O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

O retorno



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Após esses acontecimentos marcantes, ao menos para mim, os dias pareciam transcorrer normais, aos poucos o colorido foi retornando por meio dos raios de sol que ficavam cada vez mais intensos. A natureza em sua velha e rotineira harmonia convidava-me a desfrutá-la mais uma vez.

O dia porventura estava lindo, céu todo azul, início de verão, assim, aos poucos a vontade de brincar novamente a céu aberto ressurgiu, corri em busca do meu caminhãozinho verde de plástico, dessa vez, imaginaria um velho e solitário caminhoneiro atormentado com as lembranças do passado, em sua mente, só passavam cenas de romance que vivenciara com uma linda mulher.

Estava no quintal, imersa nessa brincadeira do incrível mundo do faz de conta, onde esse caminhoneiro chorava suas mais profundas mágoas, quando de repente, ergo meus olhos, ate então concentrados na estradinha de terra que havia fabricado, e deparo-me com o gato passeando livremente a minha frente. Pensei – como ele conseguiu voltar? – o gato não expressava nenhuma reação adversa de medo, pavor ou qualquer sentimento semelhante, mas algo dentro de mim afirmava com toda a certeza do mundo que, esse gato era o mesmo gato que comera os periquitinhos. Com esses pensamentos levantei-me e aproximei do gato na esperança de vê-lo melhor, pois desse só via a lateral esquerda da cabeça, porém ao mudar a direção do seu caminho pude enxergar a sua outra face, o lado direito da sua cabecinha que para minha enorme surpresa estava toda esmagada, havia uma grande fissura em sua caixa craniana, faltava massa cefálica, meus olhos não conseguiam acreditar no que viam e nem meu cérebro processar essa informação de forma coerente.

Em um impulso corri em direção à casa da fazenda, entrei em uma velocidade que até hoje me pergunto, como desenvolvi tal agilidade? – corri velozmente e adentrei meu quarto, enfiando-me debaixo dos cobertores, fiquei quase sem respirar, imóvel, nessa hora a respiração ofegante pode atrapalhar, esperei... Esperei... até meu ritmo cardíaco e respiratório voltarem a frequência normal

Apesar de tudo eu me sentia feliz, porque no rostinho do gatinho não vi nenhum sofrimento ele passeava como se nada outrora tivesse acontecido. Fiquei ali pensando nessas e noutras coisas que nos tiram de nossas rotinas diárias, e acabei adormecendo.

Acordei com uma conversa empolgada de minha mãe com sua ajudante Maria e percebi que combinavam horário de trabalho pois ia matar mais um porco. Eu detestava quando isso ocorria, porque me sentia totalmente impotente, não poderia mesmo fazer nada, e os adultos esperavam com ansiedade esse momento em poder deliciar a carne desses pobres animaizinhos.

Em uma ocasião fui até os porcos, e secretamente incitei-os a fugir, ir embora, provavelmente encontrariam comida nas estradas, mas não, eles preferiam ficar engordando na fazenda e davam suas vidas em troca de comida a duras facadas.

Quando um porco era abatido, eu sentia uma tristeza infinita na alma, porque eles tinham que morrer? E servir de comida para os humanos? Já tínhamos tantas opções de alimentação, por que não poupar a vida das pobres criaturas? – mas não, os engordavam fazendo-os até se sentirem especiais por sempre receber comida e atenção, mas eles mal sabiam que mais tarde aconteceria a traição e suas vidas seriam ceifadas.


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Notas finais do capítulo

Agradeço de todo o meu coração as fans maravilhosas que favoritaram minha historia, um grande beijo com sabor de tutti-frutti.
Skull, Mar e Lis Blomm.



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