Sabrina

Minha mãe chegou e eu ainda estava chorando.

– O que aconteceu?

– Nadaaaa- falei soluçando.

– Me fala logo, Sabrina.

– Por que vocês não querem que eu seja feliz?

– Como assim? Tudo o que eu mais quero é que você seja feliz.

– Então, por que vive jogando na minha cara que o Jonathan não é para mim? Nem você, nem minhas amigas conseguem entender o quão feliz eu estou, mesmo sendo apenas amiga dele. Ele é no momento quem mais me faz feliz. Que saco! Entendam, porque nenhuma de vocês jamais falaram com ele pra saber o seu valor.

Eu desabafei ou melhor gritei para ela.

Ela me deu um tapa na cara ao qual doeu mais na alma do que na carne.

– Você não tem o direito de gritar comigo por causa de um marginal.

– Ele não é nenhum marginal e você querendo ou não eu o amo, mesmo que para ele nossa relação não passe de pura amizade. – gritei a primeira parte.

– Eu já disse que você ainda não sabe o que é amor- gritou.

– Como posso não saber o que é amor? Quando você conheceu o amor era mais nova e menos munida de informação do que eu. E se isso não for amor, deixe que eu descubra quebrando a cabeça, porque é assim que eu vou aprender a viver:Errando. Então para de tentar fazer com que eu seja perfeita e me deixa apenas errar. Saco.

Gritei de novo, esperando outro tapa.

– Se o que você quer é errar, então erre, só não venha pedir um ombro pra chorar depois para mim. E saiba que você fez uma escolha entre eu e ele, por isso a partir de hoje esqueça que você tem uma mãe, eu espero que ele te faça muito feliz, pois se não fizer, você não terá mais ninguém.

– Mãe, por favor, não faça isso, eu te imploro, por quê eu não posso ter simplesmente um namorado como qualquer adolescente? E por quê você e o pai não aceitam, como qualquer outros pais?

Ela não respondeu, simplesmente saiu batendo a porta do meu quarto e me deixando mais uma vez chorando sozinha na minha cama.

...

Cansei de chorar, me arrumei, peguei meu celular, dinheiro e sai.

...

Minha mãe perguntou onde eu estava indo, só respondi que ia me encontrar com o Jonathan.

...

Primeiro eu sentei no banco da praça, não querendo ligar para o Jonathan, pois não queria o chatear, mas depois quando as lágrimas sem minha permissão voltaram a cair, eu decidi que era melhor falar com ele.

...

Nós combinamos nos encontrar na sorveteria, eu fiquei muito feliz quando ele me chamou de amor e quando lembrou o lugar do nosso primeiro encontro. Eu quase não conseguia esconder a tristeza, mas com esses mínimos detalhes, que não passaram despercebidos por mim, eu consegui no mínimo me animar um pouco mais.

...

Quando eu cheguei ele já havia chegado. Contei tudo para ele e nós tivemos um momento excelente, se não fosse pelo motivo de estarmos ali, minha vida estaria perfeita.

Ele foi um excelente amigo, me deu conforto. Ele prometeu que nunca me deixaria e quando disse que minha beleza não se igualava, eu fiquei imensamente feliz e consegui esquecer que o motivo de tanta discussão era ele. Eu simplesmente conclui que ele me merece e sim, merece meu amor e todo o meu sofrimento agora. Todos terão que entender que se estou feliz com ele, é porque ele realmente me faz bem. Um dia elas entenderão e aceitarão, eu só espero não ser tarde demais.

...

Ele me levou até em casa e nos despedimos. Eu entrei e não vi ninguém, deveriam estar dormindo.

...

Dois meses depois...

...

– Eu não vou ir – gritei

– Você vai ir sim e se separar dele.

– Você não vai me obrigar a ir e muito menos a me afastar do Jonathan, ponto final.

Entrei no quarto e bati a porta com uma força, que me admirou a casa não ter caído.

...

Sono, cadê você?

Eu estava deitada a quase uma hora e não conseguia dormir. Não parava de pensar no por quê a minha mãe continuava a implicar comigo e com o Jonathan .

Eu estava de férias e podia curtir ela como quisesse. Concordo que esse mês eu e o Jonathan não nos desgrudamos, pois toda hora estávamos conversando pelo celular ou pela internet. E quase todos os dias nos encontrávamos na pracinha para passear, nós já tínhamos ido ao parque do Ibirapuera, ao Hopi Hari, muitas vezes ao cinema e a praia.

