Dirigi até três pontes diferentes, indo para a penúltima ponte da cidade. Estacionei embaixo de uma árvore e saí do carro, correndo para baixo da ponte. Olhei água em todo lugar, chamei-os mais alto que pude, sem retorno. Então vi algo na água, boiando. Pulei na água e nadei o mais rápido que pude até o objeto. Vejo ser o tênis de Natan. Sinto meu coração pular forte.

-NATAAAN! ELENAA! – gritei, olhando desesperadamente ao redor. – Por favor...

-Damon, ali! – Ouvi Jenna me chamar e apontar para a beirada do outro lado do rio.

Nadei até lá e vi Natan desacordado. Chequei sua respiração e fiz respiração boca a boca, pulsando seu peito para que cuspa a água que engolira. Faço isso três vezes consecutivas, não tendo retorno. Levanto um pouco sua cabeça, tombando-a pra frente. Abraço-o por trás e o aperto forte no peito, o fazendo cuspir água e reagir.

-Natan! – abracei-o com força. –Que susto você me deu...

-Pai... Mãe...

-Cadê? Cadê sua mãe?

Jenna dá um grito extremamente alto e então olho para ela e a vejo olhando para a ponte. Me fazendo olhar também. Pude sentir meu corpo querer ser mutilado ao ver aquilo. Elena estava enforcada na ponte. Mesmo sabendo que poderia ser tarde, corri para a ponte como um louco, atropelando todos sem ver. Ouvi uma mulher resmungar.

Literalmente, eu vou salvar alguém da forca. Chego ao meio da ponte exausto. Me debruço por cima do muro baixo e vejo Elena logo abaixo de mim, pendurada, pálida. Passo por cima do muro, ficando pendurado também. Sinto um calafrio ao olhar para a altura que estava.  Ouço Jenna acima da ponte, mas não consigo distinguir o que está falando. Alcanço Elena, puxando-a pra mim e pegando-a no colo. Sinto seu corpo frio. A cada segundo, eu morria mais por dentro. Elena não pode ter ido. Não agora... Eu a trouxe até o asfalto, soltando a corda de seu pescoço. Deitei-a no meu colo e verifico sua pulsação. Meu coração congela. Corro o mais rápido que posso até o carro.

-DAMON! Me espera! – gritou Jenna tentando me alcançar,  e me ajudando a colocar Elena deitada no banco de trás.

-Fica aí com Natan, eu vou para o hospital, encontro vocês lá! – dei a volta como carro e piso fundo.

Eu conseguia ouvir meu coração bater, até porque eu o sentia na minha garganta agora. Meus músculos estavam tensos e o que eu mais queria era chorar e berrar. Elena não podia ir, eu não iria deixar...

Olhei seu corpo pelo espelho, do mesmo jeito que havia deixado. Franzo a testa, desejando que alguém pudesse fazer algo por ela. Que eu não a perdesse realmente... Desejava que eu me sentisse um pouco menos culpado.

Estaciono na minha vaga de sempre e corro com Elena no colo para dentro do hospital. Vejo o Dr. Matt no corredor, tomando seu café. Ele me vê e ordena que tragam uma maca rapidamente. Deitei ela no mesmo instante que a maca chega, e vou com ela até o quarto. Mas Alex e Ellen me puxam pelo braço para fora do quarto, trancando minha passagem.

-NÃO! Me solta! Eu tenho que ficar com ela! – eu me debatia para elas me soltarem.

-Damon! Calma! Acalma-se! – Ellen tentava me acalmar, me encarando com certa compreensão no olhar.

-Não! Ela morreu! – Berro, e então todas as lágrimas vem à tona.

-Ela não morreu. Calma, Damon. – Alex dizia enquanto me sentava no corredor.

-Eu vi! Eu senti! Ela tá fria, não reage,... – apoio meus cotovelos nos joelhos e cubro meu rosto.

-Vai dar tudo certo... – Ellen acariciava meus braços e sua voz sussurrava agora.

-Não vai dar tudo certo, eu a perdi! Perdi! Ela se foi! – eu repetia em meio a lagrimas.

-Um pouco de otimismo sempre ajuda, sabia? – reclamou Ellen.

-Eu tenho que ver ela... – levantei, limpando meu rosto, determinado.

-Não, Damon...

-Deixa ele... – ouvi Alex sussurrar.