Pra Sonhar escrita por KatherineKissMe


Capítulo 17
Capítulo 17




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Beatriz - 5 anos e 3 meses, Maria Luiza - 4 anos e 9 meses

A adaptação de Malu aconteceu gradualmente. Lia e Vitor buscaram o auxílio de uma psicóloga, para que a menina se sentisse confortável com a nova situação. A verdade é que ela ainda não entendia muito bem essa coisa de “a mamãe virou uma estrelinha”, e muitas vezes perguntava quando veria Cecília. O casal buscou levar a situação tranquilamente, respondendo as dúvidas da pequena e não escondendo a verdade.

Outro ponto essencial trabalhado pela psicóloga, foi a presença da Lia como mãe. Tentar obrigar a menina a aceitar a marrentinha, ou ignorar a existência da mãe biológica, nunca foi uma opção. Ser chamada de “tia Lia” estava ótimo pra jornalista, assim como ela não se importava nem um pouco em ver com Malu o álbum de fotografias que Cecília tinha feito.

Lia estava aprendendo a ser mãe, enquanto a pequena buscava lidar com a nova realidade.

Entre as muitas mudanças que aconteceram, estava o apartamento alugado recentemente. Olavo havia providenciado tudo e agora os três moravam no 801, onde Bruno e Fatinha moraram. A decoração foi aos poucos tomando forma e muita coisa do antigo quarto da Bia foi aproveitada - é claro que acrescentando princesas e unicórnios.

E por falar em Beatriz, ela foi a que mais adorou a novidade. Ela visitava a nova amiguinha todos os dias, e quando não visitava ficava extremamente chateada. Assim, no seu aniversário de cinco anos, ela insistiu que Fatinha chamasse todos os coleguinhas da escolinha para que eles conhecessem a Malu. Os pais não recusaram diante de tanta insistência, e organizaram uma festa da Pequena Sereia, como a filha havia pedido - com direito à cauda e colar de pérolas.

Logo um novo ano chegou trazendo novidades. Uma delas era o novo projeto em que Fatinha estave trabalhando para apresentar para o Perucão.

A proposta era que a empresa oferecesse passeios diferentes dos tradicionais, para que os turistas conhecessem o Rio de Janeiro além do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar. Ela havia desenvolvido, com a ajuda de Bruno, uma rota ecológica pela cidade, focando na sustentabilidade e na preservação. Por outro lado, ela fez pesquisas com algumas ONGs indicadas pela Raquel, para montar um roteiro por comunidades, incluindo visitas à organizações que faziam trabalhos sociais com os moradores da região.

Todo o projeto foi muito bem recebido por Thales e Brenda, que adoraram a ideia de poder mostrar aos estrangeiros um novo lado da “cidade maravilhosa”. Mas para que a ideia fosse totalmente aprovada, no entanto, era preciso um período de teste.

No primeiro mês, Fatinha se empenhou na divulgação. A rota ecológica fez sucesso rapidamente e recebeu muitos elogios dos turistas. Já o outro roteiro não foi tão bem aceito inicialmente. Muitos dos visitantes estavam receosos demais para subir o morro, mas foi só o primeiro grupo animar, para que outros quisessem também.

Por fim, depois de três meses de teste, a reunião decisiva chegou. Além de Fatinha, apenas Thales, Brenda e a filha Viviane - que além de advogada, no momento, gerenciava a filial - estavam na sala para a conversa definitiva.

A loira inicialmente apresentou vários dados, além de comentários dos clientes que haviam participado dos projetos. Depois disso foi a vez dos donos se pronunciarem.

–Fatinha, você fez um trabalho excepcional. Devo confessar que não esperava uma resposta tão boa dos nossos clientes e que também estava um pouco incrédula com essa opção de conhecer o Rio de Janeiro que normalmente é escondido, mas você conseguiu, além de superar as minhas expectativas, inovar com o turismo da nossa agência. Parabéns! -Brenda se pronunciou.

–Eu concordo com tudo o que a minha mãe disse. A agência estava precisando de um olhar jovem e profissional há algum tempo, e você se encaixa perfeitamente nesse papel, Fatinha. Creio que as rotas, tanto ecológicas quanto sociais, ainda podem ser aprimoradas, mas vamos dar um passo de cada vez. Já que os nossos clientes receberam tão bem as propostas, nós devemos trabalhar mais nessa linha, oferecendo sempre inovações. -Viviane se posicionou. -Não tenho o que questionar, o seu trabalho é excelente, Fatinha.

