Pov Leo

– Hum... Gente? – Perguntou Hazel na porta. – O café da manhã? Vocês não vêm?

Separei-me de Reyna. Ela sorria de olhos fechados, suas mãos estavam ao redor do meu pescoço e as minhas estavam em sua cintura.

– Você está com fome? – Ela perguntou.

– Não de comida! – Falei com um sorriso maroto.

Ela abriu os olhos e me deu um tapa. – Leo!

– O que? – Falei me segurando pra não rir.

– Estamos indo! – Ela gritou.

Reyna me empurrou e levantou da cama. Ela foi até o seu armário e pegou uma muda de roupa. Era um short branco e rasgado, a blusa roxa do acampamento, seu all-star xadrez preto e azul. Ela fez uma trança rápida no cabelo e pegou minha camisa.

– Você vai ficar ai babando ou vai vir tomar café?

Não entendi direito, até ela apontar pra minha boca. Eu juro que nunca havia babado antes, mas dessa vez, uma poça de baba se formava no lençol da cama.

– Eu... Ah... Vamos comer. – Tentei construir uma frase descente, mas não deu.

Ela riu e me deu minha camisa. Eu vesti e nós saímos da casa dos pretores. Caminhamos de mãos dadas até o Refeitório. De vez em quando falávamos sobre coisas banais. Quando estávamos na porta do Refeitório, um grupinho de legionários estava amontoado na porta dos estábulos.

Nós trocamos olhares nervosos e fomos até a porta. Empurrei alguns legionários para passar. Um homem, provavelmente de trinta e poucos anos estava deitado no chão, inconsciente. Um Lar estava ajoelhado ao seu lado, com a cabeça do semideus apoiada em seu colo.

Reyna me empurrou pra poder passar e se ajoelhou ao lado do semideus.

– O que aconteceu? – Ela perguntou com a mesma voz séria de sempre.

– Invadiram os estábulos. – Disse um dos campistas que estavam ao redor. – Levaram uma iniciante.

– Quem? – Reyna perguntou.

– Emma Evans. – Disse o mesmo campista.

Reyna se inclinou pra trás e encarou o legionário com ódio. Ela levantou e foi até ele. O garoto se afastou um pouco, mas Reyna segurou com força a gola de sua camisa.

– Emma Evans? A Emma Evans, filha de Belona? – Ela disse, com a voz alterada.

– É-É, ela foi levada ontem á noite.

Reyna soltou a camisa do garoto e veio até mim.

– Vá pro Refeitório, eu preciso falar com Término!

– Eu vou com você!

– Não, não vai! – Ela gritou com a mesma voz fria e séria de pretora. – Você já sabe demais, Leo. Não piore as coisas.

– Isso tem haver com o Derek, não tem?

– Tem! E é por isso que eu quero que fique fora disso.

– Não adianta insistir. Eu vou com você!

Ela me analisou de cima abaixo, como fazia antes de nós namorarmos. Sua expressão era de raiva, mas eu podia ver em seus olhos que ela era grata por eu ir com ela.

Reyna voltou a fazer uma careta emburrada e começou a andar até a Linha Pomeriana. Eu a segui, mantendo alguns metros de distância, por precaução, sabe?

Quando, finalmente, avistamos Término, ele estava conversando com uma garotinha de mais ou menos uns oito anos. Ela era baixinha, tinha cabelos loiros e enrolados, e olhos azuis da cor do céu.

– Término! – Reyna gritou.

– REYNA!!! – A garotinha gritou correndo até ela. Reyna pegou a menina no colo e elas começaram a conversar.

Não consegui prestar muita atenção na conversa. Ver Reyna com aquela menininha nos braços me fez pensar em como ela seria com seus filhos. E se nós continuássemos juntos até a maior idade? E se, algum dia, nós nos casarmos? Poderíamos viver em Nova Roma. Eu poderia arrumar um emprego. Poderíamos ter os nossos filhos. Não me parece uma ideia tão ruim!

Fique tranquilo, meu peão. – Falou uma voz na minha cabeça. – Seu destino, junto ao da pretora, guarda muitas surpresas!

O quê? – Perguntei em pensamento. – Quem está aí?

Não obtive resposta.

– Precisamos conversar!

Reyna disse, séria, se aproximando de Término. Fiquei tão imerso em pensamentos, que não vi o momento em que Reyna soltou a garotinha.

– Claro, estou á disposição! – Disse Término com um sorriso no rosto. Quer dizer, eu espero que isso seja um sorriso!

