Pra Sonhar escrita por KatherineKissMe


Capítulo 1
Capítulo 1




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Beatriz – 1 mês

E depois do final feliz, a vida de casal começou. A responsabilidade de serem pais exigia dos dois uma cumplicidade imensa, mas que felizmente eles possuíam.

Aos poucos a rotina foi se desenvolvendo. Na primeira semana Bia acordava várias vezes durante a noite para mamar, mas já na segunda semana isso diminuiu.

A sincronia do casal era admirável. Sempre que a recém-nascida chorava durante a madrugada, Bruno se levantava, e trazia a filha para que a Fatinha a amamentasse. Depois que a menina terminava de se alimentar, a mãe a colocava para arrotar, e então era a vez do pai colocá-la para dormir.

Surpreendentemente, a loira sequer precisou pedir auxilio ao namorado. Bruno estava decidido a participar ao máximo da criação da filha, e aproveitava cada instante que tinha com a pequena. Contrariando as expectativas, o moreno trocava as fraldas sujas com prazer, além de dar banho, brincar e ninar a filha.

Contrariando também o sonho maluco da loira, o apartamento se manteve organizado. Sempre que Bia cochilava, o casal aproveitava para lidar com a organização. Enquanto ela lavava as roupas, ele fazia o almoço, cada qual assumindo uma função.

E assim, Beatriz completou o seu primeiro mês de vida.

(...)

–Então quer dizer que a alergia foi causada por flores? –Ju perguntou espantada, com a afilhada no colo.

Bruno e Fatinha estavam com a filha na casa dos pais. No início da semana algumas manchinhas vermelhas haviam aparecido na pele de Bia, o que deixou o seus pais preocupadíssimos.

No segundo dia, que as manchas pareceram piorar, eles levaram a menina até a pediatra. A doutora Júlia examinou a menina, e depois a encaminhou a um alergista. Quando o resultado saiu, a surpresa foi que o responsável pela reação alérgica de Bia havia sido o pólen das várias flores espalhadas pelo apartamento.

–Isso não significa que a Bia tenha alergia ao pólen permanentemente. O sistema imunológico dela ainda não está trabalhando como o de um adulto, e grande parte da proteção que ela tem, vem do leite materno. –Explicou a médica. –Vou passar uma lista de coisas que vocês podem fazer para evitar crises como essa, e um remédio para acabar com essas manchinhas vermelhas e o nariz congestionado.

Eles já deixaram o hospital com a filha medicada. Passaram na farmácia para comprar os remédios, e pediram a Rosa que desse uma faxina na casa.

Dois dias depois Beatriz já estava bem melhor.

–Pois é, quem diria que as flores poderiam causar tantos problemas. –Fatinha comentou.

Bia estava quase adormecendo no colo da madrinha. Havia mamado há pouco tempo, e agora os olhinhos dela estavam pesando.

–Own, que fofa. A Bia tem o mesmo hábito que a Ju tinha quando bebê. –Marta disse chamando a atenção de todos.

–Que hábito? –Ju perguntou curiosa.

–Ela também mexe na orelha quando está com sono. –A mulher explicou.

–Engraçado, mas é a primeira vez que eu a vejo fazer isso. –Fatinha comentou.

–Eu também não me lembro de vê-la mexendo na orelha antes de dormir. –Bruno concordou com a namorada.

–Pode ser que o hábito esteja sendo criado agora. –Ju sugeriu.

–Pode ser. –A loira concordou.

–Mas mudando de assunto, até quando dura as suas férias, Bruno? –Olavo perguntou ao filho.

–Mais uma semana e dois dias. –Ele respondeu suspirando.

–Ai, não quero nem pensar em como vou me virar sem o meu moreno. –Fatinha resmungou sentando no colo do rapaz.

–Quisera eu poder ficar em casa com você minha loira, mas infelizmente o trabalho me chama. –Ele disse abraçando a namorada.

–Infelizmente nada. Felizmente, isso sim. –Olavo corrigiu o filho. –Agora, mais do que nunca, vocês precisam de estabilidade, principalmente financeira.

–Olhando por esse lado você está corretíssimo sogrinho, mas que eu estava adorando ter o Bruno em casa comigo, isso eu estava. –Fatinha disse. –Vou ter que me desdobrar em duas para dar conta da Bia e da casa.

–Cunhadinha, nem pense em abusar, mas eu posso te dar uma mãozinha. –Ju disse. –A minha faculdade só começa depois do carnaval, então precisando de qualquer coisa é só me chamar.

