Mistérios de Frost Ville escrita por Isa Holmes


Capítulo 3
Bingo!


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos lindos e maravilhosos comentários! Espero que continue indo bem, como vários alegam.



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– Como é!? - sibilei, assustado.

Os olhos de Gustavo estavam marejados e arregalados. Sua respiração estava tão forte que todos nós poderíamos escutar em raios de alguns metros.

– Calma, calma Gustavo. - respirei fundo, incomodado - O que aconteceu com a Giulia?

Gustavo abriu a boca, porém não disse nada. Sugeri então que entrássemos no refeitório, e assim foi feito. Todos nós nos sentamos em uma mesa. Perguntei novamente o que havia acontecido, e Gustavo pôs-se a falar:

– Eu e ela... - ele pausou, suspirou, e continuou: - ...Giulia e eu, nos estávamos andando pelos corredores. Ela lembrou que a próxima aula era de ciências e que o seu livro estava no armário - Algo brilhante refletiu em seus olhos claros. Parecia uma lágrima. Achei estranho ele não tentar esconde-la. Gustavo se demonstra durão às vezes, ver ele chorar era uma surpresa muito grande - Ela abriu o armário enquanto conversávamos, estava tudo bem! Quando Giulia terminou de pegar suas coisas, uma espécie de areia ou nuvem negra a envolveu, puxando-a para dentro do armário. Consegui pegar uma de suas mãos e tentar puxá-la, mas a areia veio mais para frente... E ganhou uma forma meio humana...

– Espera um pouco, você está falando que uma areia tomou forma humana? - Rapunzel explodiu, abismada.

Sim! – ele apoiou as mãos na cabeça, balançando-a - tomou, e não estou alucinado! Eu juro! Não sou louco!

– Tudo bem, continue. - Violeta apoiou sua mão na dele.

– Ele me puxou fortemente, fazendo com que eu a soltasse contra minha vontade. Aquilo envolveu Giulia até o topo da cabeça e desapareceu no ar. A última coisa que ouvi ela falar foi "Gustavo, me ajuda!".

Todos nós - menos Gustavo - nos entreolhamos, espantados, até eu entrar em uma conclusão, que não assustou apenas a eles, mas a mim também:

– Nós vamos investigar isso!

– Está louco!? - Merida bateu o punho na mesa, rapidamente - Quer nos meter em mais encrenca!?

– Ora, vai ser divertido! - sorri - vamos lá, ruivinha!

Merida bufou, cruzando os braços.

– Só se todos concordarem.

Olhei para Soluço e o mesmo concordou com a cabeça, sem hesitar. Wilbur animou-se na hora de dizer "sim". Violeta ficou em dúvida, dando de ombros. Eu concederei o ato dela como uma resposta afirmativa.

– Mas... - Esta foi a vez de Rapunzel responder. A loira hesitou, deixando todos ansiosos. Rapunzel pode até ser bonita, mas não tão corajosa - tudo bem...

– Perfeito! - Me levantei rapidamente - Gustavo, pode nos levar ao armário da sua irmã?

Ele assentiu, sorrindo. Sem dizer nada todos levantaram e seguiram para os corredor, que na opinião de Gustavo, eram assombrados.

•••

Sugeri para que Gustavo voltasse para a sua sala de aula, isto é, se ele não quisesse levar bronca do professor de ciências. Ele às vezes é duro, porém não pior que o Sr. Devalos. Ninguém é pior que o Sr. Devalos! No caminho do corredor, avistei ele na sala dos professores, e a primeira coisa que passou por minha cabeça foi de ele ter algo a ver com o desaparecimento de Giulia... ou talvez ser cúmplice...

"Oras Frost! Isso é um absurdo, esqueça! Ele é só um professor, por que diabos faria isso?!"

– Não estou vendo nada de mais! - ouvi Merida, e, quando a encontrei, percebi que encarava os armários - aquele garoto só pode estar louco! Nuvens de areia negra que sugam pessoas não existem! - a ruiva olhou por sobre o ombro, seguindo seus olhos pelo grupo - Sugiro que ele vá para a psicóloga da escola.

