Doce Tormenta escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 30
Então deixei-me chorar


Notas iniciais do capítulo

Algumas de vocês vão gostar, outras odiar. Mais enfim nem tudo na vida é belo, e lembrem-se, coisas como essa infelizmente acontecem.
Obrigado pelos comentários, ainda não estou pronta para me despedir de vocês :(
Me deixem saber o que pensam ok?
Musicas:
http://www.youtube.com/watch?v=MqoANESQ4cQ
http://www.youtube.com/watch?v=mmNec5t9fBA



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~~ Melanie ~~

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Não tive tempo de me virar na direção da voz, algo me atingiu, caí e mais uma vez senti uma pontada na parte esquerda de minha cabeça. Tentei abri os olhos, o que não foi inteligente, deixei-me escapar um suspiro, minha visão estava turva. Ouvi passos, acho que alguém gritava.

Tentei dizer alguma coisa mais tudo o que saíram de mim foram gemidos. Com algum esforço consegui focar minha visão em algo a minha frente, duas pessoas. Uma delas ela Charles, e a outra não pude identificar. E se fosse Nathan? Desesperadamente tentei levantar, mas minhas pernas insistiam em me desobedecer. Quando os gritos se intensificaram vi os dois homens começarem a lutar.

Não, não, isso não estava acontecendo. Aquilo era algum tipo de castigo cósmico ou algo do tipo? A minha vida toda vivi uma piada, algum tipo de roteiro escrito por um idiota. Acho que talvez até valesse um Oscar.

A minha frente estava o maior de meus pesadelos, o homem que fudeu minha vida, literalmente, ele também era meu pai, uma espécie ainda não descoberta de psicopata e lutava com alguém, alguém que provavelmente eu amava.

Enquanto inutilmente tentava levantar, ouvi o som de um tiro. Não sei como, nem por que, mas minha visão voltou e desejei não ter visto o que vi. Aquele era James. Charles atirara nele, como em um maldito filme o vi despencar em câmera lenta. Corri até ele cambaleante e desesperada, com as lágrimas atrapalhando.

Agachei-me ao lado dele, o puxando para mim. Se você existe essa é a hora de me ajudar, por favor Deus?

– Mel? – vê-lo ali, agonizando em meus braços era a pior coisa que já presenciara na vida.

– Não, não diga nada, por favor. Preciso estancar o ferimento e você, você vai ficar bem. – disse, enquanto apertava seu peito, onde a bala havia entrado.

– Não, não vou. Escute.. você ..t tem que sair daqui. – James gaguejava se esforçando para dizer algo que já sabia.

– Não vou a lugar algum, por favor, aguente firme.

Me virei procurando o maldito que havia feito aquilo. Charles assistia a cena como se estivesse entediado, tinha nojo dele. Bastardo desgraçado.

– Desgraçado, faça alguma coisa.

– Ele não tem chances ursinha, largue o moribundo.

– Mel?

– Sim.

James respirava com dificuldade, aquilo me quebrava.

– Am... amo vvocê, sempre a..amei, sinto muito.

– JAMES?

Assisti enquanto James me deixava, mais uma vez. Doeu de uma forma diferente, saber que nunca mais veria aqueles olhos negros me fitando como ele costumava fazer, como se fosse um enigma a ser desvendado. Debrucei-me sobre ele, o apertando contra mim, deixando-me chorar sobre ele antes de tudo ficar escuro novamente.

~~ Nathan ~~

Melanie tinha sumido a algum tempo já. Pensava enquanto Beatrice reclamava dos croissants.

– Sabe onde a Mel esta?

– Sim, ali no bar com James.

James? Aquele filho da puta estava aqui? Com minha mulher? Sai, caminhando apressadamente até o bar. Não os encontrei, olhei ao redor, odiando pensar que talvez pudessem estar dançando, mataria o idiota se tivesse posto suas mão nela.

Não os vi em lugar algum, então voltei a mesa onde Beatrice estava, vendo que Adden havia se juntado a ela.

– Add, viu a Melanie?

– Não.

– James? – perguntei.

– Ah sim, ele saiu para fora a uns 5 minutos, posso perguntar por que?

– Não é só que... – não pude completar a frase, um som estridente me deteu. Aquilo era um tiro? A musíca cessou e todos começaram a fitar uns aos outros, confusos.

– Deus, aquilo foi um tiro? – Trice estava branca.

– Não faço ideia. Adden venha comigo. Você, fique ai. – disse apontando para ela.

– Não me diga o que fazer.

– Ei cara, não fale assim com ela.

– Cale a boca vocês dois, tenho um mal pressentimento sobre isso.

Sai do salão andando apressadamente com Adden em meu encalço. Assim que as portas do elevador se abriram revelando o saguão ouvi a voz dela.

– JAMES!! – Melanie gritava, sem pensar, comecei a correr almaldiçoando o desgraçado que havia feito um hall de entrada tão grande como aquele.

Quando alcancei a porta da frente vi uma SUV do outro lado da rua, saindo apressadamente. Olhei ao redor procurando minha garota e o que vi me fez cambalear. James estava estendido no chão, em um ângulo estranho banhado por seu próprio sangue.

