A Festa escrita por Tessa Herondale Carstairs, Tadashi


Capítulo 12
Especial: História da Mel -Início.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é especial (avá '-'), e ele não tem muita coisa importante, é só uma introdução à história da Mel q eu vou postar em etapas (só pq eu enrolei dms e ficou grade e.e)
Bem, desculpem a demora ''''e.e não foi intencional. O próximo capítulo sai em breve, só tenho que mudar umas coisinhas nele antes de postar ^w^
Esse capítulo termina de um jeito infeliz só pra ver se consigo fazer vcs quererem mais u-u
Até lá em baixo o//
*Capítulo dedicado pra quem me respondeu e pra quem me pediu, ou seja, pra Original, pra G R I M E S e pra Alice Potter u.u *



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A garota corria com todas suas forças. Parecia não ser o suficiente.
Sua respiração estava pesada, seu coração acelerado. Seus olhos oscilando entre azul-marinho e preto. Não sabia explicar como tudo acabara ali, somente se lembrava de alguns detalhes vagos, cenas das quais não tinha grande descrição. Quando tentava formar sua memória a alcaçar uma melhor descrição, as lágrimas lhe vinham aos olhos, e corriam por sua face de modo descontrolado. Seu corpo tremia conforme vinham-lhe os soluços, porém ela não poderia parar de correr.
O campo pelo qual ela corria ajudava-lhe, por não ter onde tropeçar, apesar de haver alguns buracos e deformações, os quais quase a derrubaram diversas vezes. Porém ajudava seus perseguidores da mesma maneira. Os ditos como filhos do anjo possuíam uma agilidade nunca antes vista, e também uma destreza natural. Saltavam os buracos e desviavam de árvores como se não fossem nada.
Ela estava perdida, exausta. O pouco que se lembrava não lhe ajudava em nada. Seu corpo não parava de tremer, e ela temia logo ser alcançada. O que antes eram cem metros de vantagem, agora eram meros vinte e cinco de diferença. Os Nephilins possuíam marcas, destreza, treinamento, tudo ao seu lado, tudo contra ela.
As últimas palavras de um dos homens que ela mais amara em sua vida saíram sôfregas, entre uma tosse e outra, com dificuldade extrema, seu pai lhe dera um aviso e um pedido de desculpas. Novamente as lágrimas começavam a rolar por seu rosto, rever a cena que a atormentava do fundo de sua mente a deixava abalada, porém era tudo que ela tinha feito nas últimas horas, como se seu cérebro a forçasse a aceitar a cena e os acontecimentos que acompanharam o nascer do sol do dia de hoje.
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As duas casas estavam em chamas. As labaredas alcançavam a altura dos altos pinheiros que haviam ali. Mellynda estava de joelhos, em frente a um dos casebres em chamas. O calor no local em que ela estava era extremo, porém nem tão grande quanto o de dentro da pequena casa. Seu pai estava deitado em sua frente, um pedaço de metal lhe atravessava o estômago, ele tossia sangue e haviam lágrimas em seus olhos. Seus olhos não possuíam mais o brilho de felicidade que sempre estivera contido ali, como outrora.
– Me... desculpe, minha... minha filha. Se eu tivesse lhe... contado, talvez isso... não houvesse acontecido.
– Mas o que houve papai? Por favor, me fale! Não compreendo, como isso... como isso pôde acontecer?! -as lágrimas embaçavam sua visão, seu rosto ardia um pouco devido ao calor, e havia uma sensação incômoda em seu nariz, provavelmente derivada da fumaça que vinha das chamas.
– Se eu... tivesse lhe dito... seus poderes, eles são... são fortes demais para uma jovem como você... seus olhos, eles são assim... tudo devido à... à uma falha nossa. Se... se tivéssemos tido mais cuidado, isto poderia nunca ter acontecido. M-me desculpe, minha filha. Se eu tivesse... te protegido como gostaria... -sua fala é interrompida por outro acesso de tosse, que veio acompanhada de mais sangue. Uma lágrima que havia ficado se acumulando finalmente desce por seu rosto. -Eu... eu te amo. Peço que por favor... corra. Eles não... não a deixaram viver se você... for pega.
– Eu também lhe amo, papai, mas me conte, como isto foi acontecer? Como foi que o fogo começou?
– Seus poderes... eles são... incontroláveis,... tome... tome cuidado. A... eternidade, às vezes... pode ser um fardo doloroso... mas tenho... certeza de que... você... você é forte. Aguente, por... mim...
Ele tosse mais algumas vezes e de repente para, seus olhos se fecham, sua expressão de dor e pesar de paralisa. A sua respiração cessa com um suspiro.
