No Other escrita por Pacheca


Capítulo 6
Capítulo 6 - I Am The Best


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas ;3 Aproveitei o feriado e digitei esse capítulo pra vocês ^~^ Nem demorei tanto hoje, só umas duas horas -q Geralmente eu gasto umas quatro...
Enfim, a música do capítulo é I Am The Best, do 2NE1 ^^
http://www.youtube.com/watch?v=j7_lSP8Vc3o
Aproveitem :D



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O sábado chegou rápido. Meu irmão e o resto da banda iria embora no dia seguinte, de volta para Londres. Aquilo me desanimou. Todo mundo estava diferente. Ian estava mais quieto, sem me atazanar. Eu não tinha vontade de sair da cama pra nada.

– Ei, pequena. – Jack parou no vão da porta, com um sorriso triste. – Ah, vai. Dá um sorriso. – Dei um sorriso sem graça.

Ele entrou no quarto e se sentou na beirada da cama. Me sentei, olhando o relógio do criado: 5 da tarde.

– Você sabe que eu quase desisto de viajar quando te vejo desse jeito? Me lembra do dia que papai falou que ia embora. Lembra?

– Lembro, eu tinha 12 anos.

– Quase 13. Entendeu antes de Elijah. – Ele suspirou. – Se até ele volta, depois de tudo que aconteceu, eu também vou voltar. Prometo. Só não fica assim.

– Se eu te pedisse pra ficar, você ficaria? – Eu parecia aquelas crianças de 5 anos, que não querem que o pai vá trabalhar e fique brincando com elas.

– Você teria um bom argumento? – Neguei, dando um sorriso fraco. – Pois é. Pensa, pequena, se tudo der certo eu volto esse ano ainda.

– Sério?

– A banda tá começando a se firmar nos EUA. Nossas vendas por aqui começaram a melhorar. Eu vou poder voltar, definitivamente, logo. – Sorri, um pouco mais animada. – Você não tem uma festa pra ir hoje?

– Sei lá, acho que não vou, não. Não to afim.

– Ah, para! – Ele levantou, parecendo indignado. – Vai sim.

– Eu estou sendo expulsa de casa? – Fiz a mesma cara de indignação.

– Claro que não, a casa é mais sua que minha. Mas eu quero que você vá. Vai ser bom.

– Mas eu prefiro ficar aqui com vocês.

– Nós só vamos embora amanhã, Megs. E se você continuar aqui, assim, vai me fazer me sentir mal. Anda, vai se arrumar, eu te levo.

Ele saiu do quarto. Enrolei uns cinco minutos antes de me levantar. Vesti uma calça jeans, calcei meus coturnos, coloquei um camiseta e uma jaqueta. Arrumada, mas nada de extravagante. Meu cabelo estava meio bagunçado, então o disfarcei sob um gorrinho que Nathaly tinha me dado.

Pelo que eu pesquisara mais cedo na semana, a Cedar Street era a uns 12 quarteirões da minha casa. Peguei meu celular e minha carteira, só com minha identidade e dinheiro pra um táxi, se eu precisasse, e coloquei tudo nos bolsos de trás.

– Ei, aonde você vai? – Ian entrou no meu quarto, se sentando na minha cama.

– Uma festa da escola. Eu nem queria ir, mas Jack insistiu. – Me sentei no parapeito da janela, olhando a árvore lá fora, no outro lado da rua.

– Ei, a gente não vai morrer. – Ele foi até a janela, sério. Parecia que ele podia ler meus pensamentos.

– Eu sei. É só que, é legal, ter vocês por perto. – Senti um nó se formando na minha garganta e minha visão ficando embaçada.

Ian me abraçou, em silêncio. Não chorei, mas o nó na minha garganta se apertou mais ainda. Assim que ele me soltou, Jack entrou no quarto, me chamando pra irmos. Tenho certeza de que ele me viu com Ian, mas não falei nada.

Era uma casa grande, com um quintal enorme. Desci do carro e fui até Shaun, parado no meio do gramado, sem esperar Jack arrancar.

– Você vive rodeada de carros legais, hein? – Ele se virou para mim depois de observar o carro. – Journey?

– É, Dodge Journey. – Olhei ao redor. Já havia alguns grupinhos formados, alguns copos de cerveja, luzinhas penduradas pelo jardim, presas nas árvores, uma em cada ponta do quintal.

– Bem, as bebidas e comidas estão na cozinha, banheiros no 2º andar e o quintal. Sinta-se em casa.

– Não acho que você vai tocar Elvis aqui também, vai?

– Respeito com o Rei. – Ele achou que eu estava reclamando de Elvis?

– Sempre. Acho uma pena não tocarem.

– É, eu também. Mas não sou o responsável pelo som. Nickelback, talvez? – Ele sorriu. Sorri de volta. Ele se afastou, indo cumprimentar alguém. Não vi ninguém conhecido, então fui pegar um refrigerante na cozinha.

– Olha só, não é que ela veio? – Assim que acabei de encher um copo com Coca-Cola, o grupinho das garotas que sempre me fuzilavam com o olhar se aproximaram.

