Piratas Do Caribe e o Olho Da Fênix escrita por Milly G


Capítulo 4
Acordos?


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeey marujos e marujas!!
Aqui está, depois de muito, muito tempo (tempo pra cara***), um novo capítulo.
Peço humildemente desculpas a vocês. Estive doente, internada, e não pude fazer nada... Mas estou de volta! - Milly, ninguém se importa, deixe-os ler-
Okay, espero que gostem!


:: ENJOY ::



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A dor havia se tornado algo conhecido.

Os olhos e o sorriso daquele homem eram um lembrete constante de sua fraqueza, mas ao mesmo tempo, o brilho doentio naqueles olhos negros eram sua única esperança.

As mãos ásperas corriam pela parte interna de suas coxas enquanto ele mordia os lábios dela como um animal faminto. Ela deixou escapar um grito quando ele se enfiou dentro dela sem qualquer aviso, mas até àquela dor ela já havia se acostumado.

Sua covarde nojenta, ela xingava a si mesma mentalmente. Nunca sentira tanto nojo de si na vida, nem mesmo com... ele.

– Ah... Por favor. – ela gemeu, cobrindo os olhos com os punhos fechados para afastar as lágrimas. – James...

Ele agarrou a garganta dela, sem se interromper.

– Já disse para não falar. Ou posso fazer isso até que você fique sem voz... novamente. É isso o que quer?

Ela fez que não com a cabeça, repreendendo-se novamente por tal nível de submissão.

Ficou em silêncio até que terminasse, alguns minutos depois, segurando os lençóis e as lágrimas. Que ódio...

– V-Você disse... Você disse que contaria. – ela conseguiu encontrar a voz, depois de mais alguns minutos. – Onde ela está?

O típico sorriso malicioso rasgou a bela face do homem.

– Paciência, minha querida. – ele saiu da cama com um pulo elegante, prestes a desaparecer novamente.

– Não.

Surpreendeu-se tanto com seu próprio tom de voz quanto com a força com que segurava as costas da camisa de James. Sentiu os músculos sob seus dedos ficarem tensos, mas ele não se moveu.

– Não? – ele ecoou, parecendo divertir-se.

– Não... – hesitou. Agora, não tem volta. – Eu já esperei o suficiente. O que mais quer de mim?

– O que eu quero de você? – o homem praticamente ronronou, desvencilhando-se de seu aperto. – Sabe, Srta. Pepper, as histórias sobre suas façanhas não são desconhecidas. Sei sobre suas companhias, sobre o que descobriu, possuiu e perdeu. Sei também o que busca. – os olhos de James brilharam como balas de prata. – Eu o quero.

Um arrepio desceu pela coluna da ruiva, mesmo que a marca em sua nuca queimasse como fogo.

– O que...?

– Não faça isso, querida. Nós dois sabemos do que eu estou falando. – ele segurou seu queixo com a ponta dos dedos, obrigando-a a encará-lo. – E você vai consegui-lo pra mim.

– Por que eu faria isso? – indagou ela, usando toda a arrogância que conseguira reunir. – E por que eu?

– Porque você é protegida dela. – a mão que segurava seu rosto foi para sua nuca, e ele arranhou com as unhas a pele inchada ali. – E se você precisa de um incentivo...

Ele a soltou, empurrando-a com força para a cama, onde ela caiu sentada, assustada. Mas o homem continuou de pé, encarando-a como se ela fosse uma espécie de animal raro.

– Sabe, quando eu a conheci, você era uma pobre garçonetezinha em St. Lucius. – murmurou, sorrindo ao ver os olhos da mulher se arregalarem.- Quando ainda era Annabelle. Era uma criaturinha notável, com dez anos e todos aqueles dentes pra fora quando algum bêbado se aproximava de você. Eu também era jovem, e achava aquilo incrível. Todo aquele esforço pela sua mãe... Qual era mesmo o nome dela?

– Sarah – ela deixou escapar inconscientemente e tapou a boca, mas ele já tinha ouvido.

– Isso. Sarah. – o sorriso do homem tornou-se sonhador. – Uma tragédia, sua morte. Ela era tão linda...