Tremendo devido à outro soluço, a menina usa um lenço que carregava consigo para limpar o rastro de sangue que corria da boca de seu pai até pingar no chão.
Agora ela estava sozinha. As únicas duas pessoas que amara, as únicas pessoas que lhe apoiaram, que não a chingavam, ou tentavam machucá-la tinham ido deste mundo para outro. "Desta para melhor.", como seu pai dizia que acontecera com sua mãe quando era criança.
Quando recuperara consciência do que estava acontecendo, já era tarde demais. O fogo já se alastrara pelas casas, todos da vila corriam para longe do local. As últimas pessoas que passaram por ela fizeram um sinal para afastar o mal e correram mais rápido, afim de manter distância da garota.
Ela até tentara salvar seu pai e Juan, porém ela se atrasara. Juan estava inconsciente, em um local que o fogo milagrosamente ainda não alcançara. Quando o tirou de dentro da casa, foi que notou que a respiração do garoto parara. Soluçando e com lágrimas se acumulando nos olhos, porém lutando contra a vontade de gritar e a de desistir, ela correu para a outra casa. O fogo parecia querer escapar dela, manter distância. Seu pai estava por pouco de pegar fogo, mas seu corpo estava preso à parede. Um pedaço de metal, o qual parecia bem afiado, atravessava o senhor que não poderia nem ser chamado de velho nem de novo, e também a parede. Não com pouca dificuldade, ela conseguira quebrar o ferro, porém um pedaço permaneçera ferindo seu pai.
Agora, ela permanecia ajoelhada em frente à sua antiga casa, agora queimando qualquer requício de lembrança que ela pudesse querer guardar de sua antigo morada. Fosse como ela, seu pai e sua mãe se sentavam em volta da pequena mesa, quando ela era uma garotinha, para comer as refeições em família, ou como ela e seu pai seguravam a mão de sua mãe quando ela partira. Ela se fora ainda jovem, mas ainda assim, cuidara muito bem de Mellynda durante sua vida.
Foi quando os Nephilins começaram a chegar.
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Mellynda sentia como se houvesse algo entalado em sua garganta, sua respiração estava mais difícil e seus soluços saiam doloridos. Os três caçadores de sombras que a perseguiam mantinham sua velocidade alta, porém em um rápido e confuso momento, tudo deu errado. Para eles.
De algum ponto no chão logo atrás dela, coisas rastejantes e de aparência pegajosa começaram a se amontoar. Ela se permitiu parar por um momento e, ainda respirando com dificuldade, a garota apoiou as mãos nos joelhos e ficou observando. As coisas rastejantes se amontoaram em uma espécie de forma humanóide desconhecida, que não parava de se contorcer em diversos locais diferentes, de uma forma nauseante. Os caçadores de sombras pareceram espantados com o estranho ser que aparecera em frente à eles, porém não pararam de correr.
Um deles, pegando duas formas um pouco indistintas em mãos gritou "PURIEL, SACHIEL", as formas reluziram mais brilhantes que fogo e o Nephilin partiu para o ataque. Os outros dois correram para os lados, aparentemente para contornar o estranho ser, mas pararam de repente, um deles gritando de forma assustada.
A frente dos dois outras formas se fizeram presentes. Ambas eram negras, tinham oito patas e eram gigantes. Lembravam a garota de viúvas-negras que ocasionalmente apareciam e deixavam marcada sua presença na vila por picar uma ou duas pessoas, que ficavam dias agonizando com seu veneno. Porém aquelas eram maiores, e pareciam dez vezes mais perigosas. Mesmo de longe ela conseguia ver as pinças que saíam aos montes de suas patas, e as presas saindo de seus olhos. Após um momento de torpor, ambos sacaram formas parecidas com a de seu companheiro, ela ouviu mais gritos que pareciam nomes, então os outros dois se envolveram na batalha.
– Depois de todo trabalho que tivemos você vai ficar aí parada olhando eles lutarem? Francamente, não entendo por que ela quis você -assustada com a voz feminina que falara às suas costas, a garota se vira, dando de cara com uma mulher de meia-idade, seus olhos eram amarelos e brilhantes, seus cabelos eram negros como a noite, e sua pele pálida, sem vida. O tom de sua voz era de tédio, quase desprezo. Sua roupa chamava mais atenção do que parecia necessário, e possuía um tom vermelho brilhante. -Vamos logo, garota tola. Ela a aguarda.
Sem esperar resposta, a mulher se virou e caminhou em linha reta, em uma velocidade surpreendentemente lenta, para algum lugar mais à direita de para onde Mellynda ia.
