Ele estava lindo, como um anjo. Seus cabelos loiros caiam em seu rosto, de forma que eu não resisti afundar minha mão naquela cabeleira loira. O que eu sempre valorizei em qualquer pessoa era o olhar. A janela da alma, a porta do conhecimento, o espelho dos sentimentos. E Steve tinha o olhar mais bonito que já conheci, talvez eu nunca conheceria um par de olhos tão azuis, honestos e brilhantes como o dele.

–Você está bêbada? - Perguntou ainda me mantendo em seu colo. A musica foi abaixada e eu ainda sentia todos os olhares em nós. Só foi estranho não me importar com isso. Tudo que eu queria era ficar ali no colo dele pra sempre, olhando no seus olhos, sentindo o calor de seus braços me envolvendo...

–Liliam, você está bêbada? - Voltou a repetir a pergunta com mais urgência. Rolei os olhos, ele estava estragando o momento perfeito!Por que ele não conseguia deixar tudo pra lá e aproveitar o momento, pra variar?

–Como um gambá! - Depois que respondi, comecei a gargalhar alto e ele me olhou confuso. - Como um gambá? Por que eu disse isso? Nem sabia que gambá bebia!

–Leve ela daqui, já está tão bêbada que nem consegue pensar no que diz. - Escutei a voz da pessoa que mais odiava no mundo, e aquilo me irritou profundamente.Madison; a vizinha vadia, que paquera heróis burros demais para fugir dela, a copia mais feia e mais oxigenada de Emma Roberts, e a pessoa mais repulsiva que já conheci.

–Você não poderia fazer um favor a humanidade de calar essa sua boca, e morrer? - Consegui sair do colo de Steve com dificuldade e a encarei.

–Prefiro esperar e ver você causar sua própria destruição.

–Só não se esquece de uma coisa, querida. Eu sou Liliam Stark, não posso ser destruída.

–Mais pode ser quebrada. Porque se você esta aqui é porque a Liliam que Steve conheceu se foi.

–Não existe a boa Liliam Stark! Existe essa - apontei pra mim mesma. - Que não tem medo de encarar uma vagabunda como você.

–Você pensa que é melhor do que eu? Vive quebrando os corações de pessoas que tentam amar você porque sabe que se a conhecessem de verdade, iriam odia-la. Talvez, até você se odeie.

Era difícil admitir que aquilo havia me magoado. Olhei para Steve procurando alguma reação de sua parte, mais o mesmo se mostrava tão surpreso quanto eu. Só que eu não era superior como ele, nem tão nobre a ponto de ignorar aquele comentário e sair do bar. Aquela vadiazinha iria conhecer o meu pior lado. Eles ganhariam a melhor performance da quebradora de corações. Madison a vista parecia bonita, seus olhos caramelos mostrava que por trás daquela imagem de garota durona ela só era mais uma garota do interior. E claro que eu tinha investigado sobre a vida dela, eu não sou uma incompetente quando o assunto e xeretar a vida dos outros, principalmente quando elas se envolvem com pessoas que eu gosto. Peguei um copo de bebida de um cara qualquer e sorri como agradecimento.Devolvi o copo vazio, e sorri ao perceber que ainda sabia como quebrar um coração da melhor forma, exclusivamente de garotas como a Madison, sedenta de amor.

–Eu me odeio? – Comecei a encurrala-la enquanto andava em volta dela, as pessoas que sempre frequentavam o bar sabia qual momento era aquele, acho que até ouviam o coração se despedaçando quando terminava de falar. – Por que eu me odiaria se não sou uma garota como você? Filha mais velha de pais fazendeiros que procriaram mais seis irmãozinhos pra pequena Madison ir cuidar. A líder de torcida que acabava na cama dos jogadores de hóquei da escola e nem sabia como ia parar lá. A garota que usava shorts curto e blusas decotadas para ganhar gorjeta de velhos babões excitados por verem uma loirinha gostosinha. E quando conseguiu dinheiro o suficiente para sair da sua cidade e deixar todo o passado pra trás, escolheu o pior apartamento de New York porque era o único que poderia pagar. Se não fosse por Steve te dar atenção você seria mais uma idiota com sonhos fúteis e bonitinha que acha que teria o mundo aos seus pés. – O melhor jeito de acabar com uma pessoa e fazê-la se sentir um lixo em publico, e era dessa maneira que Madison estava se sentindo. – Eu tenho motivos para me odiar, até me permito fazer isso de vez em quando. Mais meu ódio não chega nem aos pés do seu por si mesma.