A loira agradeceu os elogios com os olhos brilhando de tanta felicidade. Agora só faltava a palavra de Thales, que todos esperavam curiosamente.

–Maria de Fátima, desde o dia em que eu te conheci em Noronha, eu soube que você tinha um olhar diferente. O convite para que você viesse trabalhar conosco foi um tiro no escuro, assumo, mas foi um risco que valeu a pena. Com o seu trabalho, a nossa agência ganhou um destaque na mídia que nós almejávamos há algum tempo e é por esse e outros motivos que eu me vejo obrigado a te destituir do cargo. -Ele disse.

–Thales, eu acho que não entendi. Você está me demitindo? -Fatinha perguntou assustada.

–Sim. -Foi o que ele respondeu. -Talvez seja um pouco precipitado da minha parte, mas eu acho que o seu cargo não cabe mais a você.

–Pai, o que você está fazendo? Você não pode demitir a Fatinha! -Viviane protestou.

–Minha filha, eu estou fazendo algo que irá beneficiar a todos nós, incluindo você. -Thales disse. -A realidade, Viviane, é que gerenciar essa filial é algo que não está mais ao seu alcance. Eu e sua mãe temos reparado no quão desgastante tem sido lidar com a agência, além da advocacia. Você está se esforçando demais para cumprir um papel que não cabe a você.

–É verdade, minha querida, seu pai e eu temos conversado muito sobre esse assunto, buscando a melhor solução. -Brenda disse.

–Mas demitir a Fatinha não é uma solução. Com isso vocês só conseguem criar mais um problema. -Viviane protestou.

–Eu posso concluir a minha fala? -Thales perguntou e a filha assentiu. -A Fatinha está sendo destituída do cargo atual, porque nós gostaríamos que ela assumisse o seu. É uma aposta que eu e Brenda fazemos, mas pelo visto, essa garota não vai nos decepcionar.

A verdade é que a loira escutava a conversa com um pouco de confusão, sem saber ao certo o que estava acontecendo.

–Hn, desculpe a intromissão, mas eu estou sendo demitida ou promovida? -Ela perguntou.

–Promovida. Isso, é claro, se a Viviane concordar. -Brenda respondeu com um olhar amoroso.

Agora todos os olhares da sala se voltavam para a advogada.

–E então, minha filha, o que você acha? -O perucão perguntou.

–Se eu concordo? -Ela disse. -É claro que sim! Na minha opinião, a Fatinha é muito mais capacitada do que eu para assumir esse cargo.

–Então é oficial. -Thales disse. -Maria de Fátima, você agora está encarregada da administração da nossa principal filial. Parabéns!

–Vocês estão falando sério? -Ela perguntou e eles assentiram. -Ai meu Deus! Muito obrigada. Eu garanto que vocês não vão se decepcionar.

A loira, eufórica, abraçou a todos, mal contendo as lágrimas.

–Será que vocês me dão uma licencinha pra que conte essa novidade maravilhosa pro meu moreno? -Ela pediu.

–Fatinha, vá pra casa e espalhe a boa nova. Mas amanhã eu quero você aqui às oito pra que eu te passe tudo o que você precisa saber, ok?! -Viviane disse sorrindo.

–Obrigada! -Ela agradeceu antes de sair da sala saltitando.

Ela fez o trajeto pra casa em um tempo menor que o normal, tamanha a vontade de encontrar o marido, e quando chegou lá, a cena que viu a surpreendeu.

–Que bagunça é essa aqui? -Fatinha perguntou encarando a cozinha toda bagunçada.

Os dois culpados estavam na pia tentando arrumar as coisas. Beatriz tinha farinha de trigo até no cabelo e Bruno não ficava muito atrás.

–Oi mamãe. -A menina cumprimentou usando o seu melhor sorriso angelical.

–Oi Beatriz. -A loira respondeu. -Então, qual dos dois vai me explicar o que aconteceu aqui? Tenho certeza que a Rosa não deixou a minha cozinha assim.

–Você chegou cedo, amor. -Bruno finalmente se pronunciou, tentando amenizar a situação. -O que aconteceu foi que eu e a Bia preparamos uma surpresa pra você.

–É verdade mamãe! Eu e o papai fizemos um bolo de chocolate com chocolate. -A pequena disse mostrando o bolo que esfriava na mesa.

–Hm, chocolate com chocolate? -Fatinha perguntou sentindo o cheiro da comida e já amolecendo o coração.

