Amiga Morte escrita por Quézia Martins
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura amores!!!
...
Dois dias depois Babi chegou. Sua mãe e Clara fizeram uma recepção para recebê-la.
— Quanto tempo! - Clara a abraçou. Depois notou como Babi estava pálida e magra. Tentou disfarçar sorrindo.
— Sua barriga está grande. Que linda! Oi. - Babi falava com a barriga de Clara enquanto passava a mão na mesma. Após um tempo, levantou e foi abraçar seus pais. - Família reunida. Que milagre! - gozou. - Estou tão cansada da viagem. Agradeço a vocês pela recepção amorosa mas, acho que vou pro meu quarto repousar um pouco. - todos a olharam compreensivos. - Odeio quando me olham com dó.
— Ele ainda está no hospital. Vem assim que puder. - Sandra falou ignorando o que a filha tinha dito anteriormente.
— Ta bom. - sua mãe não havia citado nome, mas Babi sabia que ela se referiu a Octávio. Deu uma última olhada para os presentes ali e foi para seu quarto. Fechou a porta e se jogou na cama. Pretendia tirar um cochilo e logo pegou no sono.
***
— Ela já está aí? - Octávio disse entrando no apartamento.
— Ela está dormindo. Chegou muito cansada - Clara contou.
— Cadê a Dona Sandra? - ele quis saber enquanto colocava a maleta em cima do sofá.
— Saiu com Auguste. Eu fiquei aqui pra vigiar a Babi.
— Entendi. Sua barriga já está aparecendo. Que linda. - ele falou passando a mão na barriga dela. - Como o Ryan está reagindo com tudo isso?
— Ele está feliz. Sempre quis ser pai.
— E você? - Octávio perguntou agora olhando para Clara.
— Estou me conformando. - ela respondeu num murmúrio.
— Com a gravidez?
— Sim. Talvez eu não estivesse preparada, de fato. A ideia de ser mãe me assusta um pouco, sabe? Ter alguém que depende tanto de você.
— Tenho certeza que você será uma ótima mãe, Clara. - Octávio falou com convicção.
— Não quero... - ela deixou a fala morrer.
— Não quer ser mãe? - ele perguntou confuso. - Meio tarde pra isso, não acha?
— Não isso. Não quero admitir que essa criança não irá conhecer a Babi.
— Mas isso não é problema. Enquanto ela estiver viva na sua memória, será como se ela nunca tivesse ido. Só cabe a você mantê-la viva.
— Ela está morrendo, Octávio! Morrendo. - ela reafirmou para si. - Eu não posso simplesmente aceitar que minha amiga, irmã, companheira está morrendo. Não posso deixar que isso aconteça. Ela é parte de tudo pra mim.
— Precisamos nos focar nela. Eu sei que dói. Acha que aceitei que em breve não a terei mais? Porque eu não aceitei inteiramente. Acho muito injusto, mas fazer o que? Nós precisamos continuar por ela.
— Precisa ver como ela está. Magra, pálida... Parece que já morreu. Ela está definhando enquanto respira. Tem noção do quão horrível é isso? Ela parece que já morreu. São indícios claros de que logo tudo terá chegado ao fim.
— E a dor dela terá chegado ao fim. - Octávio falou mantendo o olhar e a feição inexpressiva.
— E a nossa? Temos o direito de sofrer. Não vou fingir que está tudo bem. Não sei fazer isso! - ela pegou a bolsa no canto da poltrona onde estava sentada quando Octávio chegou, lançou um olhar na direção dele e depois saiu.
— Você sabe que ela tem razão, né? - Octávio se virou e deu de cara com Babi encostada no batente da porta de braços cruzados. Apesar da tensão do momento, correu abraçá-la.
— Que bom te ver! Que saudade. - ela baixou a cabeça.
— Eu estou péssima.
— Não está não! Você está linda.
— Por favor, não... - ele colocou o indicador sobre o lábio dela.
