Os Sobreviventes escrita por Beta23


Capítulo 24
Conversando com uma alma, dentro da minha mente.


Notas iniciais do capítulo

Esse é curtinho, apenas para sabermos do Daniel. Espero que curtam, até as notas finais.



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POV Daniel

Heather vinha correndo em minha direção, estávamos em uma praia deserta, só nós dois sob o céu azul e sem nuvens. Seu corpo chocou-se contra o meu, apertei-a com força, sentindo toda a falta que ela me fazia.

- Dan, eu sinto sua falta – ela disse

- eu tambem sinto – respondi

Ela afastou-se de mim, olhei em seus olhos. Seu rosto ficou distorcido, ela gritou e correu de mim. Eu não vi primeiramente o motivo, mas percebi quando o sol bateu em meu rosto, fazendo um brilho prateado encher o lugar.

- você não é o meu Daniel! – Heather gritou ao longe – fique longe de mim.

- Heather! – gritei, correndo atrás dela – sou eu!

- não! – ela gritou, chorava – sai daqui, você tirou o Daniel de mim, eu te adeio!

- Heather! – chamei.

Ela correu até desaparecer de vista, parei de correr e encarei meu reflexo, a esfera prateada em meus olhos me causou arrepios.

Sentei na cama com força, ofegava muito, enquanto a realidade ainda me atingia, fora apenas um sonho.

- Floquinho? – chamei

Não é muito comum você acordar e me chamar logo em seguida – respondeu

- só queria... – comecei – deixa para lá, volte á dormir.

Levantei e bocejei, fui andando como um zumbi até o banheiro, parei de frente para o espelho. Encarei meu próprio rosto, eu continuava com a mesma cara, a mesma boca, as mesmas orelhas, o mesmo nariz. O que mudara era apenas meus olhos, antes azuis, agora, prateados.

Somos bonitos – disse Floquinho

- é por essa e por outras razões que eu te chamo de Floquinho – resmunguei

Eu ainda não vi nada de errado com esse apelido – ponderou

- quando você virar humano, a gente conversa – falei – volte á ficar caladinho.

Silencio, bufei e enfiei-me debaixo do chuveiro. Deixei a água cair por um bom tempo, fechei os olhos.

Se Heather me visse com os olhos assim, aquela seria exatamente a sua reação. Temo que a reação da Bonnie seria ainda pior.

Por que? – perguntou Floquinho – nossa irmã reagiria como?

- ela tentaria nos matar – revelei

Talvez esteja errado – disse – ela é nossa irmã, deve amar-nos.

- você não a conhece – falei, arregalando os olhos e pensando nela matando uma alma.

Talvez você estaja certo – disse Floquinho – devia me deixar controlar esse reencontro.

- claro Floquinho, seria ótimo vê-lo sendo triturado pela Bonnie e não poder fazer nada – resmunguei ironicamente – deixa que com a minha irmã, eu me entendo.

É por essa e outras que eu estou ansioso para conhecê-la – falou

- não se empolgue muito – alertei – ela vai querer te matar.

Não vejo como aquela menina poderia matar alguém – resmungou

Tentei não me sentir culpado, mas ainda não o tinha deixado ver minhas memórias recentes, ele ainda não havia visto a Bonnie, apenas aos cinco anos.

Está pensando em que? – perguntou

- nada – menti, forcei minha mente á ir á outro tema, algo como armas e Bon Jovi.

Você está tentando me enganar – falou – o que está escondendo de mim?

Não respondi, pude sentir ele tentando ver meus pensamentos, ergui um muro bem robusto, impedindo-o de ir adiante.

Daniel, o que pretende com isso? – perguntou – somos um só agora, eu sou da sua família.

- Floquinho, não tente vasculhar minha cabeça – briguei – só... Fica quieto.

Desliguei o chuveiro e sai do banheiro, vesti algumas roupas novas que tinha arranjado na estrada e abri a mochila nova. Eu vinha recolhendo coisas que via pelo caminho, coisas para a Bonnie. Onde quer que estivesse, ela não devia ter acesso á um supermercado, então, eu pegava coisas para ela, tipo, aquele perfume que ela adora, coisas pessoais, hidratante corporal (o quê, um homem não pode cuidar da irmã?) e outras coisas. Tinha pegado os tênis Converse que ela tanto adora, peguei umas roupas e coisas que eu sei que ela iria gostar. Eu não via a minha irmã á um bom tempo, queria retribuir de alguma forma. Talvez levando coisas para ela, eu me sinta mais útil, já que não estava lá ao seu lado agora.