–Do jeito que você gosta, minha loira. -Bruno disse. -E sobre a bagunça, eu e a Bia já estamos arrumando tudo.

–O papai lava e eu enxáguo. -A menina disse orgulhosa.

–Bom, já que vocês estão arrumando a bagunça e ainda fizeram esse bolo que está com uma cara ótima, não vou reclamar. -Fatinha disse abrindo um sorriso. -Nós já podemos comer essa delícia?

–Acho que sim. -O moreno respondeu e Bia correu pra pegar os pratos de sobremesa. -E como foi a reunião, minha loira?

–Sabia que eu estava me esquecendo de alguma coisa. -Ela disse voltando a saltitar. -Família, eu tenho uma notícia maravilhosa!

–Qual? Qual? Qual? -Beatriz perguntou, esquecendo o bolo por alguns instantes.

–Vocês estão olhando para a mais nova administradora da principal filial da Marco Polo Turismo!

–Você tá falando sério, minha loira?! Parabéns!!! -Bruno disse enchendo a esposa de beijos.

Bia não entendeu muito bem o que significava essa promoção, mas aplaudiu a mãe, toda empolgada.

–Bolo pra comemorar! -A pequena sugeriu e logo os três estavam ao redor da mesa brigando pelo primeiro pedaço.

–Vocês até que mandam bem na cozinha. -Fatinha comentou. -Ficou uma delícia!

–Eu misturei tudo. -Bia contou toda orgulhosa.

–Parabéns, minha chefe de cozinha. -A mãe parabenizou.

–Obrigada. -A filha agradeceu com as bochechas levemente coradas.

Depois que Bruno e Beatriz terminaram de comer, os dois voltaram a organização da cozinha. Fatinha estava terminando o seu segundo pedaço de bolo e, por isso, continuou na mesa.

–A mamãe vai acabar com o bolo. -Bia sussurrou pro pai e ele riu.

–Quanta fome, minha loira.

–Isso se chama gula e não fome. -Ela disse limpando a boca. -Estou ficando uma baleia, moreno.

–Sempre exagerada.

–Estou falando sério, amor. Já perdi duas calças, sabia? Se continuar nesse ritmo, vou ter que jogar meus croppeds fora. -Ela disse chateada.

–A dinda Ju disse que eu vou ganhar um irmãozinho, é verdade? -Bia perguntou curiosa.

–Bem que eu queria, princesa. A mamãe só ta comendo demais mesmo. -A loira contou.

–Será que não são os remédios que a Raquel receitou que estão aumentando o seu apetite? -Bruno sugeriu.

–Se for, eu vou pedir pra trocar a medicação imediatamente. Ficar grávida e gorda ninguém merece.

Fatinha se juntou ao marido e a filha, e logo a cozinha estava organizada. Bruno aproveitou pra dar um banho na filha, enquanto a esposa imergiu na banheira.

–A Bia saiu do chuveiro direto pra cama. Ela chegou bem cansada da escolinha hoje. -O moreno disse entrando no banheiro.

–Então ela deve ter se divertido bastante. Coitada da Malu, acompanhar o ritmo da nossa filha não deve ser fácil. -Fatinha comentou.

–Ih, a Malu só tem cara de ser quieta, mas é tão agitada quanto a Bia.

–Verdade. -A loira comentou distraída.

Logo Bruno estava dentro da banheira, acompanhando a esposa no banho.

–No que você está pensando? -Ele perguntou, trazendo-a para a realidade.

–Eu estava pensando no que está dando errado dessa vez.

–Do que você está falando?

–Moreno, a gravidez da Bia foi totalmente acidental e resultado de alguns descuidos. Agora que nós queremos mais um filho, tentamos, tentamos e nada. Sinceramente, eu não esperava estar fazendo tratamento para engravidar antes dos trinta. -Ela desabafou.

–Minha loira, não fica chateada com isso.

–Impossível, ainda mais quando eu estou engordando na mesma velocidade que uma porca. -Ela disse obviamente chateada.

–Até parece que você engordou tanto assim. -Bruno brincou, passando a mão pela barriga dela.

–Acho que você está precisando de um oftamologista. Com barriga e sem bebê, isso pra mim é uma tragédia.

–Mas você tem certeza de que não tem bebê? Sei lá, vai que você está grávida e nós não sabemos. -O marido sugeriu.

