Acordei assim que o avião pouso na fria e distante NY. Distante do meu irmão e fria demais para meu corpo cobrindo por um mini-shorts e regata. Tentei ligar para Steve no aeroporto, só que ele não havia me dado sinal de vida faz um dia e meio. Confesso que estou preocupada.

Caminhava entre as agitadas avenidas, seguindo até o apartamento de Steve quando senti meu estômago roncar. Lembrei de um bar ali perto aonde eu ia antigamente, e mudei meu rumo até lá.

–Não sabia que ainda tinha tempo para visitar um bar. – Falou uma pessoa que eu realmente não queria ver. Johnny Storm e eu fomos uma fase bem complexa de minha vida. Não estava disposta de reviver nossos momentos juntos, porém, parecia-me nostálgico o modo com que ele se sentou do meu lado e pediu uma bebida ao dono do bar chamado; Joe. Éramos assim quando todo o mundo me conhecia apenas como “Filha de Howard Stark.” Graças a ele isso mudou, mas não devia o agradecer.

–Quando não estou quebrando corações eu até que consigo arrumar um tempo. – Respondi o rapaz loiro, de jaqueta preta, óculos escuros e um sorriso abusado na cara.

–Eu ainda adoro seu senso de humor. Então, como vai? Quebradora numero 1 da América.

–Vou muito bem. – Deu um sorriso forçado ao Johnny tentando transparecer a confiança que sentia quando as coisas estavam bem. - E você? Faz um bom tempo que não nós vemos John.

–Arg! Odeio quando me chama de John.

–Tudo bem, John. Eu paro. – Olhei para o rapaz sorrindo e ele retribuiu. Minhas batatas fritas e meu refrigerante chegou rápido e não demorei em atacar as batatas.

–Deus, eu estava sentindo falta disso!- Parecia que as batatas tinham um gosto diferente depois de quase seis meses não as comendo.

–Parece que você foi para a prisão e saiu de lá hoje.

–Por ai... Não estava presa, porém não comia nada além de legumes e verduras com macarrão.

–Uau, o que aconteceu com aquela Lily que vivia me pedindo para irmos a lojas de doce?

–Ela mudou.

–Por quem? – Johnny começou a fazer cachinhos no meu cabelo. Lembrou-me da época em que eu ficava com o quarteto fantástico. Meu cabelo ainda estava cacheado e Johnny vivia fazendo aquilo.

–Acho que é melhor perguntar o porquê.

–Então... Por quê?

–Porque eu me apaixonei perdidamente. Eu entreguei meu coração a outra pessoa, mesmo sabendo o final dessa historia.- Meu tom de voz saia triste e cansada. O que parece que fez Johnny ficar furioso, o rapaz começou a ficar vermelho até gritar;

–Foi pra isso que eu te ensinei como quebrar corações! Para que você nunca mais tivesse que ficar com esse olhar de dor, para que nunca mais eu tivesse que me importar com você quando outra cara se aproxima!

–Mais nunca seria o suficiente pra mim! – Gritei com ele também sem pensar nas palavras.- Você pode ficar vivendo desse jeito, mais eu não! Chega a ser deprimente depois de quase três anos eu ainda tentar destruir a vida de alguém tentando suprir um vazio que só se consertará quando aprender a seguir em frente.

Ele ficou magoado com o que eu falei. Parecia um deja vu na minha cabeça, parecia que nossa ultima briga estava se passando em minha frente. Levantei-me do banco e fui até ele, por mais que eu e Johnny nós entendêssemos de maneiras bem diferentes, não queria magoa-lo de jeito nenhum. Ele foi, junto com o quarteto, aqueles que me ajudaram quando nada me restava.

–Olha, eu sei que você se diverte levando essa vida. Mais não dá mais pra mim... ta tudo diferente agora, e de alguma forma meus pensamentos não são os mesmo de quando eu te conheci. Por mais que se apaixonar me machuque e essa a escolha que eu fiz e não me arrependo disso.

Johnny assentiu concordando comigo. Odiava vê-lo dessa forma, machucava e me feria porque eu o considerava muito importante. Nossas aventuras juntos quando precisava de alguém ainda e bem viva em mim, porém ele não concordava com meu ponto de vista do amor.

–Ele deve ser bem especial para você desistir de tudo que conquistou todos esses anos. – Johnny falou dando um longo suspiro e roubando umas batatas do meu prato.