– Quando você me disse que três visitantes viriam pra cá, quem são esses três?

– Não estou á disposição pra isso! – O deus disse e virou fumaça amarela.

– Espera! – Reyna gritou, tentando pegar a fumaça.

– Reyna, o que está acontecendo? – Perguntei.

– Aquela garota. – Sabe, a garotinha que sumiu?

– Sei.

– Ela era filha de Belona. – Ela disse. Pude perceber uma pontada de inveja em sua voz. – A primeira vez que a vi, ela conseguiu acalmar os galgos com apenas o toque. Eu precisei de muito tempo pra fazer isso. Ela era diferente, eu pude perceber. Alguma coisa... Alguma coisa nela...

– E agora ela desapareceu?

Reyna assentiu.

Raciocinei um pouco. A garota, por ser filha de Belona, tem dotes naturais pra guerra. Ela será uma boa líder, uma boa guerreira. Talvez Derek esteja montando um exército de mini guerreiros prendados como vingança.

– Você acha que foi ele? – Perguntei.

– Sinceramente? – Ela perguntou olhando em meus olhos. – Não faço ideia! O que ele iria querer com a Emma? Ela nem deve saber que é filha de Belona.

– Pode ser. – Falei ainda duvidando das causas desse sequestro.

– Vamos pro Refeitório. – Reyna disse. – Eu estou com fome!

Ela me deu um sorriso doce e segurou minha mão. Sorri de volta, mas antes de voltarmos eu puxei-a pra mim e abracei-a. Não um abraço com segundas intenções, mas um abraço pra fazer com que ela se sentisse segura.

Reyna retribuiu o abraço e afundou o rosto na curva de meu pescoço com o ombro. Beijei o topo de sua cabeça e ela soltou um suspiro. Separamos-nos e voltamos a andar até o Refeitório de mãos dadas.

Quando chegamos, todos já estavam comendo e conversando. Fomos até nossa mesa. Todos já estavam lá: Percy, Annabeth, Jason, Piper, Hazel, Frank, Dakota e Octavian. Reyna sentou no sofá de frente pra Jason e eu sentei ao seu lado, de frente pra Piper.

– Finalmente! – Disse Hazel. – Pensei que teria que voltar lá de novo!

– Não ia ser uma coisa muito prazerosa pra você. – Disse Reyna. Todos na nossa mesa riram com seu comentário.

– Certo, casal sexualmente ativo. – Disse Percy. – Vamos mudar de assunto!

– Eu estava pensando... – Começou Jason.

– Meus Deuses, você pensa? – Brincou Reyna.

– Hahahah. Resolveu fazer stand up agora? – Ele retrucou.

– Pode falar, eu sou boa, né? – Disse Reyna.

Jason mostrou a língua pra ela, Reyna mostrou a língua também e todos nós rimos da criancice deles.

– Mas é sério. – Continuou Jason. – Nós poderíamos dar uma festa!

– Uma festa? – Perguntei animado.

– É, tipo um segundo luau. Já que o primeiro, bem, vocês sabem no que deu. – Ele disse apontando pra mesa da Segunda Coorte. Parece que um deles apadrinhou Derek.

Quando percebeu que nós estávamos olhando, Derek abriu um sorriso mais cínico que o de Octavian e mandou uma piscada pra Reyna. Pude ver, pelo conto do olho, Ela enrijecer e baixar a cabeça. Segurei sua mão e tentei sorrir. Ela me deu um sorriso de canto e Jason voltou a falar.

– Poderíamos fazer uma festa diferente, tipo festa a fantasia.

– Não, assim não. – Disse Annabeth. – Festa a fantasia não tem graça!

– Que tal uma festa do pijama? – Sugeriu Hazel.

– Também não.

Não sei por que pensei nisso agora, mas á alguns meses, uma de minhas irmãs do chalé de Hefesto estava falando de uma festa de traje de gala. Não era ruim.

– E uma festa a rigor? – Perguntei.

– Defina “a rigor” – Disse Percy.

– Ah, você sabe. Vestidos de gala, ternos, música lenta, ponche, essas coisas!

– Tipo um baile do colegial! – Disse Piper.

– Exatamente! – Falei.

– Pode ser. – Disse Hazel.

– Todos de acordo? – Perguntou Jason.

– Sim. – Respondemos juntos.

– Só mais uma coisa. – Disse Reyna.

– O que? – Perguntei.

Todos voltaram seus olhares pra ela.

– São as meninas que convidam!