–Isso seria um sonho, mas, infelizmente, minha menstruação continua vindo regularmente. Na semana passada eu até fiz um teste de gravidez, mas o resultado foi negativo, como sempre. -Ela contou. -Além do mais, moreno, a única coisa que eu tenho em comum com uma grávida é o tamanho da barriga.

–É como a Raquel disse, minha loira, quanto mais ansiosos nós ficarmos, mais vai demorar pra acontecer. Vamos ter calma e na hora certa a gravidez vai acontecer.

–Meu moreno é sempre tão racional. -Ela disse sorrindo e procurando o marido para um beijo.

–Alguém tem que ser, não é?! -Ele brincou.

(...)

–Maria de Fátima? -A voz no telefone perguntou.

–Sim, quem fala?

Aqui é a Helena, diretora do colégio onde a sua filha estuda. -A mulher se identificou.

–Aconteceu alguma coisa com a minha filha? -Fatinha perguntou preocupada.

A Beatriz está bem, a senhora não precisa se preocupar. -Helena assegurou. -Eu estou ligando porque hoje houve um incidente desagradável aqui no colégio e por isso eu quero marcar uma reunião.

–A Bia fez algo de errado?

Eu prefiro discutir o assunto pessoalmente. Está um pouco em cima da hora, mas será que nós podemos conversar hoje às 13 horas?

–Claro, na hora marcada eu e o meu marido estaremos aí. -Fatinha garantiu.

Certo, aguardo vocês. Tenha um bom dia. -Helena disse antes de desligar o telefone.

A loira olhou no relógio, viu que ainda não passava das 10 da manhã e logo pegou o celular.

Minha loira. -Bruno atendeu no terceiro toque.

–Moreno, a diretora da escola da Bia acabou de me ligar para marcar uma reunião conosco. -Ela contou.

Aconteceu alguma coisa?

–Parece que houve um incidente, mas ela não disse o que foi.

E está tudo bem com a Beatriz?

–Ela disse que sim. -Fatinha respondeu dando os ombros. -A reunião vai ser às 13 horas, você pode ir?

Claro.

–Ótimo. Agora eu preciso adiantar algumas coisas aqui na agência pra poder sair, mas na hora do almoço eu chego aí.

Certo. Beijo, minha loira.

–Beijo, moreno. -Ela disse antes de desligar.

Fatinha voltou às suas obrigações, ignorando a curiosidade que sentia. Ela havia assumido a administração da agência havia pouco mais de um mês e estava dando o seu melhor. Aos poucos ela acabou se distraindo, e logo o relógio já marcava onze e meia.

Não demorou muito pra que ela chegasse em casa, onde Rosa já a esperava com o almoço pronto.

–Cadê o Bruno, Rosinha? -Ela perguntou.

–Ele está no escritório com um cliente, mas não deve demorar. -Ela respondeu.

–Bom, eu estou com fome demais para esperar. -Ela disse rindo e já servindo a comida.

Quinze minutos depois a reunião de Bruno já estava encerrada e o moreno levava o cliente até a porta.

–O que será que a dona Beatriz aprontou? -Ele perguntou se sentando à mesa.

–Não faço ideia, moreno, mas estou curiosissíma.

Às 13 horas em ponto o casal esperava a diretora no corredor. Surpreendentemente, Lia e Vitor estavam presentes também.

–A diretora disse alguma coisa pra vocês? -Fatinha perguntou.

–Não, ela só disse que tinha acontecido um incidente e que precisava conversar conosco. -O anjo respondeu.

Helena não tardou a chamar os quatro para dar inicio à reunião. Além deles havia uma mulher de nariz empinado, sentada em uma das cadeiras da sala.

–Primeiro eu queria agradecer vocês por terem vindo. -A diretora disse e eles assentiram. -Hoje aconteceu um incidente desagradável no colégio, que eu precisava resolver imediatamente.

–Diretora Helena, por que você não vai direto ao assunto? -A mulher, que até então estava calada, se pronunciou. -Qual de vocês são os pais da Beatriz?

–Fernanda, por favor, mantenha a calma. -A diretora pediu, mas foi ignorada.

–Eu sou a mãe dela, por quê? -Fatinha respondeu irritada com o tom de voz da tal Fernanda.

–Ah, então você é a responsável pela criação daquela garota? Pois eu devo dizer que a sua filha é violenta e incapaz de conviver em uma sala de aula! -A mulher esbravejou.

–Quem você pensa que é pra falar assim da minha filha? -A loira disse já se levantando para dar umas bofetadas na mulher.

–Senhoras, por favor, se acalmem. -A diretora insistiu.

