Paralelo T. escrita por Tom


Capítulo 8
Capítulo 8 - Injustiças


Notas iniciais do capítulo

E já não há forma de sorrir quando tudo se torna injustiça.



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“Amerie já não sabia mais o que pensar.

Seria possível que alguém tivesse sentimentos tão turbulentos e estranhos como os dela? Chegava a ser injusto. Injusto pelas coisas que ela havia passado e que ela havia sofrido. Injusto por ela ser apenas uma pessoa para suportar toda essa carga. Injusto porque nada, nada parecia dar certo.

Era injusto.

Mas era injusto porque talvez ela houvesse tomado a atitude errada quando quis se tornar uma assassina e se vingar.

- Droga! – Ela disse na voz mais alta que conseguiu, se jogando em sua cama. Depois de tanto correr e chorar, ela tinha conseguido chegar a sua casa sem ser seguida pelo prefeito. Estava aí outra injustiça que lhe apertava o coração. No fundo ela esperava que Antti a seguisse, pedisse uma explicação. Mas não. Ele apenas a olhou.

Nada mais.

Isso não era o pior, entretanto. Na sua mente as imagens de Lyana Labrouth não paravam de se seguir. Uma pior que a outra. Uma com ela ainda viva, outra com o sangue lhe escorrendo o pescoço. Uma com os seus olhos cor de mel fitando os de Ame e a outra no momento em que a assassina havia lhe cortado a garganta.

Era injusto ela estar sofrendo tanto assim por uma morte qualquer, mas o seu psicológico já não aguentava muito mais que aquilo.

- ‘My mind can’t take much more... ’ – Sussurrou ela no ritmo de uma música que ela conhecia. Apesar de estar tão abalada, Amerie se levantou. Um suspiro profundo lhe escapou pelos lábios fazendo com que o seu choro ficasse controlável. A mulher sabia que não poderia ficar daquele jeito. Não adiantaria nada se lamentar. Ela havia aprendido isso há tempos atrás e já estava na hora de colocar em prática.

Se fosse tão fácil assim, a Piktrius estaria feita.

Ela sabia, entretanto, que a qualquer momento poderia receber uma visita de Matthew – o que era pouco provável já que da última vez havia uma motivo maior para isso – ou simplesmente uma carta com o nome da próxima vítima. Ame precisava se preparar, só que uma coisa a intrigava.

Parecia que todas as suas mortes, desde que começara a trabalhar para O Chefe, envolvia algum membro da família Charlisle. Todas. Estava na hora de começar a tirar isso a limpo e entender o que o mandante dos assassinatos queria com aquilo. Pelo menos, tentar entender o seu ponto de vista. Não que Ame estivesse contra ele, mas era estranho haver mais pessoas que odiassem a família do prefeito.

‘Hora de agir de forma racional’. Pensou Amerie enquanto ela retirava aquela roupa pesada e se vestia apenas com uma blusa regata vinho, um short branco e ficava descalça.

[...]

Enquanto a mulher remexia em uma caixa de papelão, seus pensamentos se desviaram para Antti. Rever aqueles olhos castanhos cor de mel era a mesma coisa que se lembrar de todo o passado dos dois. Era como se fosse uma apunhalada na memória que reativava todas as coisas que você tinha lutado para esquecer.

Mas isso havia sido bom para Ame. Ela queria descobrir porque aquela garota, Lyana, estava lá e o que ela tinha a ver com o prefeito. Na verdade, a morena havia se lembrado de um fato que há muito tempo não passava pela sua cabeça. Era o assassinato de que seu pai havia sido acusado de cometer.  

‘Há alguns anos atrás a segunda mansão dos Charlisle pegava fogo. Estavam lá apenas a filha mais nova de Leroy, Margaret, e a empregada da família. Elas visitavam frequentemente aquele lugar já que a menina adorava os corredores imensos e a arquitetura antiga. Ela tinha na época 10 anos de idade. Cinco anos mais nova de que seu irmão, Antti.

Em uma das tardes em que as duas mulheres, Margaret e a empregada, iam visitar tal lugar, um incêndio se iniciava. Johann Piktrius, que passava pela rua, viu a fumaça se irromper pela janela e entrou na casa, para ver se havia alguém. Nessa época ele estava prestes a disputar as eleições contra o atual prefeito – Leroy – que queria se reeleger.

Sem encontrar ninguém, Johann saia da casa bem na hora que os bombeiros chegavam. Todos olharam para ele com as sobrancelhas franzidas e Leroy, que era esperto, mandou prender o rival afirmando que ele havia colocado fogo na casa. Pelos jornais se souberam de todas as notícias. A garota e a mulher haviam morrido e o ex-candidato a prefeito era o acusado.

Um ano depois, acima do local onde se localizava a mansão, o prefeito construía um orfanato. Disse a todos que era para aquilo representar a memória da filha que havia morrido de forma brutal. ’

Amerie, entretanto, sabia que era mais que isso.

Enquanto pegava várias edições antigas de jornais pode ver as várias manchetes que anunciavam os assassinatos que ela havia cometido. Haviam sido dez, contando com o de Lyana hoje.

- Se é que a devo chamar de Lyana. – Resmungou a morena enquanto se lembrava das feições saudáveis de Margaret. Voltando a atenção para os títulos, se surpreendeu por todos serem realmente Charlisles. Na verdade, a maioria nem era tão próxima a Antti assim. Poderia se verificar isso em uma árvore genealogia que colocaram em uma edição do jornal alguns meses antes, quando Rodolf fazia cinco anos. Aquela família era tão metida que fazia questão de anunciar a todos a sua linhagem.

E agora um fato estranho.

Só restavam dois Charlisles. Agnes e Antti.

Amerie franziu as sobrancelhas por um momento, começando a formular as suas ideias. Restavam-se apenas dois, com certeza a próxima vítima seria...

E alguém bateu na porta da casa da mulher. Ela se levantou sem evitar um sorriso. Apenas uma pessoa sabia que ela morava ali. Nem precisou olhar em seu mini-binóculo preso à porta para saber que era Matthew parado do lado de fora. Abriu-a sem hesitar, vendo o homem parado bem a sua frente.

- Oi. – Ele cumprimentou com um sorriso. Sem ser realmente convidado, passou pela lateral de Amerie e entrou na casa. A morena deu de ombros, andando atrás dele. Quando chegou a sala, viu que o homem havia se sentado no sofá menor primeiro. Ele exibia um sorriso nada inocente e Amerie, também não.

- Então, o que devo à sua honra? – Perguntou ela enquanto se sentava ao seu lado, no sofá.

- O Chefe lhe mandou uma congratulação pela morte de Margaret Charlisle. – Respondeu com a voz baixa. Pelo menos as dúvidas de Ame estavam esclarecidas. Aquela mulher era Margaret. Sentiu-se mal por ela, mas se sentiu mais mal ainda pelo pai. Não havia sido ele a por fogo naquela mansão e a menina nem havia morrido!

- Ah, claro. – Falou a mulher com a voz mais baixa ainda. Ela tinha começado a se sentir mal novamente. Começado a se lembrar do prefeito e do passado. O passado era o pior. Não tinha como ela esquecer aquilo. As lágrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto, mas não antes de Matthew erguê-lo com o dedo indicador em seu queixo.

- Não fique assim. Não sei pelo o que você está passando, mas não fique assim. – A acalentou com a voz doce. Era incrível como um homem daquele porte poderia se contorcer em uma coisa tão... Fofa. Ame limpou as lágrimas, virando o rosto para o lado para evitar o seu olhar. Ela suspirou profundamente.

- É incrível, na verdade. Incrível uma mulher de quase quarenta anos se derramando em lágrimas. Daqui a alguns dias mal consigo fazer nada. – Reclamou Ame mais para si mesmo do que para a pessoa que estava em sua frente. Ela se atreveu a olhar para Matthew e ele já tinha mudado a forma de olhá-la novamente. Pode-se dizer que dessa vez era desejo.

- Você é incrível. E não se taxe de velha. Garotas de dezenove anos perderiam para o corpo e para a beleza que você tem. – Ele disse aumentando o tom de voz. Levou a sua mão direita até a bochecha de Amerie, limpando uma única lágrima que teimava a ficar ali. Ame, entretanto, não se importava com isso. Fixou os seus olhos naquele homem que estava na sua frente, naquele homem que apenas por estar ali já a fazia se esquecer de boa parte das coisas que a atentavam. Ele parecia entender isso, porque no segundo seguinte já havia a tomado em seus braços.

O beijo era diferente dos de outros homens que Ame já havia experimentado. Ali tinha calor, tinha desejo e tinha paz. Seus lábios se moviam em coordenação, vorazes e macios. As mãos do homem começaram a passar de leve pelas costas da mulher enquanto ela  se agarrava com força à nuca de Matthew.

O mensageiro se colocou por cima, deitando Ame sobre o sofá ainda continuando o beijo. Suas mãos passaram para as coxas da mulher, levantando-as até a altura de sua cintura e enroscando as duas ali. Amerie apertou-o com as duas pernas, infiltrando as mãos por dentro de sua camisa e arranhando as costas desde onde conseguia alcançar até parar novamente na nuca. O corpo no rapaz se arrepiava assim como o de Ame.

Matthew recuou um pouco o rosto, ainda de olhos fechados, para começar a beijar lentamente o pescoço de Amerie. Os simples beijos começaram a ficar mais intensos, passando a se tornar hora mordidas, hora chupões. O corpo em êxtase da mulher respondia com uma série de arrepios enquanto seus suspiros se tornavam pesados. Ela levou a mão esquerda para o cabelo do homem, pressionando-o mais contra o seu próprio corpo. A assassina deslizava a sua perna direita pela perna direita de Matthew, voltando em seguida para a sua cintura e puxando o quadril do rapaz para ficar mais próximo.

Agora Matthew se concentrava em manter apenas os chupões. Seu corpo se movia sobre Amerie conforme a sua boca se movia pelo pescoço dela, vagando mais para perto de sua orelha e voltando mais para perto de seu busto. Ele afastou novamente, olhando-a intensamente. Amerie apenas ergueu o seu rosto para beijá-lo novamente, quase em desespero pela ausência dos lábios do homem nos seus.

As mãos do rapaz passaram para dentro da blusa de Ame, massageando-lhe a barriga até parar sobre os seus seios sem o sutiã. Estavam rígidos por debaixo da mão de Matthew, fazendo com que o prazer em apertá-los fosse mais intenso. Um gemido baixo escapou pelos lábios da mulher no meio do beijo, fazendo-a cravar suas unhas nas costas dele.

O homem fez um movimento rápido, tirando as mãos debaixo da regata vinho e levando-as até as costas de Amerie, levantando-a. Depois de passar as mãos para o quadril da mulher, ele se levantou. Ame apertou as pernas ainda mais em torno dele, não pelo medo de cair, mas pelo medo de não tê-lo perto o suficiente. Matthew andou em direção a uma parede, ainda beijando a mulher enquanto a prensava contra o sólido. Apertou com força o quadril de Amerie, pressionando-a ainda mais contra a parede.

A mulher já estava começando a enlouquecer e Matthew não ficava atrás. Durante alguns poucos segundos em que seus rostos se afastaram Amerie conseguiu sussurrar a palavra “quarto” e era para lá que o homem a levava. Deitou sobre ela novamente, só que era a vez da assassina tomar um pouco do controle.

