O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 17
17




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Na escola descobri novamente o valor da verdadeira amizade em nossas vidas, passava a semana inteira feliz na companhia de meus colegas. Cristiane e eu éramos unidas, segredávamos tudo uma a outra, ela já sabia tudo de mim, ela não tinha muitas novidades sobre sua vida, morava com os pais em um bairro bem afastado do grande centro, não tinha amigos a não ser nós da escola, ela se achava muito quieta, mas sorria o tempo todo,era filha única.

Logo descobrimos que gostávamos do mesmo menino FERNANDO. E nem isso enfraqueceu nossa amizade, pelo contrário fortaleceu, pois tínhamos algo em comum, achávamos o mesmo garoto bonito, gentil, educado que não fazia brincadeiras bobas como a maioria dos garotos na escola. Dividia agora nosso tempo vigiando Fernando o garoto dos nossos sonhos, e por incrível que pareça não sentíamos ciúmes uma da outra pelo contrário nos uníamos mais em prol disso tudo.

Na hora do recreio Fernando nos infernizava a vida, no bom sentido, sempre tinha algo para nos dizer, chamávamos nos sempre para brincar, fazia gracinhas na fila antes de entrar para a sala de aula, tudo para chamar a nossa atenção. Logo Cristiane e eu descobrimos que a Cynthia também tinha uma quedinha por Fernando, mas nós não falamos nada de nós para ninguém, muito menos para o Fernando, mas procurávamos afastar ao máximo o Fernando da Cynthia e vice-versa.

Em datas comemorativas sempre ensaiávamos peças teatrais, a diversão era garantida. Com o tempo passei a valorizar o que tinha, mas não deixei de sentir saudades do que tinha deixado.

Minha tia Helena parecia mais calma, e eu fui permitindo a minha adaptação àquela nova realidade.

Após dez meses morando com tia Helena soube que meus avós haviam mudado para uma propriedade rural, meu avó trabalharia na roça efetivamente. Ao saber dessa noticia me corroí por dentro de vontade de estar com eles. Como seria a nova morada deles?

O ano findou eu fechei meu espírito para o natal, não queria ver de forma alguma filmes natalinos com lindas canções harmoniosas, jamais, isso lembra família, família é amor, e nada disso estou sentindo agora.

Dessa vez consegui olhar quase friamente para o natal, minha tia também não comemorava o natal com ceia e tudo, e eu tinha esperança disso, ainda por tudo, tinha esperança. As aulas de fim de ano acabaram, cada colega e amigo voltou se despediram como se nunca mais fossem se ver. Na realidade para alguns isso era verídico. Chegaram as férias eu soube que não poderia viajar para a casa de minha avó, pois meu tio faria uma viagem para fora do pais e minha tia não iria viajar só comigo e a filhinha dela Mirella que agora tinha mais de um ano de idade e andava para todo lado, e isso fez de mim uma babá constante.

Eu acompanhava Mirella onde quer que ela fosse, isso me consumia muito, quase sempre a pegava nos braços, atitude que me rendeu uma bela lordose.

Se eu já imaginava que meu fim de ano seria ruim foi pior ainda, porque eu ansiava profundamente estar com os meus. Sentia-me novamente impotente diante de tudo, e a tristeza minha velha conhecida veio novamente fazer morada em meu coração.

Eu já tinha dez anos e não havia feito e nem recebido nada da vida. Meus sonhos eram de um por um destruído. Parece que havia alguém me espionando só para saber qual o sonho do momento e pronto, ia lá e destruía o todo. Deixando em seu lugar uma grande tristeza. O ano se foi, outro ano veio, meu tio retornou da viagem estavam felizes, e eu nem sabia o motivo, eu me considerava como uma estranha apesar de tudo.

Certo dia meus tios Jorge e Helena aproximaram-se sorridentes de mim e disseram:

__Bianca, estávamos pensando e queremos que você se torne nossa filha, seja oficialmente nossa filha adotiva.

Quase cai dura no chão. Meu Deus! Como ousam? Só consegui dizer fracamente:

__O que quer dizer isso?

Minha tia respondeu:

__Só preciso saber se você concorda aí avisaremos a sua mãe. Só precisamos da sua permissão, tenho certeza que minha Irma vai gostar muito da ideia, ela não tem condições nenhuma de criar você ainda mais agora com a sua irmãzinha, fica muito difícil para ela. Você concorda?

Fiquei sem saída, mas respondi:

__Deixa eu pedir isso para minha mãe!?

Na verdade queria ganhar tempo. Claro que minha mãe aceitaria, ela que me obrigara a vir morar com eles. E como uma tentativa de dizer um não, arrisquei:

___Tia Helena, se minha mãe aceitar o que muda?

___No seu registro de nascimento eu serei sua mãe e Jorge seu pai, será oficialmente nossa.

___Tia não tem como fazer isso sem mudar o registro? E minha mãe? Seria como perder uma mãe ainda viva!

___Bianca querida você ainda não sabe nada da vida, qual futuro sua mãe pode dar-lhe? Quando você chegou aqui toda encolhidinha, tímida, chucra, achei que não daria certo aqui conosco. Mas hoje nós amamos você, você é simples, tranquila, boa, divertida, fica na sua, e Mirella o que seria dela sem você? Pense nisso sua vida poderá ser muito melhor conosco. Se voltar a morar com a minha mãe sua avó, não tenho nada contra, mas você não será ninguém, logo crescerá e casará com um pé de chinelo.

__O que é pé de chinelo?

__Gente pobre, pé rapado.

Depois daquela conversa eu estava totalmente perdida, dentro de mim tinha certeza que minha consentiria com tal absurdo, mas o que faria para reverter isso? Custe o que custar não descansarei mais nenhum dia enquanto eu não encontrar a solução.


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