– Maldito... – Brooke rosnou, pulando da cama em direção a ele.

– Ah – o sorriso do homem aumentou ainda mais, e ele segurou seus pulsos. – Ainda é uma ferida aberta, então?

Ela queria gritar, mas sua garganta estava inchada e ela xingou-se mentalmente ao sentir lágrimas quentes escorrendo por seu rosto.

– P-Por que...? Por que isso agora? O que ela...?

– Temos algo em comum, querida. Ambos perdemos algo importante para nós, que faríamos qualquer coisa para reaver. Não posso trazer sua mãe de volta, mas posso lhe oferecer... vingança.

Algo nos olhos negros e brilhantes de James dizia que ele não estava mentindo. Brooke parou de lutar, tentando absorver toda aquela história. Ele não parecia saber o que estava sugerindo, ou não se importava – sendo a segunda opção mais provável.

– O que está dizendo?

Ele sorriu de novo, como um animal faminto que acaba de encurralar a presa.

– Pessoas como nós, dos mares, conhecem muita gente, não é? Eu poderia lhe trazer a cabeça de Gregory numa bandeja, ou lhe dar a arma para fazê-lo você mesma.

Brooke o encarou, perplexa, e James entendeu o silêncio como uma afirmação.

– Mas ainda assim... você não estaria satisfeita, não é?

Milhões de coisas bombardeavam sua mente enquanto ele falava, mas de repente dois rostos tornaram-se absolutamente nítidos, e ela se viu balançando a cabeça lentamente.

– Perfeito, porque eu tenho muito mais a oferecer.

– V-Você... Sabe onde está o assassino de minha mãe e... m-meu pai...?

– Ora querida, sinto lhe informar que o destino já cuidou de seu pai para você. Ele morreu de tuberculose há três anos. Mas, se isso a consola, devo dizer que ele sofreu bastante. – declarou, animado.

Algo agitou-se no peito da mulher, e ela não soube dizer se era decepção ou alívio. Mesmo sendo seu pai, ele nunca demonstrara qualquer sinal de afeição e ela sentia-se muito bem em pular a parte do luto.

– Então – disse ela enquanto sua mente girava – você está sugerindo uma acordo em que uso a proteção de Calypso para encontrar para você a pedra elementar, e você me entrega os dois homens que mais odeio no mundo? Assim? – ela estalou os dedos.

Ele assentiu, com um sorriso contido.

– Como irá encontrá-los?

–Tenho meus contatos.

– Para quê quer a pedra?

– Isso não faz parte do acordo.

– Você é um idiota.

– Eu – as palavras morreram em sua boca e ele a olhou, aturdido. – o quê?

Ela deu uma risada amarga.

– Eu fiz um pacto com o diabo, meu senhor. – disse com a voz venenosa. – Mesmo que eu quisesse aceitar seu acordo, e acredite, eu quero, não poderia. O valor de meu acordo com Calypso é muito mais do que paz de espírito.

Um silêncio sepulcral instalou-se entre os dois. Os olhos de James estavam cravados nos de Brooke, e, à meia-luz daquele quarto, ela achou ter visto um brilho alaranjado neles, como se fosses... brasas...

Como se aquilo tivesse sido um aviso, ela se deu conta de como ali estava quente. A cera das velas no candelabro atrás do homem derretia de forma impossivelmente rápida, e no vidro da janela escura estavam começando a aparecer bolhas.

Ela engoliu em seco, e o calor pareceu fazer evaporar toda a sua arrogância.

– Entendo. – havia uma risada implícita na voz dele. – Annabelle. – a menção de seu verdadeiro nome a fez estremecer. – Tenho quase certeza de que é tão esperta quanto imagino. Sendo assim, você já deve ter se perguntado por que eu a mantive aqui por tanto tempo e só abordei o assunto agora.

O estômago de Brooke se contraiu, mas ela não tinha nada a dizer.

– Como a mulher geniosa que você deliberadamente mostra ser, devo dizer que esperava uma resposta negativa. Por isso eu estava esperando... – ele deu um sorriso de lado que mostrou seu canino e o fez parecer a criatura mais aterrorizante que ela já tinha visto. -... por um certo pirata. E...

