No Other escrita por Pacheca


Capítulo 51
Capítulo 51 - 7 Years


Notas iniciais do capítulo

Fala moçada, reta final, hein? Bom, sem muitas delongas, 7 years é do Lukas Graham, link caso alguém ainda não tenha ouvido: https://www.youtube.com/watch?v=LHCob76kigA Aproveitem ♥



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Pela primeira vez, voltamos para a Dinamarca sem An. Ela nos acompanhou até o aeroporto, parecendo que nunca mais iríamos nos ver. Dei um abraço nela, avisando que voltaríamos em poucos meses para o casamento.

─ Bom, falando em casamento. ─ Kyle limpou a garganta e ficando de frente para minha mãe. Achei que era minha deixa. Tirei a caixinha de dentro do bolso da jaqueta e estendi a caixinha. Ouvi Duran parar atrás de mim e rir. Aliás, todo mundo estava sorrindo. Fiquei confusa.

─ Abre, Megs.

─ Eu? Ah, espera. ─ Tentei parecer um pouco menos confusa e levantei a tampa, prestando atenção no diamante delicado preso ao anel. No forro da caixinha eu consegui ler o escrito dourado.

“You got me wrapped...”

─ Around your finger. Duran, o que?

─ Casa comigo?

─ Mas, não era...eu…

─ Megan Stone, responde, minha filha. ─ Minha mãe quase me deu um tapa. Engoli o choque e voltei a encarar as íris azuis.

─ Caso. Sim, claro.

Eu amava quando Duran dava aquele sorriso aliviado dele. Ele apanhou o anel e o deslizou pelo meu dedo e me dando um beijo depois. Àquela altura, mais do que só minha família e amigos assistiam ao pedido. Kyle aproveitou as palmas das pessoas e tirou do próprio bolso uma caixa.

─ Eu preciso pedir, meu amor?

─ Oh, Kyle. Sabe que eu te amo. Já tem tanto tempo que eu estava ficando aflita.

─ Ah, isso é verdade. ─ Jack comentou, cruzando os braços. Mais alguns momentos e Kyu me cutucou, mostrando o Rolex. Concordei, lembrando do motivo de estarmos ali.

─ Temos que ir. Mãe, eu fiquei tão feliz em te ver tão bem de saúde. Se cuida, ouviu?

─ Precisam de mais que uma doença para se livrarem de mim. Vão com Deus.

E lá fomos nós, mais uma vez. Duran me deu a mão e pediu desculpas por ter me enganado daquele jeito. Eu podia perdoar aquela única vez. Ele riu e me acompanhou até nossos lugares.

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No final de janeiro, quando abri a caixa do correio, achei o envelope branco dentro de um plástico. Sorri. Duran estava sentado, organizando uma papelada do trabalho. Kyle tinha aberto uma pequena filial da empresa no país e deixou Duran responsável por tudo, desde o estágio.

─ Du, o convite chegou. ─ Abri o plástico e mostrei o envelope enfeitado. Ele se inclinou para trás na cadeira, esperando eu ler. Peguei a carta que An aproveitou e mandou junto.

“Oi, lindos. Como está um dos meus casais preferidos? Bom, por aqui está tudo bem. Fora a ansiedade, mas já era de se esperar, não é? Estou com saudades de todos vocês. Megs, nem acredito que vamos ter o mesmo sobrenome. É incrível! Espero que todos ai já tenham recebido os convites.”

─ Ela fica mais feliz em ser sua cunhada que esposa do Elijah. ─ Ele comentou, largando a caneta que ainda estava segurando. Continuei.

“E seu irmão finalmente comprou nosso apartamento! É tudo tão lindo, eu queria te mandar mil fotos. E é perto do meu emprego também. Liguem pra mim, preciso muito falar direito com vocês. Um beijo, Annie.”

─ A An adora um telefone, hein? ─ Ele comentou, voltando a pegar a caneta. Sorri, dobrando a carta de novo.

