Enquanto sua mãe arrumava a sala e outras partes da casa, Sam foi direto para seu quarto e começou a guardar suas roupas e materiais de escola.  Arrumou sua cama, como costumava sempre deixar e se permitiu colocar alguns ursinho que ganhara de seu pai em alguns de seus aniversários.

Assim que terminou, foi para a cozinha, afinal estava morrendo de fome, era uma coisa que nunca poderia mudar um de suas outras manias. Percebeu que sua mãe não estava por perto, então pegou uma lista telefônica e procurou por algum número de restaurante, estava com vontade de comer frango frito e como não queria cozinha, resolvera pedir.

Assim que achara o número, discou e pediu pelo frango. Guardou novamente a lista e foi para a sala, ligou a televisão e procurou por algum filme, mas não passava nenhum, então deixara em um canal qualquer. Escutou alguns passos que vinham da escada e julgou ser sua mãe, então nem se deu ao trabalho de se virar. Sua mãe se aproximou e sentou-se ao lado dela.

_Não se esqueça que amanhã tem aula.

_Ótimo, mas como vou saber, onde a escola é.

_Arrumei um carro, então vou te levar.

_Tudo bem.

_O que vai querer comer?

_Pedi frango frito.

_Ótimo, vai dividir comigo?

_Se sobrar sim.

E então não disseram mais nada, raramente elas tinham algum assunto de que realmente deveria tratar, Sam sempre tivera essa afinidade mais com o pai do que com a mãe, e depois que eles começaram a brigar isso diminuiu ainda mais, mas também nunca se preocupara com isso, afinal depois disso, só discutiam na maioria das vezes e admitia que seria difícil essa parte de morar sozinha com a mãe.

Em poucos minutos e a campainha tocou, Sam foi atender e era seu pedido, pagou o homem e pegou seu balde de frango frito e sentou-se no sofá novamente, e começou a devorá-lo, e então sua mãe foi pegando alguns também.

Depois que terminara de comer, permaneceu por mais algum tempo na sala assistindo televisão, até que o sono falou mais alto e decidiu ir para a cama.

[...]

Sam acordara no horário dessa vez, pois é, em sua antiga escola, demorava mais de uma hora para acordar, o que resultava em sempre chegar atrasada e deixar sua irmã nervosa, pois tinha que se encontrar com as minhas amigas. Era mais um de seus motivos de gostar de chegar atrasada.

Porém, dessa vez, levantou-se da cama e foi ao banheiro, estava com aquela sensação de que o dia seria ótimo. Fez sua higiene matinal, tomou um banho e colocou sua roupa que costumava ir para a escola, penteou os cabelos, deixando ondulado como sempre. Voltou para o quarto, e terminou de arrumar sua bolsa, logo a jogou nas costas e desceu para a cozinha.

Sua mãe já estava terminando de tomar seu café da manhã, Sam pela primeira não estava com fome, então apenas pegou uma maçã.  Assim que sua mãe percebeu a presença da garota, a encarou como se fosse um estranho, Sam percebeu esse olhar, e a olhou também.

_O que? Até parece que sou um estranho.

_Você está acordada no horário certo, certamente não é uma coisa de se surpreender.

_Cidade nova, escola nova, resolvi mudar um pouco.

_Ok, acho que posso me acostumar - voltou a comer - O café já está pronto.

_Eu sei, mas uma maçã está bom.

_Acho que deixei Sam em New York, quem é você?

_Ok, nada de brincadeiras.

_Apenas estou te estranhando.

_Que seja, vou ficar te esperando - estava caminhando para a sala, quando sua mãe se levantou da cadeira.

_Não precisa, já terminei, então podemos ir.

_Tudo bem.

Elas caminharam para a porta, e saíram, Sam notara um carro preto estacionado na frente da casa delas, mas resolveu não pergunta, julgara que esse seria o carro que a mãe dela falara que pegara por uns tempos.

Assim que viu sua mãe entrando no lado do motorista, teve certeza que era esse o carro mesmo, então apenas entrou também e foram em direção a escola.

Durante todo o caminho, Sam prestou o máximo de atenção, para que pudesse ir sempre caminhando, gostava de caminhar, sempre lhe fazia bem, mas agora, lembranças sempre vem a sua mente, pousou a mão sobre o pingente que havia ganhado daquele garoto e respirou fundo. Ela nunca tirara aquele colar e não era agora que iria tirar.

_É aqui a escola, pode ir - sua mãe disse percebendo que Sam não iria descer.