— Você é linda. Eu amo você, Babi. - e ele a beijou.
— Senti sua falta. Vem aqui. - ela o convidou para o quarto. Fechou a porta.
— Como foi a viajem? - ele perguntou estático do lado da porta, com as mãos no bolso como se nunca tivesse estado ali antes.
— Foi muito boa. Conheci todos os pontos turísticos do Alasca e escalei uma montanha com um grupo de andarilhos que encontrei num dos meus passeios.
— Por que não me contou?
— Eu juro que ia dizer, mas aí a gente transou e eu não consegui dizer que pretendia ficar longe. Achei que seria injusto.
— E acha que não foi de todo jeito?
— Eu sei que foi. Me desculpa. Achei que uma carta fosse melhor do que eu simplesmente ir embora.
— Uma carta? Uma carta não mudaria o fato de você simplesmente ter ido embora... – ele afirmou dando forte ênfase – e eu achei antiquado, se quer saber. - ela desviou o olhar e ele caminhou até ela e se sentou na cama ao lado da mesma. - Deveria ter contado que era virgem. - ele falou pegando na mão dela. Bárbara arregalou os olhos surpresa e já se preparou mentalmente para um sermão na sua mãe.
— Mudaria alguma coisa?
— É claro que mudaria!
— O quê? - ela se sobressaltou. - Você teria pensado duas vezes antes de ir em frente? - ela falou ríspida.
— Não amor! Eu teria sido mais carinhoso. Teria tornado inesquecível.
Ela o olhou e mordeu o lábio inferior. Sentiu uma culpa tremenda ao se dar conta que, obviamente Octávio jamais se aproveitaria dela ou a negaria por uma coisa tão estúpida. Ele era diferente. Babi agachou para ficar da altura dele, que permanecera sentado.
— Foi tudo inesquecível. Foi a melhor primeira vez que alguém poderia ter. Teve amor, carinho, cumplicidade. Você foi maravilhoso. Eu amo você.
— E eu amo você. - ele se pôs em pé e a abraçou. Um abraço intenso.
— Me perdoa por ter ido embora - ela pediu.
— Claro que perdoo. - ele a abraçou mais uma vez e a girou. Foi quando percebeu gotas de sangue pela cama. Babi o olhou e percebeu que ele já tinha visto. Ele a olhou nervoso, assustado. O nariz dela sangrava sem parar.
— Octávio?! - ela tentava estancar o sangue com a mão.
— V-vou pegar alguma coisa pra você. - ele correu até o banheiro da casa de Babi e a única coisa que encontrou foi uma toalha.
Babi olhou em volta e quase surtou quando viu a poça de sangue sob seus pés. Ela estava agitada quando Octávio voltou com a toalha em mãos e a entregou.
— Não achei nada menor. - ele falou respondendo ao olhar inquisitivo dela. - Vem. - ele disse puxando-a pelo braço que não estava coberto de sangue.
— Nós vamos para onde? - ela quis saber relutando em sair do lugar.
— Para o hospital. Ou você acha que vou te deixar sangrar até morrer? - ele perguntou a olhando suplicante.
— Eu vou morrer de qualquer jeito. - ela falou engolindo em seco. Octávio a fuzilou outra vez e sem desviar os olhos, apertou mais o braço dela.
— Mas não vai morrer aqui, agora e muito menos assim. – percebeu ela fraquejando. As pernas um tanto bambas já. Ela não parava de sangrar e saía um fluxo forte demais. Ele sabia que se não a levasse para o hospital logo, em pouco tempo ela perderia a consciência e logo desmaiaria. – Você deveria ter mais consideração comigo. Com o que eu sinto por você. Eu te amo, Bárbara e me importo com você. Tenha certeza que um segundo a mais ao teu lado, muda meu dia. - ele ficou um pouco em silêncio e soltou a mão do braço dela. - Venha. – e ele saiu ancorando ela.
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