─ É, ela gosta. Mais que nós dois juntos. ─ Abracei os ombros dele, apoiando o queixo no alto de sua cabeça com cuidado. ─ Que é isso?

─ Alguns documentos para fechar o contrato do Kyu. Teremos uma estrela na família.

─ Inacreditável.

─ Ele ama o que ele faz, é o que importa. E eu também.

─ E eu amo ver você assim, interessado.

Ele sorriu, olhando para o alto. Dei um beijo nele e deixei-o trabalhar. Teríamos de voar para a California no início de março, na primeira semana. Pedi para ele comprar as passagens online e fui para meu próprio lugar à mesa.

─ Preocupada com seu discurso de madrinha?

─ Também. Eu não sou boa falando, só escrevendo. E além disso, nem esse capítulo eu estou conseguindo acabar.

─ É seu primeiro livro, Megs. Eu conheço seus textos, são incríveis. Só te falta acreditar neles.

─ Eu espero que seja só isso mesmo.

─ Falando em ficção, como vai o jogo de Ali? Não tenho visto ela muito. Ela sempre chega tarde e sai cedo.

─ Ela não tem a mordomia de trabalhar em casa. Até onde eu sei, não demora muito para lançarem. A empresa pareceu empolgada com a ideia.

─ Qual era a ideia?

─ Loucos internados, sangue, assasinato, mais sangue, mais loucura...Terror.

─ Não me surpreende, vindo dela.

Silêncio. Nós dois nos concentramos de novo nos nossos serviços. A diferença era que o de Duran estava rendendo. Desisti de escrever o capítulo e escrevi um e-mail em resposta à carta de An.

“Oi, An. Aqui estamos todos bem, apesar de ocupados. Saudades suas também. E seu emprego, está agradando? Eu amo escrever, mas anda mais difícil do que o planejado. E falando em apartamento, favor não gastar todo o seu salário em decorações que você não vai mais gostar depois de duas semanas. Eu te conheço. Guarde um pouco para visitar a gente também. Você convidou todo mundo da nossa antiga turma? Sinto falta deles. Beijos, linda. Megs.”

─ Eu vou tirar um cochilo. Os meninos estão o ateliêr?

─ É, Pedro está vidrado num quadro e Pablo começou uma escultura nova. Algo sobre um leilão importante.

─ Oh, tudo bem. Vou encostar a porta, pode entrar se precisar.

─ Bons sonhos, linda.

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Foi um mês corrido. Tinha que lembrar Ali toda hora de escrever um discurso, além de pensar no meu. Minha mãe ligava a toda hora para ter certeza de que estaríamos lá na data.

─ Estamos ai dia cinco mãe, é mais que antecipado. E Elijah, nervoso?

─ Bom, a data está chegando. Falta menos de dez dias. E está ainda mais nervoso?

─ Por que?

─ Ele suspeita que An esteja grávida.

─ Mentira. Sério?

─ Sim, mas é segredo. Ele não tem certeza ainda.

─ Oh, eu vou ser tia? E Jack?

─ Oh, ele e Violet voltaram faz pouco tempo. Acho que é sério dessa vez.

─ Espero que sim. Não pressione, hein?

─ Eu não falo nada demais. E vocês vão mesmo viajar?

─ Meio do ano estaremos num avião rumo ao Japão. Tem o serviço de Ali, e ela não ia me deixar viver em paz se nós não fôssemos.

─ Eu sabia disso. Bom, preciso ir. Beijos, amor.

─ Tchau, mãe.

Desliguei o celular e voltei ao meu discurso, ansiosa.

Chegamos em uma tarde fresca na California, Jack foi com Albert me buscar. Fomos direto para casa, eu estava morta de cansaço. Viagens longas eram bem pesadas no meio da rotina. Fui pro meu quarto, Jack me ajudando com as malas.

─ Fiquei sabendo da Violet.

─ Mamãe não sabe fechar o bico mesmo, hein? É, a gente acabou se reconciliando graças a sua amiga psicóloga.