–Eu sou a mãe da Jade, a criança que a sua filha agrediu sem o menor pudor! -A mulher disse.

–Eu vou pedir pela última vez, Fernanda, ou você se senta, ou eu vou ser obrigada a te pedir para deixar a sala. -Helena disse autoritária.

A mulher obedeceu contrariada.

–Isso é verdade? A Beatriz bateu em uma coleguinha? -Bruno perguntou preocupado.

–É verdade, mas há mais por trás disso tudo. -A diretora disse.

Bia e Malu estavam brincando de pega-pega no pátio do colégio, sob o olhar de várias monitoras. Era hora do intervalo e todas as crianças se divertiam.

–Quem quer brincar de gato mia? -Jade gritou, chamando a atenção de todos os alunos.

A maioria se empolgou, assim como Bia e Malu. As duas se aproximaram do bolinho que estava formado envolta da líder da brincadeira.

–Vocês vão brincar também? -A garotinha perguntou para as duas.

–Vamos. -Malu respondeu sorridente.

–Bia, você até pode brincar com a gente, mas a sua amiga não. -Jade disse com um olhar de superioridade, ignorando Maria Luiza.

–E por que a Malu não pode brincar? -Bia perguntou confusa.

–Porque ela é esquisita e porque eu não quero ficar doente também. -A menina respondeu.

–Se a Malu não pode brincar, eu também não brinco. -Beatriz disse cruzando os braços.

–Pra mim tanto faz. -Jade disse virando as costas.

–Bia, acho que eu vou pra sala. Vai lá brincar com eles. -Malu disse acanhada.

–Não. A gente vai brincar. -Ela disse irritada, puxando a amiguinha pelo braço. -Jade, eu e a Malu vamos brincar com vocês.

–Eu já disse que a esquisita não brinca.

–A Malu vai brincar sim. -Bia insistiu.

–Quer saber? Tanto faz. -A garota cedeu e depois virou para os amigos para anunciar. -A Maria Luiza vai ser a gata!

Antes que uma das duas protestasse, Jade já vendou os olhos de Malu e começou a rodá-la sem parar.

–Jade, para! -Bia pediu.

–Calma, Beatriz. Faz parte da brincadeira. -Ela respondeu sorrindo e parando de rodar a menina. -Ta valendo!

Ao invés de se afastar, a garota ficou perto de Malu, que começou a procurar pelos coleguinhas com dificuldade por estar zonza demais. Quando Bia viu o que Jade pretendia, ela correu para impedir, mas não foi rápida o suficiente.

Maria Luiza tropeçou no pé que estava no meio do caminho e caiu de cara no chão. A menina começou a chorar, enquanto as outras crianças riam. As monitoras se apressaram para acalmar a menina, que já estava com um galo na testa.

–Você fez de propósito! -Bia disse empurrando Jade e já distribuindo vários tapas.

A briga não ficou mais séria porque uma das monitoras logo apartou, tirando Beatriz de cima da outra garota.

–E foi isso o que aconteceu. -A diretora disse encerrando a narrativa.

–Que absurdo! -Lia estava revoltada. -Como está a minha filha?

–A Maria Luiza está bem, apenas com um inchaço na testa, mas ela preferiu continuar participando das atividades. -Helena disse.

–E você vem acusar a minha filha de ser incapaz de conviver em uma sala de aula! -Fatinha disse irritada. -A sua princesinha além de não respeitar os outros, é maldosa.

–Senhora Maria de Fatinha, eu peço que a senhora se acalme. -A diretora pediu. -A nossa instituição é contra qualquer demonstração de desrespeito, assim como é contra a violência. A atitude da Beatriz não é louvável e, por isso, ela será punida.

–E a outra garota? -Vitor perguntou se pronunciando. -A agressão verbal muitas vezes tem peso maior do que a física. A minha filha foi vitima de preconceito dentro dessa instituição, e eu como advogado sei muito bem da gravidade da situação.

–Já que nós estamos falando sobre situações graves, eu quero levantar uma pauta. -Fernanda disse. -Diretora Helena, eu não acho que seja saudável para os outros alunos conviverem com uma aluna diferente. Isso pode atrapalhar o desenvolvimento deles, já que uma aluna em especial exige maior atenção.

–Eu não to acreditando no que eu estou ouvindo. -Fatinha disse furiosa.

–Olha só, querida, pelo visto você está mal informada. -Lia disse. -A minha filha tem tanto direito de frequentar essa instituição quanto a sua.