–Ih, vou usar e abusar de você Ju. Além de cunhada, você é agora a minha comadre, obrigação dupla. –A loira brincou.

–É verdade Ju. –Marta apoiou a nora. –Você quis tanto ser a madrinha, agora tem que lidar com as responsabilidades.

–Todos estão contra mim. –A it-girl fez um drama. –O que eu não faço por você, hein Beatriz?!

A menina sequer se mexeu. Ela já estava no décimo sono, alheia a conversa ao seu redor.

–Minha loira, acho que já deu a nossa hora. –Bruno disse.

–Ah, mas ainda é cedo. –Marta disse. –Vocês mal comeram a sobremesa que eu preparei.

–Sogrinha, a sobremesa está deliciosa, assim como estava o jantar. Não consigo comer mais, estou realmente cheia. –A loira se desculpou.

–É mãe. –Bruno apoiou a namorada. –Além do mais, é melhor colocarmos a Bia o quanto antes no berço. Se ela acordar agora, desregula o sono da casa inteira.

–Tudo bem, eu concordo. –A mulher cedeu. –Mas com a condição de que vocês venham jantar conosco mais vezes. Nem parece que nós moramos no mesmo prédio.

–Nós voltaremos, eu prometo. –Disse Fatinha.

A loira já estava de pé abraçando o sogro, e Bruno foi pegar a filha com a irmã.

Eles se despediram, e depois foram para o seu apartamento.

No outro dia, Bia acordou mais cedo que o normal. Ela parecia estar inquieta.

–Você madrugou hoje, hein pequena? –Fatinha disse para a filha, pegando-a no colo.

A mulher voltou com a filha para a cama, onde Bruno já estava acordado.

–Bom dia, papai. –A loira disse imitando uma voz infantil.

O moreno riu da namorada, que se sentava ao seu lado na cama.

–Bom dia, amores da minha vida. –Ele respondeu.

–Bom dia, moreno lindo. –Fatinha deu um selinho no namorado.

A pequena começou a resmungar, e a mãe decidiu amamentá-la. Foi quando uma coisa estranha aconteceu: Bia estava tendo dificuldade de pegar o bico. A menina nunca tinha tido grandes dificuldades para mamar, mas agora parecia estar toda descoordenada. Fatinha teve que refazer todo o processo quatro vezes, e a cada vez a pequena ficava mais nervosa.

–Ei Bia, ajuda a mamãe. –A loira pedia. –Com calma nós vamos conseguir, ok?!

Bruno observava sem saber o que fazer para ajudar.

Depois de várias tentativas a pequena conseguiu abocanhar o peito da mãe. Ela mamava com pressa, para depois parar. Durante todo o tempo ela mexia na orelha direita.

–Parece que a Bia está criando o hábito de mexer na orelha. –Bruno comentou observando a filha.

A menina pareceu se incomodar com alguma coisa e largou o peito da mãe. Fatinha a ofereceu o peito esquerdo, que ela aceitou para soltar pouco tempo depois. A loira a colocou para arrotar, e logo depois a pequena voltou a resmungar.

A mãe estava visivelmente nervosa, e Bruno decidiu tomar as rédeas da situação.

–Ainda é cedo, minha loira. –Ele disse se levantando com a filha. –Volta a dormir, que eu vou trocar a fralda da Bia. Deve ser por isso que ela está incomodada.

Fatinha concordou, mas não acreditava que conseguiria dormir enquanto Beatriz não se acalmasse.

Bruno foi para o quarto da pequena, onde descobriu que de fato a fralda estava molhada. Ele trocou a menina, mas ela continuou a resmungar.

O pai controlou o nervosismo crescente, e focou em ninar a filha. Ele cantarolou várias músicas, com o intuito de acalmar a pequena. Vinte minutos depois, Bia finalmente dormiu. Até no sono ela parecia incomodada, o que preocupou Bruno.

–Ela dormiu? –Fatinha perguntou ao namorado, assim que ele voltou ao quarto.

–Dormiu sim, mas pelo visto hoje teremos um dia daqueles. –Ele contou. –Acho melhor nós aproveitarmos esses minutos para dormir também.

A loira acenou, observando o moreno deitar ao seu lado. Os dois demoraram a conciliar o sono. Bia provavelmente tinha tido uma má noite de sono, e por isso estava tão nervosa, mas mesmo sabendo disso, os dois estavam preocupados.