─ Lara? E ela me convenceu a doar meu cabelo para o centro de tratamento de câncer para menores.

─ Oh, fofucho. Bom, eu vou dormir.

─ Tudo bem, vou te deixar descansar.

Apaguei e só acordei no dia seguinte com o sol entrando de mansinho pela janela. Vesti uma roupa mais confortável e deixei a casa, aproveitando a calma da manhã. Parei meu caminho na frente da casa familiar. Em todos aqueles anos, eu nunca mais tinha ouvido de Klaus. A moça ruiva parou com as compras de supermercado no braço e me chamou.

─ Posso ajudar?

─ Ah, não. Desculpa, é estranho ficar assim encarando a casa dos outros, mas eu estava pensando sobre o cara que morava ai e…

─ Espera, você conhecia o Nik?

─ Klaus? Conhecia...Aconteceu alguma coisa?

─ Bem, eu não sei direito. Ele me disse um dia que ia sair com um dos irmãos e nunca mais voltou. Já faz mais de quatro anos.

─ Wow. Você era namorada dele?

─ Esposa. A gente se casou no civil. Hum, Sasha.

─ Megan. Prazer.

─ Você não era...não pode, mas...se parece tanto com a do jornal.

─ Olha, o que importa é que o Klaus foi quem me salvou. Ele era uma boa pessoa.

─ Obrigada. Ele era difícil, mas era muito gentil. Você quer…

─ Eu preciso ir, mas obrigada, Sasha. Prazer.

─ O prazer foi meu.

Ela entrou na casa, o olhar triste preso ao chão. Respirei fundo. Era pesado ter aquele tipo de informação. Principalmente porque eu sabia que ele não voltaria. Eu não conseguia dizer aquilo para Sasha, e nem para Kyu. Sacudi a cabeça e continuei até o cemitério.

Eu não tinha o que dizer naquele dia. Sentada sozinha no gramado, encarando as três lápides já judiadas pelo tempo. Meu pai não presenciaria o primeiro casamento de seus filhos. E justo o de Elijah. Fechei os olhos, lembrando nas conversas em que ele sempre dizia que eu seria a primeira a me prender a alguém.

─ Megs?

Abri os olhos, um pouco assustada. A figura alta estava parada atrás de mim, os olhos violetas com uma certa satisfação. Sorri, esperando ele parar ao meu lado e se sentar.

─ Quanto tempo, Shaun.

─ Alguns anos, sim? Você está ótima.

─ Você também. Como vai a vida?

─ É, já esteve melhor, mas vou levando. Não adianta reclamar, não resolve nada.

─ Lara me ligou quatro anos atrás, quando…

─ O acidente? Não foi bonito. Eu fico feliz de não ter ido de carro aquele dia. Eu não ia aguentar perder meu amor maior.

─ E ainda é sortudo a ponto de sair inteiro.

─ É, eu sou um cara de sorte em quase tudo. ─ Ele olhou as três lápides antes de me olhar de novo e continuar.

─ Então, Annie vai se casar, hein? Ela me convidou. Disse que o grupo não estava inteiro sem mim.

─ E você veio?

─ A vida na Inglaterra fica chata de vez em quando. Fujo para cá.

─ E seu trabalho?

─ É, eu nunca tinha me imaginado como modelo.

─ Ah, fala sério.

─ Estou falando. Não é ser modesto, é só ter mudado de opinião ao longo dos anos.

─ Vai ser um prazer te receber na festa.

─ Estarei lá.

─ Bom, preciso ir. Tchau, Shaun.

─ Foi ótimo te ver, Megs.

Fiquei de pé e decidi voltar para casa. Shaun realmente teve sorte no dia do acidente. Lara tinha descrito o estado dele como algo bem grave. Mais de um osso totalmente esfacelado, alguns corte relativamente fundos, perda de sangue. Nada que algumas cirurgias não arrumassem. Sorridente, voltei para minha casa.


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Notas finais do capítulo

Até mais, meus queridos ♥



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