Em presídios de todos os cantos do mundo, um único carcereiro vaga pelos corredores. O homem usa um grande casaco preto que arrasta no chão junto com seus passos lentos. Todos os cadeados estão abertos. Todos os guardas foram dispensados.

Mesmo assim os presos esperam, quietos, no canto mais escuro de suas celas.

Milhares de assassinos, estupradores e loucos.

Todos olham para o chão e rezam em silêncio.

O homem de preto caminha pelos presídios. Seus sapatos fazem eco a cada passo. Ele é uma sombra silenciosa, predadora, faminta. Nenhum detento tem a coragem de olhar para o seu rosto e encarar os dentes afiados em um sorriso de puro prazer. Nenhum homem suporta olhar para os seus olhos vermelhos cheios da mais pura sensação de tudo o que é mal.

Ele para em frente a uma das celas. Todos os renegados pela sociedade prendem a respiração. Devagar, tira um envelope de dentro do enorme casaco. Com sua mão longa em uma luva branca, ele passa o envelope pela grade da cela.

Escondido no escuro, o condenado deixa o envelope cair até o chão. Não quer admitir que está suando gelado de medo. Não quer olhar para o carrasco e vê-lo passar a língua nos lábios, saboreando o seu pavor.

Mesmo com a pouca luz, ele pode ver as letras impressas em vermelho na parte da frente do envelope.

"Parabéns,

Você foi escolhido para O Jogo Divino."

O condenado não aguenta. Olha para o carrasco. Ele olha nos seus olhos demoníacos e grita em desespero, porque sabe que é o seu fim.

O sorriso do carrasco se rasga dividindo o rosto em dois, mostrando todos os dentes afiados e brancos como os chifres que despontam da sua testa. Gira nos calcanhares, calmamente, e percorre seu caminho de volta, saboreando os gritos de pânico e imaginando qual gosto a carne daquele homem deve ter.