Como o previsto o dia foi difícil. Beatriz esteve irritada durante todo o dia. Fatinha ia amamentá-la, e depois de pouco tempo ela parecia incomodada e largava o peito, voltando a chorar. Naquele dia a pequena mamou várias vezes, mas sempre pouco.

Bruno e Fatinha estavam preocupados e resolveram pedir a opinião de uma pessoa com experiência no assunto. Marta logo apareceu para socorrê-los.

–O que a Bia está aprontando para deixar vocês tão preocupados assim? –A mulher perguntou.

–Ela está inquieta e irritada. –Bruno disse.

–Além de não estar mamando direito. –Fatinha acrescentou.

–Vocês já olharam a temperatura dela? –Marta questionou.

–Já olhamos umas três vezes e a temperatura dela está normal. –A loira contou.

–Pela minha experiência é bom que vocês fiquem atentos, porque a Bia não estar mamando direito é preocupante. Só não é tão preocupante assim, porque no geral ela parece bem. –A avó disse. -Mas talvez seja só manha.

–Manha? Mãe, a Bia acabou de completar um mês, é um pouco cedo para isso, não?! –Bruno perguntou.

–Pode ser que sim, pode ser que não. –Ela respondeu. –Bebês são sempre uma caixinha de surpresas. Ela pode estar irritada por não ter dormido direito.

–Foi o nosso palpite. –Fatinha comentou pensativa.

–Ok, vamos ficar de olho na Bia hoje à noite. Qualquer mudança nós procuramos a doutora Júlia amanhã. –Bruno decidiu.

–É a melhor coisa que vocês fazem. –Ela concordou. – Agora eu preciso ir para casa, eu e o seu pai vamos jantar fora hoje.

–Algum motivo especial, sogrinha? –A loira perguntou curiosa.

–Vamos comemorar a vitória do Olavo em uma causa trabalhosa. –Ela contou feliz.

–Ah, ele chegou a comentar conosco sobre o assunto. A causa do pai que queria assumir a culpa no lugar do filho, certo? –Bruno perguntou.

–Essa mesmo. –Marta confirmou. –Depois de mais de seis meses na justiça, o seu pai conseguiu provar que o cliente dele não era o culpado, e convencê-lo de que não deveria assumir a culpa pelo crime do filho.

–Que ótimo. –Fatinha comemorou. –Dê os parabéns ao meu sogrinho por mim.

Marta se despediu, pedindo a eles que ligassem para ela se precisassem.

Felizmente no final da noite Bia pareceu melhorar. Ela ainda estava resistente à amamentação, mas Fatinha foi paciente, e com o auxilio de Bruno, conseguiu acalmar a pequena o suficiente para que ela mamasse.

No outro dia, Bia acordou mais cedo ainda. O sol sequer havia nascido.

–Quatro e meia da manhã. –Bruno disse se levantando da cama.

–Será que ela está com fome? Ela mamou não tem nem uma hora. –Fatinha comentou se levantando também.

Os dois foram ao quarto da filha, e a encontraram com as bochechas vermelhas, aparentemente de tanto chorar.

Fatinha pegou a filha no colo para acalmá-la, e estranhou a temperatura da pequena.

–Bruno, pega o termômetro. –Ela pediu ao namorado.

O moreno colocou a mão no rosto da filha e percebeu que ela estava quente.

–Será que é febre? –Ele perguntou preocupado indo pegar o termômetro.

–Parece que sim. –Fatinha disse.

Logo eles mediram a temperatura de Bia, que marcava 37,8 graus.

–A temperatura está acima do normal, mas pode ser por causa dos agasalhos que ela está usando. –A loira disse tentando manter a calma.

Com a ajuda de Bruno, Fatinha desagasalhou a filha.

Enquanto eles esperavam para ver se a temperatura cedia, a loira trocou a fralda da filha, e depois a ofereceu o peito – o que a pequena recusou.

–Já faz quanto tempo que nós tiramos o excesso de roupa da Bia, moreno? –Fatinha perguntou.

–Mais ou menos meia hora. –Ele respondeu.

A loira pegou o termômetro novamente.

–Ainda 37,8. Acho melhor nós irmos para o hospital. –Fatinha disse.

–Vou tentar entrar em contato com a doutora Júlia. –Bruno disse concordando.

O moreno foi até o quarto, onde trocou de roupa, e depois ligou para a pediatra.

–Minha loira, temos um problema. –Bruno disse voltando ao quarto.