_Eu sei, já vou descer - deu um último suspirou e abriu a porta do carro - Tchau mãe.

_Tchau.

Ela saiu do carro e bateu a porta e caminhou para o portão principal da escola. Notara que várias pessoas estavam chegando naquele horário, havia vários grupinhos já reunidos entrando na escola, conversando ou até mesmo rindo. Casais de namorados, aproveitavam para se beijarem, já que na escola era proibido.

Sam tentara parar de observar muito as coisas, apenas queria fazer uma nova amizade e esquecer todo seu passado cheio de problemas e mais problemas.

Continuara caminhando e enfim entrara na escola, não era de se surpreender que havia pessoas andando para todos os lados, algumas sentadas em bancos conversando, outros pegando livros em armários, nerds estudando e outros conversando sobre algum clube que estavam participando. Líderes de torcida e jogadores de futebol contando aos amigos como fora a festa do dia anterior, enfim muitas coisas.

Sam passara na secretária para pegar seus horários e ver a combinação de seu armário. Assim que pegou o pequeno papel com todas as anotações, voltou para o corredor principal a fim de procurar seu armário.

Não fora tão difícil quanto esperava, em poucos minutos achara e colocara a combinação. Abriu sua bolsa e guardou alguns livros que não seriam utilizados naquele dia e apenas guardou alguns na bolsa, assim que fechou sua bolsa e a jogou nas costas, viu dois livros ainda guardados e que iria usar, com preguiça de abrir novamente a bolsa, apenas pegou os livros e os segurou, levaria na mão mesmo, fechou seu armário e olhou em seu papel novamente, agora teria que ir para sua sala.

Assim que viu algumas marcações, guardara o papel no bolso e estava seguindo seu caminho quando sentira alguém caindo em cima dela, fazendo com que seus livros caíssem no chão.

_Oh, me desculpe - escutou um garoto lhe dizendo e pegando o seu livro que ainda estava jogado.

Sam procurara pelo outro que também estava carregando e o viu perto do pé do garoto e logo estava indo pegar, quando ele pegou antes.

_Aqui está - ele estendeu a mão para lhe entregar os livros, assim que a ajudou se levantar.

Seu olhar foi direto no colar que ele usava, e tinha um pingente de estrela, sabia que aquilo não lhe era estranho.

_Tenho um presente para você, por a gente ter se conhecido a um mês.

Lembrou-se daquele dia, aquele garoto que conhecera no parque, aquele pingente era idêntico ao que dera ao garoto.

_Está tudo bem? - o garoto perguntando, notando que ela olhava para seu braço.

_Ahn... Tudo sim - pegou os livros, ainda com a cabeça baixa.

_É nova aqui não?

_Sim.

_Meu nome é Freddie.

_É um bom apelido - riu - Meu nome é Freddie, e o seu?

Balançara a cabeça, de forma a espantar essas lembranças.

_Meu nome é Samantha, mas por favor, me chame de Sam - ela finalmente levantou a cabeça e sorriu.

O garoto  olhou para o braço da garota e viu a pulseira, e ela imaginou que ele teria as mesmas lembranças que ela tivera a poucos segundos antes.

_Sam? - ele repetiu com um pequeno sorriso se formando - Você por um acaso era de New York?

_Sim, me mudei ontem garoto-que-gosta-de-histórias-longas - ela repetiu aquele mesmo apelido que lhe dera quando se conheceram.

_Por causa dos seus pais? -ela apenas assentiu.

_Você não me disse que estava se mudando para cá.

_Acho que devo ter esquecido, mas fico feliz por ter vindo para cá, e estamos na mesma escola, poderíamos marcar de ir ao parque?

_Seria ótimo.

Eles riram.

Sam viu uma garoto morena se aproximar dele, como uma expressão de quem estava esperando alguém  fazia horas.

_Freddinho, aqui está você - abriu um sorriso falso e lhe deu um selinho demorado na frente da loira.

_Ahn... Me desculpe Sam, essa é minha namorada Carly... Carly, essa é minha antiga amiga de New York, Sam.

_Olá Sam - ela abriu outro sorriso falso.

_Oi - Sam acenou.

O sinal tocou.

_Acho melhor irmos, amorzinho - Carly puxou Freddie para longe de Sam.

E Então a única coisa que lhe sobrara a fazer, era seguir as instruções do papel. Todos estavam indo para suas salas, e ela sabia que iria chegar atrasada na aula.