Mistérios de Frost Ville escrita por Isa Holmes


Capítulo 8
Está explicada a perna de ferro!


Notas iniciais do capítulo

Demorei? É, acho que sim. Não me culpem, culpem as provas! Elas que são as vilãs!



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— Como não Jack? - Soluço enrugou o cenho - Precisamos falar o que vimos antes.

— E ter fama de loucos? - protestei, nervoso - Acha mesmo que eles vão acreditar na história da praça? Na nuvem e areia negra? No desaparecimento no ar?

Soluço negou.

— Campbell é legal, mas ele vive na realidade, mesmo que ela realmente não seja o que ele pensa - falei, desta vez mais calmo - Apenas não diga que também estamos tentando decifrar isso. Conheço o David, ele não vai gostar. Dirá para que fiquemos longe, e virá com a história de que isso não é para crianças - suspirei - Agora vão, depois nos conte como foi.

Soluço despediu-se com um aceno, enquanto se virava na direção do detetive apressado. Rapunzel e Merida apenas se entreolharam, logo seguindo o garoto moreno. No começo do caminho eles andaram como pessoas civilizadas, porém, quando David demonstrou um sorriso, já abrindo a porta traseira de seu carro, os três correram.

Esperei até que a máquina negra desse a partida, liberasse o gramado recém cortado, e partisse para a rua, desaparecendo logo na esquina.

Esperei para quê? Para que Vivi puxasse um assunto nada... agradável.

— É por isso, não é Jack? - perguntou ela - O fato de você estar tão apegado em tudo é porque seu pai era detetive, não é?

— É, deve ser por aí - respondi, pulando os olhos de um lado para o outro.

Tudo bem, serei sincero. Na verdade a dedução de Violeta está correta. Meu pai sempre chegava em casa, sua arma no coldre, seu distintivo no bolso. Sempre quando havia um caso, e que ele chegava em casa eu cobrava suas histórias do dia. Ele me contava tudo que sabia sobre como era trabalhar com a policia e fazer a justiça. Às vezes ele até pegava alguns casos de cidades próximas! Até Londres! Papai sempre sentava na sua poltrona com um copo de café na mão, e eu ficava no sofá, ansioso, para ouvir o que ele tinha a dizer. Até que chegou o dia do acidente de carro. Acho que é realmente por causa do meu pai que sou tão apegado à investigações. Bom, Não me surpreendo. Eu nunca notei esse fato... até agora.

— Então - bati palma apenas uma vez, esfregando minhas mãos uma na outra. A única coisa que eu queria era mudar o assunto desconfortável -, o que vocês querem fazer enquanto esperamos os outros?

— Como assim? - Wilbur ergueu uma sobrancelha.

— Oras... - revirei os olhos - Não temos aula, meu amigo, estamos livres! Não precisamos ir para casa agora. Então, o que querem fazer?

Os dois deram de ombro. Olhei em volta enquanto tentava entrar em uma conclusão sozinho.

Dois homens empurravam uma maca para fora do prédio antigo. O corpo que parecia ocupá-la estava coberto por um lençol branco. Quando chegaram ao gramado, pararam ao lado de um casal. Logo um policial se aproximou. O homem gesticulou algo ao paramédico, virando-se depois para o casal que parecia preocupado. O Policial falou algo aos dois, que assentiram com um breve aceno de cabeça. O paramédico levantou uma pequena fresta do lençol branco, deixando que os dois presentes vissem o que escondiam. A mulher, depois de ver o corpo que estava na sua frente, começou a chorar, parecendo horrorizada. Ela levou as mãos até a boca, e logo enterrou o rosto no peito do seu parceiro. O mesmo parecia querer segurar o choro. Seus lábios se gesticularam em uma resposta positiva ao policial. Não demorou para que eu percebesse que o corpo que estava protegido pelo lençol era o do garoto, inocente, que havia sido morto, e que as duas pessoas ali, totalmente acabadas, eram seus pais.

Perturbado, desviei os olhos da cena depressiva. Felizmente encontrei os rostos conhecidos dos meus amigos. Sugeri então que passássemos na sorveteria da cidade, e que depois fôssemos para a casa do Soluço. Talvez, até lá, ele já estivesse em casa.

— Pode ser - responderam Wil e Vivi em uníssono. Os dois se entreolharam, trocando caretas, porém Vivi ficou com o rosto enrubescido, fazendo o Wil sorrir.

"Espera aí... estou sentindo um clima?"

Deixamos o movulto de pessoas que ocupavam o colégio e seguimos para a sorveteria. Assim que abrimos a porta de vidro detalhada com colantes de casquinhas e picolés, o sininho soou, avisando que havia mais fregueses chegando. O lugar estava enfestado de alunos que comemoravam os dias livres das aulas de matemática e provas surpresas. Mas a conversa do homicídio não estava esquecida. Se bem conheço esta cidade, eu eu conheço, não demorará muito para que o assunto a corroa toda.