–Ele é. Mas se o conhecesse iria odiá-lo. – Johnny e Steve não se dariam bem pelo simples fato de que um e tudo que o outro detesta.

–Eu já o odeio sem conhecê-lo. Só espero que saiba o que está fazendo porque eu não quero arrumar encrenca porque alguém quebrou seu coração de novo.

–Aposto que Mark tem medo de você até hoje. Se eu visse um cara pegando chamas e me ameaçando daquele jeito teria trauma para vida toda.

–Eu não o ameacei... Apenas avisei dos riscos que ele teria se te procurasse de novo.

Dei risada quando ele disse aquilo. Terminei minha refeição e paguei a garçonete.

–Todos estão bem? – Perguntei a Johnny me referindo ao quarteto.

–Sim, estamos tranquilos. O pedreira vai se casar com a Alicia e assim terei a mansão todinha pra mim.

–Sempre egoísta, diga a eles que tenho saudades. Tentarei visita-los.-Peguei minha bolsa e me levantei da cadeira já indo em direção a saída.

–Sinto sua falta. – Disse Johnny atrás de mim, me seguindo.

Estávamos já do lado de fora do bar e automaticamente o abracei e sussurrei em seu ouvido;

–Sinto sua falta também, Johnny.

O rapaz loiro me deu um sorriso fraco e tirou sua jaqueta.

–Não Johnny, eu não preciso...

–Você está tremendo de frio. Se não quiser que eu te acompanhe para te esquentar terá que levar minha jaqueta.

Não discordei dele, eu realmente estava com frio. Depois de me despedir do meu antigo amigo Johnny Storm, fui em direção ao apartamento de Steve com uma ansiedade súbita.

Passei na portaria e cumprimentei o Sr. Valter ( zelador e dono do prédio) e quase corri em direção ao apartamento. Quando cheguei na porta, sorri ao pensar no loiro alto, de olhos azuis, roupas velha e falso cozinheiro a minha espera. Eu definitivamente estava apaixonada por Steve Rogers.

–Olha só quem chegou para salvar o dia... - Abri a porta e falei animada antes de ver a cena; Steve cozinhava com uma loira pequena cozinha que era divida com a sala, apenas separada por uma banqueta. Os dois se divertiam até o rapaz ver que eu havia chegado.

Steve correu na minha direção e me abraçou fortemente me levantando do chão.

–Eu preciso de ar. – Disse em meio ao seu abraço.

–Me desculpe, apenas estava matando a saudade.

Não tirava os olhos da garota que sorria falsamente a me ver. Usando toda ironia que tinha falei;

–Eu achava que teria que te salvar de todos os dias que passou aqui sozinho... Se bem que eu acho que você não estava tão sozinho como imaginei.

–Lily, essa é a Madison... Nossa vizinha. – Steve me empurrou para a loira que parecia incomodada com a minha chegada. Porém eu sou Liliam Stark, não deixaria ninguém roubar meu posto tão facilmente.

–Oi Liliam,prazer em conhecê-la... Oficialmente. – Arqueei as sobrancelhas confusa com o que disse.

–Eu vi suas entrevistas então e quase como se eu já te conhecesse. – Eu não gosto dessa garota de jeito nenhum. O clima estranho começou quando comecei a encarar a loira de um jeito como se quisesse mata-la.

–Acho melhor eu te ajudar a colocar sua mala no quarto, você deve estar cansada. – Steve tentou pegar a mala da minha mão antes de eu me afastar e dizer;

–Eu ainda sei o caminho do meu próprio quarto.

Caminhei irritada até lá e joguei minha mala na cama com mais força que queria. Minha imagem no espelho não era nada que poderia se comparar com a loira vadia que estava com Steve. Meu cabelo cacheado demonstrava que não tinha cuidado do meu cabelo como eu fazia, minha roupa de verão em uma fria NY e pra acompanhar a jaqueta do meu ex melhor-amigo/peguete/mentor. Eu não poderia competir com ela, mais não me daria por vencida sem nem competir.

Cheguei a sala os dois já estavam comendo algo no sofá que eu ajudei a comprar. Quando me virão Steve lançou um belo sorriso convidativo.

–Venha almoçar conosco, aposto que estava com saudades da minha comida. - Brincou Steve.

–Mesmo que esteja ansiosa pra comer da sua macarronada eu já almocei.

–Então se sente com a gente, me conte sobre a viagem.

