Eu podia passar a noite inteira chorando, esperando que algum milagre acontecesse e ele batesse a minha porta. A segunda alternativa era ir atrás dele, lhe agarrar e falar tudo o que estava preso em minha garganta. A terceira alternativa, era ligar para seu celular e implorar desculpas, por algo que nem mesmo fiz.
E ainda havia a quarta, e a mais viável; esquece-lo.
As vezes, principalmente a noite, seu rosto ocupava meus pensamentos. Estaria ele, pensando em mim com a mesma intensidade que penso nele?
Todos diziam que era hora de esquecer. De seguir em frente, deixa-lo a mercê das "vadias" que rondavam-o. Talvez fosse melhor, mesmo.
Larguei o caderno e a caneta que estavam em minhas mãos, para que eu parasse de escrever músicas e desabafos. Chega de acumular lembranças dele.
Levantei-me da cama, e fui até a janela. Coloquei meu pé para fora da mesma, e me equilibrei em cima da quina. Lancei meu corpo para fora do quarto, e fui me arrastando até o telhado.
Lembrei-me de quando o levei aqui, dos beijos que trocamos, e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
E então, alguém atrás de mim pigarreou. Eu não estava sozinha.
- Posso lhe fazer companhia? - disse. Era um homem, a julgar pela voz. Não me atrevi a olha-lo, e assenti, enxugando o rosto.
Olhei para o alto, suspirando.
- Fome. - resmunguei. Bela hora para ter fome. OK, que eu estava deprimida, mas eu não pararia de ter fome. - Será que a lua é feita de queijo? - perguntei bobamente, rindo, com a voz rouca de choro.
- Acho que não. - disse o garoto ao meu lado, com o riso abafado.
- Como sabe, já foi lá? - desafiei. Olhei para o garoto. Ele tinha cabelos claros, e olhos castanhos. Nunca o havia visto.
Em resposta a minha tosca pergunta, ele negou com a cabeça. - Então pronto. - ri mais uma vez.
O garoto observou meu rosto, e então sorriu.
- Jake. - ofereceu a mão. A apertei.
- Alexis. - e por alguns momentos, pude esquecer toda a tristeza que andara ocupando minha mente nos ultimos dias.
Do outro lado da cidade, o relógio da igreja enfim apitava. Meia noite.