Todo o bar comemorou quando viu Madison chorando. O sorriso vitorioso brotou em meus lábios e eu gostava de ver o quanto a garotinha sofria. Até que meu sorriso foi arrancado por um tapa surpresa que Madison tinha me dado.

A multidão se calou, as respirações se esvaíram, e parecia que todos sabiam o que viria a seguir. Levantei minha cabeça como se nada tivesse acontecido, olhei no fundo de seus olhos e disse;

–Você estará morta antes mesmo que consiga piscar.

Nem me preocupava com as consequências, eu já tinha matado por muito menos e não seria diferente. Só que um grito fez com que parasse meu coração e eu ficasse estática.

– Liliam! – Virei em sua direção assustada, e percebi que Steve me olhava desapontado. – Vamos para casa.

Talvez fosse o choque do momento, ou o fato que ele nunca tinha gritado comigo, mais sai do bar sem dizer nenhuma palavra. E assim permaneci até chegarmos em casa, ele também não fez questão de puxar assunto enquanto dirigia meu carro.O silencio foi o único modo de não mostrarmos a irritação que sentíamos um pelo outro, só que a minha era um pouco mais difícil de controlar. Ele não era meu pai, nem irmão, muito menos chefe, ele não era nada! Se devesse significar alguma coisa era só uma missão encerrada.

Atravessei a porta irritada e esperei ele começar seu sermão de como eu estava errada, e que não deveria ter feito aquilo... Na verdade eu estava esperando uma briga.

– Lily – Falou mais calmo. Só eu não conseguia evitar pensar, não conseguia evitar sentie, não conseguia parar de chorar.

– O que foi? Não vai gritar comigo? Não vai agir como se fosse meu pai? Ou colocar de castigo porque fui eu mesma?

–Eu sei que aquela não era você. – Ele mantinha o tom baixo demonstrando que não queria brigar. Mais eu queria, e seria com ele.

–Era eu sim, na minha pior versão. Na versão que eu dou para as pessoas odiarem, alguém para culpar por seu fracasso e decepções. Como Madison disse “se conhecessem de verdade, acabaria odiando”

–Ela não sabia o que estava dizendo. Ela não conhece você tão bem quanto eu.

–Então porque não disse quando estávamos lá? Por que levou ela pra lá afinal de contas?

–Porque eu nem saia onde procurá-la.

–Mais você estava lá, Steve. Você viu o que ela falou pra mim e ainda ficou quieto! Já ouviu o ditado “quem cala, consente”? Depois de escutar tudo o que ela me disse você ficou calado então quer dizer que concorda com ela!

–Eu não concordo com ela, apenas não soube o que fazer.

–E claro, porque depois que aconteceu hoje você não iria querer contrariá-la. – Disse me referindo do beijo que tinha visto antes de sair.

–Do que esta falando? – Perguntou me olhando confuso.

–Eu sei que não é da minha conta mais eu fui ver como estava indo a “ajuda” que estava dando pra ela, então quando eu cheguei eu vi vocês dois aos beijos no corredor.

–Ela me beijou! – Ele aumentou o tom.

–E eu acredito que não tenha gostado nenhum pouco. – Falei irônica.

–Liliam, acredite, eu nunca a beijaria.

–E eu não posso mais fazer isso, Steve. – Disse me aproximando dele. Aquele era o momento em que eu deveria confessar tudo que sentia, e poder respirar sem aquele sentimento me esmagando a cada vez que eu chegava perto dele. Mais enquanto olhava em seus olhos eu me toquei que não era certo.

–Liliam, eu sei que pensa que eu a julgo pelo que faz mais eu não sou perfeito.

–Não você não é. – Me aproximei perto dele e coloquei minhas mãos em seu rosto, fazendo que ele olhasse bem no fundo dos meus olhos. –Você é a melhor pessoa que já conheci, mais não é perfeito. E eu tive seis meses para me apaixonar por essas coisas, e eu me apaixonei. Você tem uma lista bem grande de defeitos, como; deixar a toalha molhada em cima da cama mesmo depois que eu falo que não é pra fazer isso, tem um gosto péssimo pra comida, vive procurando o melhor das pessoas quando não há. – As lagrimas começavam a descer descontroladamente a medida que eu estava chegando perto do adeus. – Não consegue fugir do passando quando tudo que mais quer e supera-lo. Não consegue dizer o que realmente sente por mim quando tivemos seis meses inteiros pra isso.

–Liliam... – Coloquei um dedo em seus lábios o impedindo de continuar.

–E eu não quero que faça isso, não agora. Eu te amo, Steve. Por isso não posso ser egoísta com você. Eu sou uma pessoa cheia de erros e já estou afogada neles a muito tempo, por isso não posso apagar partes do meu passado como meus ex’s-namorados, o fato de gostar de quebrar corações... Isso tudo me fizeram quem eu sou hoje. E você não pode fingir gostar dessas coisas, porque eu mesma me odeio por isso, e não posso continuar nada desse jeito. Devemos admitir que estou enrolando pra ir embora e você está pronto pra me deixar partir. Não quero ficar aqui e tentar consertar as coisas que eu preciso resolver sozinha. Quando eu quiser parar de ser aquela pessoa que você viu hoje deve ser apenas porque eu quero, não por você. E a mesma coisa serve pra você; não pode ficar dependendo de mim para começar a viver de novo, eu sei que o mundo se tornou um pouco pior do que você conheceu mais ainda a muita coisa pra conhecer e eu sei que quando você fizer isso, verá que não precisa mais de mim.

–Isso é uma despedida? – Ele estava com lagrimas nós olhos e se eu as visse saberia que não conseguiria deixa-lo.

–Você não pode se livrar de mim tão fácil, então considere isso um até logo.

Não conseguiria ficar mais um minuto naquela sala, então resolvi voltar para meu quarto. Antes que eu fosse, Steve segurou minhas mãos e entrelaçou com a dele.

–Eu sinto muito que você tenha que partir.

–Acredite, eu também sinto.

Depois de renegar a pessoa mais certa pra mim, decidi que seria inútil ficar mais um minuto no apartamento. Logo pela manhã, liguei para Romannoff me ajudar a levar minhas coisas para o aeroporto, o que por coincidência também estava indo pra lá. Steve Rogers acordou antes que eu começasse a arrumar as minhas coisas e ficou na academia a manha inteira, não pude julga-lo, também não queria abraços e sorrisos de adeus, a conversa de ontem já tinha sido o suficiente.

–Então é isso, você esta desistindo do seu Capitão? – Perguntou Natasha colocando a ultima mala no porta-malas.

–Não estou desistindo. E se quer saber tenho o pressentimento de que esse não era o fim.

–Você e suas paranoias. – Ela entrou no carro e girou a chave dando partida no carro. – Acho que você tem um observador. – Apontou para trás.

Então eu o vi pela ultima vez. Ele estava com umas das camisetas mais feias que eu já vi, e a cara mais triste também. E tudo fazia sentido agora, eu não precisava deixa-lo para parar de ser uma quebradora de corações, porque assim que o conheci eu já tinha desistido dessa vida. E foi por me apaixonar por ele que não poderia coloca-lo em perigo. As palavras de Lilith não saiu nenhum minuto pela minha cabeça, e agora com a certeza sobre Thor, eu sabia que não tinha mentindo. Se fosse necessário abrir mão da minha felicidade ao seu lado para protegê-lo, eu faria sem hesitar. Porque quando uma quebradora de corações se apaixona por um Capitão America, acaba aprendendo que se sacrificar faz parte da vida, e eu estava me sacrificando para ELE ter uma vida, com ou sem mim.

–Então, pra onde ira fugir? – Perguntou a ruiva colocando seu óculo escuro e começando a dirigir.

–Alemanha, querida Viúva Negra.