Sem questionar, ela a seguiu. Não fazia a mínima ideia do que acabara de acontecer, mas também não queria ficar ali parada esperando eles terminarem com seus estranhos inimigos para então voltarem a persegui-la.
Após caminhar pelo que pareceu uma eternidade, Mellynda começou a ver o ambiente ao redor mudar. Ao invés de um campo verde e lindamente vivo, o qual estivera percorrendo, a paisagem à sua frente começou a parecer menos verde e viva e mais cinza e mórbida. A grama antes verde agora tinha um tom doentio de marrom, as poucas e robustas árvores que antes deixavam a paisagem mais bonita não existiam mais. Ocasionalmente passavam por um ou outro tronco seco e abandonado. Conforme a noite foi começando a chegar, e o sol foi se pondo, e a silenciosa mulher à sua frente foi caminhando mais rápido, como se começasse a se sentir revitalizada. Mellynda dificilmente conseguiria falar o mesmo sobre si. Suas pernas doíam, seu estômago roncava, ela caminhava aos tropeços, tentando acompanhar a desconhecida, porém não ia parar. Depois de tudo que passara, ela não iria desistir. Por Juan, por seu pai, por sua mãe, ela se manteria forte. Ela iria sobreviver.
Quando a noite finalmente chegou, sem lua e muito menos estrelas, Mellynda andava com dificuldade, quase arrastando-se atrás da mulher, que agora caminhava rápido. Ela não enxergava nada à sua frente, porém ouvia os passos da mulher pisoteando a grama seca, e era seguindo este som que ela seguia em frente.
– Você realmente não vai me dizer para onde está me levando? -ela pergunta pelo que parece ser a centésima vez.
– Sim -a mulher responde em um tom arrogante que faz Mellynda reconsiderar novamente a escolha de segui-la.
Ela não possuíra muitas opções, mas ainda assim morrer pelas mãos dos Nephilins começava a parecer uma ideia melhor do que ter seguido a mulher. Agora ela nem mesmo conseguiria voltar, afinal, nunca havia saído do vilarejo, quanto mais para viajar durante um dia inteiro seguindo ao leste.
As horas passavam, o céu começava novamente à clarear, e ainda assim elas prosseguiam, Mellynda mancando e a mulher começando a caminhar mais devagar, porém ainda assim mantendo vantagem quanto à menina, que pela fome e cansaço já mal conseguia caminhar.
O sol começou a se erguer, lançando seus primeiros raios em direção a elas, que continuavam a caminhar. Ele foi tomando seu rumo, se erguendo cada vez mais no céu, fazendo com que Mellynda suasse sob sua luz e calor.
O tempo foi passando, Mellynda continuava a se arrastar, sua sombra agora se alongava à sua frente, e a mulher parecia estar novamente ganhando velocidade, tornando ainda mais difícil acompanhá-la. A paisagem, de forma assustadora, permanecera a mesma do dia anterior. O horizonte agora alaranjado, porém anteriormente azul. A grama parecia completamente morta, e seus passos faziam barulho conforme seguiam em frente. Os troncos que ocasionalmente apareciam agora se faziam completamente ausentes, deixando a "paisagem" ainda mais solitária e desoladora.
Mellynda seguia, mesmo sentindo que não deveria. Durante a viagem, aparentemente havia esgotado suas lágrimas, e agora, conforme a tristeza em seu peito se intensificava, e mais a paisagem parecia solitária, mais vontade a menina tinha de chorar. Ela não conseguia derramar sequer uma lágrima, sentia-se cada vez mais vazia, e ainda assim continuava a caminhada que parecia eterna, até um lugar desconhecido, provavelmente perigoso.
Porém o perigo não a importava mais. Ela havia perdido a mãe há alguns anos, seu pai morrera em sua frente apenas três noites atrás, e Juan, tudo que mais importara para ela, morrera solitário, antes mesmo da garota o ter encontrado. Quando ela o viu, ele possuía uma expressão de mágoa, e parecia a ponto de falar alguma coisa.
Lembrando novamente disto ela sentia ainda mais vontade de se encolher no chão e chorar até morrer, porém não poderia fazer isto, já que havia prometido se manter viva.
Agora que já era noite, algumas poucas estrelas pareciam ter a coragem de penetrar a escuridão do céu, para tentar iluminá-lo, mesmo que fracamente. Uma fina fatia de lua mostrava seu brilho, porém a sua luz não conseguia alcançar o cão, tão fraca que era.