–Senhora Fernanda, a retirada da Maria Luiza do colégio não é uma opção. A nossa escola está aberta para todos os alunos, sem distinção. -Helena disse encerrando o assunto.

–É um absurdo vocês colocarem uma criança doente em uma sala de aula. -A mulher insistiu.

Vitor segurou a namorada de imediato, que estava prestes a voar no pescoço da tal Fernanda.

–Se a senhora não está satisfeita com as regras da instituição, recomendo que procure um outro lugar para que a sua filha estude. -A diretora disse.

–Pois é isso mesmo que eu vou fazer! Minha filha não é obrigada a conviver com deficientes mentais. -Fernanda disse antes de se retirar da sala.

–Qual o problema dessa mulher? -Lia perguntou estupefata.

–Eu garanto a vocês que situações como essa não irão se repetir. -Helena garantiu. -Já agendei uma reunião com professores e monitores, e eles serão instruídos a ficarem atento a qualquer tipo de preconceito. Tenham certeza de que a Maria Luiza é bem vinda no nosso colégio.

–Obrigado, e eu peço que vocês entrem em contato conosco caso qualquer coisa aconteça. -Vitor pediu.

–Será que nós podemos ver a Malu? Quero me certificar que ela está bem. -Lia pediu.

–Claro, eu vou pedir a minha secretária para levá-los até a sala de aula. -A diretora disse pegando o telefone.

Lia e Vitor logo se retiraram.

–Agora vamos falar sobre a Beatriz. -Helena disse chamando a atenção de Bruno e Fatinha.

–Que tipo de punição a senhora pretende dar para a minha filha? -A loira perguntou preocupada.

–É sobre isso que eu gostaria de falar com vocês. Mais do que punir, nós queremos que a Beatriz aprenda que nada justifica a violência. -A diretora disse. -Eu sei que a intenção dela era defender uma amiga, mas ela continua errada.

–Eu concordo com a senhora e por isso nós vamos ter uma conversa séria com a Bia assim que chegarmos em casa. -Bruno disse.

–Ótimo. No colégio, a punição dela vai ser ficar dois dias sem poder participar do recreio. -A mulher anunciou. -Ela vai lanchar na sala de aula e vai passar o horário fazendo alguma atividade educativa com uma monitora. Eu espero que vocês estejam de acordo com a postura do colégio.

–Estamos. -O moreno garantiu.

–Então a reunião está encerrada. Agradeço a disponibilidade de vocês e peço que entrem em contato com o colégio sempre que necessário. -Helena disse se levantando.

–Peço o mesmo a senhora. -Fatinha disse.

Os dois saíram da sala e foram para a porta do colégio. As professoras estavam liberando os alunos aos poucos, então logo Beatriz apareceria.

–Nós vamos ter que brigar com a Bia, não é? -A loira perguntou um pouco incomodada.

–Vamos. -Bruno disse.

–Mas eu achei tão fofo da parte dela querer defender a Malu. -Fatinha disse amolecida.

–A intenção dela pode até ter sido boa, mas o que ela fez continua sendo errado. -O moreno insistiu.

–Eu sei. -A mãe cedeu.

Logo eles avistaram Lia e Vitor, que estavam com o sorriso enorme no rosto. O motivo de tanta felicidade eram as meninas que andavam na frente. Beatriz estava carregando além da própria mochilinha, a de Malu.

–A mamãe disse que quando a gente machuca tem que descansar. -A pequena explicava para a amiguinha. -Se você quiser, eu posso carregar a sua mochila até você sarar.

–Obrigada. -Malu agradeceu sorrindo.

–De nada. -Bia retribuiu o sorriso.

–Elas são um amor. -Disse Fatinha com a visão turva.

A loira foi dar um passo em direção as meninas, mas sentiu o corpo amolecer. Bruno agiu rápido, segurando a esposa antes que ela atingisse o chão.

Fatinha havia desmaiado.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Demorei, demorei, demorei, mas postei.
Eu sei que é chato ficar esperando, eu sei que eu demoro mais que o normal pra postar, e eu sei que vocês tem sido muito pacientes comigo. Obrigada, tá?!
Novamente eu volto a garantir que não vou abandonar a fic. Tenham CERTEZA disso! Eu posso demorar o tempo que for, mas quando arrumar uma brecha, vou escrever e vou postar.
E é isso aí.
Obrigada por ainda acompanharem Pra Sonhar!

Ps: qualquer dúvida ou erro, falem comigo.



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