Isso foi tocante – disse Floquinho – ainda quero conhecer a sua irmã.

- cismou mesmo com isso – resmunguei

Eu ainda me sentia mal em levar Floquinho até Bonnie, mesmo na podendo fazer nada para tira-lo de mim. Confiava nele, Floco de Neve mostrava-se fiel e honesto, mas eu ainda tinha receio, não queria impor perigo algum á minha Bonnie.

Eu ainda não cosigo te entender, Dan – falou – que mal eu posso fazer á Bonnie? Estou dentro do seu corpo, esqueceu?

- se tem uma coisa que eu aprendi como irmão mais velho é que não se pode medir esforços para proteger seu irmão mais novo – falei – mesmo sendo irracional.

Silencio, ele deveria estar refletindo. Suspirei e terminei de guardar as coisas da Bonnie, arrumei tudo que era meu e saí do quarto do hotel. Passei na recepção e devolvi as chaves ao senhor gentil e bondoso, eu nunca vou me conformar em receber um grande sorriso ao sair sem pagar.

Ainda não me conformei com essa sua mania de rir do nome das almas – resmungou Floquinho

- foi mal cara, mas vamos combinar, Hiper espaço é um modo de viagem intergaláctica – falei mentalmente – vocês almas realmente não sabem escolher um nome.

O que sugeriria? – perguntou

- sei lá – pensei – talvez... Desert Eagle, nome de respeito, uma boa arma. Poderia funcionar bem.

O que é Desert Eagle? – perguntou

- revire minha mente – falei

Silencio momentâneo, subi na moto e dei a partida, entrando na estrada outra vez.

Você poderia pensar em outra coisa sem relação á violência? – perguntou ultrajado – e ainda me manda ver essas coisas.

- foi mal, isso você pode ver – falei.

Muito engraçado – resmungou

- você resmunga demais para uma alma – reparei – acho que minha natureza está mudando a sua.

Não acho isso – negou rapidamente.

- sei não Floquinho... – zombei – acho que mais uns dias de convivência serão o suficiente, logo você estará tão violento quanto eu.

Nunca mais repita algo assim – pude senti-lo estremecer – pensamentos impuros.

- é tão bom perturbar você – falei – acho que posso me acostumar com isso.

Não se atreveria – pensou

- pelo visto você ainda não me conhece – ri na minha mente.

Você é um ser humano depreciável – resmungou

- e você é uma lacraia muito resmungona – rebati

Floquinho calou a boca, sorri, agradecido por ter minha mente em silencio outra vez. era bom ter alguém para conversar ás vezes, ter Floquinho em minha mente me ajudava á manter o foco, eu poderia ter explodido todas as cidades por onde passei, mas ele me impediu e me disse a melhor coisa á fazer em certos casos. Eu me sentia um verdadeiro idiota por ser grosseiro com ele as vezes, não conte á ninguém, mas eu curtia muito meu pequeno amigo invasor de mundos.

Acredite, estou emocionado – falou.

- é verdade, caro amigo – falei.

Senti-lo tentando derrubar meu muro de proteção, não deixei, é claro.

- mas você ainda não pode ver isso amigão – falei – ainda não posso deixa-lo saber certas coisas.

Não confia em mim – falou, ouvi desgosto em sua voz.

- sinto muito Floquinho, mas essa aí é uma coisa que você e a Bonnie concordam – falei – eu sou muito possessivo.

Acelerei ainda mais na rodovia vazia, queria chegar o quanto antes ao deserto, não podia mais esconder a verdade de Floquinho. A verdade de que Bonnie não era uma garotinha. Não sei explicar como sei disso, mas, vai ser bem difícil conviver com esses dois. Não tenho certeza, mas acho que Floquinho ia gostar da Bonnie, até mais do que eu gostaria de admitir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido, até mais.



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