Mistérios de Frost Ville escrita por Isa Holmes
Notas iniciais do capítulo
Olá mais uma vez meus mini-detetives!
Primeiramente queria agradecer à minha amigona Monthast pela super recomendação. Obrigada, Watson! :) Adoro quando chove recomendações! Isso deixa a Isa feliz!
Agora uma noticiazinha meio chata. Infelizmente — ou felizmente, em alguns aspectos — este é o penúltimo capítulo de Frost Ville. Bom, na verdade terá esse, o último, e como eu amo e quero presentear você, um bônus. Despedidas que fiquem pra depois, agora ainda é hora de aproveitar! Boa leitura!
O odor de medicamentos e álcool estava impregnado no meu nariz quando acordei pela terceira vez em todo aquele meio tempo. Meus pensamentos estavam embaralhados e a minha cabeça doía como se fosse sido atingida por um taco de baseball.
Enquanto minha consciência dava-se o luxo de voltar aos poucos, pude ouvir anúncios em altos falantes e os bip’s dos meus batimentos cardíacos.
Mantive coragem e força e abri os olhos, a lâmpada branca do teto quase me cegando de tão forte. Não demorou e percebi que tomava soro e sangue, que respirava por ajuda de um tubo de oxigênio e que estava com um ponto feio no corte que eu havia ganhado de Breu.
Não precisei de mais nenhuma evidência para dar-me conta de que estava num hospital.
Ouvindo meu pescoço estalar, olhei para o meu lado esquerdo e encontrei ninguém mais, ninguém menos, que a garota que amei em silêncio por todo tempo. Estava encolhida numa poltrona enquanto babava de sono.
Mexi minha mão e olhei para baixo, encontrando a sua entrelaçada juntinha com a minha.
— Me-Merida?
Ela abriu os olhos e bocejou, encarando-me, sonolenta.
— Jack? — Meri ajeitou-se na poltrona, largando minha mão normalmente, como se fizéssemos isso sempre — Jack! Meu Deus, como está?
— Dolorido... — reclamei — Soluço está...?
Merida apontou para o outro lado antes que eu terminasse de falar, e então eu pude encontrar meu amigo, inconsciente, deitado em um outro leito.
— Ele teve que passar por uma cirurgia. A pancada foi forte, sabe? Quebrou feio o osso dele. Ele voltou faz algum tempinho, mas está inconsciente desde o acidente. Não acordou nenhuma vez.
— Há quanto tempo estou aqui...? — perguntei, tentado sentar. Tirei o tubo de oxigênio que, além de me irritar, abafava tudo o que eu dizia.
— Quase dois dias.
— Dois dias!?
— Perdeu muito sangue, Jack! Foi tacado contra uma árvore, foi drogado, sequestrado! — ralhou Meri — Podia estar morto!
— Mas não estou.
— Sorte de principiante. Graças a Deus também não quebrou nenhum osso. O médico disse que a pancada da árvore foi forte, chamou você de “moleque-sortudo”.
— Meu avô...?
— Está lá fora; Na verdade ele ficou aqui o tempo todo, mas parecia tão cansado que sugeri que fosse esticar as pernas ou comer alguma coisa.
— Breu está...?
— Vendo o sol nascer quadrado, ou talvez não vendo o sol nascer. Está preso aqui, mas vai ser transferido para Londres e será julgado.
— Julgado pelo o quê? Bruxaria? Não estamos na época medieval, sabia? — zombei, irritado.
— David e eu já tomamos conta disso. Todos que foram vítimas e testemunhas vão depor. Você vai querer?
— Não sei... você vai?
— Sempre quis ver como é um tribunal! — sorriu ela.
Suspirei fundo e desviei os olhos para uma televisão grudada na parede, onde passava um comercial com uma música dos anos 50.
— O que quer dizer com “David e eu já tomamos conta disso”? — perguntei.