Um grito masculino irrompeu subitamente no silêncio do lugar. Estavam numa casa até bastante razoável para Tortuga, que aparentemente pertencia ao músico que a fez dançar e se exibir como uma atração de circo. Era bastante afastada, longe dos navios e do movimento, e para alguém achá-la precisaria estar muito perdido ou saber exatamente o que estava procurando.

Ela rezava pela segunda opção. Com uma sensação de ansiedade quase dolorosa, ela esperava que Jack tivesse vindo salvá-la.

Não que ele tivesse motivos para tal, é claro. Depois de tudo o que ela disse, e do olhar supreendentemente devastado do capitão, ela imaginava que ele tivesse se engraçado com qualquer prostituta e feito o possível para apagar qualquer memória sua.

E isso a perturbava profundamente.

Outro grito, seguido de palavrões, coisas quebrando e passos, a fez saltar e dissipou sua tempestade de pensamentos.

– Parece que ele chegou. – James deu um passo para o lado quando a porta foi arrancada das dobradiças, e Jack tropeçou por cima dela, endireitando-se imediatamente, com uma espada na mão.

– JAMES CROW, SEU BASTARDO, RATO DE ESGOTO, FILHO DE UMA...

– Olá, Sparrow. – disse ele, absolutamente calmo, atrás do pirata.

– Ah, você está aí. – com um rodopio Jack se virou, apertando a ponta da espada na garganta do homem. – O que fez com minha imediata? Onde ela está?

Brooke reprimiu um suspiro, sem saber se de alívio ou irritação. Porém, não podia negar que suas mãos estavam tremendo, e que a vontade de abraçá-lo era avassaladora.

– Jack. – ela chamou, com a voz baixa, mas sem conseguir se conter.

Ele virou o rosto em sua direção, e nesse momento a lâmina de sua espada derreteu como cera, escorrendo pela sua mão e pelo chão. Deu um grito, e então as mãos de James estavam em seu pescoço, girando-o para que estivesse de frente com Brooke.

Como quando a vira na rua, sem coração falhou algumas batidas. A visão daquela mulher lhe era quase irreal. O cabeço escarlate estava maior, sua pele mais pálida e seus olhos – ah, seus olhos – que antes o encararam com frieza, agora brilhavam como se lembrassem de tudo pelo que haviam passado.

Mesmo com as mãos de James agora em seu pescoço, e a pele sob eles borbulhando e cedendo, uma onda de satisfação espalhou-se por seu peito.

– Estávamos esperando por você, capitão. – cantarolou o Corvo, apertando um pouco mais seu pescoço.

Jack levou alguns instantes para conseguir desgrudar os olhos da mulher, que parecia absolutamente apavorada, e então se deu conta do resto da situação.

– Oh – ele quis rir ao sentir o formigamento da regeneração da pele queimada, coisa que o homem atrás de si não pareceu ter notado. – Sinto-me lisonjeado.

– J-James, deixe-o em paz. Você não pode feri-lo. – murmurou Brooke, soando mais corajosa do que realmente se sentia.

– E por que eu me privaria de tal diversão?

– Ele também é “protegido dela”. – explicou, usando as palavras dele, mesmo que pessoalmente não se sentisse nem um pouco protegida pela deusa traiçoeira.

– Ora. – ele agarrou os dreadlocks de Jack com força, revelando a marca em sua nuca. – Interessante. Isso é novo para mim.

– É mesmo? – indagou Jack, cheio de presunção na voz. – Juro ter pensado o contrário. Não deveria ser algo comum pra você?

– Do que está falando, Jack? – perguntou Brooke ao ver a expressão de seu sequestrador ficar tensa.

