Luca estava deitado na grama, com os braços sob a cabeça e os olhos fechados, apreciando o calor do sol daquele fim de manhã. Sharon, por sua vez, estava sentada ao lado dele, explicando como Aaron tinha pedido para namorar com ela na noite anterior e ela simplesmente aceitou porque queria oficializar o negócio.

–Sha, você não me deve explicações - ele falou quando ela acabou, sem abrir os olhos.

–Eu sei, mas... Você é meu melhor amigo, sinto que deveria te contar essas coisas.

–Não quero que você me conte nada por obrigação.

–Não estou lhe contando nada por obrigação, Luca – Sharon olhou para ele confusa – achei que quisesse saber da minha vida.

–Não é como se eu não quisesse... Apenas... Não quero forçá-la.

–Você não está me forçando, é meu melhor amigo.

–E Aaron é seu futuro marido, você deveria passar mais tempo com ele.

Sharon franziu o cenho.

–Não vou passar menos tempo com você por isso, eu gosto de conversar com você – Sharon respondeu e colocou a mão sobre a de Luca – Pare de besteira, Luca.

O menino olhou para as mãos que estavam uma sobre a outra e sorriu.

–Desculpe-me, só não quero que se sinta forçada a me falar alguma coisa.

–Que nada - ela deu de ombros e sorriu - E quem foi que disse que ele é meu futuro marido?

–Foi modo de dizer, mas você não pretende namorar com ele eternamente, pretende?

–Não, claro que não. Até porque não sei se gosto mesmo dele, não desse jeito.

–Não? - Luca arqueou uma sobrancelha, com um sorriso de canto, finalmente sentando-se ao lado dela.

–Não, mas você quer mesmo falar de mim e do Aaron?

–Claro que não, já sei o que precisava saber. E no fim das contas, tudo isso me deu fome - ele olhou para o sol, que estava a pino - quer ir almoçar lá em casa hoje?

–Quero! - ela sorriu, ao que ele se levantou e estendeu a mão para ela, de modo cavalheiresco, e ela aceitou sem hesitar, escorregando sua mão delicada para dentro da dele. Ajudando-a a se levantar, Luca puxou Sharon, mas usou de muita força, e tudo o que conseguiu foi cair para trás, levando a garota consigo. Ele bateu com as costas na grama novamente, ao que Sharon caiu sobre seu peito, e agora ria bastante.

De repente, num minuto eles estavam sérios, sem ao menos saber o motivo. Tudo o que podiam pensar era em quão próximos estavam. Ele encarava aqueles olhos azuis-esverdeados-acinzentados, (N/A: Modelo Julie) sem saber dizer qual era a cor predominante neles, a única coisa que sabia era que eles eram realmente lindos. Sharon, por sua vez, tentava negar ao impulso de beijá-lo. Afinal, ele era seu melhor amigo... E ela tinha namorado.

–Se você não sair de cima de mim, não posso me levantar, Sha - Luca falou, com uma expressão divertida no rosto.

–Awn, estou com preguiça - ela fez beicinho, e ele não se segurou mais. Inclinando a cabeça de encontro a dela, ele tocou o nariz da garota com a ponta do seu, e surpreendendo-a, Luca deu uma leve mordida no lábio inferior dela, puxando com os dentes e fazendo a garota delirar com aquilo. E mesmo quando ele soltou o lábio dela, não se afastaram, mas permaneceram ali, olho no olho, um verde denso esquadrinhando o azul-esverdeado. E não foram necessárias palavras para avisá-lo do que ela faria a seguir. Sem aviso prévio, Sharon sufocou qualquer distância entre os dois, juntando seus lábios e cedendo àquele impulso que controlavam há mais tempo do que queriam admitir.

Mas infelizmente, Luca se sentiu obrigado a parar o beijo.

–Me desculpe, Sharon. Desculpe mesmo, você tem o Aaron, e eu... Eu não sei onde estava com a cabeça - ele falou, nervoso, levantando-se.

–Luca! Eu não... - ela não sabia o que dizer, então sentou-se na grama e ficou encarando o garoto, que apenas baixou a cabeça.

–Desculpa, Sharon - ele falou um segundo antes de estalar os dedos e sumir dali numa névoa amarelada, deixando-a sozinha.

Ela ainda não sabia o que pensar, seus dedos passaram instintivamente por seu próprio lábio, sem acreditar que os lábios de Luca haviam tocado os seus.

–Luca... - murmurou ela, se perguntando por que estava sentindo tantas coisas ao mesmo tempo, sentimentos que nunca haviam dado as caras por ali.

*.*

A deusa do amor estava indecisa entre duas lingeries, ela não sabia se usava a preta ou a vermelha. Tentando escolher, ela colocou as duas sobre a cama e ficou pensando, até que ouviu batidas na porta.

–Entra! - ela falou, ainda tentando decidir, ao que ouviu a porta se abrindo. A deusa então olhou para trás, onde viu um garoto bonito de cabelos castanhos e um sorriso confiante no rosto.