– Ahn?

– É incrível sua coragem, garota. – A loira, Jessica, falou em resposta.

– Coragem de que? Tomar refri? Eu já sou gorda, pior que tá não fica. – Tomei um gole, como se pra provar o que eu tinha dito.

– Ao menos ela reconhece que a própria gordura. – Uma das garotas que seguiam Jessica para todo lado cochichou para outra, rindo logo em seguida. Sorri pra ela, fazendo ela fechar a cara no mesmo instante.

– Olha aqui, eu não sei porquê, mas Shaun tem falado bastante com você. Eu só queria deixar bem claro que você pode até tentar, mas não se iluda, ele não está afim de você.

– Ok, foda-se. – Tomei outro gole do refri. – Eu também não estou afim dele. Não to tentando nada com ele.

– Claro que não. – Ela deu um sorriso sarcástico. – Mas esse foi só um aviso. O único.

– Aviso do que? De que você está desesperada que não quer porra nenhuma contigo? Todo seu, foda-se, eu não ligo. – Ela já estava passando do limite, eu já estava me irritando.

– Vou ser mais clara, então. Fica longe dele. É uma ordem. – Eu olhei bem para ela, com aquele vestidinho colado de periguete, salto alto dourado e tanta maquiagem que a cara dela devia estar até pesada.

– Garota... – Eu comecei a rir, mesmo com toda a irritação que eu sentia. Várias pessoas tinham se reunido ao nosso redor, inclusive Shaun, que parecia não saber se intervia ou não. – Nem minha mãe me dá ordens, eu não vou te obedecer. E se você é tão burra que não consegue entender, eu repito para você. Não quero nada com o Shaun.

Tomei o resto do refrigerante de uma só vez, colocando o copo vazio no balcão. Minha vontade era de tacar o refrigerante na cara dela, mas me controlei.

– Fica na tuazinha, tá? – Me virei para Shaun, me afastando dela. – Controla os nervos da tua cadela aqui.

Fui para o quintal antes que ela reagisse, percebendo que estava com meus punhos cerrados. Respirei fundo, ouvindo alguns cochichos atrás de mim e Coldplay. Era a primeira festa a que eu ia e tocava Paradise.

Coloquei as mãos nos bolsos e passei a procurar alguém conhecido. Em poucos instantes, encontrei Duran, caminhando na minha direção, com um copo na mão.

– Acabou com a provocação? – Ele me entregou o copo de coca-cola.

– Vai ficar enchendo? – Tomei um pouco do refrigerante, tentando me acalmar.

– Não, não quero ser sua próxima vítima. – Ele deu um sorriso torto e erguer as mãos em sinal de paz. O fuzilei com um olhar. Ele riu. – Sabe, você é a primeira a enfrentá-la.

– Ela que procurou. – Ele pegou o copo e tomou um gole.

– Não te imaginava tão...encrenqueira. – Ele fez uma expressão estranha, como se pensasse “Meu Deus, encrenqueira é tão tosco”.

– Não costumava ser. – Peguei o copo e tomei um gole. Suspirei. – Nem sei se sou.

– Você não está afim de conversar, certo? Fica matando o assunto toda hora. – Ele parecia um pouco chateado com minhas respostas.

– Foi mal, cara. Meu dia foi horrível.

– Eu fiquei chorando feito um bebê a tarde inteira, na cama, pela partida do meu irmão.

– Pra onde?

– Londres, ele e os amigos vivem lá, têm uma banda. – A expressão dele foi engraçada, com as sobrancelhas erguidas e a boca apertada. Ri.

– Ai deu ruim. – Dei de ombros. – Eu acho que não tenho muito como ajudar, então deixa quieto. Eu vou conversar com uma galera ali. Eu te chamaria, mas...

– Prefiro ficar sozinha. – Completei a linha de pensamento dele. Ele deu um sorriso e saiu.

Fiquei sozinha, com o copo na metade. Comecei a andar pelo quintal, sem rumo, só por andar mesmo. Acabei encontrando a parte de trás da casa. Uma piscina iluminada, emitindo um brilho azulado nas mesinhas ao redor. Estava vazio ali.

Descobri onde eu passaria o resto da festa. Me sentei numa das mesinhas, encarando a água e batucando com o copo na mesa. Eu teria feito melhor ficando em casa, acabando meu Crônicas de Nárnia. Eu até poderia ir embora agora, mas ficaria parecendo que era pelo que tinha acontecido com a loira piranha. Até Jack me encheria por isso.

Uma garota chinesinha, fofa, levou uma garrafa de refrigerante pra mim depois de um tempo. Acho que era a garota que me deu direções na escola, no primeiro dia de aula. Talvez mais tempo do que imaginava tivesse se passado.

Eu ouvia várias vozes misturadas, o tempo todo, por todos os lados, mas nada me interessava. Não vi nem Louis nem Lólli, e Duran não me procurou mais.