— Pedi para ele para que me deixasse conversar com Devalos quando fosse interroga-lo. Foi meio difícil no começo, mas consegui arrancar algumas coisas do nosso “professor”, principalmente sobre o anel.
— E então...? — voltei a encará-la, interessado.
Merida começou então a me contar, animadamente, sobre a sua experiência de ser detetive por um dia. Ela falava e falava, tintim por tintim. Eu já ficava com fome quando uma enfermeira apareceu com o cardápio do dia: Uma canja quentinha e um potinho de creme inglês. Ofereci o doce para Meri e fiquei apenas com a sopa.
Nossa conversa fora realmente longa e milagrosa, porque no momento em que terminamos, pude ouvir murmúrios, grunhidos e gemidos do outro lado do quarto, onde Soluço estava.
Meu amigo havia acordado — ou pelo menos foi a impressão que deu.
Não tardou e Rapunzel entrou no quarto, segurando uma garrafinha d’ água. Sorriu para mim e foi acudir Soluço, logo que notou que meu parceiro estava murmurando.
— Soluço? — sussurrou ela, sentando no leito, ao seu lado — Está me ouvindo?
— Astrid...? — perguntou ele, que parecia sonhar.
— Sou eu, Rapunzel...
— Astrid? — insistiu meu amigo — Astrid, minha perna. Não sinto minha perna!
— Soluço! — a loura ralhou, sacudindo-o.
Assustado, ele sobressaltou e abriu os olhos e, esbugalhando-os, nos encarou.
— Aquele acidente...
— O dos cavalos? — perguntou Merida.
— Uhum. Aquilo me assombra...
— E o acidente recente? Do que se lembra? — perguntou Rapunzel.
— Lembro que aprendi a voar — ironizou ele.
Todos riram.
— Você quebrou o braço. Seu osso saltou pra fora! Devia ter visto que louco! — anunciou Wilbur, que, junto de Violeta, entrava no quarto. Vi suas mãos dadas e fiquei horrivelmente confuso.
Soluço, por sua vez, arregalou os olhos.
— Você fez uma cirurgia pra por ele no lugar, Luço — Rapunzel o acalmou — Fica tranquilo que em parte de braços você ainda tem um par.
Não parecia que Soluço a havia ouvido. Meu amigo ergueu suas cobertas e enfiou sua cabeça por baixo delas. Segundos depois, tirou a cabeça e abaixou o manto, relaxando e suspirando.
— O que foi, cara? — perguntei.
— Ainda tenho uma perna... — respondeu ele.
Todos novamente riram e depois ficaram em silêncio. Encarávamos uns aos outros como estátuas. Agoniado com a falta de assunto, abri minha boca e arranjei um papo.
— Contou para eles sobre o anel? — dirigi-me à Merida.
— Contei sim. Quero dizer, falta o Soluço...
— Engraçado, não é? — disse Soluço, sem graça — Eu meio que ouvi vocês...
— Ouviu, é? — perguntei.
— Pois é, eu havia acabado de acordar, mas aí eu dormi de novo e tive o pesadelo, e o resto vocês já sabem...
— Se não fosse você, Luço, eu não teria conseguido. Lembra quando me deu a aula de pequenos detalhes lá na escola? Desde aquele dia andei treinando...
— Elementar minha cara, Watson! — sorriu meu amigo.
Merida riu, e foi seguida do silêncio.
— Então é isso aí... — falei — ...Caso encerrado.
— Mais que encerrado! — animou-se Rapunzel — Imagine só, se Jack não tivesse insistido tanto em trabalharmos nisso, só Deus sabe o que teria acontecido!
— Foi a melhor semana da minha vida! — disse Merida.
— Sério, ruivinha? Você era a que menos queria ir! — provoquei-a — Não se lembra, não? “Nós nem nos conhecemos” — imitei-a, com voz de menininha — “E pode ser perigoso!”.
— Eu não falo assim!
— Ah, fala sim!
Merida encarou-me com seu sorrisinho malicioso e os olhos semi-cerrados. Estendeu uma das mãos na frente de todos e disse, encarando todos:
— Amigos para sempre?
Todos sorriram e, um por um, foram apoiando suas mãos em cima da de Merida. Sendo o último, concretizei o juramento.
— Amigos para sempre!
E erguemos as mãos, em comemoração.
Foi nesse mesmo momento que a porta foi aberta. David entrou, meio sem jeito, com o seu típico cabelo bagunçado, camiseta social branca e sorriso estampado.
— Vejo que estão se divertindo... — disse ele, aproximando-se.
— Concluímos um caso! — anunciou Rapunzel.
— Pois é, eu não sei o que faria se não fosse vocês, mas fiquei muito decepcionado quando descobri que estavam indo atrás disso pelas minhas costas! Podiam ter me falado...
— Decepções depois. — funguei — E não íamos falar para você nos impedir depois. Não vem se fazer de santo não, David! Conheço bem o seu jeito, sou filho do seu parceiro, lembra?
David sorriu, pouco se importando com o meu jeito.
— Devo desculpas a vocês, crianças. Se não fosse isso, sabe-se lá o que seria desse caso.
— Estávamos discutindo sobre isso agora — murmurei.
— Gostaram de trabalhar como policiais? — perguntou David.
— Foi a melhor coisa da minha vida! — anunciou Wilbur, animado.
— Fariam isso de novo?
— Seriamos os melhores detetives-mirins que esse mundo já viu! — riu-se Violeta — Já pensou, que legal? Seriamos uma equipe incrível!
David riu.
— Contou pro Jack, Merida?
— Ah, é! — riu ela, dando um tapinha na nuca — Eu quase me esqueci!
— Esqueceu do quê? — perguntei.
— O Prefeito quer fazer uma comemoração e uma homenagem para nós. Quer nos parabenizar pela nossa coragem e blá blá blá. Sabia que o Alan Clarke é filho dele?
Encararei David, confuso.
— Se não fosse vocês — completou ele —, além de ter uma série de assassinatos, a cidade seria destruída. Esse era o outro plano do... Breu e da bruxa, namorada dele.
— Assim que você e o Soluço tiverem alta, o prefeito mandou o David avisá-lo para começar os preparativos.
Fiquei perplexo de felicidade.
— Eu só era o menino desordeiro da cidade...
— E agora você é o herói! — sorriu Merida — Um dos, na verdade. Tem que deixar créditos para a gente também.
O celular de David tocou.
— Tenho um assunto pra resolver. — disse ele, aproximando-se da porta enquanto olhava o identificador de chamadas — Vejo vocês depois.
E então ele saiu, e eu, intrometido, apontei para Violeta e Wilbur.
— Tem certeza que eu estava inconsciente por dois dias? Não eram mais?
— Por quê? — perguntou meu amigo.
— Estão namorando!
— É proibido?
— É engraçado!
— Não sou palhaço.
— Mas era o pegador da sua escola antiga.
— As coisas mudam, não é, garoto-herói-que-antes-era-garoto-encrenca?
Suspirei fundo.
— Touché.
— É, realmente as melhores coisas acontecem quando menos esperamos... — sorriu Vivi.
— O melhor ainda está por vir, gatinha! — animou-se Wil — Imagine só! Uma festona só para nós? Vamos ganhar título e prêmios! E seremos respeitados por todos. Valentões e detenções por guerras de comida nunca mais!
Wilbur arrancou risadas de todos e, sinceramente, não havia outro lugar que eu quisesse estar que não fosse perto da minha segunda família: Os meus amigos.
Ahn, quero dizer, os meus melhores amigos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Caso encerrado, pessoal!
Ahn, alguns, por favor, não me matem por não ter dado uma explicação do anel. Vou estragar a surpresa, mas vai ser justo ele que vai ser o assunto do nosso capítulo bônus. Vamos ver a nossa querida Valente bater um papinho com o nosso vilão.