. Tudo o que eu queria agora era perder esse corpo pesado que me prendia ao chão e me tornar grãos de areia, uma parte de mim juntando-se à terra e a outra perdendo-se pelo vento até, flutuando pelo ar, até alcançar o céu – até alcançar ele. Era tudo que eu queria agora.

  Havia novas flores no túmulo dele, e mesmo eu não sabendo quem as havia deixado ali, tinha certeza de que tinham sido colocadas por alguém que sentia tanto sua falta quanto eu. Não sei quantos minutos - ou horas - fiquei ali parada. Mesmo quando começou a chover e a ventar repentinamente, me recusei a ir embora. Eu não tinha motivos para ir – e nem era mais bem vinda naquela casa que um dia chamei de lar.

  O tempo foi passando e, de repente, contrastando com o terremoto silencioso dentro de mim, escutei passos apressados vindos de algum lugar no cemitério. Meus olhos foram atraídos pelo barulho, contudo, em meio à chuva, o lugar parecia continuar deserto.

  -Gabi! - uma voz gritou subitamente.

  Enrijeci o corpo, surpresa. 

  -Te achei! Sabia que você só poderia estar aqui – virando-me na direção certa do barulho, finalmente o vi.

  -Á sama?! Por que você tá aqui?! – retruquei em desaprovação, quase rosnando.

  Ele me olhou confuso e suplicante antes de responder.

  -Seus pais me ligaram porque descobriram que você não estava mais em casa. Então, quando começou a chover, eu disse aos meus pais que iria sair e decidi procurar por você. Bom, e só tinha um lugar que eu sabia que você estaria.

 Seus olhos ganharam uma nova expressão, me encarando gentis e atenciosos. Não suportei observar aquele olhar por muito tempo e acabei baixando o rosto para o chão. Ele deu um passo na minha direção e colocou a mão sobre meu ombro.

  -Vamos, é melhor a gente ir. O Eric não ficaria feliz se te visse assim agora.

  A rachadura latejou mais uma vez, e eu, furiosa e destruída, dei um passo para trás, me libertando da mão dele. Assim que Á sama tentou se aproximar novamente, gritei, não conseguindo conter mais as lágrimas:

  -Não! Eu não vou embora. Me deixe em paz!

  Meu pânico fez tudo ao meu redor tornar-se rapidamente embaçado. Minhas pernas finalmente cederam e, com o impacto, senti o chão molhado gelando minha pele. Á sama agachou-se ao meu lado e notei uma sensação estranha quando ele colocou a mão em minha testa.

  -Você tá queimando de febre! - ele disse, assombrado.

  Meu olhos fecharam-se contra minha vontade e, antes que eu pudesse falar outra vez, a escuridão me silenciou.    

  Eric... eu não tenho medo de morrer.

  Eu sei que você estará esperando por mim.


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Notas finais do capítulo

E agora?!!



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