Era quinta-feira, nove horas da manhã. Enquanto Yuki não chegava, eu estava pensando sobre minha condição financeira. Eu não tenho um emprego nem nada do tipo e o dinheiro que minha tia me dá mal dá para comprar comida e pagar as contas do apartamento. Eu tenho que arrumar um emprego e rápido.

[...]

Eu cheguei à escola e fui para a minha sala. A professora Cindy chegou alguns minutos depois.

- Certo pessoal. Como combinado, hoje vamos executar o trabalho de música.

Trabalho de música? Eu esqueci completamente do trabalho de música! Ah... Minhas notas em música vão ficar mais baixas do que já estão...

Apesar de não ter praticado, eu podia muito bem improvisar, porém, Castiel se recusou a cantar. Se eu tiver notas vermelhas em música, a culpa será dele!

A aula seguiu e a hora do recreio chegou rapidamente.

[...]

- Porque você não cantou? Você sempre teve uma voz muito boa para cantar. – disse Yuki.

- Castiel não quis cantar. Eu não podia obrigá-lo, então tive que perder nota.

- Hm... Entendo... É uma pena. Eu queria muito poder ouvir sua voz novamente. – falou Yuki comendo uma torrada, como sempre.

- Você e Iris cantaram muito bem. Apesar de eu achar que Iris não gostou muito da escolha da música...

- Não posso fazer nada se eu gosto de Heavy Metal. (Nota: Se eu falei o nome de algum estilo de rock errado, não me culpe! Eu não entendo nada de rock)

Como costumávamos ficar sentadas embaixo de uma árvore no pátio, era muito comum ver Castiel mendigando por lá. Ele não demorou muito para aparecer ouvindo seu MP3.

- Que música está ouvindo Cast? – perguntou Yukisawa.

- Ui, Cast. Que apelido fofinho! – falei com a intenção de irritar Yuki.

- Dá um tempo! Sempre o chamei assim.

- Sei, sei...

- Uma da Winged Skull. – ele respondeu.

- Opa! Senta aqui e passa um desses fones pra cá!

Eu me levantei (para não dizer que fui enxotada) e Yukisawa puxou Castiel para que ele se sentasse do lado dela. Eu decidi deixar os dois pombinhos ouvindo música e fui pensar que tipo de emprego eu poderia ter.

[...]

Fui até a sala dos representantes. Eu gosto de ir lá ver Nathaniel quando a Yuki me deixa sozinha ou simplesmente me troca por outra pessoa.

- Kawaii! Que surpresa boa! – disse Nathaniel assim que me viu – O que você procura?

- Nada. Apenas quero alguém para me fazer companhia.

- E-E você me escolheu com t-tantas pessoas na escola?

- Por que não? Você é um dos meus melhores amigos depois da Yukisawa.

- Ah, amigos... Entendo...

- Você sabe de algum lugar onde eu posso trabalhar?

- Haha! Recomendo que não tente ser cozinheira!

- Nossa essa piada foi o máximo!

- Ok, ok. Eu sei que minhas piadas são horríveis. Eu acho que você não pode ser cozinheira, mas daria uma bela garçonete.

- Garçonete? Por quê?

- Você é muito bon... Hm... Você é gentil, educada e sabe como tratar as pessoas.

- Até que não é uma má ideia! Eu vou procurar um restaurante que tenha vagas! Obrigada Nath. Me ajudou muito!

-Hm... De nada. Acho melhor não correr no corredor. Se não, a diretora vai xingá... – Nath nem completou a frase e eu já estava correndo no corredor – Ela não muda nunca... – disse ele sorrindo e voltando a mexer em alguns papéis.

[...]

Após a aula e ter recebido um sermão da diretora, fui encontrar Yuki.

- Onde você estava? Achei que não viria mais.

- Desculpe. A diretora começou a me xingar por correr no corredor.

- Eu tinha certeza de que isso aconteceria com você... – disse ela, suspirando.

- Yuki, eu quero te fazer uma pergunta... Você tem um emprego?

- É claro. Se eu não tivesse, não conseguiria nem comprar comida. Eu sou recepcionista de um hotel.

- Que legal! Hm... O que você acha de eu ser garçonete?

Assim que eu fiz essa pergunta, pude ouvir alguém rindo de fundo.

- Você, uma tábua, como garçonete? Hahahaha não me faça rir!

Eu olhei para Yuki que tentava me enrolar...

- Ér... Bem... Não tem problema ele ir conosco para casa hoje, tem...?

- Se você não se importar que eu o jogue no primeiro penhasco que eu ver...

- Ah, já sei! Vamos todos procurar um emprego para a Kawaii.

- Isso é entediante. – disse Castiel.

- A sua opinião não conta. Vamos. – respondeu Yuki.

[...]

Nós entramos em um ônibus, e, como eu não estou acostumada a andar de ônibus, eu quase caí nele e Yukisawa teve que me segurar. Logo, chegamos a um restaurante.

[...]

- Com licença. Eu estou interessada em uma das vagas de garçonete. Como eu faço para ser uma? – perguntei.

A moça do caixa olhou para todos nós e falou:

- Yuki! Minha fofinha, você veio ver a titia? – disse ela.

- Não. – respondeu Yuki de forma rude.

- Ah, eu sei que você veio! E trouxe seu namorado para me apresentar!

- E-Ele não é meu namorado!

- Ah, então você continua encalhada? Você já beijou alguém pelo menos?

- T-Tia! Quer parar de fazer essas perguntas constrangedoras na frente de todo mundo e colocar a minha amiga em uma das vagas de garçonete?!

Eu e Castiel apenas observávamos a cena. Castiel estava rindo e eu sem entender nada.

- Ér... Com licença. Vocês se conhecem?

- Infelizmente. Ela é minha tia. Dona desse restaurante.

- Muito prazer, querida! Olha, é muito mais complicado conseguir a vaga, mas como você é amiga da Yukisawa, vou te testar por uma semana. Começamos amanhã com uma aula de como você deve agir.

- Eu vou te treinar. Eu já ajudei minha tia com esse tipo de coisa, sabe... – disse Yuki – Esteja aqui amanhã depois da aula.

- Certo! Muito obrigada. Não vou decepcionar vocês!

- Claro que não. Só vai quebrar os pratos, derrubar a comida nos clientes e berrar feito uma louca quando isso acontecer. – disse Castiel.

Yuki me levou para casa antes que eu começasse a brigar com Castiel dentro do restaurante.

Felizmente, eu consegui um emprego. Sei que não será nada fácil, só espero não fazer besteira nele.