Derek acordou cedo, como sempre, deixando as coisas preparada para o café da manhã e as roupas das meninas ajeitadas para irem pra escola. Aproveitou que estava sobrando um tempo em seu relógio e foi dar uma corrida. Ele gostava de correr, se sentia livre, e também achava bom pra pensar. Com o corpo que tinha, quase não sentia o esforço físico, na verdade, até o deixava satisfeito.

Derek tinha o tipo de corpo invejado pelos homens e desejado pelas mulheres. Meio clichê de se dizer, mas o que o mau humor do homem não conquistava, a beleza o fazia. Não que ele fosse um brutamontes sem coração, mas depois da morte de sua família e da responsabilidade de cuidar de duas meninas, ele nunca mais foi o mesmo. Se incomodando com pouco e tendo pouca paciência pra tudo. As únicas pessoas com quem ele se dava bem, eram suas duas garotinhas Cora e Sarah, ele as colocava antes de tudo e tudos.

Era quase sete da manhã quando o Hale olhou o relógio, sabia que tinha que voltar pra casa e acordar as meninas, pra logo então, começar sua rotina. Colocou a mão no rosto e subiu empurrando o cabelo molhado por suor, passou a mão na barba, virou, e foi em direção a sua casa.

– Papai, você está fedendo! – disse a menina torcendo o nariz. – Esqueceu de tomar banho foi? – deu uma risadinha.

– Papai estava correndo meu amor, esse cheiro é de suor.

– Ma que bela bosta, hoje já é segunda! – exclamou a jovem saindo de seu quarto e passando pelo corredor esfregando freneticamente os olhos enquanto bocejava sem parar.

– Cora falou palavrão! Cora falou palavrão. – a pequena cantarolou correndo em direção a tia e a abraçando.

– Desculpa Sarinha, mas as vezes só um belo palavrão pode descrever como a gente se sente. – disse a morena, mas assim que recebeu um olhar mau humorado de Derek enrolou a situação. – Ou porque eu sou uma feiosa que só fala coisa feia. – piscou pra menina e segundos depois se trancou no banheiro.

Derek arrumou Sarah com seu uniforme, um rabo de cavalo, uma lancheira cor-de-rosa da Barbie e uma sandália fechada com uma fivela dourada. Logo em seguida desce Cora, com sua mochila de lado, uma calça jeans velha que era da irmã mais velha Laura, antes de morrer, e um all star tão surrado que Derek fez a anotação mental de que tinha que comprar um novo pra ela.

– Eu quero dirigir. Posso dirigir? Me deixa dirigir? Por favor? Por favorzinho? – Cora olhava com um rosto suplicante e insistente para o irmão que sem mudar a expressão, olhando pra ela, respondeu:

– Não.

A menina não gostou da resposta, ficando bicuda por toda viagem até a escola . é claro que ela não esperava que Derek lhe deixasse dirigir o seu tão amado camaro preto que ele tanto cuidava, mas não pode deixar de ficar chateada.

Stiles: “Como assim, não vai trabalhar hoje? Scott, eu preciso de você, ok? Eu to com uma cratera no meu dente caso eu não tenha especificado exatamente o tamanho, É GIGANTE. E ta doendo mais que uma puta sendo comida!”

Scott: “Ow... calma no linguajar, ta no viva voz e Allison não é obrigada a ouvir isso. Mas enfim, cara desculpa mesmo, ela tem esse horário marcado na ginecologista, quer saber porquê não consegue engravidar e eu prometi que ia com ela.”

Allison: “Desculpe, Stiles.”

Stiles: “Não é sua culpa Allison, a culpa é desse verme escroto que insistiu em cavar meu dente e destruir qualquer dignidade dentária que eu tinha, e agora nem meu melhor amigo dentista pode me ajudar porque tem um compromisso, claro ele tem uma vida, eu não!”

Allison: “Hey, Scott por que Derek não da uma olhada na carie de Stiles?”

Scott: “Isso é uma boa ideia. Eu posso ver se consigo um horário pra você com ele, Stiles. Pode ser?”

Stiles: “Scott, eu te amo! Você é o melhor amigo do mundo. Allison, você é genial, e meu dente agradece!”

O casal riu, e logo depois a ligação se encerou.

