A Última Esperança escrita por MandyB


Capítulo 4
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

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Ao chegarem à lanchonete, dirigiram-se até a última mesa, que estava longe de tudo e de todos. Patrick tinha um olhar observador sobre Manu. Já Manu tinha um olhar perdido, como se não soubesse o motivo de estar ali. Permaneceram calados por alguns minutos até que Patrick quebrou o silêncio perguntando a Manu no que ela estava pensando.

– Em nada - responde.

– Tá.

– Por quê?

– Por nada. É que você tá com um jeito assim... Estranho.

– É porque eu estou pensando, essa é a minha cara de pensativa. - eles riram.

– O que fazemos agora, Manu?

– Não sei. A ideia de vir para cá foi sua.

– Então nos conversamos?

– Pode ser. Me fala mais de você.

– Ok. - deu uma leve pausa - Tinha um irmão chamado Peter, ele morreu faz três anos. Ele foi comigo quando fui morar no Brasil. Peter era fantástico, Manu! Você ia gostar dele.

– Sério? Por que eu ia gostar dele? - perguntou curiosa.

– Ele adorava ler. E era fã de Clarice. Nos a conhecemos no Brasil, tivemos que ler um livro dela para fazer uma prova e nos apaixonamos. Tanto que, antes de voltarmos para cá, para o Alasca, compramos todos os livros dela.

– Não acredito, Patrick!

– Sério. Se você quiser eu te empresto - deu um sorriso.

– Claro que quero! Mas... Você só teve Peter de irmão?

– Não. Tenho outro irmão, mais velho que eu cinco anos, o Klaus. Mas ele não importa, faz um bom tempo que ele não fala comigo... Desde... - disse dando uma longa pausa.

– Desde?

– Na... Nada. - disse nervoso.

– Como assim nada, Patrick?

– Manu, por favor...

– Por favor? Olha seu estado! Mudou de repente.

Patrick ficou de pé, tinha os olhos fixos em Manu. Ele fez menção de sair, mas ela foi mais rápida e o segurou pelo braço.

– Patrick... O que foi? - perguntou com ar preocupado.

Ele não respondeu, apenas se soltou e saiu. Manu foi atrás dele, quando o alcançou ela pegou seu braço novamente, dessa vez puxando para perto de si.

– Patrick? O que aconteceu?

Mas ele estava confuso demais, todos os acontecimentos daquela noite emergiram na sua mente. Seu olhar era uma mistura de medo e angústia, ele estava em choque. Suas mãos começaram a tremer, então ele se soltou de Manu e passou a mão no rosto, depois nos cabelos. Qualquer pessoa que o visse diria que ele era um perturbado que havia fugido de algum hospital psiquiátrico. De repente uma luz branca apareceu vindo em sua direção, ouviu uma voz feminina que dizia "Patrick, olha!" e logo em seguida um barulho de estilhaços de vidro. Voltou seu olhar para a rua tentando tirar essa imagem de sua mente. Começou a observar os carros que, para ele, estavam andando em alta velocidade quando, de repente, ele viu que dois carros iam se chocar.

– NÃO! - disse olhando fixamente para a suposta cena e logo depois cobrindo os olhos.

Manu deu um passo para trás. Ela tinha uma expressão de espanto. Antes de sair de perto dele, disse:

– Você é realmente esquisito, Patrick... Eles tinham razão...

Quando Patrick percebeu que tinha agido de uma forma esquisita na frente de Manu e quis se explicar já era tarde demais. Manu havia ido embora.

[...]

Manu percorreu todo o caminho de volta relembrando o que havia acabado de acontecer. Sua expressão era de tristeza. "Patrick não é para mim, preciso esquecê-lo", concluiu. A cada dia que se passava uma boa parte de Manu queria descobrir o que atormentava Patrick, mas parece que a outra parte, que quer total distância dele, falava mais alto. Mas como ela iria descobrir o que o atormentava se ela sempre o evitava e quando finalmente conseguiam conversar, algo dava errado? Manu não percebia, mas havia algo entre ela e Patrick, tanto que ela ficou triste quando resolveu que iria esquecê-lo de vez, o que era impossível, posto que ela passava as 24 horas do dia pensando nele. De repente o telefone tocou e todos os seus pensamentos foram interrompidos.

– Alô? - disse com uma voz triste.

– Oi, Manu! É o Matt, cadê você?

– Tô voltando... - respondeu sem muito entusiasmo.

– Manu, o que aconteceu? - perguntou Matt preocupado.

– Quando eu chegar a gente conversa... Você tá em casa?

– Não. Tô no Drive Thru do Mc Donald's, quer alguma coisa?

– Traz qualquer coisa, tô chegando em casa já.

– Tá certo. Beijo.

