Antes De Morrer escrita por Alan


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Quase não ia postar hoje porque não estou bem :cE amanhã e domingo não postarei de novo pelo mesmo motivo anterior.



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A luz começa a voltar. A escuridão absoluta se dissipa nas extremidades. Minha boca está seca. A aspereza dos remédios de ontem à noite forra minha garganta.
– Oi – diz Blaine.
Ele está com ereção, desculpa-se por isso com um sorriso tímido, depois abre as cortinas e fica em pé diante da janela, olhando para fora. Atrás dele, as nuvens opacas e rosadas da manhã.
– Você vai passar anos e anos aqui sem mim – digo-lhe.
– Quer que eu faça café pra gente? – pergunta ele.
Como um mordomo, ele me traz coisas. Um pirulito de limão. Uma bolsa de água quente. Gomos de laranja cortados em cima de um prato. Outro cobertor. Põe pauzinhos de canela para ferver no forno lá de baixo, porque eu quero sentir o cheiro do Natal.
Como foi que isso aconteceu tão depressa? Como foi que se tornou mesmo verdade? por favor entre na cama e suba em cima de mim com seu calor e envolva-me com seus braços e faça isso parar
– Mamãe está montando uma treliça – diz ele. – Primeiro foi um jardim de ervas, depois rosas, e agora ela quer madressilva. De repente vou lá dar uma mãozinha quando seu pai vier sentar com você. Tudo bem?
– Claro.
– Não está com vontade de ir sentar lá fora hoje de novo?
– Não.
Não tenho ânimo para me mexer. O sol perfura meu cérebro e tudo dói.
Um louco psicopata manda todo mundo para um descampado e diz vou escolher um de vocês só um de vocês entre todos vocês para morrer e todo mundo começa a olhar em volta e pensar é muito pouco provável que seja eu porque somos milhares aqui então estatisticamente é totalmente improvável e o psicopata fica andando de um lado para o outro olhando para todo mundo e quando chega perto de mim ele hesita depois sorri e depois aponta direto para mim e diz é você e para mim isso é um choque mas ao mesmo tempo é claro que sou eu por que não eu sempre soube que seria.
Sam entra no quarto de supetão.
– Posso sair?
Papai suspira.
– Pra onde?
– Só sair.
– Você vai ter que ser um pouco mais preciso.
– Quando chegar lá eu te aviso.
– Isso não basta.
– Todos os outros podem sair pra qualquer lugar.
– Não estou interessado em todos os outros.
Que raiva maravilhosa quando Sam vai até a porta batendo o pé. Os pedacinhos de jardim em seus cabelos, a sujeira de suas unhas. Seu corpo capaz de abrir a porta com um safanão e batê-la com força atrás de si.
– Que saco, vocês são todos uns pentelhos! – ele grita, enquanto desce correndo as escadas.
Instruções para Sam
Não morra jovem. Não pegue meningite, nem Aids, nem qualquer outra coisa nunca. Seja saudável. Não lute em nenhuma guerra nem entre para nenhuma seita, nem vire religioso, nem dê o seu coração para alguém que não mereça. Não pense que você tem que ser bonzinho porque foi o único que sobrou. Seja mau o quanto quiser.
Estendo a mão para segurar a de papai. Seus dedos estão esfolados, como se houvessem sido esfregados em um ralador.
– Você se machucou?
Ele dá de ombros.
– Não sei. Nem reparei.
Mais instruções para papai: deixe Sam ser suficiente para você
Eu te amo. Eu te amo. Envio essa mensagem através dos meus dedos para dentro dos dele, pelo seu braço e até dentro do seu coração. Escute. Eu te amo. E sinto muito por deixá-lo.

Acordo horas depois. Como foi que isso aconteceu?

Sam está aqui de novo, sentado ao meu lado na cama cheia de travesseiros.

– Desculpa eu ter gritado.

– O papai falou pra você dizer isso?

Ele faz que sim com a cabeça. As cortinas estão abertas, mas inexplicavelmente a escuridão voltou.

– Você está com medo? - Sam faz a pergunta bem baixinho, como se fosse algo que ele estivesse pensando, mas não tivesse a intenção de dizer.

– Estou com medo de dormir.

– E não acordar?

– É.

Os olhos dele brilham.

– Mas você sabe que não vai ser hoje à noite, né? Quero dizer, você será capaz de saber, né?

– Não vai ser hoje à noite.

Ele descansa a cabeça no meu ombro.

– Odeio isso, odeio mesmo - diz.


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Notas finais do capítulo

até segunda



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