Música: Pocketful of Sunshine – Natasha Bedingfield

Take me away, a secret place

A sweet escape, take me away

Take me away, to better days

Take me away, a hiding place

Poseidon havia acabado de colocar a última mala para dentro da casa de praia que ele havia conseguido ali na zona Sul do Rio de Janeiro. Em Copacabana, óbvio, já que ele era o deus dos mares e não podia querer menos que isso.

No entanto, mal ele entrou na casa e viu sua esposa e filha de biquíni, óculos de sol, protetor solar na mão e os sorrisos mais inocentes do mundo no rosto.

–Hã... eu estou perdendo alguma coisa aqui? – ele murmurou, olhando de uma para outra, ao que Atena aproximou-se dele, apoiando uma mão no peito de deus e falando:

–Ora, você não esperava que nós ficássemos dentro de casa, certo?

–Não, mas... agora?

–É óbvio! – Sharon exclamou, animada – Vamos aproveitar o solzinho da tarde, ué. Não aguento mais essa cor branca que eu tenho.

–Mas minha filha, você é uma deusa, pode ser até azul se quiser – ele falou, rolando os olhos e fazendo as duas deusas ali presentes soltarem uma gargalhada.

–Mas aí não tem graça – ela se aproximou, puxando o pai pela mão e saindo com ele pela porta – Vamos, vamos, estamos perdendo tempo!

Poseidon suspirou, mas não conseguiu conter um sorriso. Ele estalou os dedos, ficando só com seu calção de banho, colocou um óculos de sol e aceitou caminhar com as duas sem precisar ser arrastado.

Não precisaram andar muito e logo estavam caminhando pela areia da praia. Aquele era um ambiente natural para Poseidon e Sharon, mas Atena também se sentia muito bem ali. Logo que encontraram um lugar menos lotado, Poseidon estendeu-se na areia, ao que Atena sentou do lado dele. Sharon, no entanto, deixou as coisas perto dos dois deuses e correu para o mar, mergulhando com uma graciosidade única dos filhos de Poseidon.

E, ah, como ela adorava aquela sensação! O sol bronzeando sua pele, a água percorrendo seu corpo...

–Ei - uma voz infantil tirou a garota de seus pensamentos, ao que ela virou-se para ver quem a chamava. Com isso, Sharon deu de cara com um menino baixinho que tinha um calção de banho vermelho e um sorriso no rosto – Como você faz isso?

–Isso o quê? – ela perguntou, confusa.

–Ficar embaixo d’água por tanto tempo... meu irmão diz que eu não devo tentar fazer isso porque posso me machucar, mas você consegue – ele falou atropelando as palavras e fazendo Sharon rir.

–Qual é o seu nome?

–Caleb.

–E quantos anos você tem, Caleb?

–Oito.

–Ah, você é muito novo pra eu explicar então – ela colocou a mão no queixo, pensando – Mas é um segredo.

–Um segredo?! – Caleb arregalou os olhos, surpreso, mas logo o sorriso voltou a seu rosto – Ah, então espere, eu vou chamar o meu irmão, então você ensina pra ele e ele me ensina depois, ele é mais velho que eu, vou chamar meu irmão, espere aí...

–Chamar seu irmão? – Sharon perguntou, surpresa, mas o garoto já havia saído. E agora, o que diria?

Ela então fez o que fazia de melhor: Nada. Mergulhou mais uma vez e ficou ali embaixo d’água, pensando se não seria melhor ficar ali embaixo até que o garotinho fosse embora com seu irmão. E, bom, ela estava realmente pensando em fazer isso, quando ouviu:

–Tá vendo? Tá vendo, Josh? Eu não falei? Ela está ali embaixo de novo faz um tempão!

Imediatamente ela tratou de voltar à superfície, pronta para se explicar, mas não disse nada ao encarar o belo espécime masculino que estava ali ao lado do pequeno Caleb. Ele tinha a pele perfeitamente bronzeada, cabelos loiros e cacheados, olhos verdes e um corpo escultural. Claro, sem contar o sorriso bobo que ele tinha no rosto.

–Hã... Oi, meu nome é Josh – ele falou, estendendo a mão e analisando Sharon muito indiscretamente.

–Eu me chamo Sharon, prazer – ela colocou a mão dentro da do garoto, que logo deixou um beijo nas costas da mão delicada dela e abriu um enorme sorriso.

–Então, hm, Sharon, você não é daqui, é?

–Não, não, por quê?

–Ah, não sei. De onde você vem em tantas meninas bonitas assim como você? – ele perguntou, exibindo novamente aquele sorriso bobo, ao que ela riu um pouco.

–Realmente não sei responder isso, Josh – ela riu baixinho, sendo acompanhada por ele.

–E de onde você vem?

–De longe, muito longe daqui.

–Hm... – ele apoiou as mãos nos quadris, parecendo concentrado em algum pensamento – Que tal irmos ali tomar alguma coisa? Daí você aproveita e me fala mais sobre esse lugar de onde você veio.

