O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 15
15


Notas iniciais do capítulo

Um lugar distante da cidade localizada perto do fim do mundo



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Nas férias de fim de ano aos poucos apareceram os parentes, alguns conhecidos outros nem imaginados. Conheci várias tias, irmãs de minha mãe, de todos os gostos e formas, eram muitas, uma delas chamou-me particularmente a atenção, pois era diferente, quanto ao modo de vestir, a vi pouquíssimas vezes, talvez não mais que duas,aparentava mais nova e mais cuidada do que minha mãe, depois especulando para a minha avó soube que era sua filha que fora criada praticamente distante da família, era bem casada, assim a classificavam e morava em uma cidade grande e distante da nossa cidade localizada perto do fim do mundo. ` minha avó falava dessa tia com muito entusiasmo e dizia-me que De todas as filhas essa era a que tinha melhores condições de vida, pois era casada com um homem muito importante. Nesse cenário as férias findaram e um pouquinho antes do inicio do ano, tive uma grande surpresa,uma enorme surpresa, sendo que em uma tarde muito calma, estava eu tranquila na casa de minha avó quando minha mãe apareceu acompanhada dessa tia e disse-me que juntas haviam decidido que eu a partir daquele momento moraria com essa tia em outra cidade, pois estavam pensando no meu futuro, eu mal tinha completado nove anos de idade, não sabia ao certo o que estava acontecendo e porque, não acompanhei como queria as mudanças rápidas e bruscas que ocorreram em minha vida. Foi tudo muito rápido e em um piscar de olhos encontrei-me despedindo de minha avózinha sem se quer ter tido tempo suficiente de protestar ou perguntar o que quer que fosse.

Sai da casa da minha avó tão rápido quanto entrei, não entendi direito o que seria esse negocio de futuro, pensar no futuro, cuidar do futuro, que futuro? O que é o futuro? Nunca vi esse futuro. Não sentia-me nada bem em ter que sair de uma casa que já me sentia muito feliz, minha avó era a dona maior do meu coração, uma mulher de garra, forte, doce, compreensiva, nesses anos morando com ela, foram anos que pareceram alguns dias ao seu lado, eu aprendi muito, tive liberdade quase total de expressão não fui tolhida em nada, ela era meiga e ainda contava-me histórias, lindas historias, de princesas que sofriam muito e eram salvas por simples plebeus, historias com elevado valor moral, onde sempre ensinava a ter compaixão do menos favorecido, dos mais sofridos e ensinava a amar, a amar tudo o que tínhamos e o que poderíamos ser.

Vó vai deixar eu ir?

Sua voz ainda ressonava em meu ouvido sim filha se sua mãe decidiu que você tem que ir, melhor que vá e obedeça.

Ninguém me perguntou se eu queria realmente mudar de casa quanto mais de cidade, morar com outras pessoas totalmente desconhecidas, pois assim aconteceu, e lá fui eu um bichinho do mato em direção à cidade grande, dentro do automóvel de luxo do casal que tinham uma filha de nove meses.

E lá ia eu, sem saber para onde, por que, e praticamente com quem ia. Mas ia, a cada paisagem deixada para trás um pedaço de mim parecia também ficar para trás, lembrei-me de tudo desde a fazenda, hospital, Karina, vovó, minha estranha mãe, a irmãzinha, que eu mal conhecia, tudo que consegui viver ate o momento passou em minha mente como um lampejo violento envolvendo fortes emoções com pesadas nuvens formando tempestades, segui no banco traseiro do carro, e eu mal respirava para esconder as grossas lagrimas que caiam insistemente.

Que falta sentiria de tudo e de todos.

O que me aguardaria?

Por que teria que ir?

Ir para onde mesmo?

Eles, o casal de tios me viram chorar, e mesmo assim se atreveram a levar-me, por que não davam a volta e me deixava no mesmo lugar que me encontraram?

Mas não, simplesmente seguiam.

Tinham eles coração?


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