Blue Sky! escrita por Caio V


Capítulo 2
Primeiro Dia!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/417937/chapter/2

O amor não muda nossa forma de ver o mundo. Ele a recria do zero.

A verdade é que desde aquele dia eu não esqueci o que a mulher disse, nem como ela era linda, mesmo que eu não conseguisse ver um único rosto. Durante noites eu pensava: o que ela quis dizer com aquilo? e outras noites eu pensava por que seu rosto mudava?

O natal e meu aniversário foram divertidos. Minha irmã mais nova levou as amigas dela, Bianca, Caroline e Marya, para nossa casa. Foi divertido, até o idiota do meu primo, Matheus, chegar e estragar tudo. Eu ganhei uns cinco presentes, ninguém me deu nada de Natal, como sempre, eu ganhei apenas o presente de aniversário, não que eu me importe.

Sim, eu tenho amigos. Julliana, Igor – que insiste em dizer que não gosta da Marya, mas é óbvio que eu não acredito, ninguém acredita – e a Laise. Eu me dou bem com os amigos da minha irmã, exceto o John, não que nós sejamos arquirrivais e eu queira mata-lo, apenas não somos grandes amigos.

Eu acordei cansado no primeiro dia de aula. Na noite passada, eu estava no bar com meus amigos, Igor e Julliana, como sempre, aprontaram. Laise ficou bêbada na primeira hora e eu fui obrigado a cantar a garçonete, Danielle. Acabamos conversando e ela foi quase demitida.

Tomei um banho de trinta minutos e me enrolei na toalha. Fiquei de frente para o espelho e me apoiei na pia.

- Ei, idiota, o que aconteceu com seu cabelo? – murmurei comigo mesmo.

- Primeiros dias deixam as pessoas nervosas – disse Beatriz invadindo meu quarto.

- Obrigado por ter batido antes – eu disse. Ela sorriu. – O que quer?

- Ah, você sabe... caloura, escola nova, fico um pouco nervosa – ela sorriu.

- E veio pedir conselhos? Bem, irmãzinha, sinto dizer, mas eu não sou bem um dos populares – eu disse sorrindo.

- Mas você tem amigos, e já está lá há dois anos – ela disse timidamente.

- O ensino médio é um monstro – eu disse. Ela me encarou. – Tudo o que tem de fazer é aprender a dominá-lo com suas próprias armas.

- Obrigado pelo conselho. Muito animador – murmurou ela ironicamente. – Vá se vestir, sem atrasos.

Assenti. Bia saiu do meu quarto e eu me vesti – uma blusa preta por baixo de uma jaqueta e um jeans escuro. Uma meia branca e um All Star, dos mais simples.

Cheguei à escola ouvindo Perfect, de Hedley. Uma das minhas músicas favoritas. Julliana estava me esperando na porta, ela estava com os cabelos castanhos e cacheados soltos, os olhos tão castanhos quanto os cabelos estavam fixados em um livro que ela lia. Eu ri a ver a expressão que ela fazia ao ler, quase como se estivesse vendo um cavalo morrer. Sua pele era morena, como raramente acontecia naquela parte de Chicago, mas Julliana nasceu no Brasil, assim como eu, veio para os Estados Unidos antes mesmo de aprender a falar.

- Então, algum cavalo morreu? – perguntei ao me aproximar.

- Caio – ela me abraçou sorrindo. Guardou o livro e ficou apoiada no meu ombro. – Pronto para mais um ano de chatices?

- Não sei Juh, algo me diz que esse ano vai ser diferente – eu sorrio para ela. Minha amiga me encara como se eu estivesse louco. Eu desviei o olhar para o céu. Algo não, alguém me disse isso, Afrodite. – Não me olhe assim.

- É aquela história da garota com nome de deusa, de novo?

- Eu só estou com um bom pressentimento, nada mais – eu disse.

- Olá, senhor Vieira, senhorita Moreira – disse uma mulher passando por nós. Era ela, com certeza, era Afrodite, mas agora eu conseguia vê-la. Era uma mulher de mais ou menos trinta anos, rosto jovem e cabelos longos e dourados. Seus olhos azuis brilhavam enquanto ela me encarava gentilmente. – Sou a nova professora de Inglês. Até a sala de aula.