De repente, os passos da mulher à sua frente foram ficando mais baixos, até que pareceram ficar abafados por alguma coisa. Mellynda, que seguia com os pés descalços, logo descobriu o por quê. Elas agora caminhavam sobre uma terra fofa, que logo foi ficando mais dura sob os pés até parecer chão batido. Logo, as estrelas e a lua pareceram sumir, porém, notou ela depois de alguns minutos, elas não haviam sumido. Elas que entraram em um local fechado, de modo que o fraco brilho delas havia ficado mais para trás, à vista somente no céu aberto.
Quando Mellynda estava para perguntar novamente para onde a mulher a levava um fraco brilho começou a tomar forma ao longe. Quando se aproximaram, a garota viu que era uma tocha, e que a mesma estava presa à parede. Antes que fizesse qualquer comentário a mulher a ordenou que pegasse a mesma e prosseguisse, então ela se aproximou de uma parede e simplesmente sumiu.
A garota continuou, apesar de não conseguir sentir parte de seu corpo e mal caminhar. Seus olhos inspecionavam qualquer lugar que a tocha alcançasse, com medo de ver algo a observando, que não fosse a rocha cinzenta e pontuda que aparentemente cobria toda parede e o teto. Seus instintos a diziam para correr, porém ela não via mais muitas alternativas a serem seguidas, portanto acabou prosseguindo. Pouco mais a frente, ela encontrou um par de portas prateadas, que refletiam sem muito foco uma figura com uma tocha em mãos. Mesmo que com muito receio, ela engoliu em seco, com a garganta ardendo, e tentou empurrar uma das grandes portas. Para sua surpresa imediata, a mesma deslizou suave e silenciosamente, deixando à mostra para a menina um grande cômodo, iluminado por cinco tochas, as quais pareciam brilhar mais do que fogo da tocha que a mesma segurava. O local se estendia até fora do alcaçe da luz acima dela, porém não era muito extenso. Ela não conseguia ver com nitidez o fim do cômodo, porém via que a quinta fonte de luminosidade se encontrava acima do que parecia uma grande cadeira, ou um trono.
No chão, haviam diversas pinturas. Seres grandes com imponentes asas, um casal cercado de animais, diversos seres indistintos ajoelhados perante uma figura pálida de cabelo e olhos escuros...
– Bons tempos -uma voz comenta logo abaixo da última tocha, do trono na qual se encontrava. Ela pisca algumas vezes, então alterna o olhar entre a pintura no chão e a mulher no trono. Parecia ser exatamente a mesma pessoa.
– Que-m é você? -a garota fala de forma hesitante, surpreendendo-se por ainda conseguir falar.
– Sua mãe, oras.
– Mas...
– Sem questões desnecessárias. Se quiser saber mais me responda duas coisas.
– Hm, okay -falou com um fio de voz.
– Você tem algo que quer muito?
Novamente as cabanas em chamas passam por sua mente, enquanto ela assente relutante.
– Interessante. E você está disposta a qualquer coisa para consegui-la?
Sua cabeça se move automáticamente desta vez, fazendo a mulher sorrir como um gato o faria.
– Muito bem então, é muito bom finalmente conhecê-la, sente-se, por favor -ela continuava com o mesmo sorriso.
Uma cadeira que não estava ali antes surge ao lado de Mellynda, e ela senta, momentâneamente agradecida.
– Meu nome é Lilith, e a partir de agora serei sua mestra -a mulher continuou, agora com um sorriso venenoso em seu rosto.
– Li... o quê? -a garota fala confusa, enquanto seu estômago começa a se revirar. -Lilith como... como na história? -ela continua gaguejando, já temendo a resposta.
– A própria -a mulher estende os braços como em um gesto de modéstia.
Somente neste momento Mellynda percebe o erro que acabara de cometer, e a culpa e o medo começam lentamente a corroer seus pensamentos, enquanto seus olhos mudam de cor, uma sobrepondo-se à outra.


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Notas finais do capítulo

Eu não revisei, então qualquer erro berrante me avisem x-x
Bom... não tenho muito o que falar... então até quando eu terminar de editar o cap e postar pra vcs u-u
Eu realmente espero que vocês trabalhem o imaginário de vocês com o próximo capítulo ( ͡° ͜ʖ ͡°) (eu não sei se tenho leitores homens, mas se eu tiver que se pronunciem :v aí eu faço especial pra vcs tb ( ͡° ͜ʖ ͡°) ) ~especiais não são hentais~~
Bom, espero que queiram mais u.u pq ainda vai ter alguns desses u.u e também espero que tenham gostado, fiz com muito carinho pra vocês ^^



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