Metamorfose escrita por Letícia Barbosa


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi oi olá e boa leitura.



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A sala começou a esvaziar. As duas saíram pela porta abraçadas enquanto eu fui até a mesa para pegar minha bolsa. Ela estava em cima da cadeira, e sem querer a deixei cair. Me abaixei para pegá-la, e quando levantei um garoto se materializou atrás de mim. Mas não um garoto qualquer, Samuel. Ele ainda parecia divertido por uma piada as minhascustas.Seu olhar estava fixo em mim e isso me deixou subitamente nervosa.

-Esqueceu alguma coisana minha cara? - perguntei - Tipo a sua educação?

- Me desculpe. - ele precisou morder os lábios para se forçar a não começar a rir, e isso era irritantemente sexy. - É que eu estava curioso para saber se você dormiu bem hoje.

- O que?

Comecei a perder a paciência.

- Sabe como é, quando o sono ataca as pessoas precisam atender seu chamado. - fez uma expressão séria. - Não importa onde, nem quando. Em nome da saúde, é claro.

Seu tom de voz indicava que ele esperava que eu soubesse do que ele estava falando, mas é claro, eu não sabia. Samuel continuava se deliciando com sua piada interna.

- Do que é que você está falando?

- Do hábito que algumas pessoas têm de dormir em lugares estranhos. Como no meio da rua, por exemplo.

A sala ficou completamente vazia.

- Ah. - meu cérebro se acendeu como uma árvore de natal. Ele estava falando do pequeno passeio que eu dera aquela tarde, mas como ele poderia saber daquilo?

As luzes se acenderam mais um pouco.

- Era você? - perguntei um pouco confusa.

- Um bom sono também faz bem para a memória - disse -, pelo menos foi isso que ouvi dizer.

- Como é que você consegue ser tão irritante com tão poucas frases? - eu não estava acostumada com esse tipo de conversa. Os garotos praticamente derretiam aos meus pés somente com a minha presença, não ficavam fazendo piadinhas sobre mim.

- Como é que você consegue ficar tão irritada com tão poucas frases?

Me endireitei antes de falar e respirei fundo, tentando manter a calma, mas ele foi mais rápido que eu.

- Me desculpe, - sua risada seria contagiante se eu não estivesse com vontade de arrancar sua língua fora. - eu não consegui resistir. Dormir no meio da rua não é algo que pessoas normais fariam.

- Tem alguma coisa em mim que te faz pensar que eu deveria ser normal? -perguntei. - Porque se tiver me diga, que vou corrigir esse erro o mais rápido possível.

Coloquei uma mão na cintura e apoiei a outra na mesa, fazendo a pose mais falsamente adorável que consegui, enquanto piscava para ele. Samuel abriu o sorriso novamente. Esse cara via graça em tudo?

- Você realmente não tinha me reconhecido? Porque foi bem fácil pra mim me lembrar da sua cara, já que a minha educação está perdida por aí, em algum lugar. - fez uma pequena pausa enquanto encarava minha testa, como se estivesse procurando algo. - Ah, olha ela aqui. Achei!

Me irritei tanto que pensei que poderia explodir à qualquer momento. Eu não poderia matá-lo. Pelo menos não ali, já que alguém poderia chegar a qualquer momento, mas era exatamente isso que eu teria feito se estivéssemos em outro lugar. E se Chery já não tivesse reivindicado o direito de matá-lo antes, é claro.

Fuzilei-o com o olhar, enquanto contava até 10 mentalmente, e me virei, indo em direção à porta, mas ele segurou meu braço. Seu aperto foi tão forte que poderia ter deixado marcas roxas, e ele parecia nem mesmo se dar conta disso enquanto me encarava. Seus olhos castanhos diziam: Me desculpe, pela centésima vez.

Eu não entendia porque ele continuava agindo como um idiota só para pedir desculpas depois. Essa era mais uma coisa que não fazia sentido nenhum nos humanos. Qual é o objetivo de fazer uma coisa errada quando se sabe que é idiotice e que você vai se arrepender depois? Eu respondo: nenhum. É a mesma coisa que assinar uma declaração dizendo "ei, eu sei que sou burro, mas ainda preciso provar isso para os outros!".

- Será que da pra me largar?

- Só se você não ficar com raiva. Não disse nada por mal.

- Sim, você disse. Cada coisa que você disse aqui foi para me irritar, e meus parabéns, você conseguiu. - Samuel largou meu braço. - Estou a ponto de te matar, - Ele jamais entenderia o quanto aquilo que eu havia dito era verdade, mas falei mesmo assim. - então sugiro que você suma da minha frente e não apareça nunca mais.

- Esse é um pedido difícil demais. Acho que não posso atendê-lo.

Dei as costas para ele e comecei a andar, enquanto a sala era novamente invadida por alunos para a próxima aula.

- Você não me disse seu nome.

- É, e nem vou dizer.

E sai da sala, me perguntando como Chery conseguira passar cinco minutos ao lado de Samuel sem ter arrancado sua cabeça. Talvez seja porque era uma cabeça muito bonita. Mas irritante demais para ter o privilégio de continuar grudada a um corpo.


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Notas finais do capítulo

Apenas falando que eu AMO o Samuel e ele é meu ♥ kkkk
Espero que tenham gostado e mandem comentários e tal.
Até o próximo cap!