- Até – disse Julliana.

- A-até... – gaguejei.

Afrodite virou-se e caminhou para dentro da escola.

- CAIO – gritou Julliana. Eu pisquei e olhei para ela. – Sério, qual é seu problema hoje?

- Não é nada demais – eu disse. – Nada demais.

A aula de inglês foi rápida, ou apenas pareceu. Quando a aula acabou todos os alunos andavam para longe, Julliana me chamou. Eu segui-a.

- Caio, espere, eu quero falar com você – disse a professora. Eu parei na porta.

- Eu te alcanço – disse à Julliana. Ela assentiu e saiu andando. Virei-me para a professora. – Algum problema, professora?

- Não – ela se levantou e começou a organizar os papéis na mesa. – Julliana, é sua namorada?

Corei.

- N-Não – gaguejei. Ela me olhou.

- Desculpe-me, eu imaginei... esqueça. Você vai fazer algo no recreio? – perguntou ela.

A memória daquele dia voltou como uma flecha: a biblioteca da escola vai estar muito bonita no primeiro dia, foi o que ela disse.

- Sim. Preciso pegar uns livros – eu sorri.

- O caminho para os Elíseos é árduo e perigoso, mas quando você enfrenta todas as barreiras do Inferno, vem a recompensa. Isso também vale para o amor – a professora piscou para mim. – Lembre-se disso. Vá, não se atrase.

Eu sorri. Algo naquela professora me acalmava.

- Nos vemos na biblioteca – eu disse. Ela me olhou assustada. – Afrodite.

- Então você descobriu? – ela disse pensativa.

- Não foi tão difícil depois que você falou do recreio – eu sorri. – E obrigado pelo conselho.

- Desponha – ela sorriu.

Eu saí da sala e enquanto caminhava para a próxima sala uma garota esbarrou em mim. Os livros dela caíram e eu abaixei para ajuda-la.

- Obrigado – ela disse sorrindo.

Ela deveria ter quatorze anos, tinha a pele clara e olhos cinzentos, com cabelos dourados e cacheados. Era magra e tinha um sorriso comum, nada tão extravagante quanto a professora.

- E desculpe-me por isso – ela disse. Entreguei-a seus materiais. – Sou meio desastrada.

- Tudo bem, só tome cuidado – sorri. Estiquei a mão para ela. – Sou Caio, e você?

- É... Chame-me de Palas – ela disse sorridente. Logo depois saiu andando e agradecendo pela ajuda.

- Palas? Que nome engraçado – eu disse. A garota entrou na sala de Afrodite. – Atrasado... atrasado...

Entrei na sala de aula e sentei ao lado de uma garota de cabelos castanhos escuros e ondulados nas pontas, pele pálida e olhos azuis-cor-do-céu, muito bonitos. Ao meu outro lado estava Igor, um dos meus melhores amigos, ele estava usando o seu típico moicano, seus cabelos castanhos escuros estavam levantados de um jeito enraçado. Seus olhos, também castanhos, estavam fixados em uma garota, não pude identificar bem quem era, mas seus cabelos eram ruivos e ela era pálida, foi o que deu para ver de costas.

- Ei, não cumprimenta mais os recém-conhecidos? – perguntou a garota. Olhei para ela e demorei um minuto até reconhecê-la, era Danielle, a garçonete que eu fui obrigado a dar em cima.

- Oi Dani – eu disse sorrindo. Ela sorriu em resposta.

O professor de Educação Física entrou na sala de aula. Um homem moreno e do tipo fortão, seus olhos eram verdes e ele tinha o cheiro de mar, um dos meus cheiros favoritos.

- Olá, eu sou o professor de Educação Física, Sr. Jackson – disse o professor. Ele me encarou com um pequeno sorriso no rosto e voltou a falar. – Hoje estudaremos um pouco do básico das competições de nado sincronizado, e logo depois vamos para a piscina praticar.

Eu adoro natação, e fui o primeiro na piscina. O professor queria me botar no time, mas eu recusei, tenho de trabalhar. Depois da aula o sinal finalmente tocou. Por mais que eu goste de natação e que o Sr. Jackson seja um bom professor, eu estava curioso quanto ao assunto da biblioteca.