– Ah, amor, percebo que não sabe com quem estamos lidando. Permita-me fazer as apresentações. – remexeu-se, mas o aperto em seu pescoço não afrouxou, e ele soltou um suspiro. – Este é o ilustre capitão James Crow, conhecido por sua peculiaridade de trazer a morte, diretamente ou não, a todo pirata que já tenha criado uma família, o que pessoalmente eu acredito vir da frustração de alguma disfunção nas partes baixas – ele virou a cabeça para James -, e este é um problema sério, amigo, devia procurar um médico. – ele grunhiu quando sua pele chiou, e o odor de carne queimada se instalou no lugar. – P-Porém, não podemos ignorar os rumores de que o homem parece estar em envolvido com coisas como “magia”, o que me fez perguntar o que exatamente ele quer conosco.

Brooke pensou em Cassandra, e em como ela se sentia uma bandeira brilhante para chamar a atenção das pessoas mais estranhas e perigosas.

Com um grunhido, James empurrou o pirata em direção a ela, desistindo daquela abordagem. Os olhos de Brooke foram direto para o pescoço de seu capitão enquanto ele tropeçava até ela. Estava intacto.

Lançou a ele um olhar indagativo que foi ignorado, sem saber se de propósito ou não, e decidiu não dizer nada. Tinha problemas mais imediatos.

– Quero o Olho. – disse James simplesmente. – E vocês irão buscá-lo para mim.

– E por que eu fara isso?

– Eu estava disposto a fazer um acordo com sua concubina, mas agora... Bem, vocês o farão porque não têm escolha. – ele esticou as duas mãos ao lado do corpo, dedos separados com chamas saindo de cada um deles.

Brooke engoliu em seco ao ver um dos cantos da boca de Jack se erguer. Há pouco tempo havia tido a perna carbonizada pelo homem, mas agora ele nem parecia hesitar.

Nem mancar, ela pensou um segundo depois, mas não teve tempo para pensar muito nisso, pois os dois homens já haviam iniciado outra luta. Sobressaltou-se quando uma mão agarrou sua cintura e a empurrou contra a janela, quebrando-a e fazendo-a despencar dali.

Poucas vezes havia se dado conta do tamanho da casa, uma vez que era sempre arrastada e trancada em um quarto, e que ela tinha dois andares. Agora tal fato decidiria quantos ossos ela iria quebrar – mas não. Havia um amontoado de feno convenientemente colocado ali. Ela pensou em Jack e sorriu.

Mas, novamente, aquele não era o momento para isso, pois da janela de onde havia caído agora voavam mobília e chamas. Sentiu a mão fria do medo apertar seu estômago, e olhou ao redor da casa desnorteada, sem saber como agir.

Então a cabeça de Jack apareceu da janela, tossindo fumaça e com o rosto completamente preto, mas aparentemente bem.

– Brooke, corra! Para o cais! Gibbs está esperando! Eu já vou!

– Mas Jack!...

– É uma ordem de seu capitão! – ele berrou em resposta, sua cabeça desaparecendo na fumaça em seguida.

Ela hesitou, mas apenas por um segundo, e já estava correndo. Nunca Jack havia falado daquele jeito ou com aquelas palavras. E até aquele momento, ela nunca havia se sentido tão bem-vinda na vida dele, apesar de tudo.

– Sim, capitão. – disse ela baixinho, com um sorriso escapando de seus lábios novamente.

***

Ela não sabia há quanto tempo estava andando, mas definitivamente estava perdida.

Não conhecia a cidade mais do que James havia lhe permitido – e isso se resumia há praças onde se exibia e depois partia com os braços amarrados nas costas e uma venda nos olhos.

Entrou em ruas erradas e se desviou dezenas de vezes para escapar de mãos alheias, cada vez mais impaciente com sua situação e mais preocupada com a de Jack. Perguntava-se quando seu capitão a encontraria quando deu com o nariz no peito de um homem.

– Meu Deus – ela murmurou, pulando pra trás e esfregando o nariz -, me desculpe, eu não...

Ela ergueu os olhos e parou de falar. O homem que havia atropelado era lindo. Magro, não muito mais alto do que ela, cabelos castanhos cacheados passando dos ombros e uma cicatriz enorme em cima do coração, aparecendo sob a camisa aberta.

Ele abriu um sorriso luminoso.

– Está tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Reviews?? *-*



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