Nós estávamos parecidos com um casal de namorados, já tínhamos sido confundidos com um diversas vezes...

Flash back on...

Nós estávamos rindo feito duas crianças.

– Paraaaaa – disse com esforço, pois ele me fazia cócegas.

– Nãoooooooo. - respondeu, rindo também.

Continuamos a rir, até que um senhor com um vaso de flores veio até nós.

– O mocinho gostaria de comprar uma rosa para a namorada?

– Bem que eu queria que fosse, mas ela não é minha namorada. Ela é minha melhor amiga. Mas eu quero sim comprar a flor, por favor, eu quero todas.

– Imagina Jonathan, ficar gastando dinheiro assim comigo, não precisa.

– Você merece.

– Realmente, uma mocinha tão encantadora. - completou o senhor.

Jonathan pagou as rosas e pegou da mão do senhor.

Eu estava muito corada, porque não deixei de notar quando o Jonathan disse que queria ser meu namorado, eu não pude acreditar, pois todas as noites antes de dormir eu repetia para mim mesma: “ele é só seu amigo e nunca vai querer passar disso”. Parece que me enganei e estou imensamente feliz por isso.

– Meu jovem, não se engane, pois eu também tinha uma melhor amiga.- continuou o senhor.

– Tinha? Por quê no passado?- perguntou Jonathan.

– Porque hoje ela é minha esposa. - respondeu o senhor, sorrindo.

Me surpreendi com essa resposta, pois pensei que ela tinha morrido.

– Pode deixar. O senhor faria um favor pra mim?

– Claro.

O Jonathan explicou como gravar um vídeo pelo celular. Eu não estava entendendo nada. Ele arrumou as flores formando um lindo buquê.

Quando o senhor deu play no vídeo, o Jonathan se ajoelhou com o buquê de rosas vermelhas e brancas na minha frente.

– Sabrina, você aceita ser minha esposa agora e todo sempre?

Eu fiquei confusa e comecei a rir e ficar ainda mais corada, pois que pergunta era aquela? Nós nem namorávamos para ele pedir minha mão em CASAMENTO.

Várias pessoas pararam o que estavam fazendo pra ver a cena de filme. Eu de pé, ele de joelhos na minha frente e como cenário o lindo jardim do Ibirapuera.

– Por favor, diz que sim e não me deixa pagar um mico.

Ele também começou a rir nesse momento. Ele se levantou me deu as flores e me abraçou com um carinho imenso.

– Desculpe, te fazer passar por isso.

– Sim.

– Sim? - perguntou confuso.

– Sim, eu aceito ser sua esposa agora e todo sempre.

As pessoas bateram palmas e o senhor parou de gravar.

Flash back of...

Bem, depois desse dia, nosso relacionamento se intensificou ainda mais. Ficamos, se possível, ainda mais próximos. E eu?Bem, estava amando tudo isso. É claro que depois do pedido de “casamento” e o “eu aceito”, nós não passamos de apenas abraços, nem sequer tocamos no assunto de novo.

Só que como o ditado popular diz “tudo o que é bom, dura pouco”, as minhas amadas férias estavam acabando e as aulas e porradas de lições estavam voltando tudo de novo. Aff.

Jonathan...

Digamos que essas estão sendo as melhores férias da minha vida. Eu costumava viajar para fora do país, mas ficar com a Sabrina continua sendo a melhor viagem que alguém pode fazer.

Durante esse mês, nós ficamos muito tempo juntos, ficar distante dela me fazia até mal agora. Nós fomos a vários lugares e em um deles eu cheguei a pedir a mão dela em casamento, de inicio foi mais uma brincadeira, mas quando ela demorou a responder eu pude perceber o quanto aquela resposta tinha importância na minha vida. E vi o quanto fez mais sentido na minha vida depois de ter sido “sim”.

Eu antigamente carregava comigo, que amor verdadeiro só existia em livros de romances, mas depois de sentir ele, eu pude ver que existe na vida real.

Eu sei que é um saco ficar lendo um cara falando sobre estar apaixonado, porém não tenho nada a não ser dizer aquilo que me domina no momento e o que me domina? Simples:o amor.

...

– Bom dia.

– Bom dia – respondo automático sei nem saber quem é.

– Nossa, nem olha mais na minha cara.

Foi quando me lembrei daquela maldita voz, estúpida o que ela está fazendo aqui? Ah é! Lembrei, os malditos dos meus pais trouxeram ela...