– Chame uma ambulância, rápido. – pedi a Adden enquanto corria até James.

Toquei sua artéria principal em busca de algum sinal e nada obtive. Desesperado olhei para Adden.

Voltei-me para o homem estendido a minha frente e algo chamou minha atenção, algo dourado. O pingente de Melanie. Enquanto segurava o pequeno objeto em minhas mãos pedia a Deus que ela estivesse bem. Ela tinha que estar bem. Senti meu celular vibrar, o peguei e vi uma nova mensagem. A abri.

“Se perguntando onde ela está? Por hora, bem, porém apenas até quando eu quiser. Faça o que eu digo e talvez a deixe viver.”

Minhas mãos tremiam tanto que derrubei o celular. Eu era um filho da puta de merda, havia prometido a ela, Deus eu tinha prometido que nunca deixaria aquele verme a toca-la novamente... se ele a tocar eu...

– Nathan?

Adden me olhava preocupado.

– Ele, ... ele a levou.

– Quem?

– Charles Baker.

Vi Adden instantaneamente ficar pálido e mudar sua postura.

– Sabe de algo que não sei Adden?

– Se acalma cara. – não percebi mais o segurava pelo colarinho de sua camisa.

– Não posso me acalmar porra, estamos falando da mãe do meu filho, da minha mulher, droga.

– Meninos?

– O que esta aconte... – Trice deixou sua frase morrer ao notar o corpo de James atrás de mim e Adden. – Não, não.

– Fiquem aqui, esperem a policia e todo o resto, vou atrás dela.

– Atrás de quem? Por favor me diga que Melanie esta bem. – Trice chorava apertando sua barriga.

– Char... Charles a levou.

– Você esta brincando, certo? Isso não pode ser verdade Nathan. Não pode. – Ela parecia propensa a desmaiar a qualquer momento, acho que Adden também notou isso, pois foi para perto dela.

Me virei pronto para ir até o estacionamento quando ouvi Adden gritar.

– Me escute cara...

– Não posso Adden...

– Sei quem é ele.

– Como assim sei quem é ele? Por que acha que o conhece?

– Porque acho que ele é meu pai.

– O que?

– Venho recebendo mensagens anônimas. E acho, acho que elas podem ser de Charles.

Quando vi estava em cima dele o imprensando contra a parede.

– E só me diz isso agora? Nunca vou lhe perdoar se algo acontecer a ela entendeu? NUNCA.

O soltei, caminhando para longe dele, meu sangue fervia e minha cabeça parecia programada para explodir a qualquer momento como uma bomba. Sentei-me na sarjeta, prendi a cabeça entre as pernas e chorei, chorei por ela, por mim, por não ter sido capaz de protege-la. Chorei pela dor, pelo medo de perde-la.

http://www.youtube.com/watch?v=Uld5ONLBqOw

– Tudo vai ficar bem, tem que ficar. – Beatrice me abraçava e chorávamos juntos.

Eram tantas as emoções, os pensamentos, as questões, por que? Por que Adden não havia me contado sobre as mensagens anônimas? Se realmente fosse Charles o que ele... Isso!!

– Preciso de seu celular. - Adden me olhava cabisbaixo, não hesitou em tirar seu iPhone do bolso e me entrega-lo. O peguei e sai em disparada atrás de meu carro, sabia exatamente quem podia me ajudar.

– Martin?

– Oi cara, sinto muito por não ter ido ao seu baile, Samantha teve bebê e estamos...

– Preciso de você,... Charles a levou.

– Me encontre em meu escritório ok? Estarei lá em 10 minutos.

Desliguei e deixei-me pesar sobre o acelerador. Em 5 minutos estava lá, esperando impacientemente por Martin.

~~ Melanie ~~

Deus, minha cabeça doía, tentei em vão levantar. Olhei ao redor procurando entender o que estava acontecendo, as lembranças me atingiram e eram tão fortes que desejei não ter acordado.

“Susan sempre foi tão descuidada não acha? Deixando criancinhas assim. Aproposito, adorei a cor dos olhos de seu pequeno mascote, azuis, se não fosse pelo cabelo ele passaria facilmente como uma cria sua. Acho que ele quer dizer oi a mamãe, então por que não vem aqui fora ursinha? Traga um casaco, esta meio frio sabe.”

[...]

– Am... amo vvocê, sempre a..amei, sinto muito.

– JAMES?

[...]

– Não, só me escute por favor. Nathan esta mentido para você, desde o inicio, tudo foi estrategicamente planejado Mel.

– James. – debrucei-me soluçando enquanto olhava o lugar ao meu redor. Não demorei muito para descobrir que aquele era meu quarto, meu antigo quarto, cheio de dolorosas lembranças de todas as vezes em que Charles...

Tudo estava exatamente como antes, o que era terrivelmente assustador.

– Ursinha?

Talvez eu só estivesse sonhando, aquilo não podia ser real, não podia. Encolhi-me quando vi o mesmo monstro que via toda noite em meus pesadelos adentrar o quarto, como fizera tantas outras vezes quando era pequena. Mais uma lágrima escapou, então deixei-me chorar.


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Notas finais do capítulo

Então, como está o coração de vocês, rs?