Após alguns minutos Matt chegou em casa, Manu o esperava sentada à mesa da cozinha. Entreolharam-se e permaneceram calados. Manu não sabia como contar o que havia acontecido para o irmão. "Por onde começar?", perguntou-se. Então Matt sentou-se à mesa também e quando Manu menos esperou ele perguntou o que havia acontecido.

– Matt...

– Já sei. Isso tudo é por conta do Patrick. O que foi dessa vez?

– Nos fomos expulsos de sala pelo professor de biologia, Patrick disse que tínhamos duas opções, ou saíamos do colégio sem que ninguém nos visse ou iríamos ser suspensos. Optei por sair sem que ninguém nos visse e fomos para uma lanchonete que tem lá perto. Começamos a conversar, normal, e ele me fala que teve um irmão que faleceu faz três anos. Aí eu não sei por qual motivo fui perguntar se ele só teve esse irmão e ele disse que não, que tem um, Klaus, acho, mas que não importava muito porque ele não falava mais com Patrick desde que alguma coisa aconteceu.

– Mas que coisa, Manu?

– Então... É isso que eu queria saber...

– Por que não perguntou?

– Eu perguntei, mas ele não respondeu. Ele ficou angustiado e nervoso ao mesmo tempo, muito estranho. Eu saí de lá, deixei ele sozinho.

– Por que fez isso?

– Por que... Não sei... Acho que agi por impulso.

– Você deveria ter ficado lá, para ajudá-lo. Talvez depois que passasse essa angustia, esse nervosismo ele resolvesse conversar com você.

– Preciso esquecer o Patrick - disse com um olhar triste.

– Manu... Você ainda não percebeu né?

– O que?

– Que você gosta dele! Quando você disse tinha que esquecê-lo, sua expressão até mudou, seu olhar, jeito, tudo, ficou toda triste. Não seja boba, Manu, converse com ele.

– Eu o conheci faz dois dias, Matt.

– Não importa tá na cara! Vocês vivem se encontrando e hoje, quando saíram de sala? Para te livrar de uma suspensão ele a levou à uma lanchonete!

– Sim, mas... Normal... E eu não gosto dele! - disse olhando fixamente para Matt.

– Eu sei que gosta e se eu fosse você conversava com ele amanhã. E tira isso da sua cabeça, de que vai esquecê-lo, você não vai conseguir. - ele riu.

– Ok. Obrigado pelo pensamento positivo. - disse dando um leve sorriso. - Eu vou falar com ele. Tá feliz agora?

– Felicíssimo! Agora vamos comer?

– Vamos!

[...]

Quando Patrick se deu conta de que Manu já havia saído da lanchonete foi até o estacionamento do colégio para ver se ela ainda estava lá. "Não, ela não está aqui, já foi embora...", pensou. Então entrou no carro e foi para casa. Patrick percorreu todo o caminho de volta pensando no modo como ela havia agido, ele tinha um olhar triste, estava "acabado". Para ele, Manu não o queria mais. "Eu a perdi.", concluiu. Já chegando em casa, ele teve uma ideia. Escrever uma carta para Manu explicando o que havia acontecido naquela manhã. Ao chegar em casa, desceu do carro correndo, subiu as escadas, pegou papel e caneta e pôs-se a escrever.

Querida Manu,

Vou tentar explicar o ocorrido desta tarde por meio desta carta.

Na noite do dia 24 de dezembro de 2001, há três anos, algo muito ruim aconteceu em minha vida, não só na minha, mas na vida de todos os meus familiares. A partir desse dia Klaus nunca mais falou comigo. Isso me atormenta bastante, não só o fato do meu próprio irmão não falar mais comigo como o que aconteceu naquela noite... Então... Não vou conseguir te dizer tudo o que aconteceu, detalhe por detalhe, mas, talvez um dia, eu consiga conversar com você sobre isso, acho que você é a única pessoa que vai poder me ajudar um dia, Manu... Queria te pedir um pouco mais de paciência comigo. Perdoe-me pelo modo como agi hoje à tarde, mas quando eu estiver preparado para dividir isso com você irei a sua procura. Eu gosto de você, Manuela Müller, sei que nos conhecemos faz dois dias, mas para mim é como se eu te conhecesse há anos. Não quero te perder.

Patrick Schmidt

Patrick dobrou o papel, colocou em um envelope e deixou debaixo do celular, ao lado de sua cama, no criado mudo. Não podia estar mais ansioso para entregar esta carta a Manu. Decidiu que deveria levar um buquê de flores para ela também. "Amanhã de manhã eu compro", pensou. Ele passou a tarde pensando em como seria o dia de amanhã, quando encontrasse Manu.


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Notas finais do capítulo

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