Agora, ele podia ver perfeitamente os seus olhos cor de ébano refletir o luar. Os cabelos dela poderiam, facilmente, serem confundidos com a noite. Ele, então deixou seu hálito quente sair soltando uma pequena risada ao vê-la em sua bota de salto alto. Quem sai as pressas de casa às 3:43 da madrugada e se arruma toda?. Mas, então uma sucessão de lembranças inundou sua mente. Ela estava vestindo o uniforme de luta. Ele não se encontraria com a namorada, e sim com uma guerreira. Ela o abraçou e afundou a cabeça no pescoço dele. O olfato aguçado de Simon captou, em vez do doce perfume, o cheiro metálico do sangue. Ele sentiu as presas coçando para sair e afundar na pele dela. Por um segundo, Simon se amaldiçoou. “Simon” Izzy disse se afastando. Os olhos borrados de rímel por causa do choro. Ele a olhou, tão delicada e, o sentimento anterior se transformou numa grande vontade de protegê-la. Mas ele não podia. Ela não precisava ser protegida. Ela procurou pelos olhos dele, mas perdeu as palavras e engasgou em sua própria incapacidade. “Clary” Ela disse. Apesar de no início ter uma grande empatia pela garota, agora ela o considerava sua família, sua cunhadinha. “O quê?” Simon perguntou desconcertado. “Simon, Clary ela... eu não sei como te dizer isso” Foi a gota d’água. Imagens de Clary rodopiavam na cabeça de Simon. Ele fechou os olhos por um momento. Mas não havia nada nesse mundo que poderia mantê-lo calmo. Ele sentia seu corpo que era como gelo, queimar. Jurou até, poder ouvir as batidas de seu coração. De supetão, segurou Izzy pelos braços e suas presas saíram por instinto. “O que aconteceu com ela?” Ele perguntou, parecendo fazer muito esforço para silabar cada palavra. “O irmão dela, a levou”. Não havia mais Izzy em perigo. Não havia mais ruas e prédios. Não havia vida. Ele queria respirar, sentir os pulmões puxarem ar, e se desesperou ao constatar que não havia como. Ele estava afogando, afogando num lugar cheio de oxigênio. “O que eles fizeram? O que eles fizeram para protegê-la?” Ele perguntou passando as mãos pelos ondulados de seu cabelo. “Sebastian é forte, não teve como detê-lo” Ela disse ao lembrar-se da cena que vivenciou a menos de uma hora. Ele entrou pela porta da frente. Um audacioso filho da puta. Ela estava indo beber água quando viu uma silhueta passar pelo salão do instituto. Como treinada, ela soltou seu chicote e o segurou firme. Eles estavam em alerta, então sem delongas, atacou o invasor – que desviou rapidamente, como se estivesse acostumado a uma sintonia. Então, ela o viu. “Sebastian” ela deixou escapar de seus lábios. Ela sabia o quanto ele a odiava e tinha certeza que o sentimento era mútuo, isso era tudo que ela conseguiu processar antes dele se esquivar até ela, segurar o braço detentor do chicote um pouco acima de sua cabeça. “Onde está minha irmã?” Perguntou casualmente. Izzy se lembrava muito bem da última vez que esteve de frente com ele, repugnava isso, mas admitia que estava com medo. Porém, a palavra irmã excitou algo dentro dela. Ódio, ela sentiu o gosto na boca dela. Ela espalmou sua mão no rosto do garoto que num piscar de olhos, tomou o chicote em seu poder e a acertou no rosto. Um fio de longe se formou no bonito rosto de Izzy. Jonathan riu, e a olhou de cima abaixo. Ela vestia uma simples camisola branca. “Você foi muito desperdiçada. Alguém deveria te educar a se comportar” Ele disse, e então a segurou pelo pescoço, a tirando o ar. “Onde está Clary?” Izzy riu. “Eu vou te matar” Foi tudo que ela disse antes de Jonathan a deixar tonta. Focando os olhos, pouco a pouco, ela pode vê-lo indo em direção aos quartos do instituto. Juntando todas as suas forças ela foi mancando, pelo sentido de tato – sem poder enxergar nada direito atrás do garoto. No corredor dos quartos, ela se ajoelhou não podendo aguentar mais seu corpo. “Clary Corra!” Ela gritou. “Jace, Mãe, Alec, por favor!” “JACE, CLARY!” Ela gritou. Agora, adrenalina entorpeceu seu corpo, a deixando leve. E ela correu. Nesse momento todos estavam indo à mesma direção. O quarto de Clary. Mas então, ela teve uma idéia e se concentrou nela, quando acordou de volta dos devaneios. Sebastian a levou, a disseram. “Mas... – ela disse insegura – Eu não acho que Clary está correndo perigo” Simon a olhou como se ela fosse louca. “Nós estamos” Ele poderia dizer que seu coração batia pela Clary, mas isso era impossível. Então tudo na sua cabeça ficou vermelho. E se perguntou quem, no final, ele amava? Ele tinha certeza, se seu coração ainda batesse, bateria por Clary...