Sabrina

Eu não sei porque, mas acho que o final de semana me odeia, porque ele sempre vai embora rápido. Hoje já é de novo segunda-feira.

...

– Não acredito - Regina quase gritou.

– Cala a boca!

– Como assim você ficou amiga do Jonathan?

– Não sei, simplesmente aconteceu e agora é como se conhecesse ele a anos. Ele virou meu melhor amigo.

– Nossa, inacreditável.

...

Jonathan estava rindo a mais de dez minutos da minha cara.

– Para!

Ele não parava de rir, pelo contrário, ele começou a rir ainda mais se é que isso era possível.

– Nossa, eu cai e você nem se preocupou em me levantar, belo amigo que eu tenho, que ri da minha cara em vez de me ajudar.

– Ai ai - tentava recuperar o ar, enquanto secava uma lágrima dos olhos de tanto que riu -desculpa, mas como você conseguiu tropicar nos seus próprios pés e cair ?

– Não sei- comecei a rir também.

...

Parece que só porque eu estava gostando dessa segunda-feira ela foi embora rápido. O meu dia tinha sido ótimo com o meu mais novo amigo Jonathan. Eu e ele não parávamos de falar um minuto sequer nas aulas. E quando estávamos no intervalo eu cai na frente de todos e para piorar o meu mico, ele começou a rir feito uma hiena.

As garotas quase morreram de tanta inveja, aliás eu tinha tomado toda a atenção do Jonathan para mim e ele nem sequer olhou para elas hoje, o que as deixou muito putas da vida.

...

– Você esqueceu que tem amigas agora? - perguntou Regina.

– Não, por quê ?

Nós estávamos indo para academia nesse momento.

– Por quê ? Simplesmente porque você passou a manhã inteira com ele. Quase nem deu atenção pra nós, suas amigas! - acusou.

– Que saco, eu só estou aproveitando o meu momento com ele, não me esqueci de vocês.

– Sabrina eu vou falar uma coisa, você não pode confiar tanto assim nele.

– Posso sim, que merda! Por que vocês acham que eu não posso arrumar um amigo? Eu sou tão chata assim ?

– Olha, não vou discutir. Eu só espero que ele não te decepcione.

– Ele não vai.

– Não vai? Lembra que ele já vez isso uma vez ?

Eu não disse nada, nessa hora senti algo rolando pelas minhas bochechas. Que saco! Eu não posso estar chorando.

– Eu não quero que você chore, eu só estou falando a verdade.

Eu não queria discutir com ela, por isso apenas dei meia volta e voltei para casa, deixando ela para trás chamando meu nome. Nesse momento mais lagrimas deixavam minha visão turva.

...

Cheguei em casa e me joguei na cama, deixando o meu travesseiro totalmente molhado por aquela água salgada, que é do tamanho de uma ervilha e que pesa o universo:lágrimas.

Eu só queria entender por quê ninguém queria me ver feliz, pois era exatamente assim que eu me sentia em relação ao Jonathan:feliz.

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Jonathan...

O final de semana passou muito rápido, ainda bem, pois era exatamente o que eu queria, pois ficar sozinho naquela casa imensa não fazia bem.

Minha segunda-feira foi ótima com muitas risadas com a minha mais nova melhor amiga Sabrina.

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É incrível como em uma semana eu e ela nos tornamos inseparáveis. Nós passávamos todo o tempo possível juntos e a cada segundo nós nos conhecíamos melhor.

– Quer ir pra minha casa depois da aula?

Ela parou de rir nesse momento e ficou pensativa.

– Ah, não sei, é que minha mãe é chata nessas partes, sabe? Eu e você sozinhos na sua casa, não pega bem.

– Tem razão, parece estranho, mas não vai acontecer nada de mais, diga pra sua mãe que eu não vou te sequestrar.

Nós dois rimos, apesar de conter certa verdade em minhas palavras.

– Tudo bem, eu prometo pedir, mas não sei se vou conseguir a permissão.Tchau.

– Tudo bem, dê o seu melhor. Tchau.

Nos despedimos com um rápido beijo de bochecha e ela atravessou a rua, indo embora.

...

Começa a tocar o meu celular.

– Alô.

– Oi, por favor, conversa comigo. - pediu uma voz chorosa.

– Espera, é você Sabrina?

– É.

– Por que você está chorando?

– Eu briguei com a minha mãe, eu não aguento mais ela com a implicância entre nossa amizade- chorou mais.

– Olha, não chora, vamos nos encontrar, pode ser?

– Pode, aonde?

– Naquela sorveteria onde nós tivemos nosso primeiro encontro.

– Tá, já estou indo pra lá.

– Tudo bem, vou trocar de roupa rapidinho e também já estou indo.

– Não demora, por favor- choramingou.

– Nunca meu amor.

– Tchau.

Desliguei e fui me trocar correndo, peguei qualquer roupa no closet e pedi para que o motorista me levasse ate lá. Pedi para ele parar na esquina, porque ainda não tinha contado a Sabrina que era rico, até porque ela odiava pessoas ricas.

Cheguei e graças a Deus ela não tinha chegado esperei dez minutos e ela chegou.

Ela estava com os olhos inchados e vermelhos. E com uma cara muito abatida.

– Oi.

– Desculpa te fazer passar por isso.

– Nem pense em se desculpar, até porque a culpa é minha.

– Obrigada, por favor, me promete uma coisa?

– Qualquer coisa.

– Promete que nunca vai me abandonar, até mesmo nos piores momentos da minha vida?

– Pode ter certeza que eu não vou, eu gosto tanto de você que seria incapaz não querer te ajudar.

– Obrigada.

– Eu prometo nunca te abandonar.

Ela começou a chorar e eu simplesmente a abracei o mais forte que consegui, enquanto ela me contava tudo o que tinha acontecido.

– Desejam alguma coisa? - perguntou a garçonete.

– Por favor, dois sundaes de chocolate, grande e com muita cobertura.

– Algo mais?

– Não, obrigado.

Ela se retirou.

– Se ela te secar mais uma vez, eu quebro a cara dela, juro.

– O que? Do que você está falando?

– Não me diga que você não reparou no modo como ela quase te comeu com os olhos?

– Não reparei.

– Como? Ela é tão linda.

Dei risada.

– Qual foi a graça?

– Deve ser por isso que não notei.

– O que?

– Deve ser por isso que não notei que ela estava dando em cima de mim, porque nem reparei nela.

– Você olhou pra ela?

– Sim.

– E como não percebeu o quanto ela era linda?

– Simples, nenhuma beleza pode ser maior que a sua.

Como ela não percebia que para mim, somente ela representava algo na minha vida? Porque o resto era exatamente isso:resto.

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