– Abra seus olhos - disse Soluço, aproximando-se de Merida e abaixando perto de um dos armários -, você precisa procurar também os pequenos detalhes. Os quase invisíveis aos olhos.

Soluço pegou um lenço branco do bolso da calça jeans e passou no chão. Quando levantou abriu o mesmo.

– Bingo! - Sorriu - e aqui está a nossa areia negra!

– E agora, ruivinha? - caçoei - não acha que isso possa ser mesmo algo sério?

Merida cruzou os braços, nervosa. Faltava apenas fumaça sair de seus ouvidos.

– Tudo bem - resmungou.

– Maravilha! Então, podemos começar a... - comecei a dizer, mas fui cortado pela diretora Lucy, que pareceu surgir das cinzas.

– Começar o que, Sr. Frost? - Ela olhou em meus olhos. Merida levantou uma sobrancelha como se falasse "Agora quero ver você sair dessa, espertalhão".

"Claro que saio! Eu sou Jack Frost, não sou?"

– Começar a... Ah, droga! Isso deveria ser uma surpresa, mas nós iríamos começar a limpar os armários - percebi todos me fuzilaram com o olhar, pareciam irados com o que eu havia dito. - Diretora, nós vimos muita areia por aqui, e já que é para trabalhar duro, bom, pensamos em fazer uma surpresa.

Lucy sorriu.

– Não precisa Jack, é nobre da parte de vocês oferecerem este trabalho, porém eu vi o esforço que fizeram para limpar o refeitório. Não acredito que eu diria isso mas... - Lucy suspirou - Mudarei o horários de vocês no período da tarde. Já que perderam a aula de matemática desta manhã recuperaram na tarde seguinte. Apenas uma aula, e basta. E Espero que o que houve hoje não se repita. Nunca mais.

– Sim, senhora - dissemos todos.

A diretora Lucy assentiu e seguiu pelos corredores, sua silhueta magra ficava cada vez menor, até ela virar para o corredor esquerdo e desaparecer.

– Quem quer continuar descobrindo sobre a Giulia? - perguntei, animado.

Todos me olharam hesitantes e tensos.

– Você não acha que deveríamos levar isso para a polícia, Jack? - perguntou Rapunzel - Quero dizer, eles entendem do assunto, não é?

– E aliás - continuou Merida - Nós nem nos conhecemos direito. E ainda pode ser perigoso.

Fiquei em silêncio, encarando todos. Eles ficaram sem expressão, ainda hesitantes. Em seus olhos eu via uma louca vontade de continuar o que descobrimos, mas algo perecia impedi-los. Então cheguei em uma conclusão.

Como estávamos no corredor de armários da nossa sala aproximei-me do meu, deixando todos duvidosos. Lutei para abri-lo, e, quando consegui, peguei um bloquinho de anotações e uma caneta. Peguei cinco folhas e escrevi o meu endereço. Enquanto entregava as anotações a eles, disse:

– Esse é o endereço da minha casa, se mudarem de ideia sobre a "investigação" e quiserem descobrir mais, podem me fazer uma visita, hoje, as duas da tarde - olhei para Merida, entregando-lhe o papel - E tenho certeza de que essa seria uma boa hora para nos conhecermos, já que existem certas pessoas desconfiadas.

Depois de guardar o bloco de notas, a caneta e fechar o armário, o mesmo som irritante e agudo do sinal tocou, afirmando o final da tortura escolar, e alunos começaram a surgir das salas como animais.

Olhei para o "meu" grupo antes que ele desaparecesse entre os adolescentes baderneiros. Todos estavam com seus rostos pregados em seus papeis. Wilbur foi o único que olhou por cima da anotação, deixando um sorriso que parecia confirmar as suas travessuras na nova, e provável, "missão".

Sorri em troca e dei meia volta, jogando minha mochila por sobre o ombro, partindo para a saída enfestada de alunos.

"Agora, Jack, é só ir para casa e esperar os resultados"


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