–Hey, tia Dite! - ele falou, fechando a porta atrás de si e se aproximando dela para lhe dar um abraço - Estou precisando de ajuda.

–Eu também, Aaron - ela falou, mostrando a ele o par de lingeries que estava em cima da cama - Qual delas devo usar quando Ares chegar?

–Hm... - o garoto franziu o cenho, pensando, mas logo o sorriso voltou a aparecer em seu rosto - Eu gosto da preta. Aliás, ela deve ficar muito bem em você...

–Aaron, seu safado! - Afrodite riu, guardando a vermelha no guarda-roupa - Mas ok, vou na preta então. E o que você quer de mim?

–Eu preciso de ajuda, estou apaixonado.

Com isso, Afrodite deu uma risada melodiosa, deixando a cabeça pender levemente para o lado e um sorriso sacana aparecer em seu rosto.

–Você? Quer dizer então que resolveu ficar com uma garota só?

–Óbvio que não - ele deu um sorriso de canto - Mas ainda assim, me apaixonei por uma garota e preciso que ela se apaixone por mim também. Sinto que ela não gosta de mim como eu gosto dela.

–E quem ela é? E... Você quer que ela se apaixone por você para que possa traí-la, é isso?

–Ela é a Sharon, filha de Poseidon e Atena, mas você já deveria saber disso. E sim, falando assim soa como algo ruim, mas é mais ou menos isso que eu preciso.

De repente, a expressão de Afrodite se fez séria, assim como seu tom de voz quando falou:

–A filha de Atena? Não, não se meta nisso, essa história não é sua, e o coração dela não pertence a você.

–Mas pode ser! - ele exclamou, apoiando as mãos nos quadris e começando a andar pelo quarto - Tia, você tem zilhares de poções aí, deve ter alguma que a faça se apaixonar por mim.

–Aaron, isso não é certo.

–Mas você pode fazer dar certo... - ele sorriu, fazendo com que sua voz chegasse macia aos ouvidos da deusa, que praguejava em pensamento. Tudo naquele garoto era convidativo para que ela fizesse a vontade dele. Ele podia não ter o encanto na voz que as filhas de Afrodite tinham, mas sabia muito bem manipular uma pessoa. Ela pensou que se ele fosse mortal, poderia ser o que quisesse.

–Não é uma boa ideia... - ela murmurou, sem tanta convicção na voz.

–Afrodite, de uma forma ou de outra, você é a deusa do amor, certo? - ele falou, sério, sem alterar o tom de voz, no entanto - Eu me apaixonei por ela, então você deveria me ajudar. Além disso, a senhora não é a pessoa mais indicada para falar sobre traição.

Aquelas palavras atingiram Afrodite em cheio. Se aquilo viesse de qualquer outra pessoa, ela teria dado um destino horrível a esse ser, mas da forma com que ele falou... Tudo o que a deusa sentiu foi um enorme fardo de culpa pesando sobre seus ombros.

Amaldiçoando mentalmente os deuses que haviam concordado em deixar aquele garoto se tornar o deus da oratória (ela mesma havia votado a favor, só para constar), ela bufou, abrindo seu armário e revelando ali um estoque infindável de poções multicoloridas.

Ante a essa visão, os olhos do garoto brilharam, e ele se aproximou, sendo, no entanto barrado por Afrodite.

–Não, eu pego. É aquela vermelhinha lá atrás, você vai acabar derrubando tudo.

Ela então estendeu o braço e cautelosamente tirou dali o vidrinho delicado que continha a poção. Num movimento só, ela colocou o frasco nas mãos estendidas do pequeno deus e trancou novamente o armário, escondendo a chave no decote da blusa, ao que Aaron acompanhou com o olhar e um sorriso maroto.

–Obrigado, tia Dite, você me ajudou muito mesmo - ele falou, saindo do quarto, balançando o frasco com o líquido alaranjado e fechando a porta atrás de si.

Afrodite então desabou na cama, jogando para o lado a lingerie preta e...

Opa.

Líquido alaranjado?

A deusa levantou-se como um raio, abrindo o armário às pressas novamente para constatar o que havia acabado de imaginar: o vidrinho com a poção vermelha ainda estava lá, mas o vidro da frente havia sumido.

Ela havia entregado a poção errada.

Ela tentou, em vão, encontrar Aaron pelos corredores, mas este já havia sumido. Afrodite não tinha mais o que fazer então, agora era sentar e assistir o que aconteceria a seguir.

*Entããão... Gente, esse capítulo teve um trecho escrito pela Julie *-* Sim, Julie Fletcher, que além de me ajudar com ideias, fez a capa da fic e ainda emprestou o rosto dela pra ser a Sharon na capa :3 Isso mesmo, a Sharon na capa, é a Julie :3 Anyway, obrigada, Jess, por tudo o/