De repente, todas as vozes começaram a se afastar, indo para o quintal. Não sei o porquê. Também não queria saber, só queria ir embora. Me levantei, me espreguiçando. Peguei meu celular e olhei as horas: quase 10 da noite.

Eu passei, basicamente, 3 horas ali, sentada, sozinha. Coloquei as mãos nos bolsos e comecei a caminhar na direção do quintal. Achei que deveria ao menos saber o que tinha atraído tanta atenção, para conseguir manter uma conversa decente se me perguntassem algo.

Trombei em alguém, com força. Minha cara tinha batido bem no ombro da pessoa, meu nariz latejava com a pancada. Comecei a me desculpar, mas senti uma mão se prendendo no meu braço, ele me segurava com força.

– Que isso, cara. Me desculpa, não te vi. Me solta. – Ele apertou ainda mais meu braço, me puxando pra perto dele e rindo. O cheiro de cerveja e cigarro, misturado a alguma outra coisa atingiu minhas narinas.

– Ah, não quer ficar mais um pouquinho? – Tentei me soltar, mas elee me puxou ainda mais pra perto dele. – A gente pode fazer uma “festinha” privada. – Senti a mão dele descendo por minhas costas, começando a passar da minha cintura, descendo demais.

– ME SOLTA! ME AJUDA, SOCORRO! – A música abafava meus gritos, me desesperando. Aquele cara era claramente mais forte que eu, com péssimas intenções. Ele começou a puxar minha blusa. – ME LARGA, PORRA!

Continuei gritando por ajuda, mas já estava desesperada. Eu comecei a me preparar mentalmente pro abuso. Fechei meus olhos, sentindo meus joelhos fraquejarem, a mão dele procurando meu sutiã por baixo da camisa.

Quando eu finalmente desisti, com mais um puxão do cara quando ele finalmente achou o fecho do sutiã, me senti sendo empurrada com violência para longe.

Cai de quatro no chão, tremendo e, só então percebi, chorando. Abri os olhos, enxergando a briga com a visão embaçada. Mal enxerguei o grandão tonto apanhando de um outro cara. Me forcei a ficar de pé, sem muito sucesso. Acabei sentada, olhando para a piscina.

Peguei meu gorrinho no chão. Consegui arrumar a jaqueta um pouco, mas a blusa era o maior problema, quase rasgada. Meus olhos ardiam e um nó apertava minha garganta.

O cara que tinha espantado o grandão se abaixou perto de mim: Shaun. Nunca fiquei tão feliz em ver aquele par de olhos violetas. Mas o sentimento não durou muito, o desespero, a raiva daquele cara, o nojo de mim mesma naquele instante, isso tudo atropelou aquele sentimento de alegria.

– Você está bem? – Ele apoiou uma mão no meu ombro, mas eu a afastei, com a raiva. Que pergunta idiota era aquela?

– Eu te pareço bem? – O encarei com ódio. – Se você não conseguiu perceber ainda, eu quase fui estuprada. Não, eu não estou bem! – Ele tentou pôr a mão no meu ombro de novo, mas não deixei. – Não encosta em mim, por favor. – Voltei a chorar por desespero. – Desculpa, eu...só quero ir embora. Vou embora.

– Tudo bem, eu te levo. – Eu queria berrar que não queria ajuda, não queria ficar perto de ninguém. Mas chamar Jack naquele instante levantaria perguntas que eu teria que responder, e ele com certeza acabaria com a festa. Só concordei com a cabeça e o segui até o Impala.

Em poucos minutos ele parou na esquina, como eu tinha pedido. Ele ficou um pouco relutante, mas acabou concordando.

– Posso te deixar na porta. – Ele segurava o volante, evitando me olhar.

– Não quero. – Funguei, ainda sentindo os rastros de lágrimas no meu rosto. – Jack vai querer voltar pra sua casa e matar aquele cara se eu chegar lá nesse estado.

– Posso te ajudar, se quiser.

– Não, deixa pra lá. Sério, quanto menos eu ficar lembrando disso melhor. – Abri a porta do carro. – Me desculpa por ser grossa com você antes, eu só...

– Acho que consigo entender. – Me apoiei na porta fechada, ainda com as pernas meio bambas. – Olha, se você quiser... – Ele hesitou um pouco, como se escolhesse suas palavras. – Sei lá, eu te levo numa delegacia depois. Ou só arrebento com o saco dele mesmo.

– Não seria má ideia castrar aquele idiota. – Ele parecia segurar um riso, então dei uma risada fraca, por ele. – Obrigada. – Agradeci e comecei a caminhar. Ele logo passou por mim com o carro.

Eu estava com um pouco de medo. Medo de perceberem que eu estava chorando, de me perguntarem o motivo e eu hesitar para responder, causar incertezas. Aliás, porque eu ainda estava com a roupa totalmente fudida. Mas eu teria que me virar assim que passasse pela porta.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Me deixem reviews me dizendo o que acham, galera, senão não tem como eu melhorar as coisas :P
Bjs
P.S. Qualquer problema com o hiperlink, é só apagar a parte fanfiction.com que aparece antes do link por si só ^^