Jogou o seu peso para o lado direito, virando o seu corpo e o corpo de Matthew para a mesma direção. Com o beijo ainda intenso, agora era Ame que estava por cima do homem. Levantou-se sobre ele, pousando o seu quadril logo acima da virilha do rapaz. Ela olhou-o de uma forma sensual que era impossível de se fazer em uma situação normal, e então começou a tirar a sua blusa. Poucos segundos depois, só se via o tronco nu de Amerie.

Matthew tentou se erguer, mas a mulher o manteve a distância, tirando, na verdade, a sua jaqueta e logo depois a sua camiseta. Ele permaneceu imóvel, apenas fitando-a de corpo inteiro com os olhos desejosos. Ela se inclinou sobre ele, beijando-lhe de forma lenta o canto da boca, o pescoço, o tórax e o abdômen desnudos. Passou a língua circularmente em seu umbigo, descendo com os beijos até chegar próxima ao início de sua calça. Com a mão livre, Amerie começou a desafivelar o cinto que a proibia de explorar o resto do corpo do corpo do homem.

Ela já não se lembrava mais de seus problemas.

[...]

Quando Amerie acordou em sua cama já sabia que algo estava errado.

Assim que estendeu a mão para o lado direito, viu que o local estava vazio. Ela soltou um suspiro baixo, se atrevendo a abrir os olhos.

Matthew não estava ali. Nem ele e nem suas roupas.

Ela soltou outro suspiro, apertando seus olhos. Metade de seus pensamentos estavam direcionados à noite que tiveram juntos. Nem os mínimos detalhes poderiam escapar dos pensamentos de Ame, mas a outra metade tentava entender o motivo de ele ter ido embora.

'Vai ver ele tinha trabalho de manhã', pensou Amerie. Ela queria acreditar naquilo, mas quem estava tentando enganar? Levantou-se lentamente, totalmente nua, de sua cama. Poderia ver o estrago que eles haviam feito em alguns pontos da casa. A sala, o banheiro... Até a cozinha. Ela ergueu as sobrancelhas e abriu um sorriso. Fora a melhor noite de sua vida e ela estava se sentindo feliz. Bom... Mas tudo que é feliz tende a acabar rápido na vida de Amerie.

Em cima do criado mudo ao lado de sua cama havia dois pedaços de papéis que com certeza não eram da morena. Um deles era minúsculo e continha apenas uma palavra. O outro era uma carta contendo com certeza o nome da próxima vítima da assassina. Sua visão, entretanto, não se afastava do pequeno pedaço de papel. Tomou-o nas mãos, observando a letra elegante e trêmula que preenchia o pouco espaço proporcionado.

'Desculpe-me.' Era o que estava escrito. O coração de Amerie se apertou totalmente e ela não queria descobrir por que. Mas sabendo ou não o que era aquele sentimento, ela não conseguiu evitar algumas lágrimas que desciam pelo seu rosto. Amassou o papel e jogou-o o mais longe que conseguiu, dirigindo, em seguida, o olhar embaçado pelas lágrimas à carta.

Suas mãos tremiam enquanto ela abria o envelope. Agora que Matthew não estava mais ali, todas as coisas ruins começaram a voltar na mente de Ame. Na verdade, todas as coisas pareceram piorar quando ela viu o nome que estava redigido no papel.

'Antti Charlisle'.

Era por isso que Amerie sofria tantas injustiças.

Injustiça por ter sido deixada pelo único homem que poderia fazê-la feliz depois de tudo que já havia passado e se tornado, e injustiça por agora ela não estar nenhum pouco preparada para matar o único homem que ela já tinha amado.”

Torie soltou um profundo suspiro enquanto tentava se manter com os olhos abertos. Eram quase duas horas da manhã e ela já estava escrevendo fazia um bom tempo, escondida. Soltou um bocejo e salvou o seu texto, desligando o computador em seguida. Ilee já tinha ido dormir a quase uma hora, então nada poderia impedir a garota de se entregar aos seus sonhos.


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Notas finais do capítulo

Capítulo um tiquico mais picante e.e

Espero que tenham aproveitado a leitura. e.e