Jonathan...

Eu estou ficando louco. Como eu pude confundir minha princesa? Até agora isso não saia da minha cabeça. Todos já estavam ficando preocupados com ela. Eu tentei me aproximar das amigas dela, porém a única que me deu um mínimo de atenção foi a Regina, nem a Amanda que me ajudou no inicio, me deu ouvidos.

– Oi.

– Oi.- diz Regina.

– Você sabe alguma coisa da Sabrina?

– Também não. Eu andei ligando, mas ninguém me atende e semana passada eu fui na casa dela, mas não tinha ninguém.

– É a mesma coisa comigo, por favor, me avise se souber de alguma coisa.-

– Pode deixar, aviso sim.

– Obrigado.

...

– E ai cara?

– Oi.

Me virei para ver quem era. São meus amigos “populares”.

– O que aconteceu? Depois que começou a andar com a Sabrina, nem falou mais com a gente.- diz o Felipe.

– Sei lá mano.

– Você está namorando com ela? - pergunta outro.

– Não, somos só amigos.

Nós ficamos jogando conversa fora o restante do intervalo.

– Jonathan – chamou a Regina, vindo correndo até nosso grupo.

– Oi.

– A mãe da Sabrina morreu.

– O que? Você está brincando.

– Não estou, o irmão dela deu uma satisfação na diretoria do por que de tantas faltas e eu ouvi tudo. Ele disse que ela está horrível.

Eu não acreditei, como assim? Ela era muito apegada a mãe, minha amiga deve estar sofrendo muito. Eu vou ajudar ela.

Eu não posso sair agora da escola por mais que eu queira. Por isso continuei com o maior sacrifício a minha tediosa rotina.

...

Cheguei em casa correndo, tomei um banho e me arrumei o melhor que a pressa me permitiu. Tinha que abraçar e dar conforto para minha querida o mais rápido possível.

...

Cheguei na casa dela e ela me atendeu. Ela estava muito abatida e pálida, porém não tinha cara de quem estava sofrendo, ela estava com um olhar frio, não tinha mais o brilho que eu tanto amava em seus olhos.

– Oi.

– Pois não?

– Como assim, pois não? Vem cá me dá um abraço, eu sei o que aconteceu e eu sinto...

Ela não me deixou terminar de falar.

– Não termine de falar suas falsas falas.

– Como assim? Sabrina, sou eu seu amigo Jonathan.

– Não, você não é ninguém, agora, por favor, saia da frente da minha casa, antes que você se contamine com a pobreza senhor riquinho.

Ela falou tudo com tanto desprezo que não acreditei ser a mesma pessoa. Ela estava passando por uma fase difícil e eu iria ajudá-la a superar, por mais que ela não admita, no fundo eu sei que ela precisa de mim.

– Deixa eu te ajudar?

– Será que sou eu quem precisa de ajuda? Ou será que é você. Olha, um conselho, tome um remédio para crescer, pois mentira tem perna curta.

Eu não estava entendendo mais nada. Do que ela estava falando?

– O que foi? Não se lembra de nada é? Então deixa eu refrescar sua memória. Primeiro, nossa, para uma pessoa pobre sua casa é bem grande, não acha? Segundo, para alguém que diz que ama uma pessoa, não deve saber o significado dessa palavra, porque no outro dia já está namorando com outra. E terceiro, você não sabe o que é ser amigo. Agora vai embora e não volta mais.

O que ela pensa que está falando? Eu não entendi nada, eu sei que disse que era pobre quando não era verdade, mas eu não estava namorando ninguém e eu estava sendo o melhor amigo possível esses últimos meses.

Pelo visto o meu melhor não era o suficiente para ela. Sai dali com as porcarias de lágrimas nos olhos, anos sem chorar e uma simples garota me faz chorar com palavras.

Eu não sei como, mas vou suportar a barra, pois sei que ela está descontando sua dor em cima de mim e se isso for para sua melhora, eu suporto todas as coisas vindas dela, mesmo que as mesmas me doam profundamente.

Eu só não vou quebrar a minha promessa de que nunca iria a abandonar nem mesmo nos momentos difíceis.

...

Sabrina...

Por quê ele veio até aqui? MALDITO! Ai que ódio, eu jurei a mim mesma que não choraria mais, só que com ele vindo aqui, isso só fica mais difícil.

...

Já tinha passado duas semanas deste que voltei a minha rotina normal:escola, casa, dever de casa, redes sociais, leitura, academia, banho, dormir.

Falta algo? Na minha opinião não, mas no ponto de vista do meu coração falta uma certa pessoa.

Está cada dia mais difícil deixar de gostar dele, porém eu vou conseguir. Só está mais difícil, porque ele vive no meu pé. Que droga de garoto, ele não podia simplesmente parar de tentar me deixar feliz? Mas não, ele decidiu suportar a barra comigo e permanecer do meu lado. Se é assim que ele quer, então ok. Só que eu não vou facilitar, a vida dele vai se tornar um completo inferno. Guarde minhas palavras.

...

Estava saindo do banheiro com as meninas, quando o Jonathan vinha ao nosso encontro.

– Oi amor – ele me chamava assim, depois do “pedido de casamento”.

Ele veio para me dar um beijo na testa como de costume, desviei como sempre fazia. Ele não parava de insistir, puxava assunto, me cumprimentava e se despedia de mim como se nada tivesse acontecido. Por mais que eu ignorasse ele não parava.

– Não me chame mais assim.

– Por que?

– Porque não sou seu amor.

– Sim, você é- ele disse como se não entendesse nada do que estava acontecendo.

Eu não queria dizer o que falaria a seguir, porém terei que falar, para que assim ele saia de uma vez da minha vida.

– Não, eu não sou, porque não quero ser seu amor, não quero ser mais nada de um traidor. Você não é homem de verdade, porque não honra aquilo que diz. Para mim você não é absolutamente nada. NADA. E não pense que um dia eu te amei, pois eu era apenas uma garotinha indefesa que caiu nas garras de um aproveitador, sinto muito, mas eu não sinto nada por você. Desculpe e, por favor, não fale, não olhe e nem sequer pense mais em mim. Adeus e obrigada pelo desprazer de te conhecer.

Me virei para ir embora, mas ele segurou meu braço e me virou nos deixando olho no olho. Eu por um momento me permiti ficar perdida naquele olhar que tanto amava. Ele não parava de insistir com as mentiras, quem sairá ferido será ele, porque todos da escola estão vendo sua humilhação.

– Como você pode dizer isso? Diz que esses dias todos era só uma brincadeira de mal gosto. Você é simplesmente tudo na minha vida, não pode me abandonar..

Eu interrompi ele, pois não estava afim de ouvir mais mentiras.

– Sinto muito, mas você não faz a mínima diferença na minha vida, você vivo ou morto, pra mim tanto faz.

Me virei mais uma vez e dessa vez ele não me impediu de continuar meu caminho. Deixei para trás um refeitório lotado de pessoas que ouviram nossa discussão e um Jonathan com os olhos banhados por falsas lágrimas e soluçando feito uma criança.

Me pergunte se isso me doeu? Sim, foi como arrancar meu coração com as unhas e depois pisar nele com todas as forças do mundo, porém isso foi necessário, pois já não sou mais uma garotinha boba e inocente, sou uma garota forte e que luta contra as emoções. E para conseguir ser totalmente essa garota não posso ter coração. Exatamente por isso que ele ficou com Jonathan, para que ele cuide dele para mim.

...