A loira torceu um pouco a boca mostrando que não me queria ali, e era por isso que fiz questão de sentar do lado de Steve.

–Eu preciso te contar tanta coisa... – Quando ia começar a narrar sobre meu reencontro com eu irmão, Pepper e Natasha a jornalista interrompeu falando meu nome.

–Olhe, você está na TV. – Anunciou a tal convidada que eu queria que fosse embora logo.

–Assim como todo dia. – Comentei sem graça.

Liliam Stark foi vista hoje com ninguém menos do que Johnny Storm! Isso mesmo, queridos fãs do casal. Ao que parece Liliam havia combinado de ver Johnny assim que voltasse de uma visita que fez ao seu irmão Tony Stark nesse final de semana. Fontes indicam que os dois estavam no maior clima enquanto conversavam rapidamente porque não queriam que fossem flagrados. No final do reencontro Johnny Storm fez um ato de cavalheirismo mais clichê do que poderíamos imaginar; ele deu sua jaqueta para ela. Ooooown! Não é fofo? Para terminar com chave de ouro a garota deu um abraço carinho nele antes de partir para o apartamento que está morando com um primo distante. Agora vem a pergunta, quem não acha que Johnny e Liliam deveriam voltar a namorar?

Desliguei a TV interrompendo que Steve escutasse mais idiotice que os reportes poderia inventar. O loiro me olhou com seu famoso “olhar interrogador” o que não me impediu de já começar a falar minhas desculpas;

–Eu não tenho culpa se as pessoas veem A+B e já formam o alfabeto inteiro! Eu apenas o reencontrei por acaso em um bar, eu estava faminta e ele apareceu. Nós conversamos e no final ele percebeu que eu estava congelando e, gentilmente, cedeu sua jaqueta.

–Johnny Storm é o cara mais gostoso que existe em NY, não sei como conseguiu ficar perto dele e não ceder a aqueles lindos olhos azuis. – A tal Madison não estava ajudando muito fazendo aqueles comentários.

–Somos apenas amigos! E depois que você o conhece, percebe que não se trata só dos olhos azuis e de um belo corpo.

–Você não disse que ele não passava de um playboy mal amado? – Perguntou Steve em um tom de ciúmes, ele sempre usava esse tom quando era pra falar de ex-namorado meu. confesso que gostava que ele ficasse com ciúmes.

–Eu também penso isso dele, mais não é só isso.

–Bem eu preciso ir, tenho que voltar ao trabalho. – Madison se levantou e Steve a acompanhou até a porta.

–Adeus, Madison. Obrigado pela companhia.

–Adeus Steve, acho que não será mais necessário eu vir aqui almoçar né?

–Não... Você será sempre bem-vinda para vir aqui.

–Tudo bem. Tchau Liliam, foi um prazer conhecê-la. – Gritou a loira na porta já indo embora.

–Tchau...- Gritei fingindo um sorriso. – Queria dizer o mesmo sobre você.

Steve fechou a porta e voltou até onde eu estava sentada, com ciúmes e raiva por Steve já ter me substituído.

–Você poderia ter sido mais educada com ela. – Ele tentou dizer em um tom amigável mais saiu completamente errado pra mim.

–Ah sim, da próxima vez eu saio da sala para poderem se paquerar em paz.

–Você está com ciúmes? – Perguntou Steve tentando conter sua risada.

–Eu não estou com ciúmes! Mas se ela falar mais alguma besteira eu juro que cortarei a garganta dela.

–Que besteira ela falou?

–Tudo que saiu da boca dela me pareceu besteira.

–Ah Lily, você não voltou pra ficar chateada né? Não quer me contar o que aconteceu?

–Só contarei enquanto estiver desfazendo minha mala.

Ele se levantou e começou a caminhar para o quarto.

–O que Liliam Stark não consegue? – Gritou pra mim.

–Sem reclamar!

Era triste saber que eu precisava esconder umas partes da verdade, era triste ter que saber sobre Loki e não poder dizer a ninguém. O meu maior problema era dizer adeus ao loiro sorridente que dobrava minhas roupas de modo tão cuidadoso. Era quase destruidor tentar fazer isso. Só que enquanto estava no avião Nick Fury havia me ligado me cobrado e me ordenado a ter apenas uma semana para ficar ao lado de Steve, uma semana para dizer adeus.

Por que o que me restaria ali? Steve nunca me pediria pra ficar, ele nunca me amaria o suficiente para tentar... E talvez assim fosse melhor.