Sentamos em uma das mesas retrô da sorveteria e logo uma moça de olhos água perguntou o que queríamos. Por nenhuma coincidência todos pedimos milk shake. Não demorou muito para que nossos pedidos chegassem à mesa. O líquido gelado que roçava por minha garganta quase me fazia engasgar.

— Vai com calma, Frost! - brincou Wilbur, dando tapinhas em minhas costas.

Assim que pagamos nossas bebidas geladas para a garota de olhos água, partimos para o clima do sol chamativo, que estava a pino. Meio Dia. Claro que Soluço já deve estar em casa. Meu único pedido é que as garotas estejam com ele.

Vinte minutos, este deve ser o tempo exato no qual demoramos a chegar na casa do viciado em dragões. Wilbur foi quem apertou a campainha. Segundos depois a porta foi aberta.

Um homem - creio eu que seja um homem - apareceu entre a soleira de madeira. Seu corpo era avantajado e musculoso, suas mãos pareciam do tamanho da cabeça de qualquer um presente. Seus olhos esverdeados eram quase impercebíveis juntos do mar ruivo que eram sua barba, cabelo e bigode. Porém o sorriso que desenha seu rosto é mais que bem-vindo.

Logo atrás do corpo avantajado daquele homem avistei o Soluço.

— Posso ajudar? - perguntou o grandalhão.

— Eles são meus amigos, pai - Ouvi Soluço dizer baixinho.

— Mais três Soluço? - O homem olhou por sobre o ombro. Depois de um tempo ele disse: - O bom é que conseguiu se enturmar em apenas poucos dias - então voltou o olhar novamente para nós que estávamos do lado de fora, sentindo a brisa gélida - Podem entrar - sorriu ele. E assim fizemos.

O pai do Soluço se aproximou de uma poltrona e se sentou, fazendo com que ela rangesse por causa do seu peso. Ele gesticulou para que Violeta, Wilbur e eu sentássemos. Quando atravessei o cômodo em direção a sala encontrei os rostos conhecidos de Meri e Punzie.

Vivi sentou-se ao lado das outras garotas, Wilbur e eu sentamos em um sofá de dois lugares e Soluço sentou-se em uma poltrona um pouco menos do que a do pai - talvez não tão pouco.

— Soluço contou do incidente no colégio de vocês. - observou o homem - Terrível, imagino.

— Nós não vimos o que aconteceu, senhor - disse Wilbur, levando uma advertência do homem, que levantou uma das mãos gigantes, interrompendo-o.

— Stoick, podem me chamar de Stoick.

Wilbur assentiu ao pedido do homem. Então continuou:

— Apenas ouvimos o que Soluço, Merida e Rapunzel disseram. Foram eles quem presenciaram, tanto que tiveram que ir junto de um detetive para depor.

Quando Wilbur terminou de falar, comecei a analisar melhor o cômodo. Era algo simples. Moveis de madeira escura ocupavam algumas partes da sala e as paredes estavam cheias de foto do Soluço... cavalgando? Não apenas quadros dele, mas foram esses quais me chamaram a atenção.

Olhei para o lado e percebi que Wil também observava as fotos da parede de tom madeira.

— Soluço, você cavalga? - perguntou ele, apontando para um dos quadros.

— Eu... - grunhiu Soluço - eu cavalgava.

— Por que não mais? - Merida arqueou uma das sobrancelhas ruiva.

Soluço olhou para o pai. Parecia bastante incomodado.

— Um dia vai ter que falar para eles, filho - Stoick avisou, ajeitando-se na poltrona.

Tááá legal, vocês venceram - Soluço bufou - Eu praticava corrida de cavalos em Berk, era sempre o primeiro colocado. Cavalgar era a coisa que eu sabia fazer de melhor - ele inspirou - Aí chegou uma competição forte e eu decidi que treinaria até o último trote. E, realmente, foi até o último trote - Soluço parecia ter lembranças rondando a mente. Pela careta que formava seu rosto, bom, lembranças boas não eram - Eu estava com a minha prima, Astrid, um dia antes da corrida. Ela estava cronometrando o meu tempo. Havia cavalos pastando por perto. Houve um barulho que assustou eles, e que assustou o meu também. Acabei caindo enquanto os cavalos trotavam assustado e descontrolados. Lembro de não conseguir levantar a tempo de... de salvar minha perna - ele ergueu a perna improvisada de ferro - Os cavalos estavam muito rápidos, e juntos! Foi um atrás do outro quando passaram por mim. Não lembro de mais nada que tenha acontecido depois, acho que a Astrid foi pedir ajuda. Quando acordei estava com... uma perna nova. Demorou para me acostumar com ela - ele sorriu, ainda com a perna erguida - E, claro que eu nunca mais cavalguei.

"Tá explicado o porque de ele não ter falado antes. Lembranças ruins, sei como é"

— Viemos aqui para conversar novamente com seu filho sobre o que aconteceu - falei depois de um longo silêncio -, ah, e sobre o interrogatório que ele e as garotas tiveram que passar, como o meu amigo aqui disse.