–O que aconteceu? –Ela perguntou preocupada.

–Lembra que quando nós fomos com a Bia na doutora Júlia ela disse que viajaria nessa semana?

–Merda. –Fatinha praguejou. –Ela disse que viajaria ontem.

–Mas, felizmente, eu liguei para o hospital e o Lorenzo está de plantão. –O moreno contou. –Eu sei que ele não é pediatra, mas é a nossa única saída.

–Tudo bem, o Lorenzo é ótimo. –A loira disse aliviada. –Eu já arrumei a bolsa da Bia, mas preciso trocar de roupa e ela também.

–Vai lá se trocar, que eu ajeito a Bia. –Ele disse pegando a filha no colo da namorada.

Fatinha se apressou, e logo estava de volta devidamente vestida. Bruno também havia trocado a filha, que agora usava um body amarelo, que tinha ganhado no chá de fraldas.

–Vamos? –A loira o chamou, pegando a sua bolsa e a bolsa de Bia.

–Vamos.

Os dois desceram juntos para o estacionamento. Bia estava quietinha, segurando o dedo mindinho do pai, e observando-o.

–Não sei se me preocupa mais quando ela está quieta, ou quando ela está chorando. –Fatinha comentou observando a filha.

A pequena voltou a chorar quando foi colocada no bebê-conforto, e se viu obrigada a soltar o dedo do pai.

–Eu preciso tirar carteira urgentemente. –Fatinha comentou, se sentando no banco de trás tentando acalmar a filha.

–É uma ótima ideia. –Bruno concordou, ligando o carro.

Em menos de dez minutos eles já estavam no hospital. Fatinha já estava desesperada com o choro descontrolado da filha.

Felizmente, o hospital não estava tão cheio, e Bruno se apressou para conversar com a recepcionista.

Depois de longos quinze minutos, uma enfermeira os chamou e os encaminhou até um consultório.

–Bruno? Fatinha? –Lorenzo estava surpreso com a presença deles. –O que traz vocês aqui?

–Beatriz. –A loira respondeu suspirando.

A menina já não estava mais chorando, apenas resmungava.

–E o que essa pequena tem? –Lorenzo perguntou, pegando Bia do colo da mãe.

–Ela está com febre, não mama direito e está inquieta desde ontem. –A loira listou os sintomas.

Lorenzo olhou a temperatura, os batimentos cardíacos, os olhos, a boca e os ouvidos.

–Ela tem o hábito de mexer na orelha quando está com sono? –Ele perguntou.

–Bom, até alguns dias atrás nós não tínhamos visto a Bia fazer isso, mas ultimamente ela tem mexido muito na orelha. –Bruno contou.

O médico observou novamente o ouvido da pequena.

–A Bia está com otite. –Ele diagnosticou. –Ela esteve resfriada, ou algo do tipo?

–Ela teve uma crise alérgica no inicio da semana. –Fatinha relatou.

–Estão está explicado. A crise alérgica indiretamente criou o ambiente ideal para a proliferação de bactérias. –Ele explicou. –Felizmente vocês foram rápidos em trazê-la para o hospital. Nessa idade, todo cuidado é essencial. E a otite, se não tratada imediatamente, pode ter sérias consequências.

Lorenzo medicou a menina com um antibiótico e um antitérmico e passou algumas orientações para os pais.

Quando os três deixaram o hospital, o sol já havia nascido. Felizmente Bia estava tranquila, dormindo no bebê conforto.

–Que sufoco. –Fatinha comentou, observando o Bruno colocar a filha no berço.

–Nem me fale, que agonia é ver a Bia chorar e não poder fazer nada. –Ele concordou acomodando a filha.

A menina agora estava mais tranquila. A febre havia finalmente cedido.

Bruno abraçou a namorada pela cintura, e os dois ficaram observando a filha dormir.

–E eu que achava que a crise alérgica tinha sido um susto. –Fatinha disse encostando a cabeça no peito do moreno.

–Pois é, pelo visto hoje foi o nosso verdadeiro primeiro susto. –Ele concordou. –E será o primeiro de muitos.


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Notas finais do capítulo

E eu já começo o primeiro capítulo pedindo desculpas. Eu pretendia postar na terça-feira, mas houve uma mudança nas minhas provas que fuderam com tudo. Enfim, só agora estou conseguindo postar.
E aí, o que acharam do primeiro capítulo?
COMENTEM SEMPRE LINDAS ♥