Derek estava com um copo de café na mão e as chaves do consultório na outra, não havia tido a melhor das noites de sono e ainda acordara cedo para correr e preparar as coisas para as meninas. Com um pouco de dificuldade, saiu do carro, xingando si mesmo por ter batido a porta forte demais. Ao se aproximar da porta se deparou com um menino de cabelos ralos e uma blusa xadrez tão velha e surrada por baixo de um casado vermelho quase perdendo a cor que se não reconhecesse o rapaz talvez acharia que fosse um morador de rua.

– Stiles, o que você está fazendo aqui. – perguntou arqueando as sobrancelhas.

– Oh! Hey, Derek. – se levantou dando um sorriso amarelo cumprimentando o mais velho que não mudou de expressão. – Scott disse que eu podia vir, ele meio que tem um compromisso hoje, então não pode dar uma olhada na minha carie, então disse que pra eu vir aqui pra você dar uma olhada, se tiver tudo bem é claro.

– Meu primeiro paciente só chega daqui a uma hora, pode entrar, vou dar uma olhada sim. – disse o maior com a mesma expressão séria no rosto, mas ele se sentia feliz de ver Stiles de novo, ele gostava do rapaz e do seu jeito engraçado e atrapalhado de falar.

Os dois entraram no consultoria sem trocar muitas palavras, embora Stiles abria a boca pra falar alguma coisa toda hora, mas desistia ao olhar intimidador de Derek, que quando percebeu isso não pode evitar dar um sorriso.

– Do que você está rindo? – perguntou o mais novo fazendo uma expressão maluca que fez Derek achar ainda mais graça.

– Nada não. – respondeu o moreno ainda rindo.

– Ninguém ri a toa, nem mesmo Derek Hale, na verdade muito menos Derek Hale. Inclusive eu quem deveria estar rindo pois você está muito engraçado com essa boa pinta de dentista todo de branco.

– Você fala como se me conhecesse a anos.

– Quem não conhece Derek Hale. O Derek Hale, que tinha a atenção de todas as meninas na escola e que era mais velho e mais bonitão, o capitão do time de basquete e bad boy nas horas vagas.

Derek riu mais uma vez.

– Pensei que tivesse vindo pra cidade mês passado.

– Eu VOLTEI pra cidade mês passado. – deu um sorrisinho encantador, logo antes deitar na cadeira reclinável do consultório e de abrir a boca.

– Stiles, alguma vez na vida você usou o fio dental? – perguntou tirando a mão da boca do menino pra que ele pudesse responder, mas só pelo olhar dele já sabia a resposta. – Vou entender isso como um não.

Após todo um trabalho cuidando da carie de Stiles, os dois saem da salinha do consultório e se dirigem a recepção, onde já se encontram duas pessoas sentadas na sala de espera. Não pacientes, mas sim duas moças marrentas cansadas de esperar pelo homem.

– Ugh, finalmente! – respondeu a mais velha.

– Papai, por que você demorou tanto, estamos esperando você aqui a horaaaaaas! – exagerou a pequena. – Stiles! – correu em direção ao rapaz para abraça-lo ao notar sua presença ali.

– E eu posso saber o que vocês duas estão fazendo aqui? – perguntou levantando de leve a sobrancelha e rindo da atitude da filha.

– Nos liberaram da escola mais cedo. – a mais velha revirou os olhos. – Precisamos de uma carona pra casa.

– Stiles, o que você ta fazendo aqui? - perguntou a pequena ignorando a tia e o olhar do pai.

– Stiles, não tem passado o fio dental. Parece que ta precisando de algumas aulinhas. – Derek respondeu por ele.

– Bom, então eu acho que você devia jantar lá em casa, para depois, euzinha te ensinar a passar o fio dental. Igual gente grande! – exclamou a menina.

Stiles não sabia o que responder, mas estava animado sobre o programa, ele gostava de ficar com Derek, e também não podia negar que gostava da companhia da criança, até mesmo da adolescente mau-humorada que só ficava no telefone falando com o namorado. Mas antes de falar qualquer coisa, olhou para o mais velho, esperando um olhar de desaprovação, mas ele assim como a menina estava esperando uma resposta positiva com um sorriso no rosto.

– Então Stiles, você vem? – perguntou o homem para deixar claro que ele estava positivo ao convite da filha.

– 20:30, e eu não como salada. – O rapaz sorriu.

– Ta marcado então. – quem respondeu foi Derek, e não a menina, que só observava atenta e meio zangada, afinal quem tinha convidado era ela. Mas logo depois sorriu e deixou escapolir um “Obaaa!”

Stiles então pegou as chaves do seu jipe no bolso e disse:

– Eu levo as meninas em casa.