— Ah, sim. O interrogatório. - sorriu o homem - Deixarei vocês livres para discutirem sobre o assunto, mas espero que avisem seus pais que ficaram aqui nas próximas horas. Acredito que as informações corram nessa cidade, não demorará muito para que seus responsáveis fiquem preocupados.

Stoick pegou o controle remoto da televisão e a ligou. Soluço fez um gesto com a cabeça em direção a escada, então levantou. Todos nós o seguimos, e acabamos em seu quarto. Desenhos ocupavam a parede verde do cômodo. Desenhos bem feitos de vários dragões. Em cima da sua escrivaninha estava seu caderno de capa de couro aberto, com um lápis pousado no meio.

Enquanto eu ainda esperava que os outros entrassem no quarto senti algo roçar em meus tornozelos.

— Esse aí é o Banguela - disse Soluço, apontando para os meus pés. Assim que olhei para baixo encontrei o famoso gato negro de olhos vivos e chamativos.

Rapunzel se aproximou e pegou o bichano no colo, virou-se e foi na direção da cama do Soluço, sentando-se enquanto deixava o edredom verde musgo com rugas, assim que acomodada. Ela falava com o animal como se ele fosse um bebezinho de cinco meses.

— Então... Quem vai começar a contar o que aconteceu no departamento da policia? - perguntei, sentando no meio entre a ruiva e a loira.

Soluço se jogou no puff marrom que ocupava um canto do seu quarto.

— Eu conto! - anunciou ele.

No momento em que o garoto se acomodava melhor, Banguela saltou do colo de Punzie e correu para os braços do dono. Soluço começou a acariciar o pelo do animal e disse:

— Não sei por onde começar.

— O que você acha do começo? - debochou Wilbur.

Soluço deu de ombros.

— Para uma cidade pequena, até que aqui tem bastantes recursos, não é Jack? - perguntou ele, depois de um tempo.

Assenti com a cabeça. Então Soluço continuou:

— O departamento da policia daqui é bem grande e organizado. Parece mais um departamento de cidade grande como... como Nova York.

— Existem casos de pessoas que têm dívidas com a policia - expliquei -, assim acabam fugindo para uma cidade pequena. Frost Ville não é tããão conhecida, então isso é um bônus a eles.

— Como eles conseguem fugir se estão sendo procurados? - perguntou Rapunzel - Quero dizer, em viagens mais longas como pegar um avião. A pessoa seria barrada no aeroporto, não?

— Não se eles forem inteligentes a ponto de mudarem a aparência e seus nomes - ergui uma sobrancelha - Bom, este é o meu ponto de vista. Acredito que isso tenha acontecido muito. Vários já foram pegos aqui na cidade.

— E eles são mantidos aqui até julgamento? - Arriscou Soluço.

— Não. Ouvi dizer que eles são transferidos para Londres. Para a Scotland Yard, se não me engano. Porém creio eu que exista alguns próprios da cidade que estão atrás de nossas grades. - Sorri - Mas não ache que fugirá de nos contar o que houve, garoto viking. Anda, desembucha Soluço!

— Tá, — ele cruzou os braços sobre o peito, deixando Banguela acomodado entre suas pernas cruzadas no puff — Como eu disse antes: aquele lugar é bem grande! Tanto que vi muitos rostos conhecidos que frequentam o colégio.

— Uma pergunta que não quer calar meus pensamentos - Wil levantou uma das mãos - Qual é a diferença de vocês deporem no departamento em vez de fazerem isso em frente à escola igual a todo mundo?

E eu sei lá! — Soluço sibilou - Não conheço as regras da investigação não, parceiro.

Wil fez uma careta, como se estranhasse o menino moreno que acariciava o bichano deitado em seu colo.

— Continuando... - Soluço disse - Fomos interrogados juntos. Não demorou menos de meia hora. Também fizemos um retrato falado, e... olha, o cara que causou o tumulto na escola hoje não é o mesmo que vimos antes, sabe? aquele do pingente.

— Tanto enrolamento para falar apenas isso? - Violeta estranhou, já que Soluço havia ficado quieto.

— Eita, Calma! Eu só estou tentando lembrar de tudo - seu rosto se contorceu em pensamentos - Ah, é. Não sei se a Merida e a Punzie ouviram o que ouvi, mas quando saímos da sala de interrogatório e sentamos em uma fileira de cadeiras, um policial segurou o braço do Campbell e disse: Sabe o filho dos Thomas? Ele está alegando para mim que a irmã foi sequestrada por um homem que fez magia na sua frente!. David caiu na gargalhada e disse: Não sei se isso é para atrapalhar o nosso trabalho, ou se o garoto tem faltado ao psicólogo!.

Ergui uma sobrancelha, e então Soluço disse:

— Você estava certo, Jack. Se tivéssemos falado a nossa verdade... bem, imagino o cara rindo da nossa cara.

Sorri a ele, soltando um Pois é abafado.


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Notas finais do capítulo

Quero meus lindos e amáveis comentários! Eles são uma das fontes que uma guardiã precisa para sobreviver (exagerada..)!