Simon sabia que um “Preciso falar com você. Casa do Jordan hoje a noite.” Vindo de Isabelle Lightwood não era bem um convite, mas sim uma convocação. Por isso talvez ou porque ele não a vê já faz muito tempo, ele já estava na casa agora vazia do membro Praetor Lupus. Simon simplesmente já estava lá antes mesmo de ser noite. A ultima vez que viu a shadowhunter foi um pouco depois de Clary desaparecer do Instituto, ela estava em seu traje preto de combate e apesar do inferno que estava ao seu redor parecia apenas um pouco mais que entediada. É do conhecimento de todos que Robert Lightwood está no Instituto e sendo encarregado de muitas tarefas pela Clave. Jordan e Maia estão vivendo em um mundo particular, onde tudo é beijos e abraços o tempo todo – o que é embaraçoso para o Simon - talvez se não tivesse conseguido dois tickets para almoçar de graça no Taverna do Diabo* o casal não teriam posto os pés para fora do apartamento. Lobos. Simon – o vampiro – se viu pensando e achou que esse não era um pensamento do Simon antigo. O atual agora julgava coisas de uma forma diferente. A visão sobre as coisas com o tempo e a experiência fizeram dele alguém diferente. Alguém mais firme talvez. Ele estava na cozinha, vendo o que tinha na geladeira quando uma figura esguia e de longos cabelos pretos passou pela porta parando nela com as mãos nos quadris e uma expressão séria no rosto.

“Simon.” Ela diz e ele se permitiu olhar bem para ela. Ela sempre foi bonita para ele, o tipo da garota que quando mundano ele sempre achou impossível conhecer e namorar. Alta, magra e com um corpo cheio de formas, cabelos negros como a noite, a pele dourada e cheia de marcas que de certa forma é tão celestial como ameaçadoras, e os olhos. Os olhos de Iz.Simon pensava que Clary pequena e frágil sempre fora o que se encaixaria para ele, vindo de uma garota. E aqui estava Isabelle. Contrapondo todas as expectativas e reafirmando a Simon que ele sempre fora atraído por ela. Mas agora era diferente havia uma magnitude que a envolvia algo mais que físico que o ligava a ela. Ele só não tinha certeza de como definir. Essa é Isabelle. Ela vai montar em você, quebrar seu coração, juntar os pedaços e fazer deles um bonito cordão. Até aqui porem o único que tinha quebrado o coração de alguém tinha sido Simon e o que ele tinha jurado a si mesmo sobre ser estúpido com garotas?

“Oi” ele disse com a garganta literalmente seca, ela havia corado. Iz corando! E ao vê-lo! E sangue...

“Você está com uma péssima aparência.” Ela disse se sentando em uma das cadeiras da bancada

“Parecendo um vampiro?” ele riu-se “Bem, é o que eu sou não é mesmo?”

“Santo Anjo, Simon! Ainda é segunda-feira não me venha com vitimismo! Não tenho tempo a perder com suas lamentações mundanas”

Ele a encarou. Ela igualmente de volta. Ele se colocou frente a ela, apoiado na bancada.

“Então Isabelle Lightwood que devo a honra de seu precioso tempo?”

Ela se inclinou mais para frente, jogando os cabelos para trás, e quase tocando o nariz dele com o seu.

“O que você acha?” sussurrou e seu hálito doce de morango e sangue enviou arrepios abaixo da barriga de Simon e ele tinha certeza que não era um instinto vampiro.

“Eu...”

Nem Isabelle, nem ele mesmo nunca souberam o que ele ia responder, pois nesse momento ela o beijou. Um beijo diferente de tudo, um beijo cheio de urgência que tomou todo o fôlego que Simon pensou não precisar ter mais. Logo, ela estava deitada na bancada da cozinha e ele a estava beijando como se fosse a única coisa que realmente importasse. E naquele momento era. Izzie era a única coisa que importava. Tocá-la, beijá-la e fazê-la sorrir. Simon não se importava com as coisas caídas no chão, ou se a casa era de Jordan, ou se Clary estava sumida, ou se o inferno era gelado. Ele encontrou em Iz, não uma distração qualquer, mas a distração certa. E ele a queria e talvez ele estivesse enganado, mas ela parecia também querer ele. O chicote dela o surpreendeu, puxando-o pelo punho para mais perto. Ela estava com um olhar duro e as sobrancelhas arqueadas. Uma pergunta no ar. “Que?” ela perguntou baixinho enquanto se sentava e tirava o aperto do chicote que havia deixado uma marca vermelha que já sumia.

“O que você quer de mim Isabelle Lighwood?”

E se arrependeu por ter perguntado logo em seguida. Ela parecia magoada.

“Pergunta errada bobinho. Eu não quero nada de você. Eu quero você.”

E esta foi sua perdição.