Estou tão ansiosa por amanhã, ou melhor, por hoje que nem estou conseguindo dormir. Já faz horas que eu me deitei e até agora não consegui dormir. Suspiro indignada. Não acredito que terei que viajar varada de sono, pior coisa que poderia me acontecer. Acho melhor tomar alguma coisa quente para ver se eu relaxo. Vou até a cozinha e preparo um chá de camomila. Não é que deu certo, nem consegui terminar a xícara de chá que fiquei sonolenta. Volto para a cama, agarro o travesseiro e fecho os olhos. Estou quase dormindo quando uma melodia calma invade o meu quarto. “Ah! Quem é o idiota que está tocando piano essas horas? Pelo menos é uma música suave”. Fecho os olhos novamente.

Tanto tiempo caminando junto a tí
Aun recuerdo el día en que te conocí

Arregalo os olhos ao reconhecer a voz. Será a minha imaginação? Pulo da cama e vou em direção à janela do meu quarto. Quase perco as forças ao abrir a janela e ver a cena que se desenrola lá fora. Em frente a minha casa tem uma pequena carreta estacionada, em cima dessa carreta tem um piano de cauda branco, sentado no banco vestindo um terno preto se encontra Germán e toda essa cena é iluminada por milhares de velas acesas. Sem que eu percebesse lágrimas escorrem por meu rosto. Ele olha para mim e volta a sua atenção para o piano.

El amor en mi nacio,
Tu sonrisa me enseño
Tras las nubes siempre va a estar el sol

Te confieso que sin ti no se seguir
Luz en el camino tu eres para mi
Desde que mi alma te vio
Tu dulsura me envolvio

A música é linda. Mais lágrimas surgem em meus olhos. Balanço a cabeça, ele não tinha esse direito. Por que fazer isso comigo Germán Castillo? Aparentemente ele gosta de me ver sofrer. Em um ato desesperado eu fecho a cortina. A sua voz aos poucos diminui e escuto um suspiro alto.

– ANGELES CARRARA ME PERDOA!? NUNCA FOI MINHA INTENÇÃO TE MAGOAR! – o escuto gritando do lado de fora.

– É, MAS MAGOOU E MAGOOU PROFUNDAMENTE. – caio no chão de joelhos – GERMÁN VAI EMBORA!

– NÃO SEM ANTES VOCÊ ME DIZER O QUE EU POSSO FAZER PARA CONSEGUIR O SEU PERDÃO. – fala com a voz firme.

– QUER SABER GERMÁN? CORRA ATRÁS DO PREJUÍZO. PARA MIM POUCO IMPORTA. – não sei se ele respondeu, pois corri para o banheiro e me tranquei lá. Horas mais tarde quando eu sai, ele já não se encontrava mais lá.