- Vamos comer? – perguntou Igor.

- Vá na frente, eu vou dar um pulo rápido na biblioteca – eu disse. Ele me encarou, não surpreso, mas irritado, pois ele sabia que isso significava deixar ele rodeado de garotas, e claro, da Marya. – Quanto a Mary. Cara, ela também gosta de você.

- Eu não gosto da Marya! Por que vocês vivem falando isso? – perguntou ele. Desviou o olhar, sinal típico de mentirosos, aprendi isso na sexta série.

- Aham... e a Emma Watson é feia – eu disse. Ele rugiu para mim e eu gargalhei. – Encare os fatos, você não pode mentir para mim.

- Por que eu ainda sou seu amigo mesmo? – ele disse irritado.

- Me faço essa pergunta há três anos – eu disse. Ele riu. – Até mais tarde, se você encontrar a Juh, diz que eu terminei de fazer o negócio dela.

- Juh... – ele me olhou como se insinuasse algo.

- Cresça – murmurei e subi as escadas. Ouvia as gargalhadas de Igor enquanto ele descia para o refeitório.

A biblioteca era um belo lugar. Grande e com milhares de livros, de todos os gêneros, era minha parte favorita da escola. Lá tinha de Harry Potter e Percy Jackson a Romeo e Julieta e Otelo. Assim que eu entrei eu vi a professora de Inglês conversando com a garota que eu esbarrei no corredor, Palas, e o professor de Educação Física, Sr. Jackson.

- Afrodite, ele é jovem demais – disse Palas. Ela não falava como uma garota de quatorze anos. De forma alguma. – Até Poseidon concorda comigo.

- Vocês subestimam o garoto – disse Afrodite, a professora de inglês. – Até mesmo você, Poseidon? Pensei que botasse fé nos mortais.

- Quando esses mortais são maduros o suficiente – disse o Sr. Jackson, o nome do cara é Poseidon Jackson? Jura? – Devo concordar com Atena.

- Palas – corrigiu a garota mais nova.

- Tanto faz – murmurou o professor. Ele se voltou para Afrodite. – Afrodite, sabe que eu não concordaria com Ate... Palas, se eu não tivesse certeza.

- Ora, francamente Poseidon, se acha que o garoto é jovem, o que veio fazer aqui? – disse Afrodite.

- Ele é meu fi... – Poseidon ia terminar a frase, mas Palas o interrompeu.

- O que faz aqui? – perguntou o professor.

Olhei para Afrodite e ela piscou.

- Eu... vim procurar livros – eu disse.

- Vamos, o garoto precisa procurar livros – disse Afrodite. – Vamos discutir negócios em outro lugar.

Os três saíram. Eu fiquei parado na biblioteca, sozinho.

- Que diabos... – olhei para cima e ouvi algo cair. Quando eu notei tinha uma garota caindo do último andar da biblioteca, no ângulo que ela caia dava pra ver facilmente que ela bateria a cabeça na quina de uma das estantes.

Eu não sei ao certo o que aconteceu. Quando eu dei conta, eu tinha escalado uma parede sem usar as mãos e estava saltando em direção à garota. Eu agarrei a garota nos braços e ela estava jogada em cima de mim no chão.

- Ai meu Deus, me desculpe – ela disse. Eu abri os olhos e vi a garota: seus olhos castanhos claros e profundos, como se implorassem que eu a beijasse. Seus cabelos castanho-louros caindo sobre seus olhos de forma delicada, e seu sorriso inocente, mas misterioso. Ela estava usando um leve batom vermelho, mas era tão leve que quase não notaria o batom. Sua pele era clara e suave, como tocar uma peça de roupa fina de seda.

Ela saiu de cima de mim. Eu me levantei sem dificuldades. Estava respirando pesado e meu coração estava acelerado, mas eu não acredito que isso tenha sido resultado da queda.

- O que posso fazer para agradecê-lo?

- Que tal começar dizendo seu nome?

- Eu sou Mirella, prazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem. Dois e eu posto o próximo.