Metamorfose escrita por Letícia Barbosa


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos ao capítulo cinco, espero que gostem e coisa e tal.
Boa leitura (:



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Nos despedimos de Victória e a deixamos sozinha no Bistrô. Fomos andando até uma pequena praça no centro da faculdade, e nos sentamos em um dos bancos. Emily logo se levantou e correu até um garoto que passava por ali. Ela conseguia ser bem rápida quando se tratava de obedecer Victória.

- Estou com um mau pressentimento sobre essa guerra. - Cherry tirou a jaqueta e a colocou no colo, pegando, em seguida, um maço de cigarros do bolso. - Quer um?

- Não. - respondi um pouco distraída. - Eu sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Já estava passando da hora, pra falar a verdade. Você não tinha notado?

- Notado o que?

- Está tudo muito quieto. Não vejo nenhum anjo há meses. Devem ter sidos convocados lá pra cima.

Não era segredo a presença de anjos na Terra, e até mesmo os humanos sabiam disso, apesar de muitos se negarem veementemente a enxergar o que estava bem à sua frente. A ordem mais conhecida era a dos ofanins, ou ditos anjos da guarda, que caminham entre os homens com o objetivo de guiá-los e salvar suas almas. Exatamente o contrário do que eu fazia. Não era de se esperar que não nos déssemos muito bem, mas mesmo assim sua ausência era um pouco estranha.

- É, pode ser. - relaxou as pernas e observou alguns garotos que corriam em volta da praça. - Vamos lá, temos trabalho a fazer. - disse com um sorriso malicioso.

Chery se levantou e andou até eles, enquanto amarrava a jaqueta na cintura. Eu não sabia por que, mas não estava com ânimo para nada naquele momento. As visitas de Victória sempre me deixavam tensa, mas aquela em especial havia despertado em mim um sentimento que eu não conhecia muito bem, o medo.

Aquele pressentimento pairava como uma nuvem negra sobre minha cabeça, tirando minha concentração, e decidi deixar a caçada para depois. Emily e Chery continuaram na praça flertando com quem fosse possível, enquanto eu caminhava até meu quarto.

Antes de abrir a porta pensei em possíveis planos para tirar Danielly de lá, já que esse era o horário em que ela praticava yoga online todos os dias, mas, para minha surpresa - e satisfação -, ela não estava em lugar nenhum. Tirei o salto e troquei minha roupa por uma mais confortável.

Eu continuava preocupada, então decidi fazer a única coisa que conseguia me acalmar numa situação dessas, escrever. Liguei o computador e me sentei na cadeira à sua frente. Foi quando notei um envelope branco, um pouco simples demais, endereçado a mim. Soube quem a havia mandado assim que vi a letra excessivamente bonita que preenchia a carta.

"Olá Alice, como vai? Recebemos um email da diretoria sobre suas notas cada vez mais decadentes, e por incrível que pareça nos surpreendemos. Eu e Sebastian esperávamos que a faculdade mudasse algo em você, mas pelo visto estávamos enganados. Sinceramente, não sabemos mais o que fazer com você, então recorremos a nossas únicas opções. Você não receberá mais mesada enquanto suas notas não melhorarem, e não viajará conosco no Natal.

Estamos decepcionados,

Vanessa e Sebastian."

Excluí o email rangendo os dentes, enquanto sentia o ódio borbulhando dentro de mim. Esse era exatamente o tipo de coisa carinhosa que minha "família" me diria. Decepção, era isso que eu havia me tornado para eles desde o momento em que decidiram me adotar. Vanessa e Sebastian me odiavam. Desde a infância minha principal ocupação era irritá-los, e preciso admitir que eles foram bastante persistentes. Se eu estivesse em seu lugar já teria me jogado em uma lata de lixo, seria bem mais fácil. Mas eles decidiram simplesmente me manter o mais longe possível. E eu gostava disso, e acho que é exatamente por isso que era tão difícil explicar a insatisfação momentânea que eu sentia sempre que recebia alguma demonstração de afeto como essa.

Acho que nunca me acostumei com o fato de existirem algumas pessoas que não gostam de mim. Ou com a minha disposição em mantê-las vivas.
 
Desliguei o computador e me levantei. Uma única coisa dominava minha mente, a raiva, e aos poucos me deixei preencher pela frieza daquele sentimento. Era reconfortante e familiar. Um sorriso percorreu meus lábios quando reconheci aquela sensação. Estava na hora de caçar.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é o menor que já escrevi até agora, mas é só a introdução do cap 6, que eu gosto bastante.
Espero que tenham curtido, e por favor deixem reviews.
Até a próxima (: