“Por favor, tenta só escutar, ok?” minha mãe me pediu, respirando fundo e eu levantei as sobrancelhas e cruzei os braços.

“Filha, não foi culpa nossa. Tiraram você de nós quando você tinha dois anos!” disse Jace em desespero tentando explicar, e eu ia ficando cada vez mais confusa.

Mas meu pai era o Sebastian, não era ele! Não podia ser!

Eu acredito no meu pai, eles eu nunca vi na vida.

“NÃO ME CHAMA DE FILHA! VOCÊ NUNCA FOI E NUNCA SERÁ MEU PAI!” eu berrei para ele, as lagrimas estavam rolando pelo meu rosto.

Arrependi-me na mesma hora com o olhar de dor que transpareceu em seu rosto, eu queria terminar tudo aquilo e ir embora.

Clary andou na minha direção e parou na minha frente, e ela me observou, do topo da minha cabeça até os pés, e ouvi um riso fraco que cortaram seus lábios.

“Jace, o Fogo Celestial.” Ela disse e eu fiquei totalmente confusa. Será que ela ia bota fogo em mim? Não sei...

“Olha eu sei que não sou a melhor a pessoa do mundo, mas também não pode me transformar no Tocha Humana!” eu falei dando um passo para trás, mas Jace veio na minha direção e parou na minha frente e fechou os olhos.

Agora eu vou virar o Tocha, era meu sonho de criança, mas não tão literal!

Mas o que aconteceu era totalmente diferente do que eu esperava.

Sua pele parecia de vidro, me possibilitando ver o sangue dourado correr pelas suas veias e não sei que raio estava acontecendo, meu sangue ficou dourado e pontinhos dourados dançaram em minha visão por alguns segundos e saíram, e então Jace abriu os olhos.

Os seus olhos dourados estavam agora em um dourado intenso, iguais aos meus, e Clary observava com admiração.

Era muito linda a forma de como nosso sangue brilhou no mesmo dourado e nossos olhos também, e toda a negação saiu da minha cabeça por um tempo.

Não era o mesmo dourado opaco de sempre que brilhava, era um dourado vivo.

A palavra ferveu na minha mente.

Pai? Ele era o meu pai?

Lagrimas desceram do meu rosto quando percebi que sim, pois ninguém tinha isso que só nos dois tínhamos.

“Pai?” A palavra doeu, doeu muito quando eu a pronunciei e vi um alivio transbordar em seu olhar, e a tristeza transbordou no meu.

Quem eu era? Será que meu nome era mesmo esse?

Era muita coisa para absorver de uma vez só. Eu tinha uma vida que era mergulhada na mentira, mas eu estava me negando a acreditar.

Clary abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi cortada pelo berro furioso de Henry.

“ASLAN, VOCÊ NUNCA TERÁ ELA DE NOVO! ELA É MINHA!” eu pisquei os olhos para tentar entender bem. A ansiedade por saber que Aslan estava lá fora foi pausada por uma indignação.

Como assim? Desculpa? Desde quando ele se tornou tão possessivo assim?

A indignação subiu na minha cabeça.

Eu corri soltando risadas indignadas e pulei para a janela mais próxima e pulei, mas eu não imaginava que era alta, e se eu não tivesse o treinamento, eu teria me esborrachado no chão.

Pousei na grama agachada e me levantei e observei o quintal por um tempinho.

Era um amplo quintal com grama verde bem cuidada e os dois estavam discutindo a poucos metros da porta.

Essa era a parte complicada, por que Aslan foi mais do que um amigo pra mim, e tivemos que nos separar por causa do meu pai, mas se não fosse por isso, ele estaria sendo meu namorado até hoje.

Andei até eles, provavelmente o dourado continuara intenso, por que Henry parou de gritar com Aslan e ficou me olhando boquiaberto.

Aslan virou-se para trás e eu encontrei seus olhos e meu coração se derreteu.

Corri e pulei nos seus braços abertos que me abraçaram forte, coloquei minha cabeça no seu peito e senti seu cheiro maravilhoso de sândalo, e toda a tensão saiu do meu corpo e comecei a chorar baixinho contra seu peito e sussurrava repetidas vezes.

“Tira-me daqui, Aslan. Por favor, me tira daqui.” Ele afagou o meu cabelo e me apertou ainda mais contra deu peito.

Henry parou de protestar quando percebeu que eu estava chorando, e saiu de perto.

Aslan beijou o topo da minha cabeça e disse preocupado e ao mesmo tempo carinhoso.

“Você não pode voltar pra sua casa, eu fui lá para te ver, mas seu pai arrebentou seu quarto inteiro. Por favor, Anna, fica aqui. Eu fico junto com você e se você voltar ele vai te machucar e eu não vou suportar ficar na moita.” Ele falou preocupado, e com relutância eu assenti.

“Vamos falar com sua mãe e com seu pai biológico. Eles vão me aceitar aqui, só me prometa que não irá voltar para sua casa.” Ele falou e eu apertei uma camisa preta, que estava meio molhada e ele puxou meu rosto, me fazendo olhar para seus olhos verde.

“Prometo.” Minha voz falhou e um sorriso torto apareceu no seu rosto e ele entrelaçou nossas mãos e fomos para a entrada da casa.

Eu hesitava em cada passo, eu não queria voltar para aquela mansão, mas se eu voltasse para minha casa, era capaz de meu pai me matar de tanto de bater.

Jace olhou contrariado para Aslan e minha mãe o olhou com um olhar suspeito e curioso.

“Ele não entra aqui dentro.” Disse Jace e eu balancei a cabeça, já cansada e falei sem rodeios.

“Que pena, pois se me querem aqui vão ter que o deixar entrar e ficar comigo. A decisão é de vocês e se decidam rápido, por que já esta escurecendo.”