- Almofadinhas, acho que a sua coruja se perdeu... – Tiago disse olhando ansioso pela janela.
- Raimunda não se perde. – Sirius respondeu – e só se passaram vinte minutos, Pontas.
- Aluado, quanto tempo uma pizza demora pra ser feita? – o de óculos se voltou para Remo, que se distraia com a entrevista com a tal da “beleza italiana”.
- Ah... sei lá. Meia hora? E dez minutos para entregar... – Remo respondeu calculando mentalmente.
- Isso nos seus horários trouxas... daqui até Londres a Raimunda vai demorar pelo menos três hora. E pra voltar com peso, leva umas quatro.
- Sirius! – Tiago se levantou e foi até o amigo. – Para de me depreciar! – ele disse arregalando os olhos.
- Sirius tem razão... – disse Remo. – Temo que a pizza chegue deformada.
- Remo! – Tiago se virou para Remo parecendo ainda mais desesperado. – Para você também!
- Verdade... e se os trouxas não conseguirem mandar a coruja de volta? – acrescentou Pedro.
- Pedro!
- Tudo bem, é só uma hipótese! – o rapaz desculpou-se imediatamente. – Pode rolar que eles permitam corujas na cozinha.
Tiago suspirou e voltou frustrado para sua cama.
- Ah, mas que coisa... – disse Remo quebrando o silêncio.
- Que foi? – Tiago perguntou sem emoção.
- Esquecemos de pedir bebida. Queria experimentar um refrigerante trouxa. – Lupin se lamentou, ainda que não parecesse muito infeliz.
- Tinha isso também?! – exclamou Tiago. – Já não falei para você parar de me depreciar?
- Desculpe.
Confiando nos cálculos de Sirius e sustentando um certo otimismo, os rapazes concluíram que não seria mau tirar um cochilo, considerando que as pizzas só chegariam pela madrugada.
Tiago ainda estava inquieto, temendo não ouvir a coruja chegar, ou que Raimunda entregasse no dormitório errado, ou até mesmo que fosse atingida por um raio misterioso no caminho de ida ou volta.
- Estamos na primavera, desgraçado, não vai cair raio nenhum... – Remo resmungou sonolento, dando revistadas e travesseiradas em Potter, o empurrando de volta para sua cama.
- Mas ela está demorando! - Tiago justificou.
- Ainda é uma da manhã! – e Remo fechou o dossel de sua cama.
Tiago se virou timidamente para a cama de Sirius.
- Sai. – Sirius gemeu com a cara no travesseiro.
- Eu não disse nada!
- Sai. – Sirius repetiu, dessa vez apontando molemente para a cama de Tiago.
- Ta bem... – e Potter, vencido, caminhou lentamente para sua cama.
Depois de um tempo torturante, Tiago tomou coragem e consultou o relógio. Três horas da manhã! Se suas contas estavam corretas, a pizza deveria chegar agora. Levantou-se ansioso e foi até a janela.
A escuridão tomava conta do jardim e as únicas luzes distinguíveis eram os reflexos de sabe-se lá o quê que brilhavam no lago. Nada de coruja. Nenhum sinal. O menino foi impaciente até a cama de Remo.
- Aluado... – ele cutucou o amigo. Remo se mexeu devagar e se sentou na cama paciente.
- Pois não, Pontas.
- Era pra pizza ter chegado agora.
- Espera mais meia hora...
Tiago voltou para a cama e esperou mais meia hora. Uma hora. Duas, três, seis horas no total. Mas a pizza não veio.
- Pontas, tudo bem... eu imaginei que não fosse dar certo. Relaxa. Nas férias a gente acha uma pizzaria. – Sirius disse cansado, as nove horas da manhã.
Vazio, desamparado e sem esperanças, Tiago voltou para sua cama para um sono inquieto que durou até as dez da manhã.