Sharon olhou para os lados, procurando Caleb, mas ele não estava mais ali, e perguntou:

–Mas onde está o seu irmão? Acho que perdemos ele.

–Caleb? – Josh olhou em volta, parando o olhar num casal que brincava com um garotinho de calção vermelho – Que nada, ele está bem. Então, topa?

E ela mal pensou duas vezes antes que sorrisse e concordasse com um movimento de cabeça, começando a andar ao lado dele enquanto conversavam alguma bobagem.

*.*

Luca estava sentado num dos banquinhos que haviam próximo ao jardim que Perséfone havia feito ali no Olimpo, esperando não tão pacientemente assim que Aaron aparecesse. Naquela tarde eles teriam que ir até Afrodite para que ela começasse a lhes ensinar aquele negócio de rastreamento e etc., mas o outro insistia em não aparecer.

Entediado, Luca começou a olhar para as flores, que dançavam com o vento, e por alguma razão começou a pesar em Sharon. Ok, Sharon e flores não tinham absolutamente nada a ver, mas a mente dele voou direto para aqueles momentos que tiveram juntos nos últimos dias. Aquele beijo... Aquilo havia sido mágico, o melhor beijo da vida dele. Ok, ele só tinha beijado uma garota a vida inteira, e tinha sido ela, e tinha sido aquele beijo o seu primeiro, inclusive, mas não importava, porque ele havia sentido. Ele sentiu num só beijo o que muitas pessoas levavam a vida para sentir. Não, nada de fogos de artifício, mas ele sentiu naquele momento que realmente estava apaixonado por ela, mas que isso não era uma coisa ruim, pois ali, naquele toque, parecia que ela sentia o mesmo.

Seria aquilo só coisa da cabeça dele?

De repente, um som tirou o ruivo de seus pensamentos. A uns dez metros dali, parado com as mãos no quadril, Aaron gritava chamando Luca, que logo virou-se para vê-lo e ir até ele. Quando estavam mais próximos, Luca perguntou:

–Vamos? Pensei que tivesse desistido.

–Eu jamais desistiria da Sharon – um sorriso apareceu no rosto de Aaron pouco antes que esse estalasse os dedos e sumisse dali.

–Então você vai ter um eterno concorrente – Luca falou para o vazio, estalando os dedos e sumindo dali também, indo de encontro a Afrodite.

*.*

As bebidas estavam em cima da mesinha da barraca de praia, praticamente intocadas, enquanto Sharon furava algumas ondas no mar, sendo seguida por Josh, que a cada minuto se encantava mais pela habilidade que a garota tinha naquilo.

–Tem certeza que nesse lugar onde você mora não tem praias? – ele perguntou, sorrindo e jogando os cachos molhados para trás.

–Aham – Sharon riu, ficando de pé e deixando as ondas se chocarem com suas costas – mas isso é tão fácil, não sei porque você se espanta.

–Não, não é – ele se aproximava da garota, mas ela não recuou – Alguns atletas levam uma vida inteira para conseguir lutar contra a correnteza e aguentar tanto tempo debaixo d’água como você faz.

–Para mim isso é fácil – ela deu de ombros, observando ele ficar cada vez mais próximo.

–Então... você pode me ensinar depois, se quiser sair comigo mais vezes – ele colocou as mãos na cintura dela, puxando-a para mais perto.

–Hm... – ela pensou um pouco antes de exibir um sorriso – e porque não?

Um sorriso charmoso apareceu também no rosto dele segundos antes de Josh aproximar seu rosto do dela lentamente e tomar os lábios da garota num beijo. Ela não sabia o que estava fazendo, só sabia o que queria fazer, então tudo o que fez foi entreabrir os lábios para deixar o garoto aprofundar aquele beijo, coisa que ele fez sem reclamar.

E ela retribuía, sem conseguir pensar em muita coisa. Josh parecia um mini-Apolo, se não fosse pelos olhos verdes, e ele estava fazendo a garota perder a linha do raciocínio.

Curiosamente, o nome de Apolo despertou em Sharon uma lembrança, um sentimento... O filho de Apolo... Ela lembrou-se de Luca. Imediatamente parou o beijo, olhando atordoada para o loiro a sua frente, que não entendia o que havia acontecido, mas achou melhor ao dizer nada. Sharon devia parecer realmente confusa.

Luca... Mal ela começou a pensar nele, uns pensamentos estranhos vieram na mente dela, como se barrasse qualquer sentimento de culpa que surgia ali. Logo ela esqueceu de tentar pensar em como ele se sentiria com aquilo e voltou o olhar para Josh. Ele, com as sobrancelhas arqueadas mostrando que também não entendia nada do que se passava ali, apenas encarava a garota, que sentiu novamente um calor (N/A: leia-se tesão) percorrendo seu corpo ao olhar nos olhos verdes, e tudo o que ela fez foi enroscar seus dedos nos cachos loiros e